A conversa com Killian não tinha saído como Emma desejava, embora no fundo ela soubesse que não tinha um modo fácil de terminar com o moreno e contar sobre sua relação com Regina tudo de uma vez.  Ela esperava fazer tudo por etapas, primeiro terminar com Jones e depois contar sobre seu envolvimento com Regina. Emma não queria magoar Kill, mas agora estava feito, e não tinha mais volta.  Agora tudo que Emma queria era correr de volta para braços da mulher que amava e dizer finalmente que ela estava livre. Elas poderiam enfrentar qualquer coisa juntas, sem medos e culpas as assombrando. Mas uma ligação de trabalho impediu Emma de realizar seu desejo, e por mais que loira não quisesse atender ao telefone, quando olhou o numero no visor não teve escolha.

— Que droga, agora não. – A fotografa murmurava para si mesma enquanto atendia ao celular. – Oi Cris, onde é incêndio? – Emma disse já sabendo que era seu assistente do outro lado da linha.

 – Emma o incêndio vai ser na produtora se você não vir para cá. E todos ficaram sem emprego. Robert está louco porque temos três campanhas atrasadas e ninguém tem ideia dos seus planos para fotos. – Cris respondeu completamente nervoso.

— Ei, se acalme Christopher a super Emma está a caminho. Só deixe meu café pronto que dou um jeito no resto.

— Tudo bem chefinha você é quem manda.

 Emma trocou mais algumas palavras com seu assistente antes de desligar e sair correndo para a produtora onde trabalhava. Quando chegou ao trabalho, estava tudo de pernas para o ar a loira demorou mais do que imaginava para botar tudo em ordem. Quando saiu da produtora passava das quatro da tarde, as crianças e Regina certamente estariam em casa e Emma poderia conversar com todos de uma vez. Emma dirigiu feliz ate a casa dos Mills, desceu do carro com sorriso no rosto.

 Ao chegar à porta dos fundos por onde costumava entrar para manter a descrição, percebeu que algo estava errado, uma gritaria incomum vinha de dentro da casa e Emma reconheceu de imediato, aquelas vozes. Eram Killian e Regina tendo uma discussão nada amigável. Gritos e mais gritos e tomada por seus impulsos Swan perdeu a cabeça e entrou sem bater. Emma parou no corredor que ia da sala a cozinha e pode finalmente ouvir tudo que falavam melhor. 

— Você não podia ter feito isso comigo Regina. E ainda colocar nossos filhos no meio. – Killian gritava. – Emma ia ser mulher isso tudo era para se vingar.

 – Para o inferno Killian Jones o mundo não gira em torno de seu umbigo. E não venha dar uma de pai arrependido agora, porque quando seus filhos mais precisavam de você, você não estava aqui. – Regina se defendeu.

— Eu sempre fui um bom pai para os meus filhos Regina. E isso você nunca poderá questionar isso.

 – Você foi por um tempo Killian. Depois quando as coisas se tornaram difíceis, tudo que você fez foi se afundar no trabalho e deixar sua família em segundo plano. Quando nosso casamento entrou em crise você si quer se esforçou para salvar o que tínhamos. E na primeira oportunidade desistiu de nossa família e de nós.

— Isso não tem nada ver com meus filhos Regina.

— Nossos filhos. E tem tudo a ver sim. Porque quando você começou a refazer sua vida você não pensou neles. Não seja hipócrita. Quanto a Emma eu não seria baixa a ponto de usa-la para uma vingança contra você. Eu não planejei me apaixonar por ela Killian as coisas só aconteceram e ninguém tem culpa por isso. Você viveu por mais doze anos comigo e não me conhece, sou uma mulher e não uma adolescente mimada que planeja uma vingançinha contra o ex.

 – E o que quer que pense Mills? – Jones a questionou. – Eu vi vocês aos beijos entrando na nossa casa, fazendo sabe lá o que deixo do mesmo tempo onde meus filhos dormiam.

— Essa, é a minha casa e não sua. E pare de ser fazer de traído e vitima. Você transou com Emma no chuveiro e sua filha presenciou isso e você nem ao menos se deu o trabalho de conversar com ela. E quem você pensa que é para ficar me espionando ou para me julgar por algo?

— Você ficou com ela porque então Regina?

 – Porque eu amo a Emma Killian, como jamais pensei que fosse amar alguém e não vou me desculpar com você por isso. – Regina confessou desesperada.

— Eu nunca vou permitir que meus filhos, presenciem isso Regina Mills, está entendendo. – O moreno disse perdendo a razão e andando em direção a Regina. Emma temeu e resolveu interferir indo em direção à sala, antes que Killian perdesse a cabeça.

— Chega Killian. Você não tem o direito de falar assim com Regina. – Emma falou querendo demonstrar sua presença.

— Sobre meus filhos você não palpita Swan. – Jones disse amargo.

 Quando Emma ia rebater algo Regina sentiu uma tontura e loira correu na direção dela a, amparando em seus braços.

 – Amor você esta bem? – Emma perguntou a Regina desesperada.

— Eu estou bem Swan. Foi só uma tonteira, só preciso me sentar um pouco. – Regina respondeu a Emma, querendo passar calma a loira no meio daquela situação tensa.

— Vem senta aqui. Emma ajudou Regina a se sentar.

Na escada escondida desde que toda a gritaria tinha começado, estava Anna assistindo a cada cena e ouvindo cada palavra dita pelos pais. Ainda estava em choque tentando acreditar, que todas as aquelas coisas tão duras e injustas tinham sido ditas pelo seu pai a mulher que ele um dia disse amar, e que agora estava doente e precisando de apoio de não de julgamentos. Anna sentiu raiva, e decepção por saber que seu pai pensava e agiu daquela forma. E na sua frente agora via Emma tendo uma atitude completamente contraria, Emma estava cuidando de sua mãe mesmo a situação sendo tão complicada, ela não tinha desistido e ainda estava lá por sua mãe, e consequentemente por ela e por Ben também. O coração da garota se quebrou em mil pedaços pela atitude do pai, mas se encheu de esperança pelo gesto de Emma, e quando seu pai ameaçou dizer algo mais, Anna saiu de seu esconderijo para dizer tudo que seu coração há muito tempo guardava.

— Emma você devia ir embora. – Killian sugeriu.

 – Não, ela não deveria não. – Anna interrompeu descendo as escadas. – Você devia ir embora pai.

 – Anna... Filha. – Killian tentou dizer algo, mas a menina não lhe deu a menor chance de continuar a frase.

— Eu não quero ouvir nada pai, porque já ouvi tudo que você pensa da minha mãe e da Emma.

 – Anna você sabe o que está acontecendo entre sua mãe e Emma? – Jones questionou a filha.

— Sim eu sei.

 – Você está bem com isso filha?

 – E porque eu não estaria? A mamãe esta feliz. Emma cuida dela, a protege e está sempre por perto.

— Anna você sempre odiou a Emma. Sempre fez tudo para que me separasse dela, e agora você me diz que está de acordo que ela e sua mãe tenham um relacionamento.

— Eu nunca odeie a Emma pai. Eu odiava a Emma com você é diferente. Era estranho eu me perguntei mil vezes porque eu odiava uma pessoa que fazia você feliz, eu devia ficar bem com isso. Só que nunca aconteceu, ate a Emma e mamãe começarem as brigar e algo mudar. Mamãe mudou e a Emma também. Eu não entendi no começo ate eu ver elas se beijando no dia em que a Emma trouxe o Ben para casa e a mamãe passou mal. Ela pegou minha mãe no colo e levou para dentro com tanto cuidado e amor papai sem se importar se as pessoas veriam. O jeito que ela olhou para minha mãe, foi de jeito que ela nunca olhou para você. E eu vi minha mãe sorrir de uma forma tão bonita. E ela nuca sorriu assim para ninguém antes nem mesmo para você enquanto eram casados.

 – Anna isso tudo é besteira filha. Você só esta confusa com toda essa situação.

 – Não, não é besteira é a verdade. A verdade do porque as coisas funcionam com mamãe e Emma juntas, mas não funcionam com você. Você desistiu de nós quando tudo ficou difícil, você criou outra vida e nos impôs a ela sem nem ao menos pensar em mim e no Ben. Com você Emma é sempre pensa em te agradar e fazer tudo só por você pai. Com a minha mãe ela faz sem esperar nada em troca e mesmo quando a mamãe a manda embora. Emma fica, e luta pela mamãe, ela luta por nós e pela nossa família. E você nunca fez isso. O que me fez aprender a amar a Emma pai, é que ela nunca desiste de nós e você sempre desistiu. – A menina confessou tudo com lagrimas nos olhos.

Regina ouviu tudo nervosa querendo se levantar do sofá e ir ate a filha, mas Emma a impediu, pois a morena ainda estava pálida.

— Você não tem o direito de falar essas coisas para mim Anna Mills Jones. Sou seu pai e ainda me deve respeito.

 – Killian já chega. – Emma tentou acalmar a situação.

— Não se meta Emma, isso tudo é culpa sua.

 – Não é culpa dela. E só disse o que estava sentindo pai, agora vai embora. Minha mãe está passando mal por sua culpa, e se alguma coisa acontecer a ela. Eu juro que nunca vou te perdoar.

 Ao ouvir as palavras da filha e olhar para Regina nos braços de Emma, Killian ponderou toda situação, aquela discussão tinha chegado longe demais, e não havia nada que pudesse fazer, ao menos não naquele momento. O melhor era ir embora e foi o que ele fez sem dizer nada. Killian estava ferido e seu emocional em frangalhos, as palavras da filha o atingiram, em cheio e ele ainda precisava digerir tudo. Saiu batendo a porta sem olhar para trás. Anna si quer prestou atenção quando pai saiu e se voltou para sua mãe que estava deitada no sofá.

 – Mãe você esta bem? – Anna perguntou preocupada.

 – Estou apenas tonta. Logo vai passar.

— Anna isso é apenas efeito colateral da medicação que sua mãe está tomando. Ela só precisa ficar um pouco deitada e logo se sentira melhor. – Emma disse explicando para que menina ficasse mais tranquila.

 – Filha você quer conversar? – Regina mudou de assunto com certo receio.

— E vamos falar do que? Sobre o papai ser egoísta ou sobre você e Emma estarem juntas e acharem que enganam a mim e o Ben? – Anna respondeu fazendo uma carinha sapeca.

 – Sobre seu pai é complicado. E sobre a Emma e eu... Bem... Quer dizer... – Regina se perdeu em meio às palavras. – Isso é tão difícil de dizer. – Regina confessava escondendo o rosto entre as mãos. Emma a abraçou e automaticamente ela deitou sobre o ombro da loira, Anna achou aquilo extremamente fofo.

— Ai meu Deus isso é tão fofinho mamãe. Pensei que seria eu a ficar com vergonha ao dizer que estava namorando.

— Anna pega leva. – Emma disse sorrindo percebendo que aceitação da garota era obvia depois de tudo que tinha presenciado ali.

— Não se vocês forem continuar se agarrando pela casa e não contarem a verdade.

 –Ainda precisamos conversar, quer dizer Emma e eu Anna. Mais se você está bem com o que está acontecendo entre mim e a Emma, não vai haver mentiras tudo bem. – Regina respondeu finalmente com toda coragem que tinha.

—  Eu só quero que você seja feliz mãe, é isso que importa. E não se preocupe com Ben, já conversei com ele sobre isso e ele adorou a ideia.

 Regina e Emma sorriram diante da resposta de Anna em meio a tanto caos as coisas pareciam caminhar para algo melhor.

 – Vou deixar vocês conversarem. – Anna informou e começou a subir as escadas.

Na metade do caminho ela olhou para trás e Emma olhou em sua direção.

 – Não desista de nós Emma, não no primeiro tombo. – A garota pediu.

— Nunca vou desistir Anna.  E mesmo se cairmos dez vezes nós levantaremos doze e seguiremos em frente sempre juntos, eu prometo.

A resposta deixou Anna tão segura que ela nada mais disse e apenas voltou a subir as escadas em direção ao seu quarto. Por mais que tudo parecesse estar bem, Regina sabia que as coisas não estavam bem. Havia tantas coisas entre elas que ainda precisavam ser ditas.

— Emma nós precisamos conversar. – A morena disse tensa.

 – Eu estou aqui e sou toda, ouvidos Regina. – Emma respondeu segura.  

— Eu não sei o que fazer Emma, tudo saiu do controle. Killian, Anna, nós...

 – Não termina essa frase, não diz que foi errado o que vivemos ate aqui Regina, por favor, não faz isso.

— Não foi um erro Emma. Foi a melhor coisa que já aconteceu na vida depois dos meus filhos, mas eu quero ser realista. O que eu tenho...

 – Chega nem precisa começar, eu estou de saco cheio de você usar o maldito câncer, como justificativa para me afastar Regina. Ninguém mais na droga desse mundo está com mais medo que eu de perder você, mas o pior que medo é a incerteza, e o medo de você desistir por eu não ser suficiente para você. Eu acabei de prometer a sua filha que não ia desistir de nós não importasse a situação e não vou. Eu não sou o Killian Regina, eu não desisto no primeiro tombo, eu me levanto e continuou a lutar, porque é isso que faz pelas pessoas que a gente ama. E eu te amo tanto que chega a doer quando estou longe de você.

Regina tinha os olhos cheios de lagrimas ela não queria sujeitar a Emma a enfrentar algo tão doloroso, mas também não queria perde-la.

— Eu só não quero que você sofra Emma. – Regina se lamentou. Emma a abraçou forte querendo passar confiança.

— Eu só vou sofrer se não estiver com você, eu não tenho medo da sua doença. Eu tenho medo de não estar com você todos os minutos, segundos e dias que tivermos. Então pare de pensar no amanhã ou no depois e vamos viver o agora. – Emma disse firme.

— Você vai sempre ficar mesmo se eu te mandar embora não é Swan?

 – Sempre Mills.

— Então me abrace Emma e me faça esquecer todos os meus medos de amar você por completo.

 E foi o que Emma fez segurou Regina em seus braços como se sua vida dependesse disso. E no fim dependia. Elas trocaram carinhos afagos disseram inúmeras vezes que se amavam e fizeram promessas intermináveis, era um novo caminho e nova fase, difícil e complexa. Só que a diferença era que agora não havia incertezas ou duvidas. Elas queriam estar juntas a todo custo e estavam dispostas a pagar qualquer preço por isso