Entre Rosas e Correntes escrita por Gabitfs


Capítulo 2
Entre casas e solidão


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO SOLTO
Esse é meio que um extra da história, como se fosse uma OVA, mas eu senti uma vontade imensa de fazer um capitulo abordando esse assunto.



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Ravvy

Essa era a quinta família, pelo que eu me lembrava.

Quando acordei, ainda um pouco desacostumado com a cama e o quarto, tentei lembrar o nome de todas até aquele momento.

“Como eram os nomes? Acho que eram Hosten, Kettleblack, Florent, Snodgrass e Sakurai." Pensei.

Os Hosten me devolveram porque eu maltratava o filho deles. Era mentira, o garoto me odiava por eu ser adotado e batia em mim sempre que podia, quando os pais dele vinham pedir explicações, ele dizia que eu que comecei. E o que vale a palavra de um garoto comum contra a do filho deles?

Os Kettleblack, foi por que eu acabei levando uma mordida do cachorro deles e eles preferiram se desfazer de mim do que do cachorro. Foi triste, eu realmente havia gostado da família, mas eles não gostavam tanto assim de mim, eu nunca ocuparia o lugar de filho, pois eles já tinham a dado a um animal.

Com os Florent, a esposa engravidou quando eu estava sobre guarda provisória, então desistiram sem pensar duas vezes, foi o período mais curto que eu fiquei com uma família.

Os Snoodgrass me acharam problemático demais pra família "perfeita" deles, pois as vezes eu recusava tomar banho, não aceitava a comida vegetariana deles, quando conseguiam me levar pra igreja, eu fugia... Coisas normais de um garoto com a minha idade. Na época eu devia ter lá pelos 7 anos.

Os Sakurai foram os últimos, não deu certo pois eu estava descobrindo o meu corpo na época, com uns 12 anos, por ai. Me pegaram me masturbando perto da estátua do Buda que havia no meu quarto. É claro que eu nem havia percebido o santo gordo ali, mas para eles aquilo foi um desaforo e uma falta de respeito imperdoável e me jogaram de volta no orfanato no mesmo dia. Eles eram só uns fanáticos, afinal.

Agora eu estava com os Kilmer, só havia se passado dois anos desde os Sakurai. Era uma família gay, não que eu me importasse de ter dois pais, mas era no mínimo incomum, eu estava até ansioso pra conhecer esse tipo de família. Me receberam de braços abertos e eu estava assim, tentando não me apegar a eles, afinal, eu sei que não vou ficar muito tempo.

As famílias adotivas são assim, o sistema é um terror, e quanto mais velho você fica, mais eles pioram as coisas pra você. Eu havia conhecido essa verdade muito cedo, quando me mandaram para o orfanato com apenas 4 anos de vida, a época que o mundo conheceu a minha família.

Bem, aparentemente, meu pai havia escondido o meu irmão do resto do mundo, o abandonou em um barraco na favela, mandava pessoas especiais entregarem alimentos para ele e a unica obrigação dele era ir pra escola, senão ficava sem comida.

Ele o deixou completamente sozinho quando ele completou 10 anos e eu nasci. Nunca ouvi falar muito da minha mãe, é claro, para ela ser escondida assim, só pode ser uma prostituta, mas a gente nunca quer acreditar que nossa mãe é assim, não é?

Voltando ao meu irmão, eu nunca o vi pessoalmente, só lembro vagamente de algumas fotos que meu pai guardava dele. Ele o amava, sabe? Mas não sabia lidar com os problemas dele. Eu lembro de uma foto dele quando ele ainda era um bebê, menor que eu, na época. Ele era tão sorridente, tinha os olhos azuis-gelo, cabelo roxo bagunçado e grande, papai falou, com um sorriso nostálgico, que o cabelo dele era intocável. Tinha outra foto, dele com uns 7 anos, ele parecia ser outra criança. Na foto, ele carregava um urso rasgado em uma mão e uma tesoura sem ponta na outra, ele olhava fixamente para a câmera e não havia expressão nenhuma em seu rosto. Aquela foto havia me assustado, na época.

Os garotos do orfanato sempre me trataram mal, pois eles também foram maltratados, precisavam de algum jeito para colocar a raiva pra fora, e infelizmente, eu sou a vítima perfeita. Sabe como é, fraco demais, magro demais, pequeno demais e essas coisas. E ainda por cima, tenho que usar óculos.

Agora já se passaram 10 anos desde que ele foi preso, procuraram meu pai, o acusaram de abandono, tiraram a minha guarda e me esqueceram em um orfanato. O mundo foi cruel com a nossa família.

Agora eu pago pelo que eu não tive culpa nenhuma, não pertenço a lugar nenhum, não tenho família, não tenho ninguém, sou só eu com a minha história.

Sou só mais um garoto esquecido pelo mundo, ninguém sequer vai se lembrar do meu nome, esse é o meu destino, crescer sozinho, viver sozinho, virar adulto muito cedo.

Eu juro que não queria lutar para sobreviver nesse mundo.

Quem é o culpado disso ter acontecido? Por que eu tive que pagar por isso? Em quem eu posso confiar agora?

Quem vai se lembrar da minha história?


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Notas finais do capítulo

O meu plano inicial era dois capítulos por semana, mas aconteceram mil coisas e não deu.
Apresentei um musical sobre o Renato Russo e fiz uma prova super importante, mas agora eu estou de férias e vou ter mais tempo pra escrever, uhul!
Comentem e até o próximo capítulo!



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