Cinco segundos escrita por Rhiannon


Capítulo 1
5inco segundos


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥
Pra vocês verem como a inspiração surge nos momentos mais inoportunos. Eu nem queria ler o livro de literatura, mas li e deu nisso aí.
Espero que gostem.
Nos vemos lá embaixo.



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Minha irmã, quero que preste muita atenção no que lhe direi, porque o que contarei não é uma história de amor, creio eu. Histórias de amor não são assim. Ou não deveriam.

Sendo mulher, irmã, sei que me entenderá. Apesar de não ser um exemplo de feminilidade. Tu é forte como nenhuma outra moça que conheci. Não aceitou de imediato o casamento que te foi proposto, embora o homem seja um dos mais disputados entre as madames da cidade. E consigo entender agora. Casar sem sentimentos envolvidos deve ser desgastante e, no mínimo, cruel.

Primeiramente, leia esta carta longe de qualquer pessoa, mesmo de nosso pai ou de seu noivo. Ninguém deve saber disso, apenas confio em você, pois sei que jamais me julgará, assim como jamais te julguei.

Me conhece há quase vinte anos e sabe como não sou a melhor pessoa do mundo com horários. Não fiquei surpreso quando perdi o metrô no dia em questão. Sentei e me contentei em observar as pessoas enquanto esperava pelo próximo horário.

Sabe de meu gosto por rapazes, sabe como gosto de observa-los, e às vezes mais do que isso. Entende que tenho feito novas amizades aqui na cidade, certo? Há uma gente muito boa na faculdade que tem me feito repensar sobre algumas coisas. Dessa vez, não me senti culpado por observar um rapaz. Não era um defeito meu, ou um pecado. Que mal tem em ver a beleza das pessoas, independente de gêneros?

Devia ter em torno de minha idade, talvez um pouco menos. O vi por pouco instantes, segundos talvez. Mas era tão belo. Tão lindo que sequer sei como descrevê-lo.

Cabelos negros, pele branca — talvez branca até demais, mas até que possuía um charme. Andava de cabeça baixa, sequer olhou para mim. Mas eu o olhei! Tive que resistiu ao impulso de correr atrás dele. Vestia um grande casaco preto que contrastava com sua cor de pele. Caminhava como se estivesse perdido, sem rumo. Mas mesmo assim, confiante.

Ele se foi e fiquei para trás. Embasbacado com meus próprios pensamentos.

Meu trem chegou e foi minha vez de partir, mas sua figura ainda estava em minha mente.

Algo que nunca achei que aconteceria, minha irmã, não conseguia parar de pensar nele. Sabe como nunca acreditei em amor à primeira vista, amor platônico, achava completa besteira. Mas estaria eu vivendo um?

Teria me apaixonado por tão pouco?

Estaria eu ficando louco?

Louco por um total estranho.

Perdendo a razão por alguém que vi por breves instantes.

Três dias se passaram.

Conseguia sentir meus ossos doerem de necessidade de vê-lo novamente, nem que por cinco segundos. Descobrir seu nome, talvez, de onde vem, para onde vai, seu maior sonho, sua história, seus desejos mais obscuros, onde mora, onde já morou, o que acharia de tomou um bom vinho comigo.

De nada sabia sobre ele. Será que o veria novamente? O destino seria bondoso e nos colocaria frente a frente novamente?

Pois Deus fez do meu desejo real.

Estava eu, ainda abalado, confuso e sem saber o que fazer. Me despedi de meus amigos, usando a desculpa de enxaqueca, e fui à um bar.

Não sou muito de beber, exceto em determinadas ocasiões, e esta era uma ocasião.

Queria anestesiar minha dor.

Entrei e pedi conhaque, o melhor que tinham. Adivinha quem me serviu a bebida?

Era ele!

Sem o casaco preto, com uma expressão totalmente diferente no rosto, mas ainda ele. Reconheceria de qualquer lugar.

O rapaz me serviu, e então inclinou-se sobre a bancada, olhando-me no fundo dos olhos. Seus lábios se moveram. Percebi que estava em meio a algo parecido com uma hipnose, o encarando.

Repetiu a pergunta.

— Você está bem? Parece pálido.

Retomei os meus sentidos.

— Deveria fazer essa pergunta a si mesmo. — respondi.

O garoto riu. Ele ficava bem assim. Mais jovem. Olhando agora, de perto, não deveria ter mais de dezessete anos, talvez.

Alguém o chamou. Fiquei impaciente. Queria conversar. Mas era estranho, depois de dias fantasiando com o momento em que o veria novamente... E agora estava perdido, totalmente sem saber o que fazer.

Bebi do meu conhaque, quase sem sentir o gosto. Ele havia ido servir outra pessoa. Segundos depois, estava em minha frente novamente. Enquanto me servia da segunda dose, pensei em algo para dizer, mas antes que se concretizasse, alguém o chamou.

Seu nome era Nico.

Nico!

Nico.

A causa da minha insônia tinha nome, e trabalhava em um bar.

Muito mais informação do que eu possuía quando entrei por aquela porta.

Havia planejado não ficar muito tempo ali, mas como poderia cumprir tal promessa? Nico estava ali!

Não tinha olhos para mais ninguém naquele lugar. Seguia-o com o olhar, o mais discreto que podia, ignorando todos ali. Observava ele limpar mesas, recolher copos, servir bebidas, impedir brigas.

A noite foi se passando, até chegar a madrugada. E mal percebi que era um dos poucos clientes ainda de pé.

Nico estava em minha frente novamente.

— Você parece feliz. — dessa vez foi eu quem disse.

Ele olhou para mim. Com todo o trabalho que havia feito até o momento, deveria estar cansado e me mandando embora, mas ainda sorria. Discretamente, mas mesmo assim, sorria.

Aproximou-se.

O bar estava menos barulhento a essa hora da madrugada. O ouvi com clareza. Sua voz era igualmente bela.

— Estou saindo da cidade. — Ah, esta partindo. Apertei o copo de vidro, agora vazio, em meus dedos. — É algo que sempre quis.

— Para onde vai? — perguntei. Sei que não era de minha importância, mas mesmo assim, queria saber.

— Ainda não sei direito. — respirou fundo. — Mais? — perguntou, referindo-se ao conhaque.

Neguei.

— Está apaixonado?

— O que? — indaguei.

— Minha mãe costumava dizer que é possível saber quando alguém está apaixonado apenas pelo olhar dela. E o seu olhar diz muitas coisas. — disse — E você bebeu pra caralho.

Sorri, apesar do meu nervosismo e do seu linguajar.

E por falar em olhos, Nico era dono de lindos olhos âmbar. Eu poderia me perder olhando para eles.

— Por que trabalha aqui? Você parece mais inteligente que isso.

Obviamente, eu não estava no meu melhor estado de sanidade. A bebida esta fazendo efeito. Eu não media minhas palavras.

— Ele não trabalha mais aqui nessa espelunca. — disse alguém ao surgindo ao meu lado. — Nico di Angelo! — gritou, apesar de haver apenas mais dois homens completamente bêbados no fundo do bar — Guardem esse nome, vão ouvir muito daqui em diante.

Olhei para Nico e ele ria.

Olhei confuso para o homem estanho.

— Nico não te contou? Está falando com o maior escritor que já conheci em toda minha vida.

Pisquei.

— Não exagere, Rick. — Nico respondeu.

— Ah, di Angelo, cale a boca e vá embora. Não consigo mais encarar sua cara. E por falar nisso, me coloque na dedicatória de seu livro por tu...

Eu estava meio tonto, me perdi no meio da conversa. Passe as mãos pela cabeça.

— Ei. Qual o seu nome?

Agora Nico estava mais próximo de mim. Exatamente do meu lado. Ficou difícil de me concentrar.

— Hã. Jason. Jason Grace.

— Jason... Eu moro aqui do lado. Quer...?

A pergunta ficou meio no ar. Concordei.

Ir para casa de Nico? Claro!

A casa dele estava meio vazia. Era pequena. Não me lembro de muita coisa, para ser sincero. Está tudo meio borrado em minhas lembranças.

Não entrarei em detalhes sobre o que se seguiu ali, acredito que não seja de sua curiosidade.

Mas o que fizemos não foi efeito do álcool que ingeri, era uma droga pior do que isso. Era amor. Ao menos de minha parte.

Senti seu corpo junto ao meu. Senti seu coração. Suas veias pulsarem. O calor de seu corpo. Seus dedos em minhas costas. Meus dedos em seu cabelo negro. Seus dedos em minhas coxas. Meus lábios nos seus. Minha alma completamente entregue a ele. Meu corpo a sua disposição.

Eu estava exausto, totalmente destruído. Os lençóis de sua cama tinham um cheiro bom, dormi ali mesmo. Sem pensar no amanhã.

Mas o amanhã sempre chega.

E chegou juntamente com uma dor de cabeça.

Nico não estava ali. Havia uma carta sobre a escrivaninha. Em três linhas ele resumiu que não quis me acordar e tinha partido. A casa na verdade era de seu primo, que chegaria logo. Pediu para que deixasse a chave sobre a mesa.

Interessante ele confiar em um estranho.

Não deixou endereço, sequer deixou um adeus. Mas as marcar que fizera em meu corpo ainda estavam bem visíveis. Era real. E doía como nada no mundo.

Então lá estava eu. Dolorido — tanto de corpo como de alma. E sozinho. Sua lembrança era apenas como um sonho muito vago e muito bom. Como cinco segundos de um prazer insano, do tipo que você quer repetir, mas te é inalcançável.

E foi simples assim.

Eu o vi por cinco segundos enquanto esperava pelo metrô, depois ansiei por vê-lo novamente e o tive por cinco segundos apenas, para depois o perder para sempre.

Gostaria que tivessem me dito que se apaixonar traria essa sensação de estar se afogando em um lago sem sabe sua profundidade. Teria evitado a todo custo, embora ache improvável não cair de amores por Di Angelo.

Espero por conselhos seus, irmã, estou perdido.

Com amor,

J


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Notas finais do capítulo

Olá novamente ashdufadfha
Acho que é bom esclarecer umas coisas aqui
"ah mas o Jason se apaixonou assim do nada" então, né. Não curto muito dessas coisas, mas se você ler uns livros do romantismo vai ver que a galera se apaixonava por muito menos. Em A pata da Gazela o cara se apaixona só vendo o pé na moça. Sim, o pé. Ele sequer viu o rosto dela e já tá amando. Não que isso realmente aconteça na vida real (ou acontece? vai saber) mas é que eu me inspirei em um livro que segue essa mesma linha (?)
Gent, amor a primeira vista é isso ASODIFJASOD
Outro exemplo é em um livro que eu não me lembro o nome, só sei que o cara já tá amando só de ver um objeto lá que a moça deixou cair. Ele não viu nem um vulto dela e tá morrendo de amor.
ENFIM, espero que tenham gostado. Se puderem deixar opiniões, seria muito bom ♥ E me desculpem qualquer erro, a gente sempre deixa alguma coisa passar. Então me avisem se virem algo de errado que eu conserto.
Tava com saudade de escrever Jasico, apesar de que isso foi pequeno, mas tá valendo ♥
Paz, amor e empatia pra vocês ♥



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