Dreamnot - Predadores e Presas escrita por Rafael Stabenow


Capítulo 1
Desmond Baltran


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste!



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"Sete anos, um mês, duas semana, três dias, treze horas, cinquenta e quatro minutos e doze segundos" era a contagem na mente de Desmond. A fixação numérica era algo que tinha desde jovem. "Um meio de manter a sanidade" ele dizia quando lhe perguntavam o porque. A contagem permanecia incessante, como um vício, um costume tão antigo e prático que ele era capaz de fazer varias contagens paralelas. "Cento e duas gotas de chuva" pensava quando mais uma acertava sua cabeça já molhada.

Haviam retirado a armadura negra que lhe era característica e deixaram seu corpanzil nu no meio daquela imunda cela. Acorrentaram todos os seus membros, além do pescoço, à parede. Uma garantia para que o "Cavaleiro da Morte" não escapasse. Não lhe davam água ou comida, afinal, ninguém se atrevia a entrar no mesmo recinto onde ele estivesse. Todos morrendo de medo.

Desmond era alto, muito mais alto que a maioria dos homens. Ultrapassava os dois metros de altura. O corpo musculoso repleto de cicatrizes indicava o quão batalhador ele era. Os calos das mãos indicavam sua habilidade no manejo da espada, como se ela fosse parte do próprio corpo e se encaixasse perfeitamente entre os calos. Os cabelos prateados eram uma característica da família Baltran, o comprimento no entanto era um toque pessoal de Desmond. Os olhos de iris brancas entregavam sua natureza e espalhavam o medo muito mais que seu tamanho ameaçador, afinal, apenas os mortos não tem cor alguma em seus olhos.

"Sete anos, um mês, duas semana, três dias, treze horas, cinquenta e nove minutos e cinquenta segundos" prosseguiu em sua contagem "Cento e vinte gotas de chuva". Alguém abriu a pesada porta de ferro deixando a fraca luz de uma tocha entrar, mas não apareceu figura humana alguma, ao invés disso um cachorro magro e feio foi chutado para dentro da cela de pedra.

Não... - murmurou Desmond ao ver o canino com trejeitos desconfiados e olhar perdido. O cheiro feria o olfato do animal e inibia seu habito de farejar. Olhou para porta onde havia entrado e parecendo saber que ela não se abriria de novo, acuou-se em um canto - cachorros não. Eu gosto deles.— Não demorou muito para que a respiração do animal começasse a ficar ofegante, aumentando em frequência e depois em ritmo. Logo respirar era um fardo. Difícil. Um peso. O animal deitou-se buscando uma posição confortável, mas também porque não tinha força para se sustentar em estação. Desmond não olhava para ele, não queria ver aquilo. O cão começou a emitir chiados e ganidos, não de dor, mas de inconformismo, sabendo o inevitável fim que se aproximava. O coração estava lento, não batia com força. O diafragma tentava expandir-se, mas não chegava nem a um terço de sua capacidade e isso prejudicava os pulmões, já cansados. Lentamente as forças vitais do bicho acabavam e como um sono incapaz de ser suportado o animal fechou seus olhos. Eles não se abriram mais.

Sete anos, um mês, duas semana, três dias, quatorze horas, seis minutos e doze segundos. Cento e quarenta e quatro gotas de chuva. Mil e seiscentos e setenta e um ratos mortos. Um cachorro morto— murmurou friamente vislumbrando tudo ao seu redor: As grossas paredes de pedra negra, úmidas e com nada crescendo nelas. As correntes tão grossas e pesadas que ele mesmo tinha dificuldade de se mexer e pareciam fazer questão de incomoda-lo. Ao seu redor, cadáveres de ratos apodreciam liberando o fedor pujante. Agora, junto aquelas carcaças podres se juntara a de um cão que não fazia qualquer ideia do que lhe esperava quando alguém pegou ele na rua

Quando eu sair daqui, haverão quarenta e quatro corpos humanos junto as carcaças de animais.


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Notas finais do capítulo

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