Elli

Ouço a porta bater e abro os olhos. Foi mole fingir que eu estava dormindo.

— É só o começo Damon - cochicho e então puxo o cobertor até a cabeça para dormir de verdade.

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Hoje Bonnie me levou para a empresa, segundo ela Stefan queria falar comigo.

— Bom dia - diz Bonnie entrando na sala dele - Ela tá aqui, vou pra minha sala antes que meu chefinho encha o saco.

Entro na sala e ele aponta para a cadeira á sua frente. Me sento e encaro ele que apoia os cotovelos na mesa de vidro e também me encara.

— Então... Como foi a noite? - fico confusa com a expressão dele.

— O que você quer dizer?

— Quero saber como foi a noite com o Damon.

— Não passei a noite com ele! - digo irritada - Você me chamou aqui pra isso?

— Não. Você não terminou seus estudos né? - nego com a cabeça - Mas você quer trabalho... Olha, a minha assistente está de licença e vai ficar por mais uns cinco meses. O que você acha de ocupar o lugar dela? Não é um trabalho difícil e acho que você dá conta.

— Ah. Ótimo, eu topo.

Stefan começou a me explicar o que eu iria fazer, como eu deveria trabalhar e eu me empolguei; já não aguentava mais a ideia de ter que ficar lá naquela casa mofando.

— Olá irmãozinho... - diz Damon entrando na sala. Ele ainda não me viu - Estou morto de cansado, meus braços estão latejando - ele se joga na cadeira á frente de Stefan e eu continuo escorada ao lado da estante perto da porta.

— Exagerou na academia?

— Não! Exagerei na bondade de carregar aquela folgada até o quarto dela - diz exausto e então solto uma risadinha. Logo ele na cadeira gira ficando de frente pra mim - Olá folgada Medn, dormiu bem? - ele soa irônico e então eu vou andando devagarzinho até ficar ao lado dele, de frente para o Stefan.

— Muito bem! - dou um sorriso.

— Que ótimo porque eu não dormi nada! - ele gira a cadeira novamente e fica também de frente para o Stefan.

— Que pena - dou de ombros.

— Nossa criança está muito mal agradecida Stefan.

— Em primeiro lugar: não sou criança! Em segundo: não sou de vocês! - Saio da sala e vou andar pelo prédio enorme. As pessoa continuam me encarando, cochichando sobre mim e eu continuo não dando tanta importância.

— Uau! - olho para trás e vejo a garota que me entrevistou na noite em que fui ao bar do Elijah - Você está ainda mais parecida com ela - olho séria para a garota loira - Ah desculpa. Mas e então, quando é o casamento? - ela sorri.

— Não sei - sou grossa.

— Caroline, acho que o Stefan está te chamando na sala dele - diz Bonnie

— Ah claro. Mas olha, estou chateada! Como assim vocês foram as compras e não me levaram? Estão me devendo uma! - ela sai desfilando. 

— Ela é sempre assim? - pergunto.

— Na maioria das vezes. Mas e então, tudo certo?

— Acho que sim. Consegui emprego como assistente do Stefan - dou de ombros e ela arregala os olhos.

— O que? Não era pra ser dele... - ela soa irritada mas logo limpa a garganta - Essa decisão, mas tudo bem vai ser ótimo, ele é muito bom como chefe. Tenho que ir, vê se não apronta ou se perde.

Continuo caminhando pelos corredores, aqui tem bastante gente. Paro na recepção e encosto no balcão, apoio a cabeça na mão enquanto pego equilíbrio no cotovelo e fico olhando para a rua.

— Algum problema senhora? - pergunta uma mocinha na recepção

— Nenhum - dou um sorriso breve.

— Nossa. Você é a Kath...

— Não, ela é a Elli — me surpreendo quando Damon aparece por trás de mim passando o braço pelas minhas costas, sinto um tremendo calafrio. Olho a mão dele que repousa no meu braço e depois olho para ele que está sorrindo pra mim - Ela não é a Katherine, mas é a minha noiva e faça o favor de contar isso aos seus colegas de trabalho porque não quero ninguém enchendo o saco dela, entendido?

— Sim senhor.

— Vamos almoçar?

— Vamos - digo sorrindo com falsidade e então vamos abraçados até o elevador para ir ao estacionamento subterrâneo.

— Me solta - digo arisca quando já estamos sozinhos e ele sai de perto de mim.

— Não pense que eu adoro ser carinhoso com você em público, sou um bom ator e você deveria ser também.

— Pra alguém que tentou me beijar à alguns dias atrás você parece mais é um aproveitador - ele revira os olhos.

— Não ligo para o que você acha.

Chegamos ao restaurante que ele escolheu, era bem bonito e refinado. Tinha música ao vivo e Damon comia se balançando ao som da música, era impossível não achar graça da cena. Durante a refeição nós não trocamos uma palavra se quer, mas eu não iria deixar tudo assim tão normal.

Na hora que a gente ia se levantar para sair, eu fui em direção ao palco

— Ei - ele puxou meu braço - O que você vai fazer? - cochicha franzindo o cenho.

— Você vai ver - dou um sorrisinho e me solto das mãos dele. Subo no palco e peço para o moço que estava cantando me deixar cantar uma vez. Ele concorda e me entrega o violão.

— Boa tarde - digo sorrindo e olhando para todos. Logo olho para Damon que está visivelmente nervoso, ele olha de um lado para o outro, coloca as mãos no bolso e bate o pé frequentemente no chão - Dedico essa música para o meu noivo nervosinho, ele tá bem aqui gente - digo sorrindo e apontando pra ele - uma Salma de Palmas parar ele! - as pessoas batem palma enquanto ele me olha puto com aquela expressão de "Vou te matar".

Toco e canto a música. As pessoas no restaurante parecem gostar, quando termino todos aplaudem, inclusive Damon que também nega com a cabeça mas permanece com o sorriso no rosto.

Agradeço e desço do palco, logo o gerente engravatado vem atrás de mim. Ele é alto, bonito e muito charmoso.

— Olá senhorita, sou o gerente e devo dizer que os clientes te adoraram! Quanto você cobra para fazer shows assim? - diz jogando charme. Damon entrelaça nossos dedos e faz cara de poucos amigos, me seguro para não rir.

— Anota meu número, depois você me liga e eu vejo um horário para...

— Não - diz Damon bem frio - Não dá pra você fazer isso. Agora vamos que eu estou ocupado - ele dá as costas e vai me puxando, olho pro gerente e dou de ombros sorrindo. 

Entramos no carro e ficamos em silêncio, antes dele dar partida começo a sorrir.

— O que foi isso? - pergunto me virando para ele que está de cara amarrada.

— Você não precisa disso - diz ríspido

— Mas isso me diverte. Aliás, gostou do show? - ele sorri desmanchando o semblante sério. 

— É, até que você não canta tão mal assim. E vem cá - ele fica de lado e me encara - Toda vez que a gente sair você vai aprontar alguma é?

— Quem sabe - dou de ombros e então voltamos para a empresa.

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— Olha Elli, eu ainda vou me vingar de você! - diz quebrando o silêncio quando saímos do elevador.

— Vamos ver se você é bom nisso - cruzo os braços e encaro ele - Estou á muitos pontos na sua frente. 

— Sou bem melhor que você pode ter certeza - ele aproxima o rosto se envergando um pouco. Sinto novamente um calafrio quando percebo o quanto estamos perto um do outro.

— Hum— alguém limpa a garganta. Olho para o lado e vejo Stefan, Bonnie e a garota loira explosiva. Elas nos olham com sorrisos bobos e Stefan com cara feia.

— Atrasado para a reunião irmãozinho - ele diz.

— Não me dê bronca, briga com sua protegida, a culpa foi dela - ele se rende - Essa palhacinha adora uma discórdia.

— Tá, vamos logo - Stefan diz entediado e então eles vão para o fim do corredor.

Olho para as meninas que estão com o mesmo sorriso bobo na cara. Bonnie me carrega para a sala de Damon.

— É o que eu estou pensando?

— Não sei o que está pensando, Bonnie.

— A Elli, não se faça! - diz Caroline

— Pois é. Me diz, o que rolou entre vocês a partir do momento que vocês se abraçaram na recepção? - começo a rir.

— Bem, ele fez questão de dizer que não sou a Katherine, que sou noiva dele e que não quer ninguém enchendo meu saco. Depois a gente foi almoçar e eu cantei pra ele no restaurante cheio de gente pra fazer ele passar vergonha.

— Claro. O que você pretende com isso? Deixar ele mais apaixonado? - a loira diz toda afobada

— Não! Claro que não - fecho a cara.

— Mas é isso que você vai conseguir, Damon já gosta de você por você ser parecida com ela, se você agir como ela, minha querida em alguns meses vocês já formaram uma família.

— Não exagera. E nós não somos nem amigos.

— Tah— diz Bonnie com pouco caso.
Saio da sala e vou para a sala de Stefan, fico na mesa que irei trabalhar a partir de amanhã.

Olho para tudo, penso em Jeremy e no meu padrasto, penso na minha tia, no meu ex namorado que era meu vizinho... penso em tudo que eu passei. Foram muitas coisas.

Abaixo minha cabeça e acabo dormindo, não tenho mais o que fazer.