Limite escrita por one of the Dumas girls


Capítulo 1
capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Dor. Alívio. Sangue. Lágrimas.

A garota chorava escondida nas sombras do quarto. A lâmina em sua mão trêmula. Sangue escorria por suas coxas dilaceradas. Ela envolvia o corpo magro, anoréxico, em bandagens novas. Alguém bateu na porta, a voz de sua mãe soou do lado de fora. A garota apenas murmurou algo: “Eu estou bem” ela dizia “Estou bem”. Mas não estava.

Ela recomeçou a raspar a lâmina cega na pele fina, alva, mórbida. Sangue escorria manchando o mundo negro da garota de escarlate. A textura macia das bandagens era acolhedora, elas escondiam suas cicatrizes emocionais que haviam se tornado físicas.

Passos ecoaram no corredor. Gritos. Seu padrasto havia retornado. Algo estilhaçou, murros, choros. Ele estava bêbado como sempre. A garota chorou junto de sua mãe, mas a mulher não sabia que a menina também chorava, sufocando-se com lágrimas e palavras jamais ditas. Filho da Puta! Vá para o inferno! E assim ela desejava que o homem ardesse no submundo e fosse tragado por demônios, mas ela sabia que o diabo teria inveja da crueldade e maldade desse homem.

Chuva.

Os céus choraram com a desgraça de mãe e filha. A cada pancada do homem, o coração impotente da menina estilhaçava-se em mil pedaços. De repente, silêncio. A chuva ainda caía, o sangue na cabeça da jovem ainda pulsava, mas sua mãe não gritava mais. O demônio também chorava. O vazio no peito da garota declarava a morte da mulher no outro cômodo.

A garota sofria, a lâmina ainda dançava por seu corpo. Ela sabia que ele iria atrás dela. A garota tinha medo, tinha chegado ao seu limite, não tinha como ela ser forte agora. Ela queria a proteção de sua mãe, a única pessoa que se preocupava com a menina, que a amava.

Relâmpago.

A luz reluziu em um frasco sobre a mesa. Deus estava lhe chamando, dando-lhe uma chance de encontrar sua mãe. O corpo dela, mole, doía, a garota arrastava-se centímetro por centímetro até a escrivaninha. Seus dedos lânguidos tentavam segurar o vidro escorregadio devido ao sangue ainda quente.

Os comprimidos grandes bloqueavam a sua traqueia, a água aliviava o ardor da garganta em carne viva. Em alguns minutos a droga faria efeito. Em alguns minutos a garota deixaria essa vida, estaria livre de seu padrasto, esse limite emocional não existiria mais.

Ela voava para os braços de sua mãe, ela sentia a vida deixando seu corpo, mas utilizou seus últimos suspiros em uma mensagem. Com seu próprio sangue, ela escreveu:

Eu não vou me submeter a essa vida.

E, junto com o som do trovão, ela se foi.


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