Elli

– Olha, você precisa de um celular.

– Eu preciso de um emprego, Stefan. Acho que já fez demais por mim.

– Nada que eu fizer vai chegar aos pés do que você está fazendo por mim.

– Não é por você. É por mim - ele coça a cabeça e da de ombros.

– Tanto faz. Só sei que vai me ajudar, vai ajudar meu irmão - ele caminha pela sala até chegar na Mel - Bonnie, amanhã leva ela pra comprar um celular Novo. Compra um bom, igual ao seu.

– iPhone 6s? - pergunta surpresa

– É, vou depositar um dinheiro... - Não termino de ouvir a conversa. Apenas subo para o quarto e fecho a porta.

Acho que vou ficar maluca antes de me casar com esse bendito que nem conheço, não faço ideia de quem seja.

Dinheiro pra lá, dinheiro pra cá, comprar isso, comprar aquilo. As pessoas giram ao redor do dinheiro.

Me jogo na cama e fico pensando na minha droga de vida nova, sei que muitas garotas adorariam estar no meu lugar, serem paparicadas, ganhar presentes...

Mas eu sinceramente acho que essas coisas são tão fúteis, será que sou a única pessoa que não vê beleza nisso?

Acabei apagando.
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– Elli? - abro os olhos lentamente e vejo Stefan. Viro a cabeça pra outro lado - Ei - diz sorrindo - Para de bancar a durona, já pedi desculpas.

– Não estou bancando a durona - apoio meu peso nas mãos e levanto apenas do meu tronco pra cima. Encaro ele mas meus olhos estão embaçados então caio na cama - Só quero dormir - fecho os olhos novamente.

– Tudo bem. Só não fica com raiva de mim tá? Eu já comprei seu celular, depois pega ele com a Bonnie. Gravei os número que você vai precisar saber na agenda telefônica, agora é só você mexer.

– Peço um emprego e ganho um celular, maravilha - digo ainda com os olhos fechados - Você ia gostar se alguém vivesse te dando as coisas sem você correr atrás?

– Não!

– Então, sinta-se no meu lugar.

– É diferente Elli - ele sorri - Eu sou homem, você é...

– Nem termina! - abro os olhos - Machista preconceituoso. Não quero celular, não quero mais nada seu. Nada que você...

– Eu já disse que dinheiro não é e nunca foi meu problema. Mas enfim, preciso ir trabalhar. Tchau Elli.
Ele sai do quarto e então me levanto da cama. Estou detestando isso, estou me sentindo fútil e não tem sentimento que me destrói mais.

– É... bom dia - Bonnie abre a porta - Quero dizer que... Não precisa ser tão arisca assim com o Stefan, ele só quer te ajudar, ajudar o irmão dele... tenta entender tá? - ela da um breve sorriso e me entrega uma caixa Rosa com laço um laço prateado, sai em seguida.

Já era de manhã. Encarei a caixa por segundos e então decidi abrir, era o celular, o tal iPhone 6s.

Saio do quarto e desço as escadas, aproveito que Stefan ainda está lá conversando com Bonnie, respiro fundo e devido falar.

– Olha. Sei que vocês estão me achando uma mal agradecida por estar rejeitando todas essas coisas, esses paparicos e tudo mais. Mas acontece que eu não sou como vocês, eu nunca tive tanto luxo, nunca tive ninguém atrás de mim se importando comigo e também nunca tive as coisas fácil. Nunca tive– faço uma pausa mas eles nada dizem - Pra mim é difícil, do mesmo jeito que vocês querem que eu entenda vocês; quero que também me entendam, não é fácil ter tudo isso de mão beijada.

Dou as costas e vou para a escada.

– Desculpa Elli, não quis te deixar desconfortável mas achei que você iria gostar de ser bem tratada, de ter coisas legais como qualquer outra mulher.

– Eu não sou qualquer outra mulher Stefan.

– É eu sei disso. Qualquer outra mulher estaria adorando estar no seu lugar agora, não é atoa que eu fiz a proposta pra você - ele sorri e acabo dando um sorriso - Mas por favor, aceita a nossa ajuda. Prometo que em breve eu vou arrumar um emprego pra você. Tudo bem?

– Acho que sim - tento esconder o sorriso que insiste em aparecer no meu rosto mas não consigo.

– Aêh! - diz Bonnie se aproximando - Já que se resolveram acho melhor a gente ir né? Meu chefe tá bem estressadinho esses últimos dias, seu marido é bem bipolar - diz soreindo - Mais tarde eu volto, se for sair me liga pra avisar e a empregada já chega pra fazer comida pra você e tudo mais. Tchau Elli.

– Tchau.

Eles saíram e eu fui tomar um banho. Vesti uma roupa qualquer e depois peguei o celular. Decidi que ia aceitar, só pelo Stefan e por sua bondade.

Estava vendo a lista telefônica e então decidi ligar pra casa. Eu não sinto falta mas sei lá, gostaria de saber como vão as coisas por lá. Gostaria de saber sobre John, Isobel, Jeremy, meu padrasto, meu ex namorado Kol...

Ainda sei o número de cor, disco ele com cuidado e precisão até que começa a tocar e eu coloco no ouvido.

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– Alô? - Ouço a voz de Jeremy - Alô? Alguém?

– Jeremy– sussurro

– E - Elena? Elena é você? Elena me responde, meu Deus onde você está? Por favor Elena, eu sei que você está me ouvindo mas se não quer dizer nada, tudo bem. Só quero que saiba que nós sentimos sua falta, mesmo que não pareça. A nossa mãe, seu pai, meu pai...

– Não me procure, eu estou bem e não preciso de vocês– digo friamente e desligo o celular

Eu sinto falta dele, por mais chato e irresponsável que ele tenha sido algumas vezes ou todas as vezes eu o amo e não queria deixá-lo. Ele é meu irmão.

Fiquei deitada na cama a manhã todinha, estou começando a achar que em alguns dias vou cortar meus pulsos e deixar sangrar até eu ter uma hemorragia e morrer. Acho que fiquei tanto tempo sem parar pra descansar assim que meu corpo já nem sabe mais o que é ter uma folga.

O celular toca e em anos eu o atendo, com um pouco de dificuldade pelo tamanho.

– Oi?

– Elli? Sou eu Stefan, se arruma que eu vou pegar pra gente ir almoçar.

– Ótimo! Já não aguentava mais ficar presa aqui! - digo aliviada e ele sorri.

Ai que coisa, detesto ficar trocando de roupa toda hora mas não posso sair assim. Coloco uma roupa mais arrumadinha, passo uma maquiagem e desço para esperar o Stefan, talvez esteja na hora da gente começar a se entender, sei que ele não é má pessoa.

Stefan me levou para um restaurante perto de casa, Melissa também estava com a gente.

– Elli, amanhã de noite você vai conhecer o seu futuro marido - sinto um frio na barriga e então tomo um gole de refrigerante para ver se passa.

– Amanhã? - pergunto um pouco nervosa - E se ele não gostar de mim?

– Impossível - ele sorri - Se ele não gostar de você, a gente interna ele.

– Papai, a Elli vai casar com o tio?

– Sim filha. Ela vai ser sua tia. E não se preocupa tá, a Bonnie vai te ajudar a se arrumar e tudo mais.

– O que você quer dizer com isso? - pergunto arisca

– Nada, mas se você quiser ajuda... - Ele dá de ombros.

Quando terminamos de almoçar, Stefan me levou de volta pra casa e Melissa quis ficar comigo, agradeci pois não aguentava mais ficar sozinha e a companhia dela me faz bem.