“Nesta noite fria só queria o abraço dele...”

Chega Minhyun... mas como fui parar nessa situação?

Sou bem-sucedido na faculdade de Artes, tenho um emprego legal como desenhista, uma família que ama e aceita como sou, amigos fantásticos, porém não tenho o principal … ele, meu, por assim dizer, vizinho. Explicando: somos vizinhos de janela, mas de prédios diferentes. Eu moro em um prédio, ele no prédio do lado e a janela da minha sala fica de frente para o quarto dele. Nem sei como e quando comecei a me apaixonar por ele, só sei que quando dei por mim, não conseguia mais não pensar em seu sorriso, na sua risada gostosa, em seu canto, na sua fofura.

O pouco que sei dele é: seu nome é Kang Dongho, porém todo mundo o chama de Baekho, trabalha como passeador de cachorros, sabe lutar artes marciais mais, se não me engano, cursa Zootecnia na faculdade, pois uma vez ouvi ele conversando sobre nutrição para cavalos e só.

Não queria, todavia é irresistível não dar “uma espiadinha” nele. Cada vez que ele aparecia descamisado, de cueca ou trocava de roupa, era um deleite aos meus olhos e uma tortura para o meu coração, por não tê-lo assim para mim. A tortura era pior quando outras e outros experimentavam os lábios que, talvez, nunca poderia sentir, a pele que não poderia tatear, os olhares libidinosos nunca dirigidos a mim. Já me conformei em nunca ser notado, em ser somente “o vizinho lá” ou “o cara lá da janela da frente”.

Somente umas cervejas, uma música que traduzia o quanto o desejava, a lua cheia que vigiava minhas reflexões naquela varanda … sentir a brisa noturna com o refrescante cheiro de damas da noite convidativo demais para se inebriar e embebedar-se só com ele. Olhos que abriam e fechavam no ritmo da música. Aproximação dele na janela, só com uma cueca boxer preta – ai meu coração – … ele olhava para mim?! Não era um olhar qualquer, era o olhar do desejo, da libido em sua forma mais crua e escancarada. Sentia-me despido, sem escapatória daquele olhar que convidava minha pessoa a, se pudesse, voar até a janela dele e cair em seus braços sem medo das consequências. Um sorriso levemente de canto para confundir e atormentar mais: eu despertava pensamentos impuros nele? Será que ele notava minha presença? Da mesma forma que sempre o observei, ele me observava? O momento interrompeu-se. Foi pegar uma cartolina, canetão, estava escrevendo algo. Após terminar de escrever, voltou seu olhar para mim com intensidade quadruplicada, o “bendito” sorriso não saía dos seus lábios, li o escrito “잘 생긴 (jal saeng-gin - lindo)” mais o número do apartamento dele para ser anunciado no interfone. Hã?! Estou sonhando ou será que não? O olhar e seu o sorriso eram atormentadores demais para serem apenas um sonho, porém tudo se desvaneceu tão de repente ... ainda estou na varanda e a figura dele desapareceu.

“(...) Inspire e erga-se um pouquinho mais alto.

Você nunca saberá o que te atingiu quando

Eu te pegar...

Ooh, eu quero você, não sei se preciso de você mas

Ooh, eu morreria para descobrir (...)”

Dizia a música “I Want You” do Savage Garden que embalou todo esse momento … era um aviso.

Chega de me auto torturar, não deixarei isto mais passar!

Concretizar.