Estou aqui. Olhando para todos a minha volta… Que dia lindo, não é? É um ótimo dia. Meus amigos estão felizes. Eles sorriem bastante. Satisfeitos. A vida tem sido bastante generosa.

Com eles. Não comigo.

Estou aqui. Sentado no banco da praça observando. Gradativamente percebo que todos estão se afastando… De mim.

Sim… Estão se afastando. Cada vez mais. Em poucos instantes já não consigo mais os distinguir, nem mesmo ver. Sumiram. Foram embora. Fiquei sozinho. Sorrindo, eu aceno para o nada como um bobo. Talvez na vaga esperança de que alguém volte, lembre de mim. Mas isso não acontece.

As sombras chegam e me abraçam. Riem atrás de mim. Elas apontam e dizem convictas:

“Viu, só? Você foi abandonado. Deixado para trás!”

“Descartado! Você foi descartado!”

“Ninguém precisa de você. Ninguém lembra de você.”

“Ninguém te quer.”

Verdade ou não, parte de mim não acredita. Porém, não nego que tal sentimento apareça. Ele sempre vem. Sempre me assombra.

Por que sempre, no final das contas, eu sou o único que permanece aqui. Olhando e falando com o nada. Rindo só, me divertindo só…

Ah, me divertindo? Não de fato. É apenas algo que tenho que fazer para não… Bem, para não ficar louco. É o que eu digo. Mas talvez eu já esteja.

Estou aqui, estou sempre aqui. Eu nunca saio daqui.

Por que ninguém lembra de mim.