Já estava enfurecida. Toda semana pelo menos umas três vezes eu tinha que parar de fazer as minhas coisas para ir atrás do irresponsável do Jeremy ou do bêbado do meu padrasto aos gritos da minha mãe histérica que acabou fugindo de casa um mês antes da minha ida para a Virgínia.

Eu era obrigada a fazer comida, arrumar a casa porque a minha mãe sempre inventava alguma dor ou tontura para não ter que fazer nada e se eu reclamasse eu era uma filha ingrata, não tinha coração... Para evitar todos esses tipo de comentários eu acabava fazendo todo o trabalho escravo.

Enquanto isso, meu pai morava em Malibu, casado com a mulher dele que é mais nova uns 7 anos e morando com os três filhinhos dele no maior amor. Nem no meu aniversário o desgraçado me mandava um oi, ou um simples parabéns.

Minha vontade de viver aquela vida já tinha se esgotado, não havia mais porque eu querer mudar de ideia e voltar pra quem nem mesmo ligava pra mim então subi no ônibus e não olhei para trás.

Passei exatos três dias dentro de um ônibus com vários tipos de pessoas, muito desceram no meio do caminho, outros entraram quando estávamos chegando e no final foi só eu que fiquei lá todos os três dias.

Foi bem ruim ficar sentada tantas horas, ficar sem poder tomar um banho ou sem comer uma comida direita, mas em nenhum momento me arrependi. Eu estava determinada e a determinação é o que move as pessoas.
Eu não tinha muito dinheiro e precisava de um lugar para ficar quando chegasse e como não tinha noção das coisas eu preferi não gastar com besteira como comidas mais caras, minha alimentação era das piores.

Cheguei no terminal e caminhei alguns quilômetros atrás de lugar para ficar, mas a maioria não tinha mais vagas ou então era caro demais pra mim. Como não consegui nada, acabei dormindo dentro de um ônibus velho e abandonado cheio de gatos imundos que encontrei no meio do caminho, não foi tão ruim assim.

A verdade é que eu nem me importei muito, eu estava finalmente bem longe daqueles problemas e era só isso que eu precisava para recomeçar e seguir em frente.
No outro dia caminhei mais um pouco e cheguei em Mystic Falls. Com muito custo eu consegui um emprego como garçonete em um bar. Em troca do meu serviço eu ganharia um local para ficar e também poderia fazer minhas refeições lá mesmo na pensão, eram sobras mas eram melhor do que passar fome.

Não era um dos melhores lugares ou melhores empregos, mas era bem melhor do que ficar na rua e pra Seattle eu não voltaria mais.

Decidi trocar meu nome para Elli, dei um jeito de arranjar documentos novos e deixei bem guardados os meus originais; ninguém precisaria saber que na verdade eu era Elena Gilbert.

E então foi assim que eu comecei a minha nova vida, eu um novo lugar, sendo uma nova pessoa. Não era mais a doce mocinha que sempre ajudava as pessoas, e sim uma garota decepcionada com a vida que não se preocupava com mais nada e nem com ninguém, apenas consigo mesma.