“ Passar o ano novo no hotel dos boa pintas foi a parte mais difícil do final de semana, não porque era feio o lugar, longe disso, a vista do hotel era incrivel, e lá era maravilhoso, disso não tem o que reclamar, a questão era o Fabinho e a mania das família de empurrarem ele pra cima de mim, tive que repetir mais umas cinco vezes que não queria nada com ele, ainda mais nessa nova etapa da minha vida, mas ele não desistia, ele tem o apoio dos nossos pais e isso o incentiva mais ainda, mas ele tem que entender que não é isso que eu quero. Pra falar a verdade, a pessoa em que eu pensava naquele momento era totalmente diferente dele.”

Monica terminou de escrever em sua agenda e a fechou guardando em sua bolsa. Tornou a olhar pela janelinha do avião, estava chegando em São Paulo e agora era pra ficar.

—-

Demorou um pouco mais do que o normal para pegar suas malas, não tinha conseguido levar tudo que queria para a sua nova casa, mas aos poucos ia trazendo e comprando o que precisasse até se readaptar.

Saiu com um pouco de dificuldade da área de desembarque a caminho do carrinho para apoiar suas malas, e riu um pouco de si mesma quando tropeçou deixando cair metade das bolsas que tinha nas mãos, estava feliz, não tinha motivos para se estressar.

Ainda com as malas no chão, lembrou que tinha que chamar o taxi, tirou o celular do bolso e rapidamente o chamou pelo aplicativo, tornou a guarda lo, e se agachou imediatamente para recuperar tudo que tinha caído.

— Hahaha, sempre estabanada né baixinha – Ele brincou se agachando para ajuda-lá.

Monica se levantou depressa para olha lo, e abriu um sorriso encabulado quando encarou seus olhos.

— Você anda me seguindo? – Monica perguntou voltando sua atenção novamente para a bagagem.

— Ah claro, tenho todo tempo do universo pra ficar indo atrás da dona cor de rosa – Cebola respondeu terminando de pegar a maioria das malas e as empilhando no carrinho.

— Então como soube que eu vinha? – Monica questionou o encarando.

— As meninas comentaram la na escola de dança, e a Alice também – Cebola concluiu carregando o carrinho para ela.

— Pra onde está indo? – Ela perguntou vendo ele se afastar com suas coisas.

— Pro carro ueh – Cebola respondeu na maior naturalidade do universo.

— Que carro Cebola? Chamei um taxi ele já está chegando.

— Que taxi Mo, vem logo que eu vim te buscar, ou acha que eu estava aqui passeando pelo aeroporto?

— Escuta aqui, você anda folgadinho ein , quem pediu pra você vir? – Monica perguntou vendo que ele ajeitava as coisas dela no porta malas.

— Entra ai e para de reclamar um pouquinho por favor viu, eu vim fazer uma gentileza – Cebola comentou fazendo a baliza e dando partida no carro.

— Não sabia que dirigia carros? – Monica questionou olhando como ele era bonito por dentro, revestido de um couro todo preto.

— Ah, esse é do meu velho, eu pego as vezes, mas prefiro a adrenalina da moto – Cebola falou fechando os vidros e ligando o ar.

— Você pegou o carro do seu pai só pra me buscar?

— Pra você ver né, e você ainda reclama.

— Eu não reclamei, eu só.. É eu reclamei um tiquinho, rs mas obrigada viu – Monica concluiu rindo um pouco sem jeito.

— Estou feliz que veio ficar de vez aqui – Cebola falou sorrindo.

Monica o olhou de lado enquanto ele dirigia, se sentiu muito bem, respirou fundo e por fim respondeu.

— Eu também... Eu também Ce – Ela disse virando o rosto enquanto sorria.

—-

No caminho aproveitou para avisar os pais e o professor que estava tudo bem. Desceu do carro com a ajuda do Cebola, e mesmo sob insistência em ajuda la, Monica disse para ele ir que não precisava se preocupar já tinha o alugado demais, e assim que ele foi embora, o porteiro a ajudou a subir as malas.

— Tocou a campainha da sua nova casa e aguardou ansiosa, assim que Denise abriu e a viu, pulou nos seus braços de alegria, ela comemorou igualmente alegre e a Magali se juntou no abraço, todas pulando juntas.

— Eeeebaaa, amigaaa nem acredito que dessa vez é pra morar – Denise falou a ajudando a guardar asmalas.

— E eu? Acho que a ficha ainda não caiu gente – Monica comentou arrumando algumas coisas no criado mudo ao lado da sua nova cama.

— O taxi demorou ami? Porque não conseguimos chamar um daqui para irmos te encontrar – Magali contou.

— Não... Na verdade meninas o Cebola foi me buscar – Monica comentou segurando a risada.

— QUE?? Gatz pode contar tudooooo – Denise pediu se sentando na cama da Magali.

— Gente, vocês podem parar de se fazerem de bobas, avisaram ele que eu chegava hoje, ele foi de carro me pegar – Monica contou colocando seu celular para carregar.

— De carro? NÃOOOOOOOOOOO... Não acredito que ele pegou o carro do Pai dele só pra te buscar – Magali comentou surpresa.

— Como assim? Pegou... Por que? – Monica se assustou com as reações das amigas.

— Amiga, todo mundo sabe que ele não suporta carro, só gosta de moto,  não curte dirigir, só pilotar – Denise concluiu rindo.

— Sabe o que isso quer dizer? – Magali perguntou eufórica.

— Nada, isso não quer dizer nada meninas, ele só foi... Educado – Monica cortou o clima.

— Só pode ser isso amiga, ele está apaixonado, certeza, o Cebola não é fofo com mulheres, na verdade acho que nunca o vi namorando – Denise respondeu ignorando qualquer cortada da amiga.

— Gente do que estão falando, estão doidas? Não tem nada a ver – Monica continuou a se proteger.

— Não sei por que esse muro todo ai, que que tem se apaixonar?! É tão bom! – Magali falou por fim se sentando no chão olhando a atenciosamente.

— Não tem nada, mas... Eu... Eu acho que não combinamos em muita coisa – Monica resolveu por fim se abrir.

— Mas Mo, isso não tem nada a ver, eu e o Xaveco nos damos super bem, e ele é meu oposto – Denise comentou colocando seu namoro como exemplo.

— Ami o importante são os principios, ideais, se ele te respeita, se achar que tem pontos legais, o que que tem que ele curte uma musica diferente?  – Magali continuou calmamente.

— Gente, com ele é diferente, em apenas um minuto eu tenho vontade de abraçar ele, brigar, fazer carinho, gritar, fico muito instável quando estou do lado do Cebola, é estranho, eu ainda não entendi o que isso quer dizer... – Monica contou coçando a cabeça.

— Ai amiga, deixa rolar, sem crise hein – Denise brincou rindo – Vamos logo que a Alice te espera ainda hoje para a volta as aulas.

— Como assim volta as aulas?

— É ami, hoje voltam as aulas para as equipes de apresentação de todas modalidades, e você tem que ir – Magali explicou.

— Mas estou muito cansada gente – Monica choramingou.

— É, vai se acostumando, essa palavra não existe para a Lemon Dance – Denise concluiu.

—-

Cebola estava na recepção junto com o Ricardo quando a viu entrando correndo, estava bonita como sempre, e ansiosa também, quase trombou com eles na entrada.

— Desculpa meninos, nossa, estou acho que estou atrasada para minha primeira aula – Monica tentou explicar respirando fundo.

— Que isso gata, seja bem-vinda a nossa escola – Ricardo a cumprimentou sorrindo.

Cebola lhe lançou um olhar ameaçador. Ricardo recuou.

— E ai baixinha, achei que não viria hoje, acabou de chegar de viagem – Cebola comentou levantando o boné para olha lá melhor.

— E eu não viria, mas a De e a Maga me obrigaram, porque senão a Alice me mata e tals – Monica contou rindo.

— E mato mesmo, pode entrar Srta Monica, nossa aula já vai começar, e bem, não toleramos muito atrasos – Alice comentou lhe pegando pela cintura – Vamos, vamos mocinha.

— Bom, até mais linda – Cebola se despediu piscando de um olho.

Monica não respondeu mas permaneceu o olhando tempo suficiente para Ricardo começar a rir.

Ela virou e seguiu a coordenadora, sentia seu sonho se aproximar.

—-

— Ela está apaixonada... Não acredito, o que falou pra ela? – Ricardo perguntou enquanto os dois arrumavam a sala para a aula dos veteranos.

— Ah caro amigo você sabe, puro charmeee – Cebola se gabou – Cola na minha.

— Cala boca – Ricardo o empurrou – Véi, não acredito que vamos ter que comprar aquele skate.

— Hahahaha, você já devia saber, essa estava no papo – Cebola brincou.

Cebola sempre ajudava seu professor quando a ONG ainda estava de férias, ia mais cedo para auxiliar nas aulas.

A ONG só voltava a abrir quando as aulas da escola começavam para as crianças, sendo assim ele ainda tinha um mês, antes de voltar a dar aulas.

Terminou de ligar uns fios, e ouviu uma musica clássica começar, saiu de fininho e foi calmamente até a sala onde acontecia a aula de balé. Observou pelos grandes vitrais e reconheceu imediatamente ela ali, dançando, continuou olhando sem se mexer, viu os passos impecáveis que ela fazia deslizando pelo salão como se flutuasse. Seu coração começou a disparar no mesmo ritmo que os saltos por ela dados.

Assim que percebeu o que estava fazendo, saiu rápido dali, encostou na parede mais próxima e cruzou os braços fechando os olhos... Cebola, que que está acontecendo?! Ele se perguntou batendo as mãos na cabeça, tentando responder o que já estava claro...