— Monica você dançou lindamente pelo que soube, passos impecáveis de balé, e não passou, vai por mim, faz uma coreografia despojada, eu posso te ajudar a criar – Cebola concluiu como se fosse uma conta de um mais um.

— Me convence em um minuto que devo acreditar em você – Monica pediu se colocando de pé – Me tira pra dançar e me impressione.

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Cebola não precisou ouvir duas vezes, rapidamente tirou o pause do som e a puxou para perto, coreografia era com ele mesmo, e ainda por cima com ela, não podia perder a oportunidade.

Posicionou-se atrás dela, e a pegou sobrepondo seus braços, dando efeito de sombra, um deles ele levou até seu coração como se estivesse querendo mostrar que sentia o que a musica passava, já o outro braço ele esticou, deixou a mão dela suspensa, descendo a outra e segurando na sua cintura.

No compasso que a musica passava Monica sentia a firmeza com que o Cebola desempenhava os passos, quando menos esperou ele a rodou duas vezes, e a jogou, Monica raspou no chão a tempo dele lhe pegar novamente e a jogar pra cima, ela improvisou uma abertura lateral e assim que ele a voltou para o chão ela emendou com alguns passos de balé ao mesmo tempo que ele improvisou uns de seus passos de hip hop dando um contraste incrível, ao finalizar Cebola riu tirando seu boné e arrumando seus cabelos rebeldes.

— Fala sério mando muito – Cebola se gabou rindo.

— É, nada mal, posso até falar que ficou bonito – Monica se deu por vencida – Vamos fazer de novo, e de novo, e de novo, até ficar impecável, está contratado.

— Rá, demorou, sou fera demais.

— Aff, você se acha ein – Monica riu pegando seu caderninho de anotações. 

— O que é isso ai? – Cebola perguntou curioso.

— Minha agenda de balé, anoto meus passos aqui – Monica respondeu anotando tudo que tinham acabado de fazer.

— Tá brincando, não guarda na memória não?  

— Tenho muita coisa pra pensar Cebola, muitos compromissos, tenho que anotar tudo ué – Monica se defendeu fechando a agenda e a colocando dentro da bolsa.

— Sei... Bom então até amanhã – Cebola falou pegando sua mochila.

— Que? Como até amanha? – Monica perguntou o olhando.

— Ueh até amanhã, tava indo embora – Cebola caminhou para a porta rindo, sabia que ela surtaria.

— Pode voltar aqui, vamos repassar e coreografar muita coisa hoje ainda – Monica gritou correndo até a porta para ele não sair.

— Ah fala sério baixinha, to cansadão, não pode ser outro dia não? – Ele questionou.

— Não. Eu sempre fico até fecharem a escola – Monica contou voltando para perto do som.

— Até fechar a escola? Você é louca né? Tem vida social não? – Cebola perguntou voltando a jogar sua mochila no chão.

— Tenho, mas no momento o ensaio é prioridade em relação a vida social, é meu futuro – Monica explicou virando o olho.

— Tenho muito o que te ensinar ainda – Cebola falou rindo.

— Ei... Você acha que é quem pra me ensinar alguma coisa?! – Monica o peitou de braços cruzados.

 - Opa, brutalidade em pessoa, não está mais aqui quem falou – Cebola ergueu os braços fazendo sinal de rendição.

— Não sou bruta, sou objetiva... Agora para de me enrolar e vamos logo, me fala quais são as suas idéias... – Monica pediu tornando a se posicionar em frente do espelho tentando não rir.

— Vamos sobrepor os passos – Cebola respondeu imediatamente.

— Como assim? – Monica perguntou curiosa.

— Vamos sobrepor, nos momentos que dançarmos juntos o street, a gente faz um efeito sombra – Cebola explicou calmamente.

— Hum...

— Enquanto eu faço os passos, você os repete em seguida, alguns segundos mais devagar para o efeito ficar bonito, quando entrar no balé, você dança e eu continuo no street mais para trás para te destacar, e os passos juntos que não forem street vão envolver nos dois, vai ficar demais – Cebola concluiu imaginando.

— Perai, mas você não estará lá no dia da apresentação – Monica respondeu pensando em como faria isso sozinha.

— Por que não? A inscrição diz que pode ser uma apresentação em dupla – Cebola comentou.

— Como sabe?

— Sabendo, tenho meus contatos – Cebola riu.

— Então vou ter que te inscrever também?

— Não, você pode só avisar que vai se apresentar em dupla, e quem concorre a vaga é só você – Cebola concluiu.

— Hum... Vamos tentar então fazer esse jeito sombreado ai – Monica riu voltando a musica no som.

— Demoro – Cebola se posicionou para começarem.

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Magali andava ansiosa para falar com o Cascão, não sabia o por que e na verdade algo dentro dela a avisava que não podia, mas ela sentia saudade dele quando não se falavam ou não se viam.

Depois da mensagem que recebeu passou o dia que se seguiu inteiro sem lhe dirigir a palavra, queria pensar, colocar os sentimentos no lugar,  não sabia direito o que estava se passando dentro dela, era bem novo e um tanto inesperado se interessar por seu amigo, além disso tinha medo, pois a Cascuda e o Quim ainda faziam, mesmo que parcialmente, parte da turma.

            Foi imersa em seus pensamentos que ouviu alguém lhe chamar, virou assustada e viu a pessoa que tentou evitar o dia todo.

— Fala Maga, e ai como está? – Cascão a cumprimentou sorrindo.

— Estou bem, e um pouco atrasada – Magali comentou apressando o passo.

— Atrasada pra ir pra casa? – Cascão questionou andando ao seu lado

— É que... Marquei de fazer umas coisas com as meninas – Magali respondeu a primeira desculpa que veio em sua cabeça.

Cascão a olhou e  a puxou pra perto dele.

— Não precisa fugir Maga.

— Eu... Eu não estou fugindo – Magali respondeu sentindo o perfume que ele exalava.

Sem mais pensar muito, Cascão encostou seus lábios nos dela, não sabia o quanto tempo ao certo tinha esperado por isso, mas não quis solta lá tão cedo.

Magali se afastou rapidamente, colocou as mãos sobre a boca, e o olhou espantada, não esperava por isso, não daquele jeito.

— Cascão... Eu... Eu não sei se isso é certo – Ela falou se afastando.

— Maga, somos solteiros...

— Não sei Cascão... Preciso ir embora – Magali concluiu correndo em direção a sua casa.

— Mas... Eu gosto de você... – Cascão falou ao vento, vendo a Magali já distante.

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Monica chegou em casa sorridente, seu ensaio tinha sido produtivo, mais do que tinha imaginado.

Não queria admitir mas tinha gostado da idéia de ter o Cebola em seus ensaios, apresentar em dupla, nunca tinha pensado nisso, mas até que não seria má idéia. Gostou das dicas dele, e ele era coreógrafo poderia a ajudar e muito, sem contar que dançava muito bem isso ela não podia negar.

Não sabia até onde seria bom para o que vinha sentindo, mas decidiu deixar acontecer, pois se tratava da sua coreografia.

Tinha acabado de fechar a porta do apartamento rindo e mexendo no celular contando ao seu professor a novidade, quando Magali entrou com tudo a desequilibrando.

— Ai... Ai desculpa Mo – Magali falou fechando a porta rapidamente e correndo para o quarto.

— Ei... O que está acontecendo? – Monica perguntou a seguindo.

— Ele me beijou... Eu não estava preparada, e eu não sei se é isso que quero e eu estou confusa, com medo e fugi, sai correndo – Magali explicou bem rapido.

— Calma fala devagar, quem te beijou? – Monica perguntou jogando suas bolsas sobre a cama.

— Cascão, o Cas...

— Caraca... E você o deixou sozinho? Fugiu? – Monica questionou coçando a cabeça.

— Sim, eu me apavorei – Magali respondeu deitando de braços abertos em sua cama.

— Bom, uma hora vai ter que conversar com ele – Monica disse enquanto trocava de roupa para entrar pro banho.

— É eu sei... Só não sei se terei coragem...

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Cebola chegou em casa e foi recebido por sua irmã logo na entrada, deu um beijo em sua testa e foi trocar de roupa, Maria o seguiu.

— E ai maninho como anda na escola?! – Ela perguntou sentando em sua cama.

— Ah sossegado pirralha, estou criando uma coreografia nova – Cebola respondeu sentando ao seu lado.

— Me mostra como é?

— Ainda estou começando, assim que terminar te mostro ok? – Cebola falou lhe fazendo cócegas.

— Ta bom, combinado – Maria disse se levantando.

— Agora sai que vou me trocar – Cebola a empurrou pra fora do quarto.

— Posso pegar seu skate emprestado?

— N Ã O, você sabe que se der um arranhão nele eu vou brigar com você Maria.

— Mas você não disse que em breve ele poderia ser meu? – Maria choramingou de braços cruzados parada na porta.

— Disse, mas não sei mais ok, não enche – Cebola fechou a porta ouvindo a irmã sair pisando forte no chão.

Cebola voltou e deitou em sua cama por alguns segundos, olhou o skate suspenso na parede e seu pensamento voou longe, de repente um novo não faria mais tanto sentido assim.