No Ritmo escrita por JéChaud


Capítulo 40
O fechar das cortinas


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, como estão nessa sexta linda ♥
Aqui vai mais um capítulo com muito carinho pra vocês ♥ ♥ ♥
Vocês são incriveis, muito obrigada de verdade pelos comentários, favoritos, pelo carinho ♥ ♥ ♥



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— É você cresceu mesmo, mas preferia quando era pequenininha, assim não ficava no meu pé cuidando da minha vida hahahaha – Cebola brincou fazendo cócegas em sua barriga.

— Eu sei que você me ama, alias, eu tenho um namoradinho pra te apresentar também – Maria comentou.

— Que?! Que história é essa?! O pai sabe disso? – Cebola perguntou se levantando da mesa.

— Calma é brincadeira hahaha, mas olha, quero muito conhecer a Monica, e fico feliz que você esteja vivendo isso, amar e ser amado é realmente incrível – Maria concluiu lhe dando um beijo na testa e saindo da cozinha.

Cebola pronunciou aquelas últimas palavras ditas, por alguns segundos antes delas dissolverem no ar...

Amar...

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Planejar a viagem para o Rio foi uma das partes mais divertidas levando em consideração imaginar a reação do seu pai ao conhece-lo. Não o apresentaria como namorado, somente como amigo, mas seus pais são seus pais, lógico que sacariam logo de cara.

A outra parte estressante foi pensar em como driblaria o Fabio e o DC, ambos moravam perto dela, mas isso não tinha tanta importância agora, era a primeira vez que ela viajaria com ele e de moto, estava com a adrenalina nas alturas. Estava eufórica, na verdade seu problema com a ansiedade só vinha crescendo nesses últimos meses, mas gostava tanto dele que o medo do que seus pais falariam parecia não fazer sentido nesse momento.

O pedido de fato ainda não tinha acontecido, mas o comportamento dos dois não negava cada dia mais envolvimento, quem olhasse não saberia diferencia los de um casal de namorados apaixonados , ensaios, jantares, almoços, treinos, por do Sol, skate, moto, brincadeiras, carinhos, eram só uma parte de tudo que faziam juntos.

Monica aproveitava sempre que tinham uma folguinha e lhe ensinava um pouco de Inglês, língua em que falava fluentemente, ensinava também um pouco de Espanhol, o levava para comer comida japonesa com Hashi, o que rendia ótimas risadas. Em uma tarde ele a apresentou ao melhor hamburgão da cidade, sob a condição de que a acompanharia para conhecer a melhor costelinha com barbicue de todas, e assim o fizeram.

Ela sabia muito bem que romances de livros, aqueles incríveis, recheados de momentos felizes eram o sonho de quase toda menina da sua idade, e abria um sorriso quando se dava por conta de que era exatamente isso que estava vivendo, ela tinha sido escolhida pra ter um príncipe, até as suas discussões eram resolvidas aos beijos e risadas, e foi nesse compasso que a ultima semana do mês chegou.

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— Vou subir Ce, já está tarde e amanhã acordamos cedo – Monica falou lhe pousando um beijinho na boca na frente da portaria do prédio assim que chegaram.

— Vai lá Mo, amanhã é nosso último ensaio antes da apresentação, temos que estar bem dispostos – Cebola respondeu a abraçando sentindo o cheiro bom de seus cabelos. – Boa noite.

— Boa noite – Monica respondeu se aconchegando em seu moletom com o perfume que ela tanto gostava – Te amo!

Cebola ouviu aquelas palavras e imediatamente abriu um sorriso, a olhou nos olhos e instantaneamente Monica soube que ele também a amava.

— Também te amo.

—-

Faltando apenas uma semana para a festa das multinacionais, eles marcaram o ensaio final para um sábado, como a escola não funcionava de final de semana, aproveitariam também para levar uns equipamentos de som para a ONG que a Lemon estava doando.

Combinaram de se encontrar ao meio dia, Cebola ajudaria o Ricardo e o Cascão a levarem os equipamentos e logo depois encontraria a Monica para almoçarem e por fim começarem o ensaio final.

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Monica acordou eufórica ainda com a frase escutada na noite anterior em sua cabeça, estava nas nuvens, saiu saltitando por entre o carpete até a sala, olhou de fininho e viu a Denise cochilando no sofá com o controle na mão. Pegou distancia e saiu em disparada sentando ao seu lado fazendo com que o barulho do sofá e o impacto a acordasse.

— Socorro gente, chama o samu – Denise colocou a mão no coração devido ao susto recente.

— Migaaa acorda, já são nove horas, você não ia com a gente na Lemon?! – Monica perguntou rindo.

— Miga sua louca, quer me matar do coração, mó soninho bom – Denise reclamou se ajeitando novamente para dormir.

— De, você não vai? Eu vou me arrumar então pra ir mais cedo, quero repassar umas coisas na coreografia sem o Ce ver, vou fazer uma surpresa na hora que repassarmos a musica – Monica comentou vendo que a amiga já tinha fechado os olhos.

— Encontro vocês lá, bom ensaio – Denise balbuciou sonolenta.

— Affe, que preguiçosinha, meio dia e meia vamos almoçar não esquece – Monica concluiu entrando para o banho.

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Chegar mais cedo era o ideal para arrumar uma parte da coreografia, tinha tido a idéia em uma tarde enquanto tomava banho, incluiria um solo dela de hip hop, era genial, desde que teve a idéia veio treinando uns passos para inserir, tinha certeza que o Cebola ficaria surpreso e orgulhoso, afinal ele que a ensinou a maior parte dos passos de street que ela sabia.

Arrumou-se rapidamente, ajeitou tudo que precisaria para o dia dentro da sua mala, passou o perfume preferido dele e saiu rumo a Lemon.

A escola não era muito longe do apartamento, chegou num tempo consideravelmente rápido e já correu para sala aonde iam ensaiar, o local estava vazio, exceto pelo porteiro e o tio da cantina que sempre estavam por lá uma vez que o prédio era bem utilizado pelos alunos aos finais de semana depois do meio dia, seja para ensaiar, para repor aulas ou criar coreografias.

A sala principal, era onde ocorriam as aulas e ensaios com as equipes de apresentações, suas paredes eram totalmente espelhada, com dois grandes vestiários no fundo, o teto era arcaico, lembrava aquelas construções antigas, desenhadas a mão, o local era bem maior que as salas ao redor, a aparelhagem de som ficava embutida na estrutura,  e as cores eram claras tanto do teto quando do chão, o que passavam calma e tranqüilidade para os dançarinos.

Colocou sua bolsa em um canto, próximo ao espelho principal da barra de dança, retirou tudo que usaria para se trocar, e entrou com calma no vestiário espaçoso e confortável.

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Cebola chegou na Lemon animado, tinham conseguido bastante equipamentos de som semi novos para a ONG, isso era maravilhoso, Ricardo e Cascão vieram com ele para ajudar, começaram tirando das salas do fundo, e levando para a caminhonete do Ricardo, foram passando de sala em sala retirando os antigos equipamentos, agora substituídos por uns mais modernos.

— Véi tem certeza que vai pro Rio com ela? – Cascão perguntou o olhando enquanto seguiam para a próxima sala. – Já confirmou e tudo?!

— Sim cara, vai ser da hora, nunca fui pro Rio de Janeiro antes – Cebola comentou entrando na ultima sala que carregariam os sons, a sala principal.

— Mano, não acha que já levou pra frente demais essa aposta? – Cascão perguntou retirando de um dos cantos os sons antigos lá deixados.

— Não velho, to de boa – Cebola respondeu ofegante, pensando se era a hora de contar para eles ou não o que realmente sentia.

— Verdade careca, se você não ta afim é melhor cortar agora,  do que ir levando, levando, porque ai quando você for terminar ela vai sofrer, vai que ela ta apaixonada de verdade, você já ganhou a aposta, é a hora de pular fora – Ricardo completou ajudando o amigo a tirar os fios enroscados – O dinheiro do seu skate já está comigo é só você escolher o modelo.

— Ah gente, fala sério, eu sei o que faço, parem de me encher, está tudo sob controle ok? – Cebola concluiu rindo.

— Vai que ela se machuca, achando que você ta amando, sei lá, apesar de que qualquer um que te conhece sabe que você não é a pessoa indicada para se apaixonar – Ricardo riu o empurrando – A Julinha já está enchendo nosso saco de tanto perguntar quando vamos te levar lá na balada nova que abriu, só que você não desgruda mais da bailarininha.

— Cala a boca, eu sei o que to fazendo – Cebola riu o empurrando de volta – Vocês que não sabem perder, alias essa aposta ai... - Cebola foi parando de falar quase que com um choque – ... Nem me interessa mais... – Ele balbuciou as ultimas palavras as deixando quase inaudíveis.

Seu olhar mirou aquela mala cor de rosa que ele conhecia de cor e salteado, no mesmo compasso seu coração desabou e suas mãos fraquejaram derrubando todos os fios que segurava, olhou para os lados se certificando que estavam sozinhos, deixando os amigos assustados.

— Que que pega careca? – Cascão se preocupou com a falta de cor em seu rosto.

— Cara, aquela mala... – Cebola começou a falar vasculhando por todos os lados.

— Aquela mala o que? – Ricardo perguntou reparando no objeto rosa no canto da sala.

— É dela, é da Monica – Cebola concluiu passando as mãos pela cabeça num ato de desespero.

—-

Monica estava terminando de arrumar seu cabelo em frente ao espelho do vestiário vazio, quando com um susto ouviu entrarem na sala, apurou os ouvidos, ao ouvir a voz do Cascão reconheceu que eram eles com um alivio, e que o papo era a viagem para o Rio de Janeiro.

Abriu seu melhor sorriso, deu uma ultima checada no espelho, e se preparou para sair e surpreender o Cebola com um beijo, deu o primeiro passo para fora mas quando ouviu a conversa mudar de foco, voltou correndo para trás da porta e seu sorriso antes aberto, se fechou imediatamente, sua bolsa de maquiagem juntamente com as roupas e o tênis que carregava se estatelaram no chão frio daquele vestiário que agora parecia mil vezes mais gelado e vazio.

De repente nada mais fazia sentido, nem a viagem, nem o ensaio, nem o beijo que o surpreenderia e nunca foi dado.

Então não passou de uma aposta? Tudo que eles viveram? Sua respiração acelerou, seu coração quis negar com todas as forças, e talvez por alguns segundos tenha conseguido, mas seus ouvidos e sua razão escolheram a pior forma de a despertar do conto de fadas, lhe deram um tapa na cara.

—-

Monica segurou o choro o máximo que conseguiu, não queria o ver, nem que a vissem chorando, correu para dentro de uma das cabines do vestiário e sentou no chão abraçando os joelhos, tentando fazer o mínimo de barulho possível. As lágrimas começaram a descer descoordenadas e sua respiração a ficar mais pesada, lutava contra o barulho para manter se em silencio no seu esconderijo, um conflito de múltiplas dores invadiam seu corpo, todas elas de uma só vez, e só o que ela queria era correr para seu quarto e não sair tão cedo.

Ouviu passos apressados por toda a sala, ela sabia que tinha sido descoberta, deixou sua mala do lado de fora, o barulho foi ficando mais próximo até que adentrou pelo vestiário.

— Monica?! Monica você está aqui? Me responde por favor – Cebola pediu com angustia na voz. – Vamos conversar.

Seu choro a traiu mais uma vez e um pequeno pigarro saiu de sua garganta, ela respirou fundo e em questão de segundos ele abriu a porta onde ela estava escondida.

— Monica, que bom que te achei, vamos conversar – Cebola pediu se desesperando ao vê la aos prantos.

Monica levantou a cabeça calmamente e o olhou por alguns segundos, doía muito mais que ela imaginava o olhar nos olhos depois de tudo que ouviu.

— Você entendeu errado, me deixa te explicar – Ele pediu a pegando pelo braço pra ajudá-la a se levantar.

— Me solta – Monica gritou tirando seu braço do aperto dele – Me deixa Cebola, vai embora.

— Não vou Mo, me escuta – ele alterou a voz um pouco agoniado, o medo de perde lá o preencheu instantaneamente.

Vendo que ele não sairia, Monica se levantou, enxugou o rosto e saiu do vestiário o ignorando totalmente ao passar por ele.

— Essa aposta, já foi, não vale mais nada pra mim – Ele falou se aproximando dela a segurando pelos braços agora na frente dos amigos.

— Me solta – Monica gritou  perdendo um pouco do controle, a raiva tomou conta da sua razão e ela começou a lhe dar diversos empurrões e tapas descoordenados – Eu acreditei em você, confiei no que me falava, e vocês riam nas minhas costas – As lágrimas  voltaram a escorrer descontroladamente - Eu disse que te amava Cebola... Eu disse que te amava... – Ela concluiu lentamente o empurrando mais uma vez.

Cascão e Ricardo olharam tudo bestificados, tentaram ajudar mas naquele momento se intrometer só pioraria tudo, um sentimento de pena tomou conta deles que olhavam o Cebola pela primeira vez sem reação diante de alguma situação.

— Mo, você tem que me ouvir – Ele pediu claramente arrasado – Eu também te amo.

— Eu ouvi Cebola, acredite... Eu ouvi – Monica o olhou mais uma vez e por fim já com sua mala em mãos saiu da sala sumindo pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, espero que tenham gostado ♥
Se puderem deixem suas opiniões, são sempre super mega bem vindas ♥

"Baby, when I know you're only sorry, you got caught. But you put on quite a show, really had me going, but now it's time to go, curtain's finally closing, that was quite a show, very entertaining… But it's over now" Take a Bow - Rihanna.

Tradução: "Querido, eu sei que você só está se desculpando, porque foi flagrado. Mas você fez uma ótima ceninha, conseguiu minha atenção, mas agora é hora de ir embora, as cortinas estão se fechando, foi uma ótima interpretação... Mas agora, acabou"

Beijinhos e espero vocês no próximo capítulo ♥ ♥ ♥



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