Heróis Cônjuges escrita por Leroy


Capítulo 1
❥ 01 — Estrelas em seus olhos.




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Não sabia como, mas estava na sacada do quarto dela.

Nessa noite de quinta-feira, Chat Noir foi fazer sua patrulha diária em Paris ― dessa vez nos bairros próximos à Torre Eiffel. Apesar de Adrien ter muitos trabalhos escolares acumulados para essa sexta, não conseguia deixar seu romantismo de lado, precisava ver Ladybug. Ela infelizmente não aparecera aquela noite para a patrulha.

Ah, noites calorosas perto de sua amada, Chat adorava todas elas. Ficar próximo de Ladybug trazia o conforto que precisava. Mas devia entender que ela também tinha uma vida por trás da máscara, assim como ele, e isso só o fazia sentir mais vontade de descobrir a verdadeira identidade da garota. Qual era o problema de dizer a verdade, afinal? Poderiam estar mais próximos do que pensavam, ou até mesmo estudar na mesma escola. Talvez se conhecessem? Dúvidas como essas não abandonavam os devaneios do pobre gatinho que observava as estrelas em cima de uma construção qualquer.

Bufou e rolou no telhado quente. Queria vê-la.

Desviou seu olhar para o prédio ao lado. Não era a casa de Marinette?

Em um piscar de olhos e sem se dar conta, Chat Noir estava na sacada do quarto de sua colega. Por que tinha feito aquilo? Ele não tinha ideia. O edifício onde estava anteriormente era maior, portanto, seria complicado voltar.

― Idiota ― pensou alto, colocando uma mão em sua testa como sinal de reprovação dos seus próprios atos. Era incrível como, quando Adrien se transformava em Chat Noir, ele agia mais por instinto que por razão. Não que isso fosse uma má coisa, entretanto, às vezes era bom pensar.

― Chat? ― Uma voz calma cortou seus pensamentos. Virou-se e encarou a figura à sua frente. Marinette vestia seu pijama, mesmo ainda sendo oito horas da noite. Era a primeira vez que a via com o cabelo solto, e podia dizer que ela ficava excepcionalmente encantadora com seus fios escuros livres do prendedor. Marinette ergueu uma sobrancelha. ― O que está fazendo aqui?

Pensou numa resposta rápida:

― Oh, minha princesa. Eu estava numa patrulha noturna. Sabe como é, heróis como eu precisam certificar-se de que tudo está em ordem. ― Disse, cheio de marra. ― Normalmente esse trabalho cabe a mim e minha belíssima donzela Ladybug, que infelizmente não compareceu hoje ― havia aflição em suas palavras.

― Isso não responde minha pergunta, sabe? ― Cruzou os braços, falando num tom brincalhão. Antes que pudesse inventar outra desculpa, ela continuou: ― E sabe o porquê de Ladybug não ter aparecido?

O loiro não olhava para o rosto da menor, que estava passos de distância. Também se indagava a mesma coisa.

― Não, mas acho que ela não me diria, de qualquer forma ― sorriu.

― Hm? Como assim?

― Ladybug não fala muito sobre ela mesma, por mais que eu insista. Prefere esconder o que há atrás da heroína mais famosa de Paris. Acho um absurdo, claro, ela deve ser incrível. Com ou sem a máscara ― comentou com brilho em seus olhos verdes. O rapaz se empolgava ao falar de sua amada. Ele notou que Marinette o encarava com o rosto um pouco espantado. ― Ah, me desculpe, ainda estou no seu telhado.

Ficaram em silêncio, até que pequenas risadas vindas da moça quebraram o constrangimento entre os dois. Realmente, era mais bonita do que pensava, até porque Adrien não parava para prestar muita atenção na garota que sentava atrás dele na sala de aula.

― Não quer ficar mais um pouco para conversar?

E ele ficou. Ficou sem pensar duas vezes. Ambos apoiaram-se no muro que dividia a sacada ao grande horizonte de Paris, que mesmo durante a noite, brilhava como o dia. Nunca conversara de verdade com Marinette, e se arrependeu disso nos primeiros cinco minutos. Ela era interessante e ria das piadas sem graças dele: o que, claro, cedia à moça vários pontos positivos. Jamais imaginaria que poderia se sentir tão bem próximo à alguém que não fosse Plagg, Nino ou até mesmo a própria Ladybug.

Chat encarou as estrelas pela a segunda vez naquela noite e inspirou o ar, sentindo o cheiro de chocolate. Virou-se para comentar algo, no entanto, notou que a menor fazia o mesmo que ele. As orbes azuis de Marinette brilhavam como as mais cintilantes estrelas no céu. Resplandecentes, com um fulgor único. Poderia ficar horas ali, apenas na sua companhia: ela encantada por bolas de fogo há milhões de anos luz de distância, e ele fascinado por sua beleza.

O que ele estava pensando?

― Marinette.

Virou-se para olhá-lo, com um sorriso em seus lábios.

O loiro tocou os cabelos negros dela com delicadeza, e em seguida acariciou o rosto de Marinette. Mesmo com a mão coberta pelo tecido conseguia sentir a pele dela aquecendo por conta do constrangimento. Ela abriu a boca para pronunciar algo porém nada disse. Novamente, estava agindo por impulso e não pela a razão. Mas dane-se a razão.

Aproximou seu rosto ao dela. Agora, de perto, pôde notar as estrelas em seus olhos azuis. Sentia o calor de seu corpo, o hálito dela, sua respiração ofegante. Marinette envolveu seus braços em torno do pescoço dele. Receoso, tocou seus lábios em sua boca. Um beijo. Calmo, sem exaltações, sem luxúria. Simplesmente um beijo. Um selar de lábios, que infelizmente durou segundos.

Separou-se sem querer. Era errado, ele gostava de outra pessoa, mas queria mais. Desejava por mais.

O que lhe impressionou foi o fato de ela começar a falar, mesmo que ainda tivesse com as mãos em sua nuca.

― Chat, eu... ― começou, sussurrando. ― Me desculpe. Me diga que isso é um sonho, por favor.

― Não é um sonho.

― Tem que ser. Eu gosto de outra pessoa. Você ama a Ladybug. Isso... Isso é errado. ― Disse, soltando seus braços.

― Vamos apenas esquecer isso, só por um momento. Marinette, nós... ― Antes que o gato preto pudesse continuar sua declaração, uma voz aguda interrompeu-o.

― Marinette! Desça aqui, eu fiz petit gateau! ― Sabine, mãe de Marinette, gritou no andar debaixo. Com isso, os dois separaram-se de imediato. Isso explicava o aroma de chocolate que ele sentira antes.

Ambos se encararam com rostos vermelhos ― agradecia aos céus que ela não pudesse ver o estado em que estava por conta da máscara. Chat batia seu pé no chão.

― Então... Acho que essa é a minha deixa. Boa noite, minha princesa ― despediu-se, agarrando a mão da garota e dando um selinho na pele fria de seus dedos. Não deixou-a dizer nada, simplesmente deu a volta e pulou num prédio próximo.

Que noite.


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