A Areia Vira Vidro escrita por 4Hours


Capítulo 6
Capítulo 5 - Os Aliados se Movimentam


Notas iniciais do capítulo

Quase um mês pra atualizar... Eu sei, eu sei... Eu disse que ia ficar mais ativo. Mas dessa vez foi um infortúnio do destino. O trouxa que vos fala viajou e esqueceu de levar o computador :D
Mas pelo menos isso me deu bastante tempo pra pensar em como ficaria este capítulo... Acho que nunca caprichei tanto em um, espero que gostem.



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—“Há muito longe, acima do País do Trovão, fica uma pequena mas atualmente próspera nação que apesar da distância, mantém fortes relações com o País do Fogo, esta nação se chama País da Luz. Este país já fora chamado outrora de País dos Demônios, mas uma profunda crise que envolveu todo o Mundo Ninja causou grandes mudanças na nação.

O País da Luz em outros tempos fora um pequeno estado agrícola, sequer possuía Vilas Ninjas e seu exército, assim como a economia não era muito forte. Seu único destaque eram os poderes mágicos da principal família do país, que os usava para manter selado um demônio com força o suficiente para ameaçar todo o mundo.

Em apenas alguns anos não muito distantes, esta nação alavancou seu crescimento de uma forma inacreditável. Isso se deu graças ao brilhante, mas polêmico, governo da Sacerdotisa e atual Kage do país, Shion. Após voltar de sua missão sacra, ela começou a fazer drásticas mudanças que afetaram todo o território. Mudanças como a criação de fortes relações com Konoha; o “empréstimo” de ninjas do País do Fogo para ensinarem o básico Arte Ninja no País e a fundação de sua própria Vila Ninja que diferentemente do resto do mundo, logo foi elegida para se tornar a nova capital do País da Luz, ela foi nomeada como Hikarigakure no Sato (Vila Oculta da Luz). Esta pátria possui uma peculiaridade política, ela não tem Daimyo, o Kage da Vila da Luz também é o principal governante do país. Com essas “pequenas” mudanças, o estado simplesmente explodiu em progresso, diversas Kekkei Genkai foram descobertas, Clãs foram fundados e se anexaram por livre e espontânea vontade à Vila da Luz. Com isso, o poder militar e a economia do país avançaram devido a criação de seus próprios ninjas sem mais o auxílio do País do Fogo e a chegada de inúmeras missões à Vila Ninja.

Mesmo trazendo a Era de Ouro para a nação, o governo da Shodaime Hikarikage (Primeira Sombra da Luz) – Shion, não era bem visto pelos principais nobres da nação, que consideravam suas atitudes liberais demais e argumentavam que o conhecimento, a força e a riqueza das famílias mais antigas e poderosas do país, não deveriam ser transmitidos e ensinados a “reles plebeus”. Ao saber disso, ela como provocação disponibilizou à todos, cópias dos pergaminhos das principais técnicas de selamento do seu Clã, técnicas que poderiam ser equiparadas às do caído Clã Uzumaki. Quando descobriram isso, esses chefes a juraram publicamente de morte e uma crise política se instaurou no estado”.

Fim da história – Disse alegremente Shion fechando o livro subitamente.

Os alunos da classe reclamaram com um “Ah...” coletivo.

—Por favor! Continue a sua aula! – Pediu uma garotinha da frente – Só consigo entender história quando a senhorita explica!

Shion sorriu com aquilo. A menos de uma década atrás o País da Luz era quase uma nação miserável, com faltas sazonais de alimentos e baixíssimo nível de escolaridade, e ela era seu governante, uma menina mimada e egoísta. A Sacerdotisa nunca, nem eu seus sonhos mais loucos, achou que seria possível mudar aquele país para melhor... E aqui estava ela, ainda como governante, dando aulas de história para crianças saudáveis e felizes.

—“Acho que é isso que a antiga Hokage quis dizer com... Cultivar as sementes da próxima geração” – Pensou Shion feliz.

Ela se aproximou da menina e bagunçou o seu cabelo.

—Me desculpe querida – Pediu a Hikarikage – Mas eu tenho outros compromissos urgentes para tratar. Sem falar que... só de sair do meu escritório estou correndo risco de vida.

—É verdade que a senhora é má como os senhores do País falam? – Perguntou timidamente um menino no fundo – Quer dizer... a senhora não me parece malvada...

Shion se virou pra ele fuzilando-o com o olhar, o que o fez se encolher na cadeira.

—Senhora não! Estou na flor da idade e sequer casei ainda! – Esbravejou Shion – Só vão poder me chamar de senhora quando estiverem com seus coletes de Jounins! Entenderam?!

A sala toda concordou assustada com a reação da Sacerdotisa.

—“Pra uma Sacerdotisa... Ela tem o olhar de um demônio” – Pensou o garoto.

—Agora... sobre eu ser má ou não... Isso você quem vai me dizer – Falou a Sacerdotisa indo para a porta – Pra isso nós estudamos história... Estudamos o passado para entendermos o presente e para tentarmos adivinhar o futuro.

A sala pareceu confusa com aquela súbita reflexão e ela continuou.

—Estudando os meus atos como governante, você poderia dizer que sou uma pessoa má? – Questionou a Hikarikage abrindo a porta – Claro, sou amada por muitas pessoas... Mas também sou odiada por outras... Acho que o demônio que eu destruí me amaldiçoa até hoje.

—O bem e o mal são relativos... – Resmungou uma menina do meio.

—Isso mesmo – Concordou Shion – Pensem e reflitam, o que vocês acham da sua governante?

Deixando esta dúvida, ela se retirou da sala com a turma em completo silêncio sendo seguida por um ninja que estava encostado na parede ao lado da porta.

Ele parecia ser um pouco mais novo que a Sacerdotisa, aparentando ter 20. Ele tinha cabelos negros como a noite e olhos pretos como carvão. Sua pele era clara como a neve e ele vestia um casaco preto sem mangas por cima de uma camisa azul e uma calça marrom com grandes bolsos nas laterais. Calçava pesados coturnos e portava uma espada curta presa horizontalmente na base de sua coluna. A sua banda da Vila da Luz ficava presa no seu pescoço como se fosse um colar

—Shion-sama! Peço que pare com essas aulas – Pediu o ninja com tom de preocupação – Você está jurada de morte! E eu observei inúmeros movimentos suspeitos ao redor da escola!

A Hikarikage suspirou e começou a andar mais rápido.

—Deixa eu adivinhar... Os possíveis assassinos se afastaram assim que perceberam que você estava na área – Falou Shion parando e se virando para encará-lo nos olhos.

O ninja corou com a afirmação e desviou o olhar.

—B-bom... e-er... – Balbuciou ele nervoso.

—Ninguém vai ter coragem de sequer pensar em pôr um dedo em mim enquanto Sosa Toketsu for meu guardião! – Afirmou ela dando de ombros – Você é o ninja mais forte dessa aldeia! Já tem até fama internacional! Tenha mais confiança!

Ele riu envergonhado e coçou a cabeça num gesto involuntário.

—E eu não sou tão indefesa assim – Alegou a Sacerdotisa voltando a andar – Não sou a Hikarikage dessa aldeia à toa. Minhas defesas são tão boas quanto as do Kazekage!

—Sim... eu sei – Resmungou Toketsu a seguindo de cabeça baixa.

—E também... – Shion parou subitamente de andar e olhou para o céu – Não posso dar ao luxo daqueles velhos decrépitos acharem que estou com medo deles me trancando na minha sala! Não vou desistir... Nunca.

O ninja sorriu com aquilo. Shion realmente era uma pessoa determinada.

A expressão de serenidade no rosto da Sacerdotisa repentinamente mudou para uma de espanto e pânico, o que fez Toketsu entrar em guarda instintivamente pegando no cabo de sua espada.

—Meu Deus! – Gritou Shion – Toketsu! Temos que correr! Agora!

Ela disparou pelas ruas da aldeia puxando-o pelo branco.

—Sentiu algum inimigo?!

—Não! É muito pior! – Exclamou ela – Nossa escolta chega hoje! E eu ainda não assei os bolinhos de recepção!

A preocupação de Toketsu deu lugar à decepção e ele parou de correr, deixando Shion o arrastá-lo.

—Sério isso? – Perguntou o ninja sendo arrastado – Você quase me fez ter um ataque do coração por causa de bolinhos...

—Vamos pare com isso! – Reclamou a Hikarikage fazendo força para o puxar – Bolinhos são importantes! Como posso receber convidados do País do Fogo sem nada pra oferecer?!

Toketsu suspirou e voltou a correr.

—Tá... eu lhe ajudo. Mas só porque seus bolinhos são uma delícia.

Juntos, eles correram em direção à casa de Shion, uma pequena mansão tradicional japonesa, para poderem assar os bolinhos de boas-vindas para a escolta que em breve chegaria.

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No topo do prédio mais alto da Vila da Chuva, sentada nos ombros de uma pequena estátua, uma figura feminina observava a aldeia sendo banhada por uma confortável garoa. Ela era uma bela mulher de cabelos azuis curtos decorados por uma única flor de papel também azul. Tinha olhos laranjas penetrantes e trajava um sobretudo preto decorado com nuvens vermelhas como sangue que cobria grande parte do seu corpo.

—Amekage-sama – Chamou um ninja se aproximando. Ele possuía cabelos prateados espetados, trajava o uniforme padrão Anbu e estava sem máscara. Seu rosto era belo e harmônico, até mesmo a cicatriz que passava pelo seu olho esquerdo fechado parecia encaixar bem nele, o mesmo acontecia com a pequena pinta embaixo da boca do lado esquerdo de sua face – Fomos informados que nossa escolta para o País do Fogo deve chegar em algumas horas, peço que se arrume para a viagem.

A mulher suspirou e saltou da estátua, ficando frente a frente com o homem mascarado.

—Você fica bem melhor sem máscara, Kakashi – Elogiou a Kage secamente – E já disse que pode me chamar só de Konan.

—Desculpe, é o hábito – Desculpou-se Kakashi com uma expressão mais descontraída.

Konan deu de ombros e entrou no prédio. Ela parecia estar de mau humor.

—O Regente da Folha convocou esta reunião de maneira muito súbita... – Comentou a Ex-Akatsuki com a mão no queixo enquanto andava – Algo de errado aconteceu com o Naruto...

O olhar do Hatake ficou pesado e triste, ele sabia que seu aprendiz provavelmente estava morto ou incapacitado.

Eles andaram em silêncio por um tempo até ele resolveu brincar com Konan.

—Isso é mais um motivo para a senhorita se arrumar – Falou Kakashi com um tom brincalhão na voz – Vamos, não podemos nos atrasar.

Ele a pegou no colo surpreendendo-a e a fazendo corar e fez um selo simples de única mão. Em um instante eles foram parar nos aposentos da Amekage. Uma gigantesca sala em estilo tradicional japonês, com um piso mais elevado de madeira e paredes de papéis multicoloridas que separavam os cômodos. O grande destaque da sala era a enorme janela semicircular decorada com diversas imagens divinas e sacras logo atrás da mesa de trabalho de Konan.

—Q-quando foi que você marcou a minha casa com o Hiraishin?! – Exclamou Konan se sacudindo – Me ponha no chão!

Kakashi começou a rir e a segurou com mais força.

—Aonde está o seu guarda-roupa mesmo...? – Perguntou ele fingindo que havia esquecido – Ah! No seu quarto.

Ele a carregou até lá e a jogou na cama, fechando a porta de correr atrás dele.

—EI! EI! EI! – Gritou a Konan se sentando e pondo um travesseiro na frente de seu corpo antes que Kakashi fizesse o que ela achava que ele queria fazer – P-PODE PARAR POR AÍ!!!

O Hatake começou a rir, riu tanto que caiu no chão de joelhos segurando a barriga.

—O que você achou que eu ia fazer? – Questionou ele com um falsa inocência tentando respirar – Não me diga que...

Konan soltou um gritinho completamente vermelha e enfiou a cabeça no travesseiro, fazendo Kakashi rir ainda mais.

Ela se levantou da cama com raiva e vergonha e jogou o travesseiro nele que o parou ainda rindo.

—Abusado! – Birrou ela se virando e indo em direção ao guarda-roupa – Pare de gracinhas e pegue aquela mochila pra mim!

O Hatake se levantou ainda rindo um pouquinho e foi cumprir a ordem.

Ele entregou a mochila pra ela e Konan jogou nela uma pilha de roupas dobradas.

—Estou pronta – Afirmou a Amekage.

—Eu sempre deixo uma pilha de roupas separadas pra situações assim – Disse a Ex-Akatsuki notando o espanto de Kakashi com a rapidez – Também separo junto da roupa produtos de banho e coisas similares.

Ela fechou a mochila e a entregou para o Hatake.

—Pode pegar! Por causa da sua gracinha, você será meu burro de carga! – Exclamou Konan com raiva.

Kakashi largou a mochila no chão, pegou a ninja pela a cintura e a colou junto ao seu corpo.

—O-O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – Gritou Konan assustada.

Ele se inclinou para frente e a beijou, ela não tentou resistir.

Após alguns segundos que mais pareceram anos, os dois se afastaram um pouco ofegantes. Konan fuzilou Kakashi com o olhar e este baixou a cabeça esperando a bronca.

—E-eu levo a minha mochila... – Exclamou a Kage timidamente enquanto a pegava do chão – Vá arrumar as suas coisas e me espere no portão da vila.

—Konan... eu...

—E EU AINDA NÃO PERDOEI VOCÊ TÁ! – Ralhou a Ex-Akatsuki fazendo-o se calar – Não vai ser uma gracinha ou um beijo desses que vai fazer eu perdoar você! Vais continuar dormindo no sofá!

—M-m-mas eram só bolinhos...

—ERAM OS MEUS BOLINHOS! E VOCÊ OS COMEU! – Berrou Konan o fuzilando com o olhar – VOCÊ SABE QUE EU AMO AQUELES BOLINHOS DE CARNE! ERAM IMPORTADOS DO PAÍS DA LUZ!

Kakashi engoliu seco e usou o Hiraishin pra fugir, deixando Konan sozinha no cômodo.

—Eu... vou... matar... ele... – Resmungou Konan rangendo os dentes.

Ela saiu da sala fechando a porta de correr com força e foi batendo o pé até o portão da vila para aguardar Kakashi e sua escolta.

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Gaara estava em seu cômodo pessoal que ficava no Prédio Central da Vila da Areia, várias casas haviam sido oferecidas para o Kazekage, mas ele recusou todas alegando que não precisava e não queria tanto espaço. Ele havia acabado de sair do banho e estava procurando roupas adequadas para a viagem que faria. Amarrando bem a toalha na cintura, ele começou a procurar em seu guarda-roupa algo apropriado.

—Gaara! Você está aí?! – Perguntou uma voz feminina batendo na porta repetidas vezes.

O ruivo não deu a mínima para as constantes batidas e chamados e continuou a separar as suas roupas.

—Eu vou entrar! – Avisou a voz forçando a porta.

—“Ela está trancada” – Pensou Gaara – “Acho melhor eu ir lá abrir antes que ela faça alguma bestei-“

Nesse momento a porta foi arremessada por uma poderosa rajada de vento e bateu com força na parede ao lado do Kazekage indiferente, que teve apenas um suspiro exasperado como reação.

—Onde está você meu querido irmãozinho? – Perguntou Temari com um risinho fechando o seu leque – Quero apertar as suas bochechas.

Ela percorreu com os olhos o apartamento todo, que era basicamente uma única sala, até encontrar Gaara seminu olhando para ela com a sua cara de sempre.

—Acho que cheguei em boa hora – Disse ela com um olhar assustador – Vou ajudar você a se trocar!

—“Assim eu conseguirei botar xuxinhas nos seus cabelos” – Pensou a Nara maquiavelicamente.

—Me toque... e você sairá voando exatamente da mesma maneira que aquela porta – Ameaçou Gaara com um falso olhar amedrontador – E a propósito, você vai pagar por ela.

Temari pediu desculpas, se jogou na cama do Kazekage, tirou do colete um cantil e bebeu um grande gole.

—Vitamina médica... – Resmungou o ruivo sentindo o cheiro da bebida – O que fez a minha irmã prestes a dar à luz viajar quilômetros e cruzar o deserto?

—Cara... sua casa é pior que a do Naruto antes de ele se casar com a Hinata... – Comentou Temari desviando do assunto aleatoriamente ao ver as teias de aranha que se formavam nas paredes e no teto – E olha que aquilo lá parecia um ninho de rato...

Os aposentos do Kazekage se resumiam a 3 cômodos: Uma grande sala onde ficava o quarto, a cozinha e uma pequena biblioteca com diversos pergaminhos e livros bem organizados; Um banheiro modesto e uma sacada onde Gaara cultivava seus cactos.

—O que você veio fazer aqui? – Questionou Gaara pegando uma pequena mochila que estava no chão do lado do guarda roupa – Não acho que tenha corrido grávida um dia inteiro pela floresta e pelo deserto pra vim aqui criticar a minha residência.

Temari deu de ombros, o Kazekage ainda era o mesmo resmungão de antes.

—De fato não vim, mas isso é um bônus – Falou ela dando uma piscadela pra Gaara que revirou os olhos e voltou a arrumar a mochila – Vim trazer uma mensagem de Shikamaru e escoltar você até a Vila da Folha. Ele quer que você vá a uma reunião em Konoha... Ele basicamente EXIJE a sua presença.

—Vejo que o seu marido se tornou bem atrevido – Disse o Kazekage guardando as roupas que havia separado na mochila – Exigir a presença de um Kage assim não é nem um pouco educado e enviar uma mulher grávida de 8 meses como escolta não é muito inteligente...

Gaara fechou a mochila, pegou suas habituais roupas do guarda roupa e começou a ir em direção do banheiro.

—Eu vou me trocar, nem pense em chegar perto daquele banheiro – Avisou Gaara estreitando os olhos – Mas por favor continue falando, eu consigo ouvir de lá.

—É melhor secar direito esse cabelo! – Gritou a Nara – Quero fazer ótimas trancinhas nele!

Gaara corou um pouco e se apressou pro banheiro. Temari havia começado essa implicância desde o momento que ele decidiu deixar os seus cabelos crescerem até a metade das costas.

Temari ouviu a porta se fechar e perguntou se Gaara ainda podia ouvi-la claramente, e obteve uma resposta positiva.

—Pelo visto o Regente da Vila convocou essa reunião junto com todos os Clãs de Konoha e chamou os principais aliados estrangeiros da Folha – Explicou a Nara – E com todos os aliados estrangeiros eu quero dizer você e mais... duas ou três pessoas.

Gaara suspirou enquanto trocava de roupa. Mesmo que o mundo tivesse melhorado de uma maneira incrível com o final da guerra, a situação política continuava tensa entre os países, apenas duas grandes nações se declaravam abertamente como aliadas, o País do Fogo e o País do Vento, as outras grandes nações permaneciam isoladas e quietas, quase como uma serpente esperando para dar o bote.

—Quando é esta reunião Temari? – Perguntou o Kazekage pondo sua simples armadura.

—Em três dias – Respondeu ela – Este é o tempo necessário para que todos os aliados cheguem na Vila, os mais distantes, como os do País da Luz, serão trazidos junto de sua guarda pessoal pelo Time 0.

—Time 0? Nunca ouvi falar.

—O Time 0 é uma equipe de elite criada pelo Sexto Hokage para situações como essas – Explicou Temari – Nele estão integrados 3 ninjas poderosos escolhidos a dedo por Naruto que possuem habilidade o suficiente para usar o Hiraishin no Jutsu (Técnica do Deus Relâmpago) da melhor maneira possível.

—Entendo... – Resmungou Gaara abrindo a porta.

O ruivo saiu do banheiro e foi direto para o seu Jarro de Areia que estava do lado de sua cama.

—Vai levar esse trambolho pro seu encontro? – Perguntou Temari apontando pro Jarro.

O ruivo corou da cabeça aos pés.

—E-e-encontro?! D-d-do que você está falando? – Perguntou o Kazekage visivelmente nervoso.

Temari começou a gargalhar deixando Gaara ainda mais encabulado.

—Fala sério Gaara! Você está levando cinco mudas diferentes de roupas pra uma reunião! – Riu a Nara – Sem falar que você ficou anos escolhendo elas, é mais do que óbvio que você não está se arrumando pro Shikamaru.

O ruivo subitamente pôs as mãos no bolso e correu pra pegar a mochila nervoso.

—Ei! O que era aquilo na sua mão? – Temari se aproximou do irmão rindo.

—N-n-nada! – Declarou Gaara se abaixando pra pegar a mochila.

Na pressa e no nervosismo ele deixou cair o que escondia na mão e a Nara rapidamente tratou de pegar.

—Não é possível! I-isso são... prendedores de cabelo?! – Esperneou Temari – Você ia pedir pra eu trançar o seu cabelo, não ia?!

—V-vamos Temari! Chegamos na Aldeia da Folha em algumas horas! – Disse o Kazekage tentando mudar de assunto desesperadamente – Vamos voar na minha Nuvem de Areia. Com certeza não faz bem pra saúde do bebê a mãe cruzar um deserto a pé.

O ruivo pegou a mochila e saiu andando tão vermelho quanto o seu cabelo.

—Tudo bem – Cantarolou alegremente a Nara o seguindo – Eu tranço o seu cabelo durante a viagem.

Os dois foram para a sacada, lá, Gaara criou uma confortável plataforma de areia e os dois alçaram voo direto para o País do Fogo.

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Shikamaru estava andando pelo Prédio Hokage. Já havia se passado algum tempo desde que os outros haviam partido para completar as suas missões e ele ainda tinha uma coisa pra fazer antes de poder sair e cumprir as suas.

—E pensar que eu vou ter mesmo que invocar esses velhos... – Resmungou o Nara apagando seu cigarro na parede e entrando numa sala – Eu definitivamente nunca mais reclamo do tédio.

A sala estava abarrotada de pergaminhos, a maioria organizados nas paredes com apenas algumas pilhas desorganizadas em pontos espalhados no chão. Shikamaru se esticou e pegou dois pergaminhos que estavam meio escondidos na prateleira da direita na sua parte mais alta. Ele os abriu e viu que estavam completamente em branco.

—Peguei os certos de primeira... – Comemorou ele como se estivesse entediado – Se tiver alguma força superior me ajudando... Por favor, continue assim.

Ele então voltou para a sala do Hokage e entrou numa porta que havia ao lado. Esta entrada levava a um cômodo um pouco menor, com espaço suficiente apenas para três pessoas. Dentro dele tinha apenas uma mesa pequena e 3 almofadas de sentar. Era uma pequena Sala de Reuniões.

Shikamaru trancou a porta atrás de si e colocou os pergaminhos abertos lado a lado encima das almofadas. Logo depois ele mordeu seu dedo, fazendo escorrer um pequeno filete contínuo de sangue e desenhou o símbolo do Clã Uzumaki em cada rolo de papel.

—Tudo pronto – Disse o Nara pra si mesmo indo para o outro lado da mesa e se sentando na almofada vazia, ficando de frente para os pergaminhos.

Ele fez um selo simples com a mão e respirou fundo reunindo chakra.

—Kuchiyose no Jutsu – Kame no Chie! (Técnica de Invocação – Sabedoria das Tartarugas).

Uma pequena explosão de fumaça branca envolveu os dois pergaminhos e assim que a fumaça se dissipou, os pergaminhos haviam sumido e dois pequenos cascos de tartaruga estavam encima das almofadas.

—Quem nos invocou? – Perguntou uma voz idosa feminina saindo do casco roxo na almofada da esquerda – Homura! Você está aí?!

—Sim Koharu! Estou aqui! – Respondeu uma voz igualmente idosa mas masculina vindo do casco azul na almofada da direita – Eu não sei nem há quanto tempo eu estou selado, quanto mais quem me invocou!

As tartarugas eram os antigos conselheiros do Hokage. Eles haviam se voluntariado para o experimento de um Jutsu que Naruto havia acabado de criar. Ele havia o nomeado como Fuin Jutsu – Eien no Anzen (Técnica de Selamento – Cofre Eterno). Uma técnica poderosa capaz de selar e guardar em um pergaminho por um longuíssimo período de tempo qualquer coisa, de objetos inanimados à pessoas, sem que envelhecessem e/ou estragassem. As únicas desvantagens dela é que o “cofre” só poderia ser aberto por quem tivesse a “chave” e que se os pergaminhos fossem muito danificados, provavelmente o que estava dentro seria destruído também. Os conselheiros se voluntariaram com o intuito de sempre poder aconselhar o Hokage, independente da ocasião. Naruto não gostava daqueles dois e gostou da ideia de poder se livrar deles para provavelmente até o fim de sua vida. Então ele, com muito gosto, os selou.

—Shikamaru-san?! O que faz aqui? – Questionou a tartaruga chamada Koharu – Há quanto tempo estamos selados? E onde está o Naruto-dono?

—Vou ir direto ao ponto – Avisou Shikamaru cruzando os braços e se ajeitando em seu assento – Naruto está morto.

A súbita afirmação pegou as duas tartarugas de surpresa, elas nunca esperaram ouvir aquilo na vida.

Ao se recuperarem do choque, passaram a bombardear Shikamaru com inúmeras perguntas seguidas, irritando-o.

—Esperem um segundo! – Pediu o Nara massageando as suas têmporas – Antes de tudo, por favor, voltem às suas formas humanas. Me sinto ridículo falando com dois projetos de tartarugas.

Koharu e Homura se olharam, como se só tivessem percebido agora que eram répteis.

—Eu tenho que lhe parabenizar Homura – Falou Koharu com uma falsa admiração – Você conseguiu ficar mais feio do que antes.

—Cale a boca sua velha caquética! – Ralhou Homura tentando mordê-la – Você nessa forma ficou até mais jovem.

Os dois pareciam que estavam prestes a iniciar a luta mais lenta da história mas Shikamaru interveio com o seu Kagemane (Possessão das Sombras) paralisando-os.

—Vocês são os conselheiros chefes do Hokage! Se portem como tais! – Disse Shikamaru já se irritando de verdade com eles – Hokage este que a propósito está morto!

As tartarugas pareceram consentir e Shikamaru desativou a sua técnica. Logo em seguida, uma outra nuvem de fumaça as envolveu. Quando a névoa se dissipou, a tartaruga roxa deu lugar à uma mulher idosa de aparência inflexível e autoritária. Ela tinha cabelos roxos, já um pouco esbranquiçados pela a idade, presos atrás da cabeça em um coque segurado por dois rashis vermelhos. Já a azul deu lugar a um homem também idoso de aparência séria e um pouco sombrio. Ele possuía cabelos cinzas espetados e usava um óculos verde.

—Utatane Koharu, Mitokado Homura... – Disse Shikamaru fazendo uma pequena reverência – Agora podemos começar a nossa reunião adequadamente.

Shikamaru precisou apenas de alguns minutos para explicar de forma apropriada tudo o que tinha acontecido recentemente e as notícias assustaram um pouco os conselheiros.

—Vamos ter uma dor de cabeça das grandes – Suspirou Koharu abalada – O Naruto poderia ser um idiota... Mas nunca achei que fosse morrer de alguma outra forma que não fosse velhice...

—Muitas pessoas importantes foram retiradas subitamente de cargos também importantes... – Analisou Homura ajeitando seus óculos – Precisamos urgentemente de um novo Hokage para podermos organizar a situação.

Shikamaru sentiu o olhar dos conselheiros e logo soube o que eles estavam pensando.

—Não! Não! Não! Não! Não! Não vou ser Hokage nem que me paguem! – Afirmou o Nara nervoso – Porque diabos sempre que os dois são consultados, vocês sugerem que se eleja um novo Hokage?!

—A sua oratória é muito boa, conseguiu explicar para nós isso tudo em tão pouco tempo – Comentou a idosa – Sem falar que você é uma das maiores mentes de Konoha.

—Pode lhe faltar poder de luta... – Alegou o idoso coçando a cabeça – Mas mesmo assim você daria um grande Hokage meu jovem.

Shikamaru bateu a cabeça na mesa. Ele estava torcendo que essa ideia não passasse pela cabeça deles. O Nara se lembrava de como eram os conselheiros. Quando eles pensavam em algo que pudesse ajudar a Vila... insistiam nisso mesmo que o mundo acabasse.

—Tem de haver outra maneira! Temos muitas opções para explorarmos! – Argumentou o Nara quase desesperado – Esse acontecimento não é de conhecimento público! Nem o nosso próprio Daimyo sabe! Eu convoquei uma reunião com os nossos aliados para tratarmos disso!

—VOCÊ O QUE?! – Berraram os dois conselheiros ao mesmo tempo.

—VAI EXPOR UMA FERIDA TÃO GRAVE DA NOSSA ALDEIA PUBLICAMENTE?! – Gritou Koharu subitamente alterada.

—É COMO SE VOCÊ ESTIVESSE PEDINDO QUE DECLARASSEM GUERRA CONTRA NÓS – Ralhou Homura extremamente irritado – NOS DERROTARIAM FACILMENTE COM ESSA DESORGANIZAÇÃO!

Shikamaru se deu um soco mental. Ele havia esquecido que esses dois ainda eram muito presos no passado, onde qualquer demonstração de fraqueza poderia levar a uma invasão imediata por aquele que se diz aliado. Não que isso não existisse mais. Mas as nações que ele haviam convidado, eram países extremamente aliados da Folha e tinham governantes que eram amigos diretos dele ou de Naruto, as chances de guerra por parte delas eram inferiores a zero.

Ele levou quase meia-hora para explicar isso pros conselheiros e mesmo após entenderem, continuaram olhando de maneira reprovadora para Shikamaru.

—Tá... vocês vão ficar me olhando assim... ou vão me aconselhar no que fazer? – Perguntou o Nara cansado mentalmente – Vocês são conselheiros! Me aconselhem!

—Nós já lhe demos um conselho – Afirmaram os dois simultaneamente.

—Por favor! Me deem um que não envolva eu como Hokage...

Eles continuaram discutindo sobre isso por mais algum tempo. Até que Shikamaru lembrou de uma nova regra que havia sido criada para aquela situação. Ao se lembrar dela, o Nara jurou internamente que daria um beijo em Tsunade assim que a visse, mesmo que isso significasse passar uma semana no hospital e dormir no sofá por um mês.

—Vocês não podem me nomear como Hokage assim do nada! – Alegou ele com um sorriso vitorioso – Temos uma nova regra quanto a isso!

Os conselheiros se entreolharam não entendo sobre o que Shikamaru estava falando.

—Foi decidido pela Godaime Hokage que a partir do mandato do Rokudaime Hokage, todo o Hokage deveria deixar uma “carta de recomendação” recomendando um ninja para o cargo de Hokage para quando o seu mandato acabasse – Explicou Shikamaru – O ninja então faria um breve discurso para a população da aldeia contando um pouco de si e explicando por que ele acha que seria um bom Hokage. Se mais de 50% dos aldeões o aprovarem, ele vai pra uma reunião com o Daimyo, se o Daimyo o aprovar, ele vira Hokage, se não, um conselho é feito pelos Jounins e mais um candidato é apresentado.

Os conselheiros ergueram as sobrancelhas, era uma lei um tanto quanto... inusitada para eles.

—Tsunade fez isso para permitir que o povo comum participasse mais da política da própria aldeia – Justificou o Nara já vendo as perguntas surgindo nos rostos dos dois – E para evitar que um dia fosse formada uma “panelinha”, onde todo o novo Hokage, defendesse apenas o interesse de um mesmo e único grupo.

—Eu não me lembro dessa regra... – Comentou Homura alisando a sua barba – Eu me lembraria se a tivesse lido alguma vez.

Shikamaru riu e falou que Tsunade havia decretado essa regra por debaixo dos panos. Escondendo-a dos Conselheiros utilizando ordens, pedidos e alguns socos.

—Aquela princesa de uma figa... – Grunhiu Koharu cerrando os punhos – Fazendo as coisas por debaixo do nosso nariz...

—Ela sabia que nós seríamos contra – Resmungou Homura se sentindo derrotado – Essa lei é muita burocracia.

—Eu concordo, é complicado demais – Concordou Shikamaru cruzando os braços – No entanto, ela permite ver quem realmente vai ser um ótimo Hokage.

—Como assim? – Perguntou Koharu mostrando interesse.

—Naruto recebeu 100% de aprovação com o povo e o Daimyo não precisou de dois minutos para dar a sua aprovação – Shikamaru sorria de satisfação ao contar isso – Assim que ele pôs aquele chapéu... As coisas melhoraram, e muito.

O Nara deu uma breve resumida do mandato do Rokudaime Hokage e os conselheiros baixaram a cabeça se sentindo culpados. Os dois sempre acharam Naruto muito imaturo e indigno do chapéu. Mas agora que eles viam o que ele fez pela vila em tão pouco tempo, os dois perceberam que deveriam repensar urgentemente sobre algumas opiniões e visões.

—E então... o que quer que nós façamos? – Perguntou Homura confuso – Agora que não podemos nomear um Hokage diretamente... Não consigo pensar em nada que possa resolver essa situação imediatamente.

Koharu suspirou concordando.

—Bom, no momento eu estou atrasado para um compromisso – Alegou Shikamaru de forma despreocupada enquanto se levantava e abria a porta – Mas que gostaria que vocês procurassem a carta que o Naruto deixou. Eu o vi escrevendo, ele guardou em um pergaminho e usou a mesma técnica de selamento que ele usou em vocês. Infelizmente, eu não sei onde aquele idiota escondeu.

—Você está mandando dois idosos vasculharem uma vila inteira atrás de um pergaminho? – Perguntou Koharu forçando uma voz cansada.

—Ah! Façam-me o favor! Vocês dois dormiram por 6 anos enquanto nós trabalhávamos duro! – Shikamaru abriu a porta e se virou pra sair – Além do mais, estamos falando do Naruto... O pergaminho é bem chamativo... é parecido com o do Jiraya.

—Sério...? – Perguntou Homura apoiando a cabeça na mão – É como esconder um diamante sob a luz de um holofote...

—Você disse que ele usou o Eien no Anzen pra selar ele – Observou Koharu com a mão no queixo – Mesmo que achemos o pergaminho, não temos a “chave” pra abrir o “cofre”.

Shikamaru disse que ele usou uma versão um pouco melhorada. O “cofre” que guardava a carta estava trancado com uma “senha” e não uma “chave”, tornando-o mais seguro. O Nara também falou que não sabia a senha e nem sabia quem sabia ela, mas afirmou que descobriria o quanto antes.

—Além da dor de cabeça... Já vi que vamos ter dor nas pernas – Resmungou Homura pensando se Konoha havia expandido muito.

Shikamaru riu e saiu da sala. Ele ainda tinha mais uma reunião pra ir. Felizmente essa não necessitaria de sacrifícios de sangue e não teria tartarugas falantes. Infelizmente, ele precisava se arrumar formalmente para ela.

—Eu odeio usar kimono... – Disse o Nara pra si mesmo.

Ele acendeu mais um cigarro e começou a fazer o caminho em direção ao Clã Nara.


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Notas finais do capítulo

Na imagem temos o guardião da Shion, Sosa Toketsu.
E aí? Gostaram? Vou tentar por imagens que ao menos se aproximem a cada novo personagem que for aparecendo.
Eu estava pensando em fazer alguns especiais contando um pouco mais do que aconteceu no passado (O casamento do Naruto e coisas do gênero). O que acham? Deixem suas opiniões nos comentários, elas ajudam bastante
Então é isso... Tchau.



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