Camp Semitrouxa escrita por LordPoseidonXx


Capítulo 15
Liquidação WiccaExpress


Notas iniciais do capítulo

Surprise, bitches :*



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Ela esperava que a dor de cabeça não soasse tão cedo.

Vic levava Jack até a casa grande. Era um caminho relativamente curto, mas ele fez de tudo pra que tornasse uma eternidade. Por todo caminho, ele falava coisas como:

"Filhos de Hefesto são idiotas"

"Quem precisa de fogo?"

"Ninguém quer uma guitarra que brilha no escuro"

"Minhas facas são melhores que qualquer arma que eles fabricam"

"Quem quer ouvir Lirini Slirini?"

Ele já estava ultrapassando os níveis de insuportabilidade.

— CALA A BOCA POR UM SEGUNDO. - respirou fundo - Por favor, só por alguns segundos, sério.

Ele revirou os olhos e deu de ombros, mas não falou uma palavra sequer. Naquele momentos ela presenciou a própria sinfonia das musas.

O aroma dos campos de morango invadia todo o território semideus. Era suave e acalmava todos os nervos de qualquer um que ousasse cruzar aquelas fronteiras. Apesar de dias como esse acontecerem corriqueiramente, era bom saber que estava segura, perto das pessoas que gostava e livre de obrigações mortais.

— Como foi sua última vez? Esqueci de perguntar.

Jack olhou pra ela e não respondeu nada.

— Agora eu permito você falar, me responda.

— Hum. - olhou pra baixo - Última vez o quê?

— Sua última viagem. Como foi sair, chegar, como está sendo no 23 sozinho?

— Normal, eu acho. Fiquei na casa dos meus tios na Califórnia. Eles são legais mas acho que desejaram me mandar direto pra polícia. Fora isso a volta foi tranquila, alguns vultos mas nenhum ataque. E sobre o chalé, tem sido confortável, obrigado por perguntar.

— Pera, polícia, quê? Como assim?

— Aqueles garotos chatos da vizinhança. Não paravam de zoar do meu cabelo e fazer gestos obscenos pra mim.

— E você...?

— Congelei as mãos deles. - sorriu - Eles vão passar um bom tempo sem usá-las com aquelas queimaduras.

— Pelos deuses! - disse boquiaberta - Você poderia ter chamado a atenção de monstros! Sem contar que não deve ficar usando suas habilidades fora do acampamento sem necessidade.

— Eu sei! Mas você acha que eles não mereciam?!

— Claro que não! Mas se fosse eu teria feito muito pior, então você ainda tem muito a aprender

— Mas você..?!

— Shh. - chiou quando chegaram à porta da Casa Grande - Temos um acordo a fazer.

Por fora, a estrutura da construção era simples: uma típica casa de férias de verão, em madeira desgastada com traços de um dia tinta azul e branca, mas hoje um pouco descascada. As vigas rangiam um pouco, mas nada com o que se preocupar. De dentro, o cheiro de capim-santo e cedro era forte a ponto de queimar as narinas, mas qualquer um acostumava com o tempo.

— Onde o cavalo velho está?

— Jack! - advertiu em meio a uma risada presa - Fale com respeito! Mas se for criticar faça-o baixo. - sussurrou. - Bom, ele deve estar no segundo andar.

— Então vamos atrás desse cav-

O som de quatro batidas agitadas no piso revelou a chegada do diretor. Se Quíron estivesse usando óculos, teria olhado para Jack por cima das lentes. Da cintura para cima, ele aparentava ser um humano comum de seus cinquenta ou sessenta ano, mas num porte físico muito bom. Da cintura pra baixo, era um corcel branco com as pernas mais musculosas que qualquer um já houvesse visto. No seu tempo livre ficava numa cadeira de rodas estudando filosofia.

— Desse o quê? - perguntou o híbrido.

Jack entreabriu a boca mas a filha de Hermes o impediu de falar alguma barbaridade.

— Caviar! Eu achei que tivesse algum aqui porque Jack não sabe o que é, e pensei que seria legal pra próxima rotação dos jogos. Aliás, temos que discutir uma situação aqui!

— Hm? Que situação?

— Jack explodiu...

Scarlet explodiu. - corrigiu Jack.

— Que seja. - suspirou Vic - Ele ou essa coisa dele explodiram o artefato de um dos campistas de Hefesto. Ele meio que, hm, ficou bem furioso, parece que era um projeto de semanas, e o menino aqui o fez sem aparente motivo algum.

— Jack? Pronuncie-se.

— Eu preciso ter algum motivo? Ele me olha estranho desde que eu entrei aqui, só porque eles usam do fogo. Fora que devem se achar o máximo porque constroem coisas. Pois bem, eu não construo, eu destruo. Odeio ele e todos os irmãos dele.

— E choca um total de zero pessoas. - completou Vic.

— Temos uma situação complicada aqui. - todos esperaram que ele sentasse numa cadeira, cruzasse as pernas, bebesse um gole de vinho e pensasse a respeito, mas ele era metade cavalo então acho que cavalo não sentam e cruzam as pernas, também não tinha nenhum vinho então ele só pensou. - Você está fora da próxima celebração de jogos.

Aquilo surpreendeu até a própria Victória.

— Quê?! Eu só quebrei uma guitarra, quem se importa?

— Quando explodirem suas facas, espero que fale a mesma coisa. E completando...

— E-explodir minhas facas? Ainda tem mais?!

— Garoto! Deixe ele terminar de falar. - ela endureceu a feição.

— Então, - Quíron treinou a garganta - você vai ficar responsável por limpar o arsenal todo dia de treinamento pela próxima semana...

— M-mas...?

— ...e com supervisão.

— Ah, não. - Vic ficou cabisbaixa.

— Não se preocupe hoje, filha de Hermes não será você.

A pressão da campista voltou ao normal no mesmo instante.

— Não?!! QUEM? - falaram em uníssono.

— Tiberius Lowell Dakota, líder do chalé 12, filho de Dionísio. Você deve conhecê-lo, vou mandar um recado logo o avisando. E sugiro que comece a treinar como se limpa espadas, é meio sorrateiro. - o diretor sorriu.

Vic ainda estava sem acreditar na quantidade de punições, e mais ainda que ela não seria responsável por nada envolvendo esse escândalo. Não sabia se chorava ou soltava fogos.

— Pode deixar. - balbuciou com ironia - irei fazer tão bem quanto a menina do meu lado usa os dedos.

— Como? - Quíron arregalou os olhos.

Victória ficou vermelha como um pimentão.

— Jack! Vamos para o seu chalé agora, lembre-se, está de castigo! O-obrigada Quíron. - agradeceu e saiu de lá o puxando novamente pelo braço.

O menino saiu batendo os pés no chão. Tinha irritado sua colega de camp o suficiente pra ela quisesse trancá-lo até esquecer como se anda.

— Você vai ficar aqui no seu chalé pensando no que fez e depois vai encontrar seu tutor! Não tenho mais cabeça pra isso hoje. Te vejo depois, me servindo comida.

— Vici vi fiqui iqui ni si chili mimimi - revirou os olhos.

Vic sacou sua adaga de bronze celestial e descontou nos lábios dele.

— Vá trabalhar primeiro e aprender a lutar como um semideus antes que eu quebre suas faquinhas no meio que nem isopor.

O filho de Quione ficou sem palavras. E foi assim até meio dia

 

• • •

 

 

Da cama para fora do chalé não demorou dois minutos quando percebeu que estava atrasada.


Carregava a aljava nas costas assim como luvas de couro nas mãos. Queria ter certeza que seria precisa no treinamento de hoje.

Caminhou até o chalé 7 e deu de cara com uma porta enfeitada por círculos dourados e folhas de louro. Combinava bastante com a personalidade delas.

— Naiara? - deu três batidas.

— Bom, nossa ajuda chegou. – ouviu de dentro.

"Ajuda?".

A porta se abriu de uma vez e lá estavam duas filhas de Apolo, Nai, pela qual Iamana tinha ido a procura, e Mands, a líder do chalé.

— Por que está vestida assim? – Mands perguntou.

— Bom, nós vamos treinar.

Naiara deu um sorriso amarelo e Gabriela ficou perplexa.

— Na verdade temos outros planos. E você está inclusa.

— C-como? Você não me avisou nada?!

— Eu só soube agora de manhã, por favor me perdoa!

As duas olhavam pra ela com um certo ar de vergonha mas de insistência.

— Mas o que a gente vai fazer?

— Vamos até a cidade ver umas lojas.

— Quê?! – se surpreendeu – Vocês ficaram loucas? E se alguém descobrir .

— Shhhhhh. – fizeram as duas. – Se você não gritaria tão alto ninguém vai perceber. – disse Mands pegando uma bolsa lá dentro.

— Mas vamos comprar o quê?

— Não sei ainda. – disse Naiara enquanto saía do chalé e Mands o fechava – Mas parece que estamos de saída. Você vem?

— Hm, não sei.

Amanda revirou os olhos.

— Não tem isso de "não sei", vamo logo Iamana, e tira essas luvas, isso é suicídio social!

— E você acha que sua blusinha é bonita?

As duas olharam pra ela mas saíram mesmo assim.

Em alguns segundos, elas estavam correndo pela coluna e deslizando no terreno íngreme ao passo que Amanda assobiava por o táxi das irmãs cegas.

Tiveram de esperar até que uma neblina surgisse em meio a entrada da floresta e se solidificasse frente a elas como um táxi escuro cheirando a morfo.

Mands e sua irmã se jogaram lá dentro, mas Iamana permaneceu do lado de fora ainda cogitando ir.

— Entra no táxi, otária. Nós vamos fazer compras. – e a puxaram pra dentro.

Como não tinha o que fazer, ela desistiu de tentar lutar contra.

 

 

 

O centro de Nova Iorque continuava o mesmo. Nenhum desastre (se não contarmos as eleições), nenhum ataque, nada demais. Iamana já tinha visitado o lugar algumas vezes, mas não o suficiente pra não se perder. Felizmente ela tinha artimanhas.

 

 

Amanda agradeceu as três velhas senhoras com dracmas e em seguida todas tocaram solo metropolitano.

 

 

— Acho que às vezes a gente fica presa demais, aqui tem muita coisa interessante. – observou Nai.

 

 

— Inclusive monstros a toda volta esperando-nos vacilar. – Iamana sorriu.

 

 

— A garota tá certa. Temos que ser rápidas e práticas. – Mands observou o semáforo e elas atravessaram na faixa de pedestres.

 

 

— Ajudaria se soubéssemos o que você quer comprar.

 

 

Amanda correu os olhos por todas as vitrines ao seu redor como se procurasse o manequim perfeito.

 

 

— Eu quero um anel.

 

 

Naiara pôs a mão de surpresa e deu um pulinho.

 

 

— EU SABIAAA MEU SHIPP.

 

 

— Cala a boca, não é nada de mais, só firmar um compromisso.

 

 

— Mas isso é lindo, se alguém fizesse isso pra mim eu ia ficar sem palavras.

 

 

— Pois é né, que pena que seu namorado na outra versão da fanfic é bolsominion machista.

 

 

— Tudo bem estou sem palavras.

 

 

Narrador cries in pt language.

 

 

— Se você quiser eu conheço um lugar legal pra comprar joalheria. – ofereceu Gabs.

 

 

— Onde?

 

 

— Se chama WiccaExpress.

 

 

As filhas de Apolo se entreolharam rapidamente. O trânsito zumbia enquanto uma mulher tentava chamar a atenção delas para oferecer um cartão fidelidade ou algo do tipo.

 

 

— Wicca tipo bruxas?

 

 

— Sim. – respondeu diretamente – Não sei se é no sentido literal ou foi apenas um nome que acharam legal, mas lá tem peças ótimas, por um ótimo preço. Pelo menos minhas luvas foram de lá.

 

 

— Você comprou suas luvas lá? – disse Naiara – Sem chance, vamos procurar outra.

 

 

— Nai! – Gabs riu – É sério, podem confiar.

 

 

— E onde fica isso?

 

 

— Se me acompanharem eu levo vocês até lá, mas não sei andar muito bem em por aqui então talvez demore.

 

 

Elas só não achavam que iria demorar tanto. Seguiram ruas, viraram esquinas, passaram por encruzilhadas e quase foram atropeladas. Diversas foram às vezes que acharam ver pessoas encarano-as ou seguindo-as. Vez ou outra entravam em um beco e e acabavam num lixão. Entretanto, com muita disposição, após visitar a M&M Store, invadirem a Brodway, e outros mil estabelecimentos, deram de cara com uma faixada em neon falhado e em madeira escura, onde podia-me observar um aroma de lavanda e cortinas mal limpas que eram sopradas pelo vento.

 

 

— É aqui? Sério mesmo, mana?


— Vocês já foram a lugares piores. A WiccaExpress é totalmente segura e confortável.

Elas entraram. No teto, existia um pequeno lustre que lançava uma iluminação amarelada pelos artigos de joalheria. Além deles, haviam chapéus, vestidos, livros, e outras coisas característico do meio mágico. Mas aparentemente não havia nada de divino ou monstruosos lá. Menos mal.

— Quem vai nos atender?

Iamana olhou ao redor e passou o dedo por uma das bancadas. Não tinha poeira.

— Não existem atendentes.

— Oi? Como assim?

Naiara não parava de bater o pé no piso.

— Simples. Você escolhe seu item, escreve seu nome para comprovar e deixa o dinheiro ao lado.

— Sério? Achei que só faziam isso na Europa.

— Sim, à sua disposição.

Amanda deu um meio sorriso e foi procurar na ala de anéis. Existiam de todos os tipos: grandes, pequenos, dourados, com escrituras ou lisos. Eles pareciam ser bem delicados, feitos com carinho e exclusividade pelo joalheiro ou joalheira. Dentre eles, um se destacava.

Estava no canto, prateado e escuro com uma jóia azul turquesa na ponta, que na baixa luminosidade era possível ver brilhar. Não poderia ser outro senão este.

Meninas, venham ver. – Mands o tirou de lá e testou no seu dedo que era muito parecido com o de Victória. – Ele é perfeito. – ela sorriu – Vocês não acham?

— Tenho que concordar que é a cara dela.

Gabs segurou pra não dizer que tinha um ótimo gosto para as coisas. Apesar de ser filha de Nêmesis e ser sempre sincera, ela sabia que ali já estava mais que claro.

— Podemos ir então? – perguntou a caçula de Apolo.

— Sim. – respondeu Amanda – Obrigada Gabriela, isso é exatamente o que eu queria. – assinou o produto e deixou o dinheiro.

— Eu sei, eu tenho tipo um sexto sentido.

Elas deixaram WiccaExpress em fila. O lustre apagou, o vento cessou e a loja se dissolveu.


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