Narrado por Charlie

Logo depois do que aconteceu com Tommy eu fui para o refeitório atrás de Jas e Jeff que conversavam sobre as mensagens que meu irmão e ela tinham trocado. Não prestei muita atenção neles, pois estava concentrada encarando dois par de olhos castanhos do outro lado do refeitório. Eu e Tommy estávamos nos encarando e acho que Katie percebeu porque ela se levantou e saiu. Assim que o sinal tocou eu e Jas fomos para nossa sala e ela continuou falando como Cody era isso e aquilo, e eu apenas assentia e falava “é mesmo? Que legal! Nossa”. Minha cabeça só pensava em Tommy, e em como ele conseguia ser tão… contraditório. Eu não entendo como alguém pode te dizer coisas horríveis e depois te dar um pequeno momento de felicidade dizendo uma frase normal. E não entendo porque fico feliz com isso, não sei o que está acontecendo, pra ser sincera não faço a menor ideia.

— Vamos lá pra casa, Jas? – perguntei assim que saímos da escola.

— Vamos. – respondeu toda animada, não precisei de muito pra saber o motivo de toda aquela felicidade.

— To vendo que vou perder minha melhor amiga! – falei fazendo cara de triste.

— Nunca! – Jas sorriu.

— Vamos meninas? – perguntou Cody chegando perto da gente.

— Vamos, a Jas vai com a gente lá pra casa... – falei dando de ombros e comecei a caminhar na frente em direção ao carro. Assim que vi Tommy encostado nele suspirei, um pouco alto demais.

— Quase babando, suspirando... – falou dando aquele sorriso cafajeste – vou começar a achar que você está apaixonada por mim.

— Você não faz meu tipo! – falei fazendo ele rir.

— É mesmo? – ele perguntou com ironia – eu faço o tipo de qualquer uma!

— O meu você não faz! – sorri com deboche pra ele. – Scott faz meu tipo.

— Aquele idiota? – Tommy pareceu não gostar muito do que ouviu.

— Quem é idiota? – Cody perguntou abrindo a porta da frente para Jas entrar.

— Scott. – Tommy respondeu irritado.

— Ele me parece ser bem legal... – Cody falou fazendo o amigo ficar ainda mais irritado. – ou não. .! – e deu a volta no veículo, e entrou no mesmo.

— Parece que você perdeu o seu lugar na frente! – comecei a rir e entrei na parte de trás, quando fui fechar a porta, Tommy segurou ela e entrou no carro me empurrando.

— Vai mais pra lá sua gorda. – ele ainda estava me empurrando.

— Da pra você parar seu babaca?– indaguei irritada.

— Será que dá para os dois pararem?! – se intrometeu Cody na nossa discussão.

— Vocês dois não tem jeito! – Jas falou rindo. Cody olhou pra ela todo bobo, eu e Tommy nos entreolhamos com cara de nojo.

— Ta entregue Tommy! – Cody parou o carro na frente da casa dele.

— Valeu. – respondeu Tommy abrindo a porta – Tchau casal vinte.

— Não somos um casal... – Jas respondeu sorrindo envergonhada.

— Mas parece! – Tommy riu. – tchau coisa ruim. – falou se referindo a mim.

— Já vai tarde, coisa feia! – dei língua pra ele da maneira mais infantil.

Nós pareciamos duas crianças.

Assim que chegamos levei Jas contra a vontade dela para o meu quarto, porque ela queria ficar conversando com Cody e eu disse que ela é minha amiga, então tem que ficar comigo.

— Eu vou tomar um banho, espera ai.

— Você me faz vim até aqui pra esperar você tomar banho? – eu lhe lancei um olhar mortal – eu espero amiga ! – disse ela dando um sorriso sarcástico.

Narrado por Jas

Eu estava no quarto da Charlie, sozinha olhando para o nada. Esperando ela tomar banho. Eu não estava aguentando ficar ali e saber que Cody estava tão perto de mim. Tudo bem que quando eu o vejo quase não consigo falar, mas só de estar perto dele eu já fico feliz.

— Posso entrar? – escutei a voz dele do outro lado da porta.

— Claro que sim! – me levantei e fui até a porta para abri-la.

Mas ele também teve a mesma ideia e quando a porta abriu, batel com força em mim e eu cai no chão. – de maneira ridícula.

— Você se machucou? Ta tudo bem? Vem deixa eu te ajudar! – Cody se abaixou e me ajudou a levantar.

— Estou bem! – disse ainda me recuperando do tombo. Ele começou a rir – Não foi engraçado tá!  – falei irritada 

— Foi sim...! Você fica ainda mais linda quando faz esse bico, sabia?! – ele passou a língua no lábio inferior, e eu acompanhei com os olhos, não resistir e quando dei por mim estava mordendo os meus lábios. – Você não devia fazer isso na minha frente – Cody olhou para a minha boca.

— Porque? – indaguei e ele deu um passo a frente ficando mais perto de mim.

— Porque eu posso não resistir, Jas. – ele olhou nos meus olhos.

— Resistir há que? – eu sabia exatamente do que ele estava falando, mas queria escutar da boca dele

— Em beijar você. – eu mordi os lábios de novo e o olhei.

— Então não resista!

Ele se aproximou mais, ficando a centímetros de mim. – Olhei para os seus lábios, querendo senti-los nos meus – só eu sei o quanto esperei por esse beijo e ele ia finalmente acontecer. – Cody sorriu ao perceber que eu ainda estava olhando pra sua boca. Ele levou sua mão até minha bochecha e começou a fazer carinho com o polegar, deixando ele ir até minha boca, fechei os olhos ao sentir seu toque.

— Você quer que eu te beije? – ele perguntou baixinho.

— Me beije, Cody. – Então ele me puxou pela cintura e nossos corpos se encostaram, como se estivessem colados um ao outro.

Eu senti seu hálito quente perto da minha boca, minha respiração estava desregulada, meus olhos já estavam fechados. Seus lábios encostaram de leve nos meus, até que...

— Jas, eu preciso te contar uma cois… – na hora em que nós escutamos a voz da Charlie, nos separamos rapidamente – Me desculpa gente! – ela estava segurando o riso.

— Estraga prazer! – Cody falou olhando irritado para Charlie.

— Eu não sabia que vocês estavam quase se agarrando...! – Charlie começou a rir.

— A gente não estava quase se “agarrando” era pra ter sido um beijo, se você não tivesse atrapalhado! – falei sem pensar, deixando Cody surpreso.

— Só que meu quarto não é motel! – Charlie continuava rindo.

— Não liga pra essa chata, Jas. – Cody disse se aproximando de mim – a gente vai ter muito tempo pra isso. – ele falou perto do meu ouvido. Senti um arrepio percorrer meu corpo. Ele se afastou e virou para falar com a irmã. – eu vou começar a fazer o almoço e quando você terminar aqui, pode indo me ajudar, Charlie!

— Ta bom. – resmungou. – desculpa mesmo viu, eu não sabia o que estava acontecendo aqui. – ela tentava segurar o riso.

— Cala boca por favor! – eu disse começando a rir.

        (...)

Eu estava em pé na cozinha, observando Cody sem camisa com um avental de cozinheiro. – Ele era gostoso, era muito e eu tive que me controlar para não começar a babar. Charlie notou minha cara de quem estava quase babando e se aproximou.

— Eu to vendo a baba escorrendo pelo canto da sua boca... – falou abrindo a geladeira – nossa genética é boa viu!

— A sua eu não sei... – disse sem tirar os olhos de Cody. – mas a do seu irmão com certeza é!

— Sua tarada! – Charlie falou um pouco alto demais, atraindo a atenção de Cody.

— Quem é tarada? – ele perguntou com curiosidade.

— Jas! – respondeu sorrindo provocativa pra mim. – acredita que ela estava olhando seu corpinho, irmão?

— Cala a boca, Charlie! – mandei sentindo o rubor tomar conta do meu rosto.

— Isso é verdade, Jas? – ele me perguntou com um sorriso, que eu descreveria como safado.

— É claro que não! – Lancei um olhar mortal em direção a Charlie, que estava rindo da situação.

— Uhum... – Cody falou ainda com aquele sorriso nos lábios.

— Jas pega o suco ai na geladeira e coloca ali na mesa. – fui até a geladeira, e não vi suco nenhum.

— Só tem refrigerante.

— Pode ser também! – Charlie falou.

Levei o refrigerante até a mesa e servi nos dois copos que estavam lá em cima, mas nós eramos três. Quando me virei dei um encontrão com a Charlie, que derrubou água em mim.

— Charlie! – resmunguei – caramba você me molhou toda, olha isso...

— Foi sem querer. Desculpa! – vi que estava sendo sincera.

— Porque você está com esse copo? – perguntei olhando para o copo, agora vazio.

— Você sabe, eu não tomo refri... – deu de ombros. – vem eu te empresto uma roupa.

— Isso é muito curto! – tentei abaixar o short na frente do espelho.

— Você que é muito alta, Jas. – respondeu Charlie – da pra quebrar um galho... Vamos logo, to com fome.

— Vai indo na frente. – eu disse – vou procurar outra coisa aqui.

— Ta bom, só não demora! – e saiu do quarto.

Revirei o armário da Charlie e todas as roupas pareciam pequenas em mim, eu ia ter que ficar com esse micro short e essa blusa quase mostrando a barriga.

(...)

Cody arregalou os olhos ao me ver, eu estava com muita vergonha, Charlie continuava comendo normalmente.

— Cuidado pra não babar! – Charlie falou rindo – eu sei que minha amiga é linda.

— Eu to vendo que ela é linda... – Cody não tirou seus olhos de mim.

— Para gente! – pedi envergonhada. – parece que vocês nunca me viram.

— Não sou eu, é o Cody que está quase babando em cima da comida.  

— Eu nao tenho culpa se ela é linda! – seus olhos ainda estavam em mim, foi inevitável não sorrir.

Depois que nós almoçamos, ficamos vendo TV e escutando as críticas de Charlie sobre os programas. Quando olhei no relógio do meu celular já eram quase cinco horas da tarde, eu precisava ir pra casa.

— Eu tenho que ir... – falei me levantando para ir pegar minha bolsa e minha roupa que estavam no quarto da minha amiga.

— Mas já? – perguntou Cody decepcionado.

— Sim...! – eu disse fazendo cara de triste.

— Vocês vão se ver de novo, caralho! – Charlie falou  revirando os olhos. – quanta melação. – e fez como se fosse vomitar.

— Fica quieta! – Cody falou rindo. – quer que eu te leve?

— Quero.. –  respondi sorrindo tímida pra ele. – só vou pegar minhas coisas.– Fui no quarto da Charlie praticamente correndo e peguei minha bolsa, troquei de roupa, já que a minha tinha secado.

Quando cheguei na sala vi Cody parado na porta com a chave do carro na mão.

— Vamos?! – perguntei – Tchau Charlie. – fui até ela que estava sentada no sofá e dei um beijo na sua bochecha.

— Tchau – sorriu – cuida dela em Cody! – ela gritou quando estávamos na porta da casa.

— Claro que eu cuido. – Cody disse olhando com carinho pra mim.

Fomos em direção ao carro e ele abriu a porta para que eu entrasse, como sempre faz.

Eu agradeci e entrei no veículo. Cody deu a volta e entrou também, dando partida. – Fomos conversando o caminho todo até chegarmos na frente da minha casa. Eu tirei o sinto de segurança e me virei para olha-lo.

— Obrigado por ter me trazido até em casa... – eu sorri pra ele.

— Por nada. – ele respondeu – mas… você poderia me agradecer melhor, não acha?! – um sorriso malicioso estava no seus lábios.

— Como? – perguntei tímida.

— Assim...

Cody aproximou sua boca da minha, e roçou seus lábios de leve nos meus, me fazendo fechar os olhos. – eu necessitava daquele beijo.

— Acho que você quer isso tanto quanto eu..! – ouvi ele falar baixinho, fiz que sim com a cabeça.

Ele mordeu meu lábio inferior devagar, depois encostou seus lábios nos meus e minha boca foi se abrindo instintivamente. Sua língua pediu passagem e eu permiti. – Suas mãos estavam na minha cintura e as minhas foram parar na sua nuca, eu o puxava mais pra mim e nosso beijo foi ficando mais intenso. Ele explorava cada canto da minha boca com a sua língua, as vezes mordia ou chupava meus lábios, mas infelizmente o ar estava faltando e nós tivemos que parar.

Nossas testas estavam coladas e nossas respirações desreguladas.

— Você já tem que ir pra casa? – ele perguntou a contra gosto.

— Acho que eu posso ficar um pouco  mais...! – sorri pra ele.

— É mesmo?! – ele deu um sorriso safado. – então vem cá.

E mais uma vez senti a boca dele contra a minha.  – Aquele beijo foi muito melhor do que eu imaginei, Cody era melhor do que eu imaginei.