Keep me in you memory escrita por Gui Ness


Capítulo 1
Capítulo 1 - Não me esqueças


Notas iniciais do capítulo

Oiiii. Daqui com vocês o Gui_ness. Usei como tempo deste belo romance e drama, as memórias, o tempo e descrevi um amor que tenta enfrentar tudo para que se realize.
A doença da personagem foi inventada, caso exista foi por mera coincidência. Inspirei-me no Alzheimer mas dei-lhe algumas características diferentes.
Não pretendo nem ofender nem trazer aos leitores más memórias.
Espero que gostem. Tenham uma boa leitura.

Ps-Aconselho que leiam ao som da: Whenever You Remember - Carrie Underwood (https://www.youtube.com/watch?v=tpvQU9-bkgI&app=desktop)



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O dia tinha quase tudo para ser perfeito.

Quase tudo...

Para Lysandre, um rapaz com os seus 182 centímetros de altura, cabelos levemente ondulados, prateados embora as pontas fossem negras e um olho verde e o outro amarelo, qualquer dia em que tivesse de ouvir a voz aguda de Nina era um mau dia. Okay, talvez a voz da rapariga não seja assim tão fina, Nina normalmente possuía uma voz calma e um tanto infantil que até era agradável de se ouvir. Mas quando se irritava ou falava mais algo, a sua voz ia ficando cada vez mais e mais aguda, causando desconforto a Lysandre que a tinha de aturar, por educação. Porém até a própria paciência de Lysandre se esgotava um dia, por mais incrível que isso soasse.

-Eu também quero ler os teus poemas!!! - A voz exclama, chamando a atenção de qualquer pessoa no parque. Nina era baixa, provavelmente não chegava nem aos 152 centímetros de altura, não que isso a incomodasse. Sabia que Lysandre gostava de baixinhas. O seu cabelo era loiro, apanhado de lado e usava roupas do estilo vitoriano, igual ao rapaz na sua frente, de cores escuras.

Lysandre em frente da rapariga, batia o pé impaciente, olhando o relógio que trazia num dos pulsos. Tinha pouco tempo e Nina estava só a atrapalha-lo. Mentalmente ele implorava que ela fosse embora.

-Tu não vais ler os meus poemas... - Lysandre respondeu-lhe lentamente, olhando para as ruas impaciente. A poucos metros de si, um dos seus amigos, Castiel, um rapaz pouco mais baixo e com cabelos ruivos, esperava que a "demoníaca-nina" fosse embora para se aproximar. Também este prestava atenção nas ruas.

-Mas ela teve o direito de ler.

-Ela é diferente! Eu amo-a...

-O "ela" não existe mais! Estás apaixonado por um fantasma! Segue em frente!

-Ela existe. Eu amo-a. E vou continuar a não te mostrar os meus poemas.

-Que ódio, Lysandre! Estás obcecado com uma memória de alguém! Acorda para a realidade!! Ela não te ama!

-Já chega!! Vai-te embora!

-L-lysandre?

-Vai-te embora!! - A pouca paciência do calmo poeta tinha-se esgotado. Ouvir falar assim da pessoa por quem nutria tantos sentimentos. Mas as palavras de Nina prendiam-se na sua mente. Ela não existe mais... Estás obcecado com uma memória...

-Lysandre... - O rapaz ruivo aproximou-se ao mesmo tempo que a "demônio-nina" se afastava, colocando uma mão sobre o ombro do amigo, sem saber como escolher as palavras.

-Castiel, não. Por favor, não... Eu sei que ela tem razão. - O tom de voz era ainda mais monótono que o habitual e as suas palavras soavam a tristeza. Castiel fechou os olhos, inspirando e expirando profundamente, abrindo-os de seguida para olhar em volta. Isso fez com que abrisse um sorriso e retirasse o bloco de notas do amigo do seu bolso.

-Castiel? Devolve-me isso!

-Só quando te animares! - Castiel, num ato extremamente infantil, começa a correr, atravessando a rua e avançando por ela.

-Castiel, devolve-me isso!!! - Lysandre ordenava, correndo atrás do ruivo. Como odiava que lhe mexessem no bloco e lhe lessem as coisas sem autorização. Se o ruivo achava que aquilo o ia animar, estava realmente muito enganado. - Castiel, já chega!!

Uma rapariga que descia a rua com os 155 centímetros de altura, cabelos longos, ondulados e totalmente ruivos, sardas e olhos cinza, ergueu o olhar do livro que sempre a acompanhava para fitar a cena que se passava a poucos metros da si, suspirando com a infantilidade. Parecia que eles não cresciam. Desviando-se um pouco para o lado, saindo do caminho dos rapazes e estendendo levemente o pé, apenas esperou paciente até ouvir o som de um corpo a embater contra o chão, fazendo o ruivo soltar uma exclamação de dor, enquanto a ruiva lhe retirava o caderno das mãos. É, ela tinha feito Castiel tropeçar no seu pé de forma a terminar com aquela brincadeira tosca.

Lysandre, por sua vez, olhava-a com um certo... Brilho nos olhos. Tão bela... Os cabelos ruivos encaracolados contornavam-lhe o rosto como uma bela moldura contorna o mais belo dos quadros. Os seus olhos, mesmo sendo cinza, exprimiam tanta beleza e vida. As suas sardas eram um toque maravilhoso que davam um contraste lindo contra a sua pele branca. Toda ela era linda. Sempre o fora. Sempre o seria.

-Que louca. - Castiel comentou, levantando-se e saindo dali, deixando Lysandre para trás, junto da rapariga que tanto o deslumbrava.

Esta olhava o caderno com extrema curiosidade e achando que Lysandre estava distraído, abrira o pequeno bloco para o ler. Que segredos esconderia ali o rapaz mais elegante, misterioso e indecifrável da escola? Que poderia ela descobrir?

O que leu maravilhou-a completamente, mas quando desviou os olhos para Lysandre, este olhava-a inexpressivo, embora as suas bochechas estivessem rosados, dando ideia de que ele se encontrava corado. A rapariga engoliu em seco, estendendo o caderno para o devolver e o rapaz pegou nele em silêncio. Ela sentiu-se nervosa, fora curiosa demais. Ele apenas esperava silenciosamente pela pergunta certa.

-Não sabia que compunhas músicas... A letra é muito bonita. - Ela disse calmamente, abrindo um pequeno sorriso amigável para o rapaz, que suspirou mentalmente. Naquele dia, a pergunta certa não viera. E ele precisava de repensar tudo e agir rápido se queria salvar a situação.

-Achas? Ainda é só um rabisco... Queria escrever algo... Um pouco mais filosófico. - Como facilmente previra, o rosto da rapariga ganhou outro brilho ao escutar a palavra filosofia. O tempo passava mas o gosto da rapariga por filosofia mantinha-se, sabe-se lá por quanto tempo.

-Mais filosófico como? - Ela questiona curiosa e Lysandre sorri de lado, olhando-a.

-Não sei bem... Mas queria que as pessoas pudessem refletir sobre as minhas letras e músicas. E que elas próprias tivessem algum tipo de reflexão sobre o mundo. Mas eu não sou muito bom em filosofia nem em nada disso. - Ele murmurou apenas alto o suficiente para ela o ouvir. A conversa estava a ganhar rumo e de alguma forma isso deixava ambos muito animados, embora lutassem por não o demonstrar.

-Estou certa de que vais conseguir algo incrível!

-Não sei... Estou a pensar não ir às aulas para poder dedicar-me um pouco mais ao que estou a fazer... Mas se ao menos eu pudesse ter ajuda... - Lysandre olhava em frente mas pelo canto dos olhos podia ver que a rapariga abrira e fechara a boca logo de seguida, sem soltar um som, hesitante. - Zheyne, gostarias de me ajudar? Faltarias às aulas comigo?

Lysandre olhou-a com um sorriso e um brilho nos olhos e ela, cujo nome era Zheyne, não pode deixar de sorrir incapaz de esconder uma certa animação que ouvir aquilo lhe trouxera. Porém hesitava, mordendo levemente o lábio inferior.

-Não sei... Tenho a sensação que ultimamente não me tenho dado bem nas aulas, estou um bocado confusa em relação à matéria...

-Oh... Que tal assim, tu ajudas-me e eu em troca explico-te a matéria? Posso garantir-te que sou melhor do que qualquer professor. - Lysandre comentou, abrindo um sorriso, ficando naquela sua posição tão vitoriana e elegante que o deixava quase irresistível, especialmente quando os seus olhos heterocromáticos olhavam diretamente os olhos de alguém.

Mas Zheyne não era qualquer pessoa e ainda estava hesitante, pensando qual seria a melhor escolha. O rapaz suspirou levemente, é, Zheyne não se deixava levar por quaisquer encantos. Com ela tinha tudo que ser do mais verdadeiro e sincero.

-Bem... Ofereço-te um gelado pelo caminho... - O rapaz disse, numa última tentativa de salvar o dia.

Zheyne por fim sorriu, rindo das tentativas de Lysandre de a convencer. Mas como se costuma dizer, as pessoas acham que me podem comprar com comida... E podem mesmo!

- Pelo gelado eu já aceito! - Brincou aproximando-se do rapaz que lhe estendia o braço para que ela o segurasse, num estilo muito vitoriano.

Sorriam e mudaram o percurso que seguiam, afastando-se do caminho da escola. No início caminhavam calados, talvez envergonhados, ou sem saber o que dizer. Observavam a paisagem, procurando nela temas de conversa que durassem mais do que alguns segundos. Quem teve sucesso foi Lysandre. Era experiente naquilo. O tema escolhido foi a música e rapidamente a Zheyne começou a falar dos seus gostos e das suas bandas. Em algumas partes eram iguais, noutras eram diferentes, mas aceitavam a sua diferença de gostos musicais, aliás isso tornava tudo ainda mais interessante.

Lysandre e Zheyne não precisavam de ser iguais, não precisavam de ter os mesmos gostos ou as mesmas maneiras de pensar. Apenas precisavam de se completar da forma mais irracional e simples possível. Era isso que se alguma forma os atraía, os puxava para junto um do outro, como se forças invisíveis quisessem garantir que não se separassem. Zheyne não o admitia, mas parte de si sentia que o seu lugar era junto de Lysandre, que se alguma forma os dois sempre estiveram juntos, embora nunca tivessem falado muito até esse dia.

Essa tarde passaram-na juntos, por entre sorrisos, brincadeiras e muita música. Zheyne lançou-se no seu momento filosófico, ajudando Lysandre a compor a sua música, mas ele não compunha sobre filosofia, compunha sobre ela. Como prometido, depois disso ele ajudou-a com os estudos, explicando-lhe as matérias sobre as quais ela sentia mais dúvida sentados no pequeno muro que envolvia uma fonte no parque. E tal como ele garantira, mostrou-se um melhor professor do que qualquer outro, ou pelo menos um professor mais interessante e bonito, pois, devido à sua voz monótona e calma, dava sono a qualquer um como qualquer outro professor. Mas esse pormenor apenas serviu para que ambos pudessem rir mais um pouco, juntos.

No fim da tarde, os dois estavam sentados na relva a fitar as pessoas que por ali passavam, as crianças a brincar e a paisagem. Estavam em silêncio, mas desta vez um silêncio claramente menos desconfortável e bem mais amigável e animado, como se os dois conversassem pelo silêncio.

Lysandre foi o primeiro a atrever-se a quebrar esse silêncio, com os olhos perdidos em pensamentos distantes e profundos.

-Zheyne... O que achas da memória?

-Da memória? - A rapariga questionou, um pouco confusa e um tanto surpresa com a pergunta. Olhou o rapaz, porém acabou por fazer uns minutos de silêncio para refletir na questão e na resposta: - Dependendo do ponto de vista. A memória pode ser a consciência inserida no tempo, o espelho onde observamos os ausentes ou até o perfume da alma. - Zheyne dizia, fazendo algumas citações que Lysandre conhecia. É, a memória podia ser muitas coisas.

-Também pode ser dor. - Zheyne olhou-o em silêncio, refletindo nas suas tristes palavras. Podia ver que o rapaz sofria, mas o porque era-lhe desconhecido. Apenas desejava poder aliviar aquela dor que ele sentia.

-Se não soubermos esquecer, nunca estaremos livres de tristeza... - Zheyne diz, desviando os olhos para a paisagem tão bela e solene. Sentia que nunca mais queria esquecer aquele momento belo que observava, aquele momento belo junto de tão boa companhia. Para deixar aquele momento melhor, bastava conseguir por um sorriso naquele rosto.

-Eu não quero esquecer. Suporto toda a tristeza e dor, mas não quero esquecer. - Ele disse olhando Zheyne olho nos olhos. O seu olhar transmitia tantos sentimentos, tão misturados uns com os outros que se tornavam indecifráveis, por mais que a rapariga não desistisse de os tentar perceber, como se dependesse disso. - Ah, memória, inimiga do meu mortal repouso.

-Toda a vida é uma memória, exceto o momento presente que está a pensar tão rápido que nem o notas. As memórias são uma forma de recordar o passado, mas os teus olhos ocupam-se tanto a ver as memórias tristes que não se preocupam em criar memórias felizes. - Novos sentimentos surgem no olhar de Lysandre e desta vez Zheyne consegue identifica-los. Curiosidade, dúvida, reflexão... Interesse. - Aquilo que for importante a memória nunca vai esquecer. - Zheyne comenta, aproximando-se de Lysandre.

-Como podes estar tão certa disso?

-Porque a memória é a consciência inserida no tempo. É toda a vida. Tudo o que acontece é uma memória. Então ela existe. E se existe, ela não vais desaparecer enquanto a pessoa não desaparecer. - Lysandre estica carinhosamente a mão de forma a tocar o rosto de Zheyne de forma carinhosa, trazendo-a para mais perto de si.

-Eu não tinha tanta certeza disso.

-Pois eu tinha. A memória vai sempre guardar o que valer a pena. A minha memória sabe mais sobre mim do que eu. E ela não perde o que merece ser salvo. - Uma lágrima escorre de um dos olhos do rapaz, embora o seu rosto continue sereno como sempre, como se nada acontecesse. Zheyne abriu um sorriso carinhoso, limpando-lhe a lágrima e beijando-lhe a mão.

-Lys, tens sofrido assim tanto por mim?

-Tu nunca vais ser a razão do meu sofrimento. Apenas a razão da minha felicidade.

-Lys, meu amado Lys. - Os dois olham-se e não conseguem mais resistir ao desejo que os consome. Os seus lábios juntam-se por fim num beijo calmo, intenso e cheio de sentimentos. Demasiados sentimentos que estavam fechados fazia demasiado tempo. Lysandre não conseguia descrever a falta que sentia daqueles lábios.
Tudo à volta deles pareceu desaparecer e os sons misturavam-se entre si, até o som alto vindo de um carro de propaganda anunciando a vinda do circo para a próxima semana, nos dias 4, 5 e 6 de Dezembro pareceu distante a Lysandre. Infelizmente, só a Lysandre esse som permaneceu distante.

Zheyne afastasse, levantando-se confusa. Porque estava um carro a anunciar a vinda de um circo para daqui a bem mais de seis meses? E como assim próxima semana? Afastou-se mais de Lysandre, que estava de olhos fechados, culpabilizando-se daquilo, daquele descuido e preparando-se para o que viria.

Zheyne aproximou-se de um grupo de pessoas, perguntando-lhes a data. 29 de Novembro... Isso não fazia sentido nenhum na sua cabeça. Podia jurar que estavam em Março... Levou a mão à cabeça, sentindo-se confusa. Olhou em volta e acabou por roubar um jornal de um homem por ali sentado num banco que o lia pacificamente, observando a data. Novembro outra vez. Aquilo estava errado. Estava tudo errado.

-Esta tudo errado...

-Zhey, acalma-te.

-Está tudo errado!! As-as datas... As datas estão todas mal.

-Zhey, é só impressão tua, acalma-te...

-Não me mintas!!! - Exclamou, quase num berro. Não havia volta a dar, as memórias na sua mente estavam a misturar-se. O corpo da rapariga tremia e ela não parava de repetir as mesmas palavras. Lysandre olhava-a preocupado, tentava segura-la, mas esta berrava e afastava-o sem hesitar, batendo-lhe se fosse preciso.

-Zhey, tem calma, por favor!

-As datas estão erradas! E-está tudo uma confusão, está tudo errado!! - Ela não ouvia ninguém. Estava a ter um ataque, ele sabia isso. Olhou em volta em busca de ajuda, precisava de alguém que o ajudasse. Apenas encontrou, de conhecidos, dois novatos da escola, gémeos, se não se enganava. Eram novatos e ainda não sabiam sobre Zheyne, mas Lysandre simplesmente não podia esperar para que aparecesse alguém conhecido.

-Alexy, Armin, ajudem-me!!! - Exclamou alto, repetindo o nome dos dois várias vezes até que eles o ouvissem e se apercebessem da situação, aproximando-se a correr, deixando os sacos das comprar para trás. Lysandre atirou, mal se aproximaram, para o gémeo de cabelos azuis o seu telemóvel. - Liga para o senhor Andracks. Está na marcação rápida. Diz-lhe que a filha está a ter um ataque!

Tudo o resto passou rápido. O presente transformava-se em memórias de uma maneira incrível. Armin e Lysandre seguravam Zheyne que gritava e esperneava-se para se soltar deles.

Várias pessoas à volta, paravam ficando só a ver como se eles fossem algum tipo de atração turística. Alexy mandava-os ir dar uma volta, enquanto comunicava o estado de Zheyne ao pai da mesma. Foi preciso chamar tanto o pai dela como a ambulância. Castiel também foi chamado e foi o primeiro a aparecer, ajudando a segurar Zheyne. Ela chorava e gritava, a sua mente estava um caos conforme as coisas que recordava se misturavam com aquelas que a sua mente escondia de si, fazendo-a entrar em colapso e deixando-lhe os nervos à flor da pele. Só foi solta quando a ambulância chegou e os bombeiros, paramédicos, como quer que se chamassem lhe injetaram um acalmante. O senhor Andracks chegava ao parque por volta desse momento, correndo para junto da filha a tempo de a acompanhar até à ambulância. Podia ver Lysandre a poucos metros de si, mas como sempre este ficava para trás enquanto era o pai quem acompanhava a filha ao hospital. Lysandre esperava acalmar-se e ia lá ter mais tarde. O senhor Andracks olhou-o, acenando para o rapaz num misto de está tudo bem e para a próxima corre melhor, numa maneira de apoiar o jovem rapaz de cabelos brancos.

As portas fecharam-se e a ambulância partiu, deixando para trás os quatro rapazes. Lysandre viu-se obrigado a sentar-se, sentindo que a força lhe faltava nas pernas. Odiava aqueles momentos. Depois de passar por aquilo, apenas desejava esquecer tudo e descansar. Mas isso nunca era possível, muito menos naquele dia em que os dois gémeos estavam mortinhos por fazer perguntas.

-Podem explicar-nos quem é a rapariga e o que acabou de se passar aqui? - Armin é quem tem a falta de noção suficiente para perguntar naquele momento, fitando Lysandre e Castiel curioso. Quem falou foi Castiel que sabia perfeitamente que Lysandre não abriria a boca sobre o assunto.

-Aquela rapariga é Zheyne Andracks, uma rapariga que costumava andar na nossa escola, mas saiu antes de vocês chegarem.

-Porque é que saiu?

-Porque tem uma vida sã, como acabas-te de ver. - Castiel ironizou, mas continuou a contar. - Uns seis meses atrás ela foi diagnosticada com um a doença qualquer que lhe afeta as memórias. Uma espécie de Alzheimer. Ela vai perdendo progressivamente a capacidade de se recordar das coisas, embora elas estejam lá. Ela simplesmente não consegue ler as memórias mais recentes que tem. E cada vez mais vai piorando. E também não consegue converter as novas memórias em memórias de longo prazo.

-Então porque é que ela não está numa instituição? - Alexy questiona, não percebendo porque uma pessoa assim se mantinha no meio das pessoas normais.

-No início achava-se que estar no ambiente normal, podia estimular as memórias e retardar a doença. Nas primeiras semanas funcionou. Depois não deu mais e a doença avançou. Agora, simplesmente dão-lhe a chance de poder ter uma vida minimamente normal. Ela costuma seguir uma rotina todos os dias e a maioria das pessoas sabe da situação e colabora.

Fez-se uns minutos de silêncio enquanto os gémeos pensavam em mais perguntas.

-Porque estavas com ela, Lysandre? Quer dizer, qual a vossa ligação com ela? - Alexy questionou de novo. Tudo bem que as pessoas estavam habituadas à situação, mas Alexy duvidava que metade delas tivesse o número de telemóvel do pai da rapariga, especialmente na marcação rápida.

-Três meses antes dela ser diagnosticada, nós os dois começamos a namorar. - Lysandre responde, fitando os gémeos sério e perdido em pensamentos.

-E porque estavas com ela? A tua presença não a vai confundir? - Armin questiona rapidamente.

-Ela não se lembra do nosso namoro a maior parte das vezes. Para ela somos apenas dois conhecidos que apenas se falam por serem da mesma turma.

-Então porque continuas atrás dela??

-Porque a amo.

-Isso não faz sentido. É como viveres apaixonado a um fantasma. A pessoa que amas e te amou não esta mais ali. - Alexy comenta, apenas refletindo no assunto da maneira racional, esquecendo a possibilidade de se ver aquilo de outra forma. Porem aquilo apenas ajudou a irritar Lysandre. Novamente aquelas palavras. Será que as pessoas não entendiam o simples?

-Não me importa se é racional ou não. Ela continua a ser a pessoa que eu amo. Todos os dias eu acordo à mesma hora para vir ter com ela. Todos os dias invento uma maneira nova de ir falar com ela. Todos os dias fico ao lado dela durante os bons momentos e os maus. Todos os dias espero que ela se recorde de mim. E todos os dias, luto e esforço-me para que ela se apaixone por mim, porque todos os dias eu apaixono-me cada vez mais por ela.

Memórias podem ser coisas boas que queremos recordar para sempre, ou coisas mais das quais não nos queremos lembrar. Mas de nava serve pensar nas memórias passadas, quando elas não passam de um presente já passado. O melhor é preocuparmo-nos todos os dias em criar novas e boas memórias, mesmo que apanha possamos não nos lembrar delas. O passado já passou, o futuro é imprevisível e o presente é agora.


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Notas finais do capítulo

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