Rose acordou tonta. Era 31 de Julho. Iria chegar hoje a lista de materiais para o seu quinto ano em Hogwarts. Olhou no relógio. Sete horas. Era um horário estranho naquela casa, pois, para Rony, ainda faltavam três horas para o dia começar. Para Hermione, já começara há meia hora. Já para Hugo, era o horário central. Para Rose, tanso fazia, desde que estivesse com um abafador nas orelhas, para não ouvir os gritos.

Mas a garota não estava com sono. Levantou da cama e se direcionou à cozinha, para comer uns bacons.

-Ah, Rose! Chegaram cartas para você! Três, mas precisamente. Deixei aqui em cima da mesa.- sua mãe saudou-lhe logo que entrou no cômodo.

-Bom-dia para você também.- disse mal-humorada de fome. Hermione olhou-a sarcástica, mas foi interrompida pelos pios de Muun, a coruja da família, pedindo comida.

Rose sentou-se a mesa, colocando uma mecha de seu cabelo ruivo, desgrenhado pela noite, atrás da orelha e pegou a primeira carta. Era de Hogwarts.

Cara Srta. Weasley,

Seu abaixo-assinado possibilitando a possibilidade de moletons das respectivas Casas a cada estudante foi aceita. Entrará em viges no primeiro dia letivo, 01 de Setembro.

Atenciosamente

Minerva McGonegall

Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Aquilo. Ela e os nascidos trouxas, mestiços e outros non-trouxofóbicos haviam organizado um abaixo-assinado para a escola substituir aquelas vestes grotescas por confortáveis moletons-uniformes.

A ruiva colocou ao lado esta e pegou a segunda. Era de Scorpios.

Oi, ruiva.

Acordei inspirado e resolvi escrever-lhe. Você pode negar, mas eu acredito que o que aconteceu ano passado na festa de Natal do Slughorn foi alguma coisa relevante, não?

Vou lembrar daquilo para sempre.

Beijos.

Scorpius.

Rose ficou com raiva daquelas palavras, e resolveu responder. Pegou pena e pergaminho e escreveu.

Malfoy,

Sim, eu recebi sua carta, e tenho que admitir, você é realmente mais sem-noção do que eu pensei!

Não sei como você descobriu meu endereço, mas nunca mais escreva para ele de novo!

Olha, não sei qual foi aquela coisa relevante da qual mencionou, pois, até onde eu sei, o que rolou foi só um beijo. De uma garota bêbada. Você é um Malfoy e eu uma Weasley. É tipo Romeu e Julieta: não tem potencial para dar certo, ainda mais quando a Julieta em questão não está apaixonada pelo Romeu.

Até nunca, espero.

Rose Weasley

Aquilo havia sido duro, ela sabia, mas não havia outra saída. Aquele garoto tinha fama de mulherengo, se a garota desse uma chance, como sua prima Lily sempre fazia questão de frisar, se se envolvesse, ele poderia dilacerar seu coração. Era bom aquele ponto final. Embora, internamente, ela queria que fosse apenas reticências...

Suspirou. Fechou sua carta e pegou a última. Bem grossa, com um H vermelho estampado. Pegou a lista de materiais e analisou um pouco. O mesmo de sempre.

-Mãe!- a ruiva chamou.- Quando a gente vai no Beco Diagonal comprar os materiais? Preciso de uniforme novo, também.

-Querida, estamos pensando em ir amanhã, lá pelas seis e meia...

-To fora!- exclamou, apenas pela menção do horário. Mione suspirou e concordou.

-Tabom! Às onze.

-Melhor!- eloucubrou a garota. E entregou-lhe a lista. Recolheu os papéis, quando notou que havia mais alguma coisa no envelope.

Congelou. Puxou algo, trêmula. Apalpou bastante tentando puxar. Quando finalmente o fez, notou um forte brilho, reflexo no sol que insídia através das amplas janelas.

Era uma insignea. E nela estava escrito MONITOR em letras reluzentes.

-Uau! É-é para mim?- indagou ela incrédula.

Hermione estava tão impressionada quanto a filha, completamente sem reação, apenas hipnotizada pelo brilho prateado daquelas letras.

Ao voltar à si, tudo que conseguiu fazer foi gritar:

-RONYYYYYYYYYYYY! A ROSE É MONITORA!

E abraçar a filha. Rony resmungou alguma coisa enquanto se dirigia a cozinha, com metade da cara ainda amassada de sono.

-Que foi, Mione?- disse esfregando os olhos.- Outra barata?

Foi quando seus olhos se encontraram com o brilho do distintivo.

-Rose? Monitora?! Parabéns! Isso aí, seguindo os passos dos pais! Vamos comprar um presente para você! O que quer?

-Calma, pai.- Rose riu.- Eu vou decidir amanhã, no Beco.

-X-

Chegaram à casa dos tios às seis em ponto. Era o aniversário de Harry, e ele havia surtado tanto que fez um feitiço para sua casa ficar muito maior, afinal, havia dado de convidar todo mundo que conhecia. E isso queria dizer, infelizmente, na opinião de Rose, que lá vinha Scorpius.

Gina abriu a porta com um sorriso, e pelo som, notava-se que realmente a festa já estava rolando.

Em meio às paranóias do tio em relação à festa, ele conseguira que As Esquisitonas tocassem por um preço bem em conta.

Os quatro entraram na casa cumprimentando a todos. Até que chegaram nos Malfoy. Hermione e Rony tentaram não deixar transparecer o ódio. Mas Rose não conseguiria olhar para a cara de Scorpius, então fez que nem viu e seguiu para dizer 'oi' aos Longbotton.

E assim a festa foi decorrendo. Rose ficou o tempo todo conversando com sua prima Lily, até que ela foi ao banheiro e Rose aproveitou para escapar para a sebe. e ficou lá, apenas sentindo a brisa, quando uma voz familiar lhe tirou de seus devaneios.

-Enfim à sós.- ele sentou-se de seu lado.

-O que você quer, Malfoy?- indagou completamente fria e seca, sem sequer mexer a cabeça.

O loiro não respondeu, apenas puxou seu pescoço para mais perto, unindo seus lábios.

A garota fechou os olhos, só sentindo o cheiro de Scorpius e se derretendo toda.

Uma mão forte lhe enroscava à cintura e a outra unia seu rosto. Ela, por sua vez, passava as mãos ao redor de seu pescoço, afagando seus cabelos quase brancos,

Eles ficaram lá por bastante tempo, até que uma voz os tirou do mundo mágico que vivenciavam.

-Ai, ai, deixa o tio Rony saber disso...- Lily disse um pouco sarcástica. E virando-se para o garoto, que estava muito corado, acrescentou- Cuida bem dela, ta me entendendo?

Ele assentiu assustado, se levantou e foi embora.

-Já volto.- Rose disse à Lily, seguindo o amado.

Num passo firme, manteve-o sempre à olhos, até que ele finalmente parou.

-Ei, Scorpius, posso te perguntar uma coisa?

Ele se virou, encarando-a com uma expressão apaixonada.

-Claro.

-Aquilo foi só de zoar, como você faz com todas as meninas ou você realmente sente aquilo... por mim?

Ele encarou o chão.

-Rose, sei que todos dizem que eu sou mulherengo, mas a verdade é que eu não sou, não. Eu já fiquei com duas garotas na minha vida. A Marlee e você.

Rose encarou o chão. Marlee havia sido a paixão de Scorpius no segundo ano. Ela costumava ser sua melhor amiga, mas vê-la com seu amor causou uma briga. As duas nunca mais se acertaram.

-Você realmente gostava dela?

-Não! Me sentia atraído? Sim, mas gostar, efetivamente, não. Eu sempre te amei, Rose, desde antes de eu namorar a Marlee. Sei que é errado, mas quando eu namorei ela, sempre pensei em você.

-Mas e todas aquelas suas ficantes de festas?

-Não fiquei com nenhuma. Só queria ver se alguém me fazia sentir como você me faz.

A garota finalmente levantou os olhos e encarou aqueles lindos olhos cinzentos.

-Você acha que pode dar certo? Quer dizer, haver um nós?

-Se quisermos...

-Eu estou disposta a tentar.

-Que bom! Porque eu também.

Ele puxou-a para mais um longo beijo. E aquilo lhe deu ainda mais certeza: era isso o que queria.