A Darkland Tale escrita por DarrenShanLover


Capítulo 5
DES-ANIVERSÁRIO


Notas iniciais do capítulo

E aí está a continuação, esprero que gostem e mals se tiver alguns erros de português...



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DES-ANIVERSÁRIO!

 

            Do outro lado da porta havia um jardim com rosas vermelhas e pretas. O chão era formado de blocos de pedra e havia um pequeno chafariz por onde, curiosamente, não corria nenhuma água.

            O jardim nada mais era do que um pequeno círculo e era rodeado de postes finos de ferro preto que seguravam lamparinas rústicas. Todas estavam acesas pois, pela cor do céu, deveria ser mais ou menos meia hora depois do pôr do Sol.

            Chequei as horas em meu relógio de pulso... Surpresa, vi que já eram quinze para as oito! Meus pais deviam estar muito preocupados.

            Mas aquele era um jardim que eu colocaria em uma de minhas histórias. Cheio de sombras, iluminado por lamparinas de luz amarela. A Lua, que brilhava no horizonte, se preparando para erguer era levemente amarelada. E as cores predominantes eram as neutras.

            Fiquei tão encantada que me esqueci do meu real objetivo. Eu tinha que voltar para casa. Mas... estava perdida e aparentemente não havia ninguém por perto.

            Decidi, então, procurar alguém, que pudesse me indicar o caminho, ou que pudesse me dizer onde estava a chave da porta maior. Apesar de ela ter sumido, eu tinha certeza de que ela me levaria de volta para casa.

            Dei a volta no chafariz e encontrei um grande portão de ferro. Ele estava aberto e, em cima, com letras em itálico, estava escrito: Wonderland. A princípio, hesitei em passá-lo, mas o caminho de blocos de pedra continuava, assim como os postes com lamparinas que o iluminava. Então, continuei andando.

            Andei por aquele caminho por pelo menos meia hora. Tempo suficiente para tentar compreender onde eu havia ido parar.  Acontece que depois de quinze minutos eu tinha teorias tão absurdas que resolvi parar de pensar no assunto para preservar minha sanidade.

            Depois dessa meia hora eu comecei a ver uma outra luz. Esta também era amarelada, mas era mais forte do que as outras. Corri até ela na esperança de encontrar alguém que pudesse me ajudar.

            Depois de alguns passos me encontrei na frente de um portãozinho de ferro parecido com o que encontrei na entrada, só que este vinha até o meio da minha coxa e, apesar de estar fechado, eu facilmente pulei sobre ele.

            É, eu sei, invadir a casa dos outros assim não era correto, mas afinal, mais tarde eu iria ver que nada ali era correto.

            E aquilo não era bem uma casa. Não havia construção nenhuma. Era apenas um grande quintal com grama escura e aparada.

             No meio desse quintal, eu encontrei uma mesa comprida, e ao seu redor várias cadeiras que não combinavam entre si. Na mesa havia variedades de bules e xícaras de chá, diversos salgados e docinhos. Todos pareciam deliciosos.

            Saía fumaça dos bules maiores, o chá estava quente, as comidas também não pareciam ter passado da validade, tudo estava fresco. Estranho... Então deveria ter alguém por perto...

            Olhei a minha volta e dei a volta na mesa. Ninguém... Poxa, eu estava com fome... Se não havia ninguém ali, então... ninguém se importaria se eu pegasse alguns doces, não é?

            Peguei um bicho-de-pé que me parecia delicioso e dei uma mordida. Nossa, era o melhor que eu já havia experimentado... Olhei a minha volta novamente. Ninguém. Acho que eu poderia me sentar e tomar um pouco de chá, certo?

            Sentei-me na mesa perto do portãozinho, assim se alguém aparecesse eu poderia sair correndo... A cadeira era uma grande poltrona, o que dificultava um pouco minha saída apressada, se esta viesse a ser necessária, mas, pelo jeito, não havia realmente ninguém.

            Quando me sentei, peguei um bule de chá e escolhi uma xícara que me parecia adequada.

            - Veja, veja, Dormouse!!! Temos companhia!!!

            Levei um susto e quase derrubei o bule de chá quente no meu colo.

            Quem havia falado era um rapaz mais ou menos uns três anos mais velho do que eu. O estranho era que no lugar das orelhas normais de um ser humano, ele possuía orelhas amarelas de coelho!!! Ambas pareciam bem reais, apesar da direita estar costurada bem no meio e a parte de cima desta pender como se estivesse prestes a ser decepada. Ele estava usando um casaco velho e rasgado e remendado em vários pontos, tinha uma xícara de chá cortada ao meio em suas mãos. Curiosamente havia chá nessa xícara, mas este não era afetado pela gravidade.

            Além disso, ele possuía um piercing na sobrancelha e na orelha esquerda.

            Olha, a este exato ponto, eu deveria estar surtando, atacando o ar com a foice compactada no relógio como uma louca, exigindo respostas e me perguntando por que aquele cara, tomando “meia” xícara de chá, estava ali falando comigo. Bem, aí eu estaria agindo como uma psicótica.

            Por isso mantive a calma e aceitei aquele episódio bizarro, pois tentar entendê-lo me deixaria louca. Se bem que aceitar que aquilo estava acontecendo já não seria loucura? Bem, de novo, melhor não tentar entender...

            - Ora, ora, ora... Temos uma convidada!!!

            - Sim... Sim... – disse uma voz sonolenta no meio da mesa.

            Dessa vez, quem se pronunciou foi uma garota mais nova do que eu, pelo menos tinha uns nove anos e também não era de todo normal. Ela estava usando um vestido da que poderia ter vindo da Inglaterra do século dezessete, chique e elegante, todo em veludo preto e verde, porém, ao invés de conter uma longa saia rodada, o vestido acabava um pouco antes do joelho.

            Ela estava usando uma estranha máscara de rato, que cobria metade de seu rosto, mas, apesar disso, eu podia dizer que ela estava caindo de sono.

            - Quem... Quem são vocês? – perguntei hesitante.

            Minha mão escorregou instantaneamente para o relógio no bolso do casaco, estava pronta para liberar a foice, se necessária. Eu não iria investir contra a garotinha, mas o outro, apesar de parecer feliz com minha presença, tinha um olhar maníaco, e seus olhos esquadrinhavam o ambiente de tempos em tempos, como se ele estivesse com medo de alguém.

            - Ora, minha cara... Quer uma xícara de chá?

            Uma terceira voz se fez ouvir.

            Este era o mais estranho dos personagens bizarros que compunham a mesa. Era um rapaz pelo menos um ano mais velho do que eu. Ele usava um chapéu com a aba rasgada e com um selo de promoção na parte direita sobre os cabelos extremamente negros. O chapéu também era coberto de piercings e havia uma carta Az de Espadas presa à parte direita do chapéu por uma fina corrente.

            Ele estava vestido como um cavalheiro da Inglaterra séc. dezessete, porém, seu colete de veludo roxo escuro estava com fios de tecido pendendo nas pontas e seu casaco-sobretudo preto tinha remendos aqui e ali.

            O rapaz segurava na mão esquerda uma xícara de chá. Ambas as mãos estavam cobertas com luvas, também rasgadas.

            Mas o mais estranho e penetrante da imagem desse curioso personagem eram seus olhos. Um vermelho e o outro roxo. Ambos concentrados em mim no momento.

            Com todas essas coisas para eu reparar e refletir, a única coisa que passou pela minha cabeça foi: “Um garoto da minha idade me chamando de minha cara? Quem esse moleque pensa que é?... Tá... Ele pode até ser bonitinho...”. (Pessoas, entendam que Wonderland afeta nossas mentes...).

            - Eu perguntei quem são vocês... – eu disse, mais cautelosa.

            Havia percebido que a garota não era assim tão inofensiva. Ela estava com a cabeça debruçada na mesa e, na sua mão esquerda, jazia uma adaga. Melhor não brincar muito com esses aí...

            - Não, não, não, mademoiselle! Não é assim que se começa um saudável relacionamento! – disse o rapaz com orelhas de coelho. – Vamos, repita comigo, “olá e prazer em conhecê-lo!”.

            Ele estendeu a mão para mim e me encorajou a apertá-la. Eu olhei hesitante para sua mão, sem saber o que fazer. Bem, recusar não seria assim tão sensato, afinal ele parecia um louco e a garota tinha uma faca na mão.

            - Por favor, não vamos lhe fazer mal. – disse o garoto do chapéu do outro canto da mesa, descansando a xícara de chá num pratinho. – Veja, pode me chamar de Mad Hatter, ou apenas Mad para encurtar. E qual seria sua graça?

            Bem, ele havia me dito seu nome, e apesar deste ser muito estranho e incomum, eu acho que devia dizer o meu também.

            - Alice.

            Em menos de um instante, Mad estava ao meu lado, pegou minha mão e deu um beijo delicado nela.

            - Prazer em conhecê-la.

            Fiquei encabulada na hora e provavelmente minhas bochechas haviam ficado vermelhas. Nunca um garoto se apresentou tão formalmente para mim.

            - Prazer... – eu disse.

            - Viu? Fácil. – disse ele, e depois, apontando para a garota ele disse. – Esta á nossa querida Dormouse. E este é... – ele parou, tentando lembrar o nome do seu amigo com orelhas de coelho. – Você alguma vez me disse seu nome?

            O rapaz pensou por alguns instantes...

            - Receio que não...

            - Curioso... – murmurou Mad Hatter, pensativo.

            Depois, seu amigo sem nome se virou para mim e disse:

            - Quer se juntar à festa?

            - Estamos festejando o que exatamente? – perguntei.

            Ambos os amigos se serviram de uma xícara de chá antes de responder.

            - Nosso des-aniversário!!!   

            - Des-aniversário? O que é um des-aniversário?

            A garota começou a rir de repente. Aquela era uma risada sonolenta, porém aguda e louca, como se ela estivesse bêbada.

            - Ora, ela não sabe o que e um des-aniversário!!! – disse, em meio a gargalhadas.

            O rapaz com orelhas de coelho cuspiu o chá na xícara ao ouvir isso.

            - Você não sabe o que é des-aniversário?!

            Eles olhavam indignados para mim, como se eu não soubesse que um mais um é dois. Apesar de eu saber que aquilo tudo era muito sem sentido eu não pude evitar-me sentir mal sobre aqueles olhares.

            - Deixe-me clarear sua mente. – disse Mad. – Temos um aniversário por ano, e isso quer dizer que há 364 dias de des-aniversário!

            Incrivelmente, aquilo tinha um fundo de verdade.

            - Então hoje é meu des-aniversário também? – perguntei, tentando ver se entendi. Se não era meu aniversário, era meu des-aniversário.

            Só que eles não ouviram, ou fingiram que não, o tom de dúvida na minha voz e levaram aquilo como uma afirmação entusiasmada. Seus olhos brilharam enquanto diziam:

            - Ora, mas que coincidência!

            - Como o mundo é pequeno!

            Eu estava me sentindo meio desconfortável, estando no meio daquelas pessoas. Eu sei, eles estavam me tratando bem, mas mesmo assim, alguma coisa neles me incomodava.

            - Hatter! – disse o rapaz com orelhas de coelho. – Deveríamos fazer um jogo de des-aniversário!

            Dormouse pareceu ter perdido todo o sono, levantou a cabeça da mesa animadamente e tomou a xícara de chá mais rápida que eu já vi.

            - Sim, sim, sim!!! Deveríamos!       

            O garoto sem nome e Dormouse olharam suplicantes para Mad. Este deu um meio sorriso, seus cabelos negros cobriram o seu olho roxo, deixando apenas o olho vermelho, que brilhava assustadoramente.

            - E por que não?

            Um arrepio desceu a minha espinha, algo estava errado, ou iria ficar. Que “jogo” eles queriam jogar afinal? Instantaneamente, minha mão procurou o relógio de bolso, que estava no bolso do meu sobretudo.

            Imediatamente, Mad Hatter mudou de expressão. Uma de suas sobrancelhas se ergueu em um tom curioso e seu sorriso morreu.

            - Você tem uma coisa bem poderosa aí... – disse calmamente.

            Como ele sabia do relógio? Recuei um pouco mais na cadeira. De repente, Mad Hatter cruzou o espaço que nos separava em menos de um piscar de olhos. Naquele momento, ele olhava intensamente nos meus olhos, como que procurando algo... Meu reflexo foi de apertar o relógio, para me trazer conforto.

            - Intrigante... O objeto de mais valor da Inventora... “Não pode ser roubado”, dizia a profecia, “apenas entregado de boa vontade”.

            - O que achou, Mad? De que objeto está falando? – perguntou Dormouse, como se aquilo tudo fosse uma grande brincadeira.

            Mad Hatter me olhou por mais alguns instantes, depois se virou para ela, deu um sorriso alegre e disse:

            - Nada, mais um de meus devaneios. Devemos começar o jogo!

            E ele estava novamente em sua cadeira, como se nada tivesse acontecido, porém, ficamos pelo menos uns cinco minutos só nos encarando. Eu encarava seus olhos, porém os dele estavam fixos em apenas um ponto, o bolso do casaco onde estava meu relógio.

            - Hatter, o que houve? – perguntou o rapaz com orelhas de coelho, dessa vez, toda loucura que eu havia visto antes havia desaparecido.

            Ele estava sério e parecia o cara mais lúcido que eu já havia visto na vida. Então, aquele relógio deveria ser mesmo uma coisa muito importante. Só que, quem seria essa tal de “Inventora”? E... ele havia acabado de... citar uma profecia?

             Mad Hatter balançou a cabeça, como que tentando se manter acordado:

            - Nada. Vamos, vamos! – disse, depois um sorriso macabro tomou conta de seu rosto. – Vamos começar o jogo!

            - Sim!!! – gritou Dormouse, ansiosa. – Posso começar? Posso começar?

            A garota segurava a faca com firmeza agora, sua lâmina reluzia enquanto ela pulava de ansiedade para começar o jogo.           

            - Que... que tipo de “jogo” é esse? – perguntei, com medo da resposta. Aquela faca estava me assustando. Afinal, em que tipo de jogo se usa uma faca?

            Hatter e o rapaz sem nome me olharam incrédulos (Dormouse estava muito ocupada girando a faca).

            - Você não conhece esse jogo? – o rapaz sem nome perguntou.

            Hatter deu um tapinha na nuca do garoto com orelhas de coelho e disse:

            - Se ela soubesse não teria perguntado, não é?

            O rapaz tomou uma expressão pensativa por um instante, considerando o que Mad Hatter havia dito. De repente, disse:

            - É, faz sentido.

            - Bem, Alice, esse é um jogo de adivinhar charadas... – explicou Hatter com um sorrisinho estranho estampado no rosto. - ... é bem divertido.

            - E como! – disse Dormouse, que apesar de estar brincando com a faca, agora, estava prestando atenção na conversa.

            - Viu? Simples assim! – disse Mad.

            - Posso começar? Posso começar?

            - Comece logo, Dorm!!! – disse o rapaz com orelhas de coelho.

            Dormouse deu um sorrisinho e encarou todos à mesa. Quando seu olhos pairaram em mim eu senti um arrepio descendo a espinha. Ela alargou ainda mais o sorriso e levantou a faca.

            E ela atirou a faca!


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Notas finais do capítulo

É isso aí, se estiver confuso ou algo assim me avisem. REVIEWS!!!



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