Amnésia escrita por Lia


Capítulo 1
Prólogo




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"E o farol alto estava se aproximando em frações de segundos. Gritos e mais gritos. O que raios era aquilo? Por quê o motorista não percebe o que está acontecendo? Ele está... rindo?"

Mais uma vez Kota acorda após outro pesadelo. Tudo começara no começo do mês de outubro, sem explicações nenhuma. Ela conhecia aquelas pessoas que estavam no carro? O médico lhe dissera que a amnésica havia apago uma boa parte de suas memórias, mas, ela lembraria daquele pessoal, como poderia não se lembrar?

Chacoalhou seu corpo, enquanto estava sentada na beira da cama. Fez um coque qualquer em seu cabelo, limpando o suor que estava em sua testa. Seguiu até o banheiro e decidiu tomar uma ducha, como se aquilo fosse resolver todos os seus problemas — pensava ela.

Dois anos antes, Los Angeles, 00:00 a.m:

"O dia estava quente e a festa para os calouros era naquela noite. Kota estava tão feliz. Finalmente entraria para o colegial e faria amigos de verdades, compareceria a festas e finalmente daria largada a sua adolescência.

— Fala sério, Ash, você precisa ir comigo. — A menina fez beicinho a amiga, enquanto a outra apenas a observava e ria.

— Kota, você sabe que meus pais não vão deixar.

— Drake vai levar um amigo... — Ela riu, com uma cara que beirava a malícia. — Um garoto chamado... Espera, como é o nome dele mesmo? Thomas! — Gritou para dar ênfase ao nome.

— Como se ele quisesse ter algo comigo. — A amiga apenas revirou os olhos.

Kota prosseguiu o discurso clichê de que, Drake havia prometido um encontro com ela. Mas levaria um amigo, que estava super afim de Ash.

— Mal entramos no colégio e já estamos atrás dos veteranos, jura? — Ash riu.

— Que fique bem claro, que, quem veio atrás, foram Os Veteranos. — Kota deu de ombros.

— Tá bom... eu vou! Mas se alguma coisa der errado, a responsabilidade é sua Kota Mills.

As duas amigas sorriram e seguiram para suas casas. Aquele seria o melhor dia de suas vidas, com toda certeza. Kota se encontrava com Drake rotineiramente há um bom tempo, o que, para ela, isso era mais que um sinal bom, era perfeito. Apareceria na primeira festa do colégio naquele ano, já com um calouro, seria a inveja de todas daquele salão.

Quando enfim a noite havia chegado, ambas as meninas já estavam arrumadas e esperando os rapazes. Falavam animadamente com Engler, o irmão mais velho de Kota. Ele havia acabado de chegar da faculdade. Estava de férias.

— Tome cuidado, mocinha. — A mãe beijou o topo da cabeça de sua filha. — Você sabe que eu sou contra você ir a essa festa, não sabe?

— Mamãe — Kota revirou os olhos. — Nada vai acontecer, amanhã de manhã a senhora vai estar me acordando com um sermão. — Ela sorriu, abraçando a mãe.

— Fique em casa, filha. Por favor, seu irmão acabou de chegar, Ash pode ficar aqui, faremos algo bacana.

— E perder a primeira festa da minha vida no colegial? Jamais. — Kota abraçou o irmão. — Eu amo vocês.

Após se despedir, saiu as pressas dando de cara com o carro de Drake em frente sua casa. Sorriu sorrateiramente para Ash e ambas correram em direção ao veículo, animadíssimas. Cumprimentaram os rapazes e seguiram viagem a grande chácara onde ocorreria a festa, algumas bebidas já estavam dentro do carro, Kota, querendo experimentar as pequenas coisas da vida, bebeu seu primeiro gole de vodka, aquilo queimava tanto. Chegou a se perguntar como as pessoas conseguiam beber aquilo. Com uma careta, virou o primeiro copo. Dois. Três. Quatro. Estava no quinto copo quando chegaram a chácara. Já dava indícios de insanidade quando desceu do carro, rindo com Thomas, já que fora o único que a acompanhara nos copos.

Drake apenas deu de ombros e olhou para Ash.

— Eles vão ficar bem. — Afirmou a menina, que olhava assustadamente para a amiga, que havia deixado a sobriedade dentro do carro.

A festa estava uma bagunça e mal havia começado. Thomas chamou Ash para andar ao redor do lugar. Drake e Kota apenas entraram e se serviram de outra bebida.

— Ei, vai com calma, menina! — advertiu. — Assim não vou conseguir te acompanhar nunca.

Ela riu escandalosamente e lhe beijou. Aquela boca era a melhor coisa que havia experimentado em toda a sua vida. Eles sempre tentaram avançar, mas a garota era muito indecisa. Mas ali, com Drake a beijando na frente do colégio todo e nem ligando pelo quão bêbada ela poderia estar, tinha certeza de que ele era a pessoa certa para qualquer aventura que ela inventasse.

— Me diga que aqui tem quartos. — Ela sussurrou, o garoto apenas sorriu e a puxou em direção as escadas. Subiram os dois lances que davam a um extenso corredor, pouco iluminado. Algumas portas já estavam fechadas. Finalmente encontraram um cômodo vazio.

No momento que Drake fechou a porta, Kota avançou em cima do garoto, surpreso com tal atitude, lançou a garota para a parede, prensando-a. Tudo beirava a loucura e eles nem se importavam com o amanhã, queriam aquilo e queriam naquele momento.

Kota começou a brincar com os botões da camisa de Drake, abrindo-os o mais devagar que conseguia. Quando chegou no ultimo, desceu os beijos por toda a extensão de busto e barriga do garoto, que lutava com o zíper de seu vestido. Rindo de sua pequena vantagem, ela agora brincava com os botões de sua calça, pressionando um pouco mais os corpos, afim de sentir a grande animação já evidente, por debaixo de daqueles panos. Logo, todas as roupas já estavam no chão, e eles, na cama.

Drake fora o mais gentil possível, sabia que era a primeira vez da garota. E sabia o quanto aquilo seria frustrante se não fosse bom. Quando Kota dava indícios de que tudo estava indo bem, Drake não exitou e as coisas ficaram mais quentes do que podiam imaginar. A onda de prazer que tiveram ali era inexplicável.

— Você quer outra aventura? — Drake riu, mexendo no bolço de sua calça que estava jogada no chão.

— Toda aventura hoje é válida.

Kota tirou do bolço um pequeno cigarro, estava tão bem enroladinho. Era um baseado, na verdade. Kota arregalou os olhos, mas depois sorriu. Queria, de verdade, mostrar ao rapaz que podia qualquer coisa.

Eles acenderam e, depois de uns vinte minutos, mais três daquele haviam sido consumidos. E os dois seguiam rumo a festa novamente rindo de qualquer coisa e falando aleatoriedades que nem eles sabiam ao certo o que era.

— Está quase amanhecendo, vamos embora. — Thomas gritou ao amigo.

— É melhor chamar um táxi. — Ash disse, mexendo em sua bolsa, procurando pelo celular.

— Nada disso. — Drake disse, fazendo um sinal com os dedos, balançando o dedo indicador, indicando negação. — Dá pra dirigir. — Ele riu e cambaleou.

Kota riu em seguida e os dois novamente caíram aos risos por motivos que eles nem sabiam. Ash era a unica sã daquele grupo. Apavorada, ela entrou no carro, sabia que aquela era a unica opção que tinha para ir embora.

Com o som absurdamente alto, seguiram a estrada. Drake brincava na pista, ziguezagueando com o carro, acendendo e apagando constantemente os faróis. O dia estava para amanhecer, mas o caminho continuava escuro.

Foi então, que tudo aconteceu, Drake ria, enquanto Ash gritava.

— Drake, ele não vai parar, desvia, ou reduz a velocidade. — Ela gritava, agarrada a Thomas que dormia.

Kota estava assustada, olhando para seu parceiro que ria e aumentava ainda mais a velocidade em direção a um caminhão, que, pela maneira como andava, não iria reduzir, muito menos parar, mesmo vendo o carro surgir bem a sua frente.

"Por que ele não queria parar?" — Ela se perguntava, enquanto olhava para trás e via Ash chorar e gritar. Queria fazer algo, mas ao mesmo tempo não se sentia totalmente de corpo presente na cena, era como se só observasse. Foi então que, um baque surgiu, vidros foram estilhaçados, dois corpos foram jogados para fora do carro. Kota e Drake bateram a cabeça tão forte a frente do carro. Sangue. Era isso que Kota via, tentava se mexer mas não conseguia. De início não sentia dor. Seu corpo estava dormente. E ela repassava todos os relances da noite em sua mente. Com um esforço, olhou para os lados. Viu Ash logo á frente. Viu também que seu braço direito estava pelo menos cinco metros mais longe.

Ambulância, uma movimentação rápida. Pessoas telefonando e desligando, telefonando e desligando. "É urgente, é urgente!" Alguém gritava, até que finalmente, Kota adormeceu.

— Ela acordou — O médico disse, Kota havia ficado em coma por duas semanas. — Estávamos conversando com ela, e não se lembra de nada. Lembra de casos como vocês da família, em que ano da escola está. Mas o que fez e os amigos, nada.

A mãe de Kota chorava, abraçada ao seu filho mais velho.

— O garoto, Drake, está longe de acordar. Terá que passar por outra cirurgia hoje, mas, ficará bem.

Thomas e Ash não haviam superado, morte súbita. Foi então que Engler tomou a decisão de não contar nada a garota e quando Kota recebera alta, estavam de mudança, desde então, a mãe e o irmão passavam o tempo contando sobre todas as coisas que aconteceram na vida da garota, mas não citavam, nunca, a noite que causara tudo aquilo. Como ela reagiria ao saber que sua unica e melhor amiga havia morrido? Os anos se passaram e Kota se estabilizou perfeitamente a Londres, estava com novos amigos e ia muito bem na escola. O irmão começara a carreira de professor, em um estágio. Estava em seu ultimo ano de faculdade. Sua mãe, com muita cautela sempre conversava com Kota, sobre lembranças. Mas nenhuma daquela noite era citada. Até Kota começar a sonhar, dois anos depois..."


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