I Promess escrita por Szin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

HEY, oi oi gente. Olha quem voltou. Isso mesmo eusinho.
Bem fiquei sem net desde quinta logo nao pude postar a fic que vou postar agora ja ja aseguir a esta.
Bem esta foi uma das one mais profundas que escrevi... e acho que me orgulho dela
Espero que gostem, bjs.



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Nos livros vemos o cara encontrando uma garota... se apaixona, vivem um romance e depois se casam... Quase sempre isso acontece. Quando não é assim ou ela morre por ele, ou ele se mata por ela. Mas a minha/nossa história não é assim... E agora que encaro a pequena loira dormindo ao meu lado, acho que só agora me dei conta o quanto a nossa história é diferente. Ela não era rica nem eu pobre. Eu não sou um vampiro ou ela uma humana. Não sou Professor ou ela uma aluna no qual me apaixonei... eu sou Percy Jackson um cara normal, com uma vida normal, a espera de um milagre normal.

Confuso?

Não se preocupem... eu também me sinto assim sempre que olho para ela me recordando a nossa historia.

È estranho... Mas eu gosto de recordar como a conheci... Naquela reunião onde a minha vida era – naquela altura – uma merda. Nunca pensei conhecer alguém tão fascinante naquele dia. Naquele lugar, àquela hora... Hoje tou grato em ter ela... A amo tanto desde o momento em que ela se levantou e falou com todas as letrinhas “Meu nome é Annabeth Chase, estou sóbria á 120 dias”. Eu tenho orgulho nela, e se não fosse ela a ter orgulho em mim eu nunca mais me teria curado... Continuam confusos? Normal... eu vou explicar a historia.

Imaginem um garoto de 19 anos, cabelo escuro, olhos verdes e com olheiras que revelam o seu estado de embriagues total... Parabéns esse sou eu... Quer disser era eu á 11 anos atrás. Lembro o quanto a minha mãe gritava comigo...

- Pare Percy Pare – gritava frustrada e magoada – Pare de beber, pare de me desiludir.

- Me deixe em paz, a culpa é sua.

A culpa era dela? Não... era minha, mas como todas as pessoas acusava sempre ela dos meus problemas.

Mas vou contar a história direito, para não haver duvidas.


***

Nova York.
6/4/2005.

- Você está doente Percy – resmungou minha mãe – Pena que não veja isso.

- Eu tou bem – murmurei irritado tomando um gole da cerveja fresca.

- Quando vai parar com isso? – chorava ela.

E era nesse momento que eu me tocava um quanto idiota eu era... Quando fazia minha mãe chorar... Eu era um mostro em fazer isso com ela.

Olhei para a garrafa encarando o liquido borbulhante... Mostro, eu era um mostro. Foi nesse dia que decidi que queria parar.

Me levantei, me sentando ao seu lado e me deitando no seu colo.

- Desculpa – chorei molhando o tecido das suas jeans – Eu sou um mostro.

- Você está doente...

- Eu sei.

- Você tem que se curar – fungava ela penteando os meus cabelos – Você precisa de ajuda.

- Eu não quero ser um monstro... eu não quero ver você chorar.

- Deixe eu te ajudar Percy.

- Me ajude – solucei escondendo o meu rosto no tecido das suas roupas.

E foi aí que a deixei ajudar.

Primeiro retirou todo o álcool lá de casa... eu autorizei.

Segundo, me pôs no psicólogo... eu autorizei.

Terceiro... me inscreveu no grupo de Apoio... eu autorizei.
E foi aí que depois conheci ela... Não foi logo no inicio... Na verdade só reparei nela quando realmente ela se decidiu expor... Mas não adiantemos a narrativa, tudo a seu tempo.




***

Nova York.
29/4/2005.
{23 dias depois do inicio da minha reabilitação}


A minha mãe guiava o carro pelas ruas extensas de West Hight. Faltavam poucos minutos para o inicio da seção.

- Está nervoso?

- Não – respondi – Eu quero ir.

- Eu tenho orgulho em você meu filho.

- Desculpe se desiludi você.

- Todo o mundo erra Percy... Mas nem todos corrigem os erros... Você está fazendo isso, corrigindo a sua vida... Eu amo você meu filho.

- Eu também te amo – foi tudo o que eu consegui falar.

- Os alcoólicos anónimos vão ser uma grande ajuda Percy.

- Eu sei... eu quero melhorar.

- Eu sei meu filho – sorriu ela. O centro de Apoio aos alcoólicos ficava nos arredores da cidade no centro social comunitário. Ela estacionou o carro no parque e olhou para mim.

- Boa sorte.

- Obrigado – sorri dei um beijo na sua testa e saí. Olhei em volta. O Centro Social Comunitário era o maior edificio no meio de tantos outros, havia um supermercado ao fundo da rua e vários cafés em volta... Coloquei o capuz na cabeça e entrei para dentro. A entrada era uma pequena salinha com uma porta grande. Havia um placar afixado.


“Reunião de Alcoólicos Anonimos – Hoje - 16:40”

Estava tão vidrado na porta que nem reparei que alguém embatera contra mim.

- Desculpe – falou ela. Olhei para ela. Os Cabelos loiros presos num coque bagunzado, as mãos tal como as minhas – enfiadas nos bolsos do casaco – foi então que reparei o quanto fascinante era os seus olhos. Cinzentos... lindos. No entanto estavam mórbidos, sem vida, sem brilho.

- A culpa foi minha – consegui falar. – Não vi você.

Ela assentiu olhou para a porta e falou baixinho – Nos vemos lá dentro.

E entrou.

Fiquei novamente mirando o placar... e tal como ela avancei até á grande porta. Lá dentro se encontrava um grupo de pessoas, sentadas no circulo de cadeiras. Um cara, no auge dos 30/40 anos olhou para mim e com um sorriso acolhedor me fez um gesto com a mão.

- Entra... não tenha medo aqui somos todos iguais.

E eu confiei nele. Me aproximei me sentando numa das cadeiras. Havia cerca de 15 pessoas ali dentro a contar comigo. 5 não aparentavam ter mais de 18 anos. Havia dois, que com certeza eram os mais velhos do grupo, com mais de 30 anos... o resto estava tudo na casa dos 20.

- Vamos só esperar mais um pouco para ver se chega mais alguém. – informou o cara que me chamara há segundos atrás.

Os meus olhos correram cada um dos presentes... e novamente encontrei a loira. Os olhos dela se mantinham fixos no chão. As mãos tal como á pouco escondidas nos bolsos do moletom roxo... Parecia... Pensativa.

Esperámos mais 5 minutos... e não apareceu ninguém.

- Vamos iniciar a reunião– informou novamente aquele cara – Se alguém aparecer será bem vindo.

Ninguém respondeu.

- Eu sou o Paul. Tal como vocês eu sou alcoólico. No entanto já não bebo há quase 4 anos... É difícil? Agora não, mas foi complicado o meu percurso... Tal como vocês eu já fui um iniciante. Me enquadrei num grupo como este, e me ajudou bastante... hoje sou eu a formar este grupo. Espero ajudar vocês...

Todos olharam para ele... todos estavam atentos.

- Alguém quer se apresentar?

Ninguém quis se voluntariar... até que um cara levantou a mão.

- Quer começar?

- Sim – o cara respondeu e se levantou. – O meu nome é Nicholas. E sou alcoólico. Tenho 18 anos e começai a beber há 4 anos quando assumi ser homossexual.

- E o que te levou a beber Nicholas? – perguntou Paul.

- Minha família... Eles nunca aceitaram o facto de eu ser diferente... Todos os dias me criticam e me rebaixam falando como eu os desiludo e envergonho... foi por isso que comecei a beber.

- O que te fez querer mudar?

- O meu namorado – respondeu – É ele que me tem ajudado.

- És um jovem corajoso Nicholas – afirmou Paul como se estivesse orgulhoso – Bem vindo.

- Bem vindo – todos responderam em uníssono.

- Todos temos problemas – começou Paul – Mas tal como Nicholas fez temos que olhar para as pessoas que amamos e ver o quanto elas nos querem bem... mais alguém que se apresentar?

Desta vem nenhum se ofereceu.

Os olhos de Paul correram a sala, parando em uma garota. Era alta, forte e parecia querer matar alguém.

- Emma?

- O que foi?

- Queres te apresentar?

Ela olhou em volta como se examinasse cada um de nós. Se levantou e respirou fundo.

- Me chamo Emma, tenho 23 anos, e bebo para esquecer.

- Esquecer o quê Emma?

- O meu namor-... Meu ex-namorado. Ele tem problemas... Problemas graves... e é cada vez mais difícil o ver sofrendo e eu não puder fazer nada. Eu sei que o amo... e sei que ele ainda me ama... Mas ambos sabemos que isso não chega.

- E queres mudar por quê?

- Porque sei que se o quiser ajudar, não posso estar todos os dias com ressaca... Preciso ser forte... Pelos dois.

- Acho isso nobre Emma – falou Paul – Sê bem vinda.

- Bem vinda – voltaram todos a ecoar.

- Todos temos uma razão de beber... Pode ser por nós... ou pode ser por causa de alguém que amamos... ele pode estar sofrendo, e para esquecermos esse sofrimento, nos refugiamos no álcool para não ver o quanto aquela pessoa sofre...

Ninguém voltou a responder.

- Mais alguém quer se expor?

E foi então que eu levantei o braço.

Ele sorriu... Como se o meu gesto o tivesse dado esperança.

Mas não foi por ele que levantei a mão... Foi por que... a loira ficou a olhar para mim... Por alguma razão eu queria aquele olhar posto em mim, me mirando a cada segundo... era bom.

Me levantei e com um suspiro grave iniciei o meu discurso.

- Me chamo Percy e-

- Percy? – interrompeu Paul – È diminutivo de quê?

- Perseus. – respondi.

- Interessante o seu nome – sorriu Paul.

- Tenho 19 anos... e sou... Alcoólico.

- Custa para você admitir isso? – perguntou Paul.

- Não... acho que, agora já não.

- Porque começaste a beber?

- Não sei... acho que via meus amigos o fazerem e decidi experimentar... Gostava da sensação por isso continuei... Era como se fosse um jogo de video no qual me viciasse em jogar.

- Como descrevias esse jogo?

- Viciante... Viciante e prazeroso.

- Mas... se era prazeroso o que fez você querer mudar?

- Minha mãe... eu me dei conta o quão mau era para ela me ver assim... Por isso quis parar... Ela já sofreu demais.

- Que tipo de sofrimento?

- O meu pai abandonou ela, dois anos após ela me ter. E quando eu tinha uns 10 anos ela se junto com um cara... Gabe... ele era um idiota bêbedo que batia nela.. ela se separou dois anos mais tarde. E há uns dias quando a vi chorar, eu me vi tal e qual o Gabe, um bêbedo que magoava a minha mãe a cada gole que dava.

- Ha quanto tempo já não bebes Percy?

- Há 23 dias. – respondi.

- Está sendo difícil – não fora uma pergunta. Ele me olhava como descobrisse o quanto doloroso era... Como se sentisse a minha angustia.

- Um pouco... Mas eu me mantenho firme.

- Sê bem vindo Percy.

- Bem vindo – o coro soou.

Me sentei. E desta vez pude ver o quanto a loira me olhava. Era uma mistura de raiva e compreensão... uma mistura de infinitos.

- Alguém quer se apresentar?

E ela se manteu encolhida, como uma criança que precisava de ajuda.

- Annabeth? – ele chamou.

Demorei a entender que esse era o nome dela... e tal como ela, o nome era lindo.

- Queres falar algo?

Ela ponderou, ponderou... e se levantou.

- Meu nome é Annabeth Chase. Já estou neste grupo há 3 meses... Estou sóbria á 120 dias...

- Isso equivale a 4 meses... Está sendo fácil?

- Não... Quer disser custou mais nos primeiros meses.

- Quer contar ás novas pessoas do grupo o porquê de começares a beber?

- Minha amiga Thália me incentivou aos 16... eu bebi e gostei. Ao inicio não passava de shots ao final de semana... Mas ela já estava nesse negocio de beber há mais tempo que eu... ela tinha problemas em casa, e descarregava nas cervejas... e eu para a acompanhar e não perder sua amizade a acompanhava nos bares. Dos shots ao fim de semana, passou a ser cocktails uma vez por semana... que evoluiu a 3 vezes a cada semana... e depois quando percebi já estava de ressaca todos os dias...

- E se lembra de porquê quis mudar?

- Sim... Thalia e eu está vamos num bar... era Quarta feira... eram apenas 11h da noite e já estávamos completamente embriagadas... eu parei... não sei porque mas parei de beber, e fui chamar a Thalia para ir comigo... ela falou que não... eu insisti falando que tínhamos provas... ela gritou e falou que não... lembro de ficar ali esperando ela... mas toda a vez que ficava de olho nela a via a pedir mais bebidas no bar... ela bebia cada vez mais... e quando estava na pista de dança... caiu. Eu corri para ela gritando para que acordasse. Mas não o fazia, ela estava inanimada no chão. Chamaram uma ambulância, nos levou ás duas. Falaram que organismo ingeriu tanto álcool que colapsou... ela não morreu. Ficou em coma durante 5 meses. E dois meses após seu internamento eu decidi que a queria ajudar... e para isso eu ia me curar, para depois conseguir curar ela... iríamos ultrapassar isso juntas, iríamos fazer faculdade quando tudo isso estivesse terminado.

- Onde ela está? – perguntei. A minha boca disparou tão rapidamente as palavras que não tive tempo de as medir.

Annabeth olhou para mim. Me senti idiota em fazer a pergunta... quem era eu para perguntar isso a ela?

- Está no hospital. Ela já acordou. Ela também está num grupo como este... mas no hospital, precisam manter ela vigiada porque o álcool interferiu com o seu fígado...

Me mantive em silêncio. Ela suspirou e se sentou. A sessão se seguiu. E para ser sincero não prestei atenção em mais nada.

Me mantive a olhar para ela... analisava o tecido azul das suas jeans, as mexas rebeldes que saltavam de trás da sua orelha. As mãos enfiadas nos bolsos do moletom enquanto as pernas estavam devidamente cruzadas.

- Terminamos por hoje – falou Paul com um sorriso – São todos muitos corajosos em estar aqui. Os que não se apresentaram, não tem mal, podem o fazer quando estiverem preparados. Até daqui a dois dias.

Eu me levantei juntamente com os outros, me preparando para sair.

- Percy? – alguém chamou.

Paul caminhou até mim com um sorriso verdadeiro.

- Eu só queria te falar que foi muito corajoso da sua parte teres te exposto hoje, logo no teu primeiro dia no grupo.

- Obrigado.

- Espero te ver mais vezes. – concluiu ele – Eu conheço sua mãe... ela me pediu que ajudasse você, e é isso que vou fazer.

- Obrigado de novo... – respondi sincero. Ele sorriu me deu uma tapinha no ombro e seguiu para junto dos outros. Voltei a encarar o lugar. Uma sala grande, mesas em seu redor movidas para os cantos para conseguir caber as cadeiras. Uma janela enorme que ia desde de uma ponta á outra.

Caminhei até á grande porta, saindo do edifico. E lá estava ela. Encostada á parede com os fones nos ouvido cantando baixinho.

Olhei para o parque, minha mãe ainda não havia chegado. Olhei para o celular... ainda eram 17:00h.

Voltei a olhar para a loira que continuava cantarolando baixinho.

Without you, I feel broken
Like I'm half of a whole
Without you, I've got no hand to hold
Without you, I feel torn
Like a sail in a storm
Without you, I'm just a sad song
I'm just a sad song

- We the kings – falei automaticamente. Ela reitirou o fone do ouvido olhando para mim de modo intenso.

- Perdão?

- We the kings – repeti – Eu conheço a música. “Sad song” certo?

- Ah, sim eu gosto dela.

- Eu também – respondi me encostando á parede junto dela. – Eu queria pedir desculpa.

- Pelo quê?

- Por ter interrompido você... sabe... quando cê tava falando da sua amiga.

- Ah não tem problema – inquiriu ela.

- Mesmo assim.

Ela sorriu encarando os carros que passavam na estrada de alcatrão.

- Você mora aqui? – perguntei.

- Não... eu moro perto de Street Smith.

- Legal.

- Então – balbuciou ela olhando para o nada – Como está sendo para você?

- Como assim?

- Sabe, não beber – murmurou ela.

- É... novidade.

- Uma novidade boa?

- Sim – confirmei – Uma novidade boa.

Ela assentiu ficando em silencio.

- Posso fazer uma pergunta?

- Acho que sim – respondeu ela encarando as nuvens do céu cinzento.

- Você tá com raiva?

- O quê?

- Você tava me olhando com raiva... eu não entendi porquê.

- Não á nada para entender – respondeu ela encolhendo os ombros.

- Não vai contar? – insisti.

Ela olhou para mim, as sobrancelhas se uniram num tom ameaçador.

- Adeus – resmungou ela se afastando.

Porra...

- Hey moça espera – falei correndo atrás dela.

- Ai garoto... – gemeu ela farta do assunto – Me deixe em paz.

- Desculpe – falei andando atrás dela – Eu não a queria ter deixado brava.

- Você não me deixou brava! Você não me conhece! Me deixe em paz.- falou ela acelerando o passo. Corri um pouco lhe segurando o braço.

- Espere.

- Me solta! – gritou ela.

- Eu só quero conversar com você – falei.

- ME SOL-TA! – murmurou ela por entre os dentes. Olhei para os seus olhos, faiscavam com uma raiva impressionante. E foi naquele momento que eu percebi duas coisas.

- ela era linda – mesmo com raiva.

- Se eu não a largasse, ela iria me chutar... com força, naquele sitio.

- Perdão – falei lhe largando o braço – Eu... nem sei o que tinha na cabeça.

- Eu digo o que você tem na cabeça – resmungou ela – ALGAS!

- Ahn?

- Isso mesmo, no lugar do cérebro deve ter aí o monte de algas imersas em liquido bacteriano apodrecendo seu pensamento.

- Desculpe moça... eu não queria ter agarrado seu braço.

- Óptimo tas perdoado. - resmungou ela.

- Eu... er...

- Já acabou? - inquiriu ela.

- Sim – murmurei – desculpe ter te incomodado.

Ela olhou para mim... me virei e afastei.

- Hey! – ouvi ela chamar.

Me virei encarando a loira.

-Desculpe se mal tratei você – murmurou ela.

- Não... não tem problema.

- Olha garoto, eu não queria ser mal educada... tá bom?

- Perseus não é? – perguntou ela.

- Sim... mas me chame de Percy.

- Percy – sorriu ela – Nome engraçado... bem até segunda Percy.

Dito isto se virou, caminhando pela rua.

Não sei quanto tempo fiquei olhando para ela... talvez 2, 5 minutos... Éh, eu iria voltar...



***
Nova York.
01/5/2005.
{25 dias depois do inicio da minha reabilitação}

Minha mãe me deixou como de costume no parque, me deu um beijo e sussurrou “Boa sorte”. Saí do carro, vendo ela se afastar... Caminhei até á porta e tal como antes fiquei encarando o pequeno pôster.

- De novo? – ouvi uma voz. Annabeth me deu um sorriso fraco, vestia um moletom cinzento, umas jeans justas que lhe deixavam expostas as curvas das pernas.
E sinceramente na minha opinião...eram belas pernas. Ela sorriu, reparei que na sua mão havia um livro de capa dura ao qual o agarrava de modo protector.

- Vai entrar? – perguntou ela.

- Sim...

Voltou a sorrir e caminhou para a porta. Desta vez a segui, vi ela se sentando numa das cadeiras... ponderei um pouco e me sentei ao seu lado.

Ela olhou para mim... e me deu um sorriso meigo.

- Vamos começar a sessão.

Mas eu não estava prestando atenção.

Tudo o que me interessava era a loira que se mantinha entretida olhando para o chão.

***

- Você gosta de ler – afirmei quando saíamos do edificio.

- É... gosto bastante – riu ela apertando mais o livro contra si.

- Eu não sou fã – afirmei encolhendo os ombros. – O que gosta de ler?

- De tudo no geral... Policial, Romances, Historia... mas prefiro livros de Aventura.

- E esse livro? – apontei para o que ela trazia em suas mãos.

- Oh este? – falou ela rindo – È um dos bestsselers mais recentes, a autora não é muito conhecida... Sallina Jackson.

Sorri divertido.

- Que foi?

- Eu a conheço.

- Conhece? – sorriu ela – De onde?

- É minha mãe – falei.

Ela parou na minha frente... me examinou de alto a baixo, como se estivesse verificando se estava mesmo falando verdade.

- Você tá falando sério? – sorriu ela.

- Ah-ham...

Ela abriu o livro folheando até á ultima pagina.

- Esta senhora é sua mãe? – perguntou ela me mostrando a fotografia da autora no final do livro – ELA é sua mãe??

- Eh verdade... se quiser provas ela deve me vir buscar daqui a uns minutos.

- Você tem noção que eu vou te obrigar a me apresentar ela, não tem?

- Tenho – sorri. Ela riu e me olhou fascinada. – Posso esperar com você?

- Claro – afirmei – Mas não tem planos ou assim?

- Fiquei de ir ver Thália daqui a uma meia hora.

- Thalia... aquela sua amiga que... – não terminei a frase, Annabeth assentiu.

- Essa mesmo.

- Annabeth?

- Sim?

- Eu queria pedir desculpa por ter insistido com você no outro dia... não devia ter pressionado você.

- Não tem mal – falou ela se encostando á parede de cimento – Eu é que não devia ter maltratado você.

- Tamos Iguais então. – sorri me encostando ao lado dela.

- Você perguntou o porquê de eu tar brava naquele dia... mas eu não tava brava com você.

- Ai não?

- Não – respondeu ela tocando nos cantos do livro – Eu tava brava comigo mesma.

- Com você? Porquê?

- Porque todos no grupo têm uma historia super traumatica... Nico é um homosexual incompreendido e julgado. Emma tem problemas com o namorado, e você... bem aquela historia com a sua familia.

- Não foi por isso que comecei a beber.

- Será que não? Será que não foi pela magoa que sentia do seu pai e do seu padrasto que você descarregou na bebida?

Eu não respondi... talvez sim... talvez fosse por isso.

- Vê? Todos aqui sofreram de verdade Percy... eu não... eu fui idiota, não tinha motivos nem traumas para ter me metido na bebida.

- Não diga isso... você gosta da sua amiga não queria perder ela...

- Mas mesmo assim... – murmurou ela – Quando você entrou e explicou a sua historia eu me dei conta que mais uma vez eu era a única idiota ali.

- Eu não acho você idiota – afirmei – Acho você bem Inteligente até.

- Acha?

- Acho... além disso, v-você é muito bonita, e se nao fosse por você talvez sua amiga Thalia não estivesse viva agora.

- Obrigado – sorriu ela corada – Acho que... tem razão, nunca tinha visto as coisas dessa forma.

- Se quiser... sempre que você estiver em baixo... pode ligar para mim, eu posso ser seu amigo.

- E gostava muito que de ser sua amiga – riu ela.

Ouvimos o motor de um carro, minha mãe havia chegando no seu FORD. Assim que me viu acenou.

- Pronta?

- Nem acredito que vou conhecer a autora de um dos meus livros preferidos.

Minha mãe saiu do carro, tinha o visual habitual, o cabelo escuro estava solto, vestia umas jeans escuras juntamente com uma blusa branca e um casaco de pele.

- Olá mãe – sorri.

- Olá filho. – sorriu ela – Eu sei que combinámos ir, mas eu ainda queria falar com Paul.

- Tudo bem mãe – assenti – Eu depois queria apresentar uma pessoa.

A minha olhou automaticamente para Annabeth dando um sorriso rasgado.

- Eu terei todo o gosto em conhecer – sorriu ela.


E foi aí que ficamos amigos... nos víamos apenas nas reuniões dos alcoólicos, só uma semana depois é que ela me deu o seu numero falando que quando precisasse ligasse para ela... mas não foi assim.



***
Nova York.
13/06/2005.
{37 dias depois do inicio da minha reabilitação}

Era de madrugada. Umas três da manhã se não me engano. Estava a dormir... óbvio que estava dormir eram TRÊS DA MANHA! Quem não estava dormindo a essa hora?

Ouvi o celular tocar.

- Merda – resmunguei abrindo os olhos tentando enxergar no escuro de quarto. Levei a mão ao criado mudo agarrando no aparelho enquanto ele vibrava acompanhando a musica dos Green Day.

P – Quem é? – resmunguei.

A – É a Annabeth... acordei você não foi? Desculpe.

P – Não tem mal – me apressei – Eu é que tenho mau humor ao acordar.

A – Me desculpe – repetiu ela.

P – Tá tudo bem?

A – Acho que sim... só queria ouvir você.

Lembro de corar ao ouvir aquilo... ela queria ME ouvir. A MIM!

P - Você parece triste.

A – Faz hoje 3 Anos que meu pai morreu sabe? Eu queria ter falado com você antes, mas o Paul falou que esta semana não haveria reuniões.

P – Eu também queria ter visto você.- deixei escapar.

A – Amanhã quer se encontrar comigo Cabeça-de-Alga?

P – Eu faço tudo para não ver você triste.

A – Acho que só precisava de um amigo.

P – Eu tou aqui... sou seu amigo.

A – Eu sei – ouvi ela rir – Hoje recebi uma mensagem da Thalia.

P – A sua amiga? O que aconteceu?

A – Ela vai sair do hospital.

P – Fico contente... mas quando?

A – Amanha... na verdade eu queria convidar você para ir comigo buscar ela... sabe, para conhecer ela.

P – Eu adorava sabidinha...

A – Obrigado por ser meu amigo.

P – Eu estarei sempre aqui para você.

A – Eu sei que sim cabeça de alga – novamente a sua risadinha preencheu a coluna do meu celular – Eu gosto muito de você.

P – Eu também gosto muito de você.

A – Você vai a reunião de quinta?

P – Estarei lá.

A – Eu também queria saber como você está.

P – Como assim?

A – Já faz um mês que você...sabe deixou de beber. – ela falou aquelas palavras com tanto carinho que senti como se realmente eu fosse importante para ela... e eu sabia que era. – Eu queria saber como você estava, está com dificuldade?

P - As vezes, quando eu vou com amigos a uma esplanada ou a alguma cafetaria... eu fico olhando para os caras bebendo e... bem...

A - Tem vontade? – arriscou ela.

P - Não é bem isso... é que só queria exprimentar entende?

A - Eu passei por isso... quando Thalia tava no hospital e eu não sabia o que fazer...

P - Mas eu sei que se tentar experimentar... vou acabar pode ceder e estrago tudo.

A - Eu tenho orgulhoso em você cabeça-de-alga. – ela murmurou com ternura.

P – Eu devo muito a você.

A – Eu também... os meus dias passaram a ser mais divertidos com você sabe? Deixei de me sentir sozinha... tenho Thalia mas... quando não estava no hospital me sentia isolada... sem ninguém com quem falar.

P – Sabe que sempre que se sentir assim pode me ligar... nem que sejam 5 da manhã eu atendo prometo... se for preciso eu vou até sua casa so para ver você.

A – Você é louco – riu ela – Sabe... eu me sinto mais segura com você.

P – Posso contar uma coisa para você sabidinha?

A – Claro cabeça-de-alga.

P – Desde que somos amigos... eu achei mais uma razão para me curar.

A – E qual foi?

P – Você... eu não queria desiludir você.

A – Você nunca me desilude.

P – Obrigado...

Naquela noite, conversamos ate de manhã. Falávamos da nossa amizade, das series que Annabeth via na Tv, de Nico ir morar com Will, de Paul e claro de Thalia...

Mas... eu me sentia diferente a cada telefonema que ela me mandava. Deixei de ver ela como amiga... passou a ser mais do que isso. Todos os dias eu a queria ao meu lado, ouvir ela falando dos amigos... ouvir ela resumindo os infinitos livros que lia. Ouvir ela cantar baixinho enquanto escutava musica nos fones. Eu a queria ao meu lado para sempre.

Nova York.

24/06/2005.

{48 dias depois do inicio da minha reabilitação}

Naquele dia, eu tomei um longo banho. Lavei meu cabelo mais de 2 vezes, mergulhei o frasco de perfume no meu pescoço e vesti a minha melhor camisa. Eu ia disser a ela o que sentia. Ia a sua casa com um buque de rosas vermelhas – as suas preferidas – disser o quanto a amava e o quanto a queria. Apanhei um taxi e parei em frente á florista para comprar o ramo de flores, quando já havia me preparado caminhei para casa dela.

Ensaiei o discurso que havia preparado ha já semanas. Respirei fundo para não transpirar a camisa xadrez. Mas quando cheguei ao seu bairro. Me deparei com algo... Humilhante.

Annabeth - a minha Annabeth - estava agarrada a um cara loiro, sorria e o abraçava. AQUELE cara era o seu ex.
Fiquei ali parado, vendo aquela cena. O cara abraçava a sua cintura e beijava o seu rosto.

Um misto de raiva e tristeza se formou no meu peito. Cerrei os dentes e atirei o buque para o chão.

Nem pensei duas vezes naquilo que ia fazer. Fui ao bar mais aproximo e bebi. Bebi o mais que pude. Lembro de uns caras me mandarem parar... mas a imagem de Annabeth abraçada a outro cara me deixou tão chateado que continuei bebendo.

Lembro de estar sentado a beber a 20ª cerveja.

Lembro de ver tudo a roda.

E tudo ficar escuro.

A moça ao meu lado se remexeu, virando as costas para mim. Sorri e a abracei encostando o meu corpo nu ao seu. Encarei o anel dourado no seu dedo... ela era minha.

Quando abri os olhos estava num quarto branco. Senti um peso ao meu lado... olhei e vi que alguém descansava sobre a cama me dando a mão.

- Você acordou – a voz dela mostrava ternura.

- Onde estou?

- No hospital – Annabeth respondeu – O que levou você fazer aquilo Percy? Você estava melhorando.

- Até você aparecer – acusei.

- Oquê?

- Não te faças de parva... eu vi você.

- Me viu? Onde? – os olhos dela mostrava confusão. Eu estava com raiva... pronto para socar alguem.

- E-eu vi lá você com ELE!

- O Luke? Você viu o Luke?

- Eu pensei que éramos amigos... que você me contava tudo!

- Eu nunca escondi nada de você Percy. – ela chorava...

- Eu estava lá... pronto para falar a você aquilo que sentia... eu ia disser que amava você... e você etava lá agarrada a ele.

- V-Você me ama? - os dela estavam vermelhos devido ao choro, a sua mão apertou a minha, mas eu descolei os nossos dedos.

- Amava... mas v-você me desiludiu tanto Annabeth... eu pensava que sentia o mesmo que eu... mas eu fui tao estúpido ao pensar isso.

- Não foi não – as lágrimas voltaram a correr seus olhos – Eu amo você Percy.

- Não fale isso – acusei – SE ME AMASSE VOCÊ NÃO ESTAVA COM ELE.

- Mas eu não estou com ele! – ela interrompeu – Você não entendeu nada do que se estava a passar.

- Ai não? A mim me pareceu Óbvio.

Ela riu... Eu juro... eu estava prestes a gritar e mandar embora... e ela ria... ria do meu sofrimento.

- O Luke foi lá sim – falou ela – Mas era para se despedir Percy.

- E era preciso tar ali agarrado a você?

- Ele está noivo Percy – ela falou – Ele só veio me falar que ia viver para Los Angeles.

- O quê?

- Ele já tem 24 Percy... ele decidiu seguir em frente com uma garota.

- Mas... vocês... vocês.

- Ele foi lá para falar que ia embora, e que eu devia seguir em frente. Eu falei que amava um amigo... ele me incentivou a ir contar para ele o que sentia.

- O que?

- Eu esperei até que minha mãe chegasse para ir ter com você... mas quando cheguei a sua casa, sua mãe me abriu a porta com lágrimas nos olhos... me contou o que tinha acontecido. Eu fiquei com medo de perder você, viemos rapidamente para aqui... eu lamento Percy... eu lamento que tenha sido por minha culpa. – ela me abraçou, soluçou e chorou no meu pescoço. Passei os braços a sua volta penteando os seus cabelos – Eu amo você cabeça-de-alga... Desculpa.

- Eu pensei que você estava com ele... eu... eu devia ter te perguntado – murmurei – Mas eu não pensei... eu estava ali pronto para confessar tudo o que sentia... e depois te vi com ele... sabidinha me desculpe eu... eu

- Não fala nada – pediu ela – Apenas me beije.

Agarrei no se rosto, e a beijei. Os seus lábios eram macios e quentes. A puxei mais contra mim, sentindo seu corpo tremer.

Quando nos afastamos ela sorriu.

- Eu te amo – sussurrou.

- Eu também amo você.

- Sua mãe foi a casa buscar suas coisas... – ela murmurou.

- Ah quanto tempo estou aqui?

- Dois dias...

Não respondi... Me senti triste...

- Eu a desiludi... E desiludi você.

- Não Percy não fale isso, vamos fazer tudo de novo, vamos ás reuniões, irei com você sempre... vamos fazer isso juntos.

- Juntos – murmurei encarando as nossas mãos unidas – Eu gostava muito.

- Percy?

- sim?

- Eu queria disser que lamento muito.

- A culpa não foi sua.. Não foi de ninguém... Aconteceu.

- Promete que nunca mais faz isso Percy?

- Eu prometo sabidinha. – ela sorriu. Toquei em seu rosto húmido beijando de novo aqueles lábios.

Começamos a namorar desde aí. Faziamos tudo juntos... e a cada dia que passava, ter ela ao meu lado era cada vez mais uma certeza. Nunca mais bebi desde então. Annabeth e eu frequentamos as reuniões durante 1 ano e alguns meses... eu sei que ela me curou, tal como eu a curei. A pedi em casamento no seu aniversário de 25 anos.Quase 5 anos após o nosso namoro. Casamos em 2013. E juro que nunca na vida me quero separar dela. Ter filhos é um plano nosso... mas ainda assim ainda não é o momento. Eu a amo e vou esperar até que ela queira. A nossa casa fica em Long Ilands num bairro acolhedor e amigável. Fizemos amigos de longa data ao longo do nosso percurso pelo grupo dos alcoólicos anónimos... Nico e Will vivem felizes, sua familia finalmente aceitou a condição de Nico, os dois estão á espera que o processo de adopção seja autorizado. E agora que a adopçao de casais homossexuais é legal... não duvido que estará para breve. Thalia está mais feliz que nunca. Hoje é ela a lider de um grupo de Alcoólicos a quem está a ajudar. Não está com ninguém e talvez nem queira estar... mas ela também quer ter filhos, ela falou isso a Annabeth. Minha mãe está feliz nos braços de Paul, acho que finalmente encontrou alguém que a prece e a estima como ela merece, eu a amo... ela sempre será uma das pessoas mais importantes na minha vida.

- Percy? – uma voz me chamou baixinho. Olhei para a loira que dormia sobre o meu peito. Com o passar dos anos, nem um milésimo de beleza perdeu... os cabelos continuam loiros e cacheados, os olhos continuam do mais puro cinza, mas agora...mais brilhantes e enérgicos. Ela é minha... e sera sempre.

- Que foi amor? – perguntei abraçando os ombros descobertos pelo lençol.

- Você esteve acordado a noite toda – advertiu ela baixinho – Amaha vai ser um castigo para ir trabalhar.

Ah me esqueci, ela se formou em arquitectura... seguiu o seu sonho de criança... já eu me tornei biólogo, algo que Annabeth me incentivou – e bem – a seguir . Ela sabe o quanto isso me faz feliz... ela me conhece.

- Não se preocupe Sabidinha... eu faço tudo por você, até me levantar ás 6h da manha.

- Eu sei que sim– sorriu ela fechando os olhos aninhando-se mais em mim. – Eu amo você.

- Eu também te amo... e vou amar sempre.

- Promete? – sussurrou ela caindo no sono.

- Eu Prometo. – sorri me entregando ao sono, adormecendo ao lado daquela menina em tempos ouvia We The Kings e andava sempre com o livro ao seu lado... essa menina era minha... e não havia ninguém que me separasse dela.


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Notas finais do capítulo

E ai?
Bem ela ta muiiitoooo grande.
Mas eu gostei de escrever.
E espero que vcs tb tenham gostado de a ler.

Amo vcs.
E amarei mais se deixarem reviews.

E claro recomendações.

PS: Qualquer erro me desculpem