Anjo Mau escrita por annakarenina


Capítulo 50
O amor acima de tudo


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo final da fanfiction



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Emily Foster

 Talvez a noção do real havia sumido em mim. E talvez fosse mais um daqueles sonhos que eu não conseguia acordar. Mas com tudo o que estava acontecendo comigo, algo me dizia que acordar não  faria diferença. Eu não queria acordar. 

 Havia uma despersonalização. Uma despersonalização do meu próprio eu. Minhas forças estavam esgotadas, embora eu não sentisse meu corpo — era como se eu estivesse flutuando. 

 Eu sentia cheiro de doce. Caramelo… não… algodão doce, certo? Não. Eu não tinha certeza de nada, porque a covardia em abrir os olhos era maior que a minha curiosidade. E eu não queria abri-los, de verdade. Eu queria permanecer com eles fechados, pois só assim a realidade pudesse sumir de mim. Eu já não me lembrava de mais nada. Apenas uma dor, pontuda, afiada, aguda ou qualquer coisa que seja brutal o suficiente para me torturar, jazia de forma continua no meu coração. Uma angustia severa me tomava — e a cada respiração, aquela vontade novamente de que abrir os olhos não iria fazer diferença vinha constantemente. 

 Mas não poderia ser assim, não é? 

 Eu não poderia simplesmente fechar-me para tudo e todos, para o mundo. 

 Mundo

 Que palavra nova produzida pelo meu inconsciente. Seria fruto da minha criatividade? 

 Mas ao abri-los, desejei não mais tê-lo feito.

 Eu estava em um labirinto em uma alta velocidade. Quer dizer, eu caía, fundo e mais fundo. E enquanto eu atravessava uma escuridão que parecia não ter fim, o frio na barriga aumentou de forma extrema, a ponto de eu prender a respiração para não vomitar. Tentei manter-me em silêncio, mas a força que puxava-me para baixo era tão estrondosa, tão forte mas tão urgente que eu berrei o mais alto que conseguia. 

 Não parava de cair.

 Eu não parava de cair.

 Sacudi-me, inutilmente. Meus pés balançavam em urgência, numa busca constante em encontrar algo palpável que eu pudesse me apoiar — mas não havia nada, não havia nada além do vazio, da escuridão, sugando-me para um buraco tão profundo que eu mesma pensei jamais existir. O que eu era, afinal? Quem eu era? E por que… estava com medo? Eu havia algo a perder? 

 Mas enquanto a força me puxava, as perguntas só se acumulavam. Por que estava acontecendo isso comigo? 

 E quase como numa resposta automática, vi seres minúsculos e nojentos caindo junto comigo. Agora eu via mais ou menos com precisão. Eram seres tão pequenos que eu mal entendia como os enxergava. Ouvia seus gritos também. Barulhentos estranhos e incômodos, como se passassem pela mesma coisa que eu, só que duzentas vezes num tamanho menor.

 E enquanto isso, o breu me soprava rumo à outra dimensão. 

 Dimensão.

 Por que era uma palavra tão confusa mas tão conhecida? 

 E então, algo que se parecia anos depois, consegui ver, bem de longe, um pequeno ponto branco fugindo de mim. 

 Tentei buscá-lo, porque era a única coisa que eu conseguia ver, mas a única coisa que eu pegava eram os vermes que caíam comigo. 

 O frio na barriga só aumentava, mas de alguma forma, aquele pontinho branco trazia-me conforto. 

 Conforme eu caía, eu conseguia ver outras coisas aparecendo. 

 Como num borrão meio esbranquiçado, algo passou na minha frente, e um burburinho estranho fez parte do lugar. Pareciam vozes, como as da minha cabeça, em constante falas intermináveis. Uma sombra “clara” passou bem perto de mim. Tentei pegá-la. Fui inútil.

Outra sombra avançou para o outro lado. 

 Mas elas pareciam não cair junto comigo. Por que então eu caía? 

 Você precisa ir mais fundo, disse uma voz na minha cabeça. Uma voz grossa, assustadora. 

 Pensei em chorar, mas as lagrimas não se formavam em meus olhos ressecados. 

 Socorro, gritei, até perceber que eu havia gritado para mim mesma. 

 Alguém me ajudeAlguém

 

 Eu havia adormecido profundamente. E agora, havia um chão de concreto meio úmido abaixo de mim, um barulho de goteira interminável e passos. Muitos passos.

 Era uma multidão de pessoas. Não… de seres que se pareciam com pessoas mas na verdade eram pálidos de mais… não, eram brancos de mais. Eram… 

 — Almas

 De repente, um velhinho de olhos surpreendentemente… diferentes disse ao pé do meu ouvido. Eu me assustei com sua voz, mas seus olhos me transmitiam uma paz incrível… 

 — Quem é você

 Eu não perguntei verbalmente, eu não falava verbalmente porque não conseguia. Toda a minha forma de comunicação vinha da minha cabeça e por ela eu falava. A minha mente controlava tudo

 — Você logo, logo descobrirá. 

 Eu fiquei feliz em falar com alguém. 

 — Quem são essas pessoas? 

 — São os que não pertencem mais ao outro mundo.

 Uma fila rápida foi feita. Todos pareciam confusos, mas cientes do que aconteciam. A fila começou a andar, e o velhinho ao meu lado, apenas a acompanhou comigo. 

 — Por que eu estou aqui? E quem sou eu? Por que estou com medo? 

 — Todos temos medo, minha querida. — Minha querida… que conhecido…

 — Mas o que eu estou fazendo neste lugar? 

 — Você precisa encontrá-lo, e salvá-lo

 Do que ele estava falando?

 — Quem eu devo salvar? Eu sinto que não deveria estar aqui, mas ao mesmo tempo… sinto que estou no lugar certo, por favor… me ajude…

 — Mas eu já estou lhe ajudando. Eu estou lhe guiando. E logo, logo você saberá.

 A fila antes que parecia imensa, agora não estava tão grande. E as pessoas iam sumindo aos poucos da minha frente, até que chegou a minha vez.

 Era uma porta gigantesca, escura e medonha. Em cada extremidade, uma taça de fogo queimava altamente, e no meio, duas pessoas também assustadoras estavam sentadas em uma cadeira alta, com um caderno na mão. 

 Um deles pegou um ferro com um símbolo e o queimou no fogo de uma das taças, trazendo-o até próximo de mim. Algo que dizia que aquilo não era pra acontecer. Estava errado… até que o homem que segurava o ferro viu o velhinho ao meu lado, e parou imediatamente, como numa ameaça silenciosa. 

 Eu olhei para o idoso, que não me olhou de volta, apenas fitava grudado nos homens. 

 — Ele é…? — disse um dos caras para o amigo do lado. 

 — O próprio. — Respondeu o outro.

 — Como atravessou a barreira? — Perguntou o da esquerda, oralmente.

 Porém o velhinho não respondeu, e num gesto simples de um dos caras, a porta se abriu. 

 Era como numa câmara de tortura. Gritos estrondosos, de dor e agonias profundas tomavam conta do lugar. Haviam equipamentos que eu jamais havia visto antes, com extremidades pontudas, banhadas de sangue. E um cheiro atordoante de carne morta era o único que perdurava ali. As almas estavam presas nas maquinas, e todas com olhares de dor e sofrimento, porém, não lutavam, apenas aceitavam que aquele era o seu destino — que era ali que eles deveriam estar. 

 Em uma das máquinas, cinco almas estavam em uma roda, e um cilindro gigantesco era solto de cima até esmagar todas elas. Segundos depois, elas renasciam, na mesma fila, prontas para morrerem mais uma vez. 

 Alguns choravam e outros lutavam, mas nenhum deles possuía a esperança de um dia sair dali. 

 O calor era o que menos incomodava — embora estivesse muito, muito forte, ele ainda não parecia queimar a minha pele, apenas fazer ardê-la. 

 E então, quando olhei para o lado, havia uma pequena proteção contornando a mim e ao idoso, como se ali dentro eu estivesse a salva. 

 — Que isso… que lugar é esse? 

 — O inferno — respondeu o velhinho. 

 — O que? É aqui que eu irei viver agora? 

 — Você entenderá.

 E então, enquanto eu vagava meu olhar em torno do lugar, uma alma me chamou a atenção. Eu não conseguia ver o rosto dela, mas ela estava sentada em um banco, de mãos enlaçadas e pensativa. 

 E por algum motivo… eu queria… eu queria ir até ela e abraçá-la. 

 E foi o que eu fiz. 

 Em meio à multidão de corpos sofredores, e aos gritos estrondosos, eu corri até essa alma. 

 Sentei-me ao seu lado, porém o ser ainda não havia me notado. 

 De perto, o brilho era maior ainda vindo daquela alma, e à medida que eu me aproximava, meus olhos ardiam, porque era uma luz muito, muito forte. 

 E então, a alma se assustou ao me olhar, porém não fez nada mais que um simples gesto de repulsa. 

 Eu tentei falar com ela, mas não conseguia, nossa comunicação não era a mesma. 

 A alma se afastou, como se me temesse. E eu tentei ir até ela mas eu não conseguia…

 — Filha, está na hora de entender as coisas

 O velhinho então estalou os dedos, e imediatamente, o cenário inteiro mudou. 

 

 Eu acordei num chão banhado a ouro. E quando abri os olhos, todo o lugar era banhado a ouro. Era uma sala gigantesca repleta por lustres de cristais e velas belíssimas acesas em fileiras compridas. De repente, no centro, vi duas figuras. Era um homem de cabelos negros e olhos profundos, ele olhava para uma outra menina…

 Era eu.  

 Eles estavam frente a frente, e um longo vestido branco, todo bordado preenchia o seu corpo. O meu corpo.

 Ele a olhava fixamente, sorrindo, quase como se fosse o homem mais feliz do mundo. Já ela o olhava de forma estranha — como se por fora aparentasse algo muito mais tranquilo do que por dentro. 

 E então, eu vi uma figura conhecida. Outra figura conhecida: o velhinho que havia me acompanhado até aqui. Ele segurava um livro em suas mãos, e parecia atento quanto ao movimento dos dois. Mas havia algo diferente em seus olhos… 

 Havia o universo neles.

 Mas espera… eu já havia visto ele de outro lugar…

 Eu já o conhecia… 

 Uma pontada

 Eu sobressaltei num desespero. Meus olhos ficaram atentos, e toda a minha memória pareceu trazer com ela uma enxurrada de lembranças longas e recentes. Meu coração mal conseguia acompanhar a carga constante que vinha de dentro de mim. E eu mal sabia se chorava, ou se gritava. 

 — Espera… — Eu disse, lembrando-me de tudo. Porem eu entendia agora o que antes não lembrava. 

 Philip.

 Philip estava morto… mas sua alma ainda estava viva… 

 Mas por que eu precisava ver isso aqui? 

 Minutos depois, a cena mudou, e Lúcifer ao lado do meu outro eu parecia assustado com a figura do idoso que recitava a missa. 

 Não era a missa que o idoso recitava — agora eu entendia, era um exorcismo. 

 — Você — disse Lúcifer, indignado. 

 E então lembrei-me do que aconteceria em seguida. 

 Philip estava no chão, imóvel. Tudo acontecera rápido de mais quando eu corri em direção a ele. Inutilmente, sacudi-o, mas era como se eu nem existisse.

 — ME AJUDE! — Gritei, a sala ecoou. Ninguém sabia da minha existência ali. — POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDE! — Eu chorei, soluçando.

 — Ele não pode lhe ouvir — disse o idoso, surgindo do meu lado.

 — Quem é você? 

 — Encontre-o, Emily. Encontre o amor da sua vida. — Disse o idoso, estalando os dedos.

 

 

 Foi quando imediatamente, o cenário mudou. E eu estava no inferno novamente, só que desta vez, sozinha. Os gritos estrondosos voltaram, e as cenas angustiantes da tortura faziam parte de todo o meu campo de visão. 

 Eu precisava encontrar Philip… eu precisava encontrar a sua alma… estaria ela sã? Ele se lembraria de mim? 

 Eu vaguei pelo inferno, deparando-me com inúmeros pedidos de ajuda. Eu não sabia se eu era um humano ou espírito, mas as almas conseguiam tocar em mim, e eu conseguia senti-las como se fossem seres comuns. Suas auras também eram sentidas por mim. Auras negras, pesadas e sombrias — dotadas de ódio e dor. 

 Tentei afastar-me delas, mas elas vinham atrás de mim, perseguindo-me como se fosse a única que pudesse salva-los. 

 Mas eu não deveria… 

 Eu precisava encontrar quem nunca teve a ver com isso…

 Mas então eu a vi.

 Eu vi sua alma. A alma de Philip. Mais uma vez eu a havia visto, e agora sabia a quem pertencia.

 A única aura diferente do grupo de almas. A alma que exalava um odor próprio, uma cor própria. A cor acizentada dos olhos de Philip. 

 Eu corri em sua direção, parecendo longe de mais até alcança-lo. E mais uma vez, ele recuou, assustado. 

 — Meu amor… — Eu consegui dizer, em voz alta.

 A alma parou antes que pudesse correr mais uma vez. 

 Ele parecia reconhecer…

 O ser esbranquiçado aproximou-se de mim, porem eu não via seus olhos.

 Meus olhos foram fracos, e meu emocional me dominou.

 Era Philip… o meu Philip…

 — Philip… — eu disse soluçando. — Philip, precisamos sair daqui, precisamos encontrar outro caminho…

 Mas Philip recuou, como se não confiasse em mim.

 — Philip, sou eu… Emily, não se lembra de mim? 

 — Emily… — Eu ouvi sua voz, sua linda voz, tentando reconhecer o nome. — Por que… sinto isso ao ouvir seu nome? Quem é você? — Perguntou ele. 

 Eu gaguejei num choro. 

 — Sou eu Philip… a sua Emily… não se lembra da primeira vez que me viu? 

  A alma de repente começou a tomar forma, e a aparência de Philip levemente começou a aparecer… bem na minha frente. 

 — Por favor… tente se lembrar… — Implorei.

 De repente, o idoso surgiu mais uma vez, colocando a mão no ombro de Philip.

 E em seguida, ele tocou em mim. 

 Foi quando outra enxurrada de memórias entrou na minha cabeça.

 Fui mutilada com informações — e com um novo fato sobre o meu passado.

 — Você foi uma das minhas melhores protetoras — disse o idoso.

 E enquanto ele disse isso, as memórias de mim, como um anjo no céu tomou forma na minha cabeça. Eu parecia comigo mesma, porem meus cabelos iam até a cintura…

 E foi na sacada de um castelo de plumas que eu vi Philip pela primeira vez — e vice versa. 

 

 

Philip Cambridge 

 

 Emily vestia um liso vestido que começava em seus ombros e terminava há poucos metros de seus pés. Seus olhos eram tão azuis quanto a cor do céu, a cor da liberdade, e sua expressão delicada e doce preenchia todas as duvidas que eu tinha quanto o amor. 

 Um anjo jamais pode amar — e jamais deve amar. Mas nunca entendi como não apaixonar-se por essa mulher — pelo amor da minha vida — todas as vezes que eu a olhava. 

 Ela era uma Serafim. Uma poderosa Serafim. Seu papel nada mais era um dos mais nobres de toda a hierarquia angelical. 

 Ela estava na sacada, próximo as flores que combinavam perfeitamente com seu cheiro na primeira vez que a vi, e a partir dali eu tive a única e total certeza que lutaria por ela com toda a força existente em mim. E jamais a abandonaria. 

 A mão de Deus no meu ombro neste momento foi a única forma de eu me lembrar de tudo — e me lembrar de que a menina linda na minha frente, lutando para levar-me consigo era esse tempo todo a pessoa a quem jurei amar com toda a minha vida. E a minha morte

 Porém, um pássaro pode amar um peixe, mas onde eles viveriam? 

 Emily pertencia ao mundo dos vivos. E eu já não mais estava naquele universo, naquela dimensão…

 — Philip — disse Emily, chorando. 

 Eu a abracei fortemente, embora não a sentisse com precisão, ainda foi suficiente. 

 — Eu amo você — eu disse, por fim, lutando para não deixa-la. 

 — Algo lhes aguarda — disse Deus. 

 

 

 

 

 

Emily Foster

 

 Ele havia me reconhecido, e neste momento, eu só conseguia chorar de alegria. Sentir Philip de novo, mesmo pensando que jamais o sentiria novamente, fez-me ter a conclusão de que a vida pós morte é muito mais viva que tudo que eu já havia vivido. 

 O senhor aparentemente muito poderoso estalou novamente os dedos, e de repente, chegamos à um lugar que eu já havia estado antes. 

 Como na primeira vez que o vi

 A primeira vez que encontrei Philip, observando-me em silencio, enquanto eu distraidamente apreciava a visão do castelo de plumas. 

 Estávamos no céu. 

 E neste momento, Philip estava exatamente na minha frente, olhando para mim com lindos olhos acizentados — os olhos que eu reconheceria em quem ele estivesse — e aquele sorriso lindo que só ele conseguia fazer meu coração disparar. 

 Eu vestia o mesmo vestido que séculos atrás havia vestido, exatamente como na primeira vez. E Philip usava também a mesma roupa de anjo da guarda. Ele segurou em minha mão e a beijou, lentamente. 

 Eu mal conseguia segurar minhas lágrimas. 

 De repente, olhei para o idoso, e em sua cabeça uma gigantesca aureola de ouro encaixava-se perfeitamente. Ele vestia um manto banhado à ouro com uma cruz desenhada, e ele sorriu para mim. 

 Ele era Deus! 

 E então, Philip se ajoelhou para a minha surpresa. E olhando para cima, bem profundamente em meus olhos, cheios de lágrimas disse:

 — Eu jamais pensei que poderia viver mais uma vez para esse momento. Enquanto estava no inferno, algo doía de forma horrível dentro de mim, mas eu não me lembrava. E agora, ter reencontrado você novamente, a razão pela qual eu deixei este paraíso, não posso jamais perde-la. Emily Foster Stanford, você aceita se casar comigo? 

 Eu sorri, segurando-me para ter voz e dizer em voz alta:

 — Sim, mil vezes… — Fechei meus olhos, parecia tudo um sonho. — Sim. 

 Philip se levantou e beijou-me profundamente. 

 Neste momento, Deus fez um sinal da cruz no ar, e ficamos frente a frente dele. 

 O Senhor com olhos do Universo começou a falar.

 — Por séculos vocês se amaram. Por séculos ele foi atrás de você — disse à mim. — Ele caiu, procurando-a, perdendo sua memória, cometendo atos incertos. Vagou por quilômetros na Terra ainda sem memória, não lembrando-se nem brevemente do porquê havia estado ali. Qual seria a sua razão. Mas ainda assim, o destino os uniu novamente. O destino enlaçou-os novamente. O amor é o que move o mundo, meus queridos. O nobre ato de Philip não foi por revolta, e sim, por amor. Ele tem o meu perdão. — Philip fez uma reverência, enquanto Deus fazia outro sinal da cruz frente à ele. 

 — Obrigado, Senhor — disse ele. 

 — Ela lutou por você. Mesmo chamada para uma nobre missão de ser a guardiã dos meus poderes, ela também apaixonou-se por você, mais uma vez na Terra. Enquanto eu os desuni, estou aqui e agora unindo-os novamente, para que desta vez, só lhes reste a eternidade. Desculpe-me se eu necessitei dela, porém, não poderia jamais deixa-los desamparados. Vocês são o amor da vida do outro, e como já provado, daria suas vidas pelo outro. Não há ato mais nobre e mais lindo que esse em todo o universo. Vocês merecem a maior garantia de amor, como dois anjos que erroneamente se apaixonaram, mas provaram que o amor é mais forte que tudo. E é com a minha única e maior benção, que eu os declaro, Marido e Mulher. 

 Nesse momento, Philip me olhou profundamente, e eu o olhei também, sentindo o amor de nós flutuar por todo o céu. Lentamente ele envolveu suas mãos em minhas costas, e então, garantiu o nosso primeiro beijo como marido e mulher.

 Em seguida, ouvi cantorias e uma gigantesca salva de palmas. Nosso beijo parou, e havia confusão em volta, porque eu não via ninguém. Até que de repente, olhei para baixo do castelo, e de lá, haviam milhões de anjos cantando e aplaudindo. Milhões de seres como nós. Milhões de amigos que convivemos por tantos séculos, tantos milênios, agora nos viam novamente. Milhões de parabenizações e sorrisos nos rostos. 

 Eu olhei para Philip, sorrindo e chorando. E numa sintonia perfeita…

 — Eu te amo — dissemos um ao outro, finalizando com mais um longo beijo, enquanto o alvoroço de outra cantoria prevaleceu em todo o reino do céu. 

 E a partir dali, eu e Philip atuamos juntos, como os únicos anjos casados do céu.  

 

 

 

*Na Terra: 

 

Lisandra, Gabrielle, Sammuel, e Celeste estavam na casa de Susan, sentados no sofá exaustos, com a televisão ligada.

— Acha que eles estão bem? — Perguntou Lisandra à Susan. 

Susan pegou um maço de cigarro e colocou na boca. Em seguida, olhou para Lisandra. 

— Posso te garantir isso. 

De repente, Sammuel recebeu um chamado.

— Há um chamado nesse momento. 

— O que é? — Perguntou Lisandra, curiosa.

— Parece que haverá um casamento. Guiado por Deus.

Lisandra olhou para Susan, surpresa. Esta lhe revidou com um breve levantar das sobrancelhas como se dissesse silenciosamente: eu não lhe disse que estavam bem? 

Lisandra, Celeste e Gabrielle abriram um largo sorriso sincero. 

Foi então que cada uma delas, seguiu o seu caminho, com a pura sensação de dever cumprido. 

 

 

 

 

# Lúcifer ficou preso ao inferno para sempre, sem permissões morais de poder sair de lá. Entretanto, como rei do inferno, prevaleceu governando-o sem ultrapassar os limites que o traziam à Terra ou qualquer planeta que habitasse com vida; Lisandra e Gabe buscaram um novo rumo em suas vidas, trabalhando junto com Susan em um pequeno armazém que ajudava as pessoas a terem contato com seus parentes já falecidos; Celeste entendeu tudo sobre Emily e Philip quando Susan lhe explicou que suas missões o tempo todo era provar para todos o poder do amor; Hedrick perdeu seus poderes ao falhar na missão imposta por Lúcifer, sua alma agora reside no inferno junto com as outras milhares que sofrem cotidianamente; Emily e Philip permaneceram como anjos do céu até a eternidade, juntos num elo profundo e verdadeiro de amor.


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Notas finais do capítulo

Meninas, passou muito rápido essa fanfic! Vou sentir uma saudade imensa do Philip e da Emily e do amor deles. Foi um prazer imenso escrever para vocês durante essa história. E em meio a tantos compromissos e deveres, tenho a sensação de dever cumprido em ter feito um desfecho que espero que agradem a todas. Desculpem-me os erros ortográficos que podem ter ocorrido durante toda a fanfiction, juro que tento a cada dia melhorar! E não foi atoa que eu escrevi essa fanfic, eu quis passar uma mensagem de que o amor, sempre, sempre mesmo, é mais forte que tudo nesse mundo. E que o amor está muito além dessas vidas. O amor é algo transcendental, que ultrapassa barreiras, dificuldades e até mesmo a morte. O amor pelo próximo é a única coisa que nos faz conectar e sentir algo muito além dessa vida, muito além de nós mesmos. Quem ainda não ama um parente querido que já se foi? Foi essa a mensagem que quis passar, meninas. Quando tudo estiver desmoronando na sua vida, ame, ame e ame. Mesmo que não seja correspondido, não deixe de amar, porque quando amamos alguém, vemos um sentido em nossas vidas. Qualquer tipo de amor é importante e crucial para vivermos!
Não vou deixar de visitar a Nyah, e se caso vier a escrever outra história, quem sabe o destino nos una novamente e vocês acabem encontrando-me com outro tema! hahaha
Enfim, meninas, um beijo gigantesco a todas vocês, muito obrigada por me acompanharem nessa jornada, por terem paciência em esperar novos capítulossss...... hahaha e por sempre serem lindas e fofas com os comentários!!!!

Então como último capitulo, a mesma coisa, não deixem de me dizer o que acharam da história em geral!! Vai ser muito importante pra mim saber que tudo correu bem e que todas vocês gostaram!!

Mais um beijo a todas vocês, leitoras!! Obrigada por tudoooo!!!



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