P.O.V. Jess.

Não sei como a Hebe me convenceu a ir num show de heavy Metal, mas convenceu. E aqui estamos nós no Vale da Morte bem na primeira fila.

–Ele deve ser ainda mais lindo ao vivo.

–Claro.

Disse ironicamente. Eu nem sabia de quem era esse show.

Tochas se acenderam e o show começou. Estávamos saindo quando um homem de terno me para.

–Ei!

–Sim? Eu esqueci alguma coisa lá?

–Não benzinho, ele quer você hoje.

–Ele quem?

–Lestat.

–O tal vampiro?

–O próprio.

O homem já ia me empurrando pra dentro de um carro.

–Deixa eu sair!

Infelizmente o cara nem ligou.

–Não precisa fingir.

–Por favor, eu quero ir pra casa. Deixa eu ir embora por favor!

Mesmo estando apavorada, eu me lembrei do que a minha tia Maharet sempre me dizia:

"-As garotas da família Reeves não choram de medo, elas lutam até o amargo fim."

–Tudo bem tia, acho que agora é a hora de eu provar minha coragem.

–Chegamos.

Ele me ofereceu a mão, mas eu não peguei. Desci do carro sozinha.

–Podemos?

–Claro.

Ele me levou até uma sala super gótica que dava medo.

–Caraca! Esse lugar parece um castelo assombrado.

–E isso não lhe agrada?

Dei um pulo e olhei pra ele.

–Samantha.

–Que?

–Qual o seu nome?

–Jessica.

–É um prazer conhecê-la Jessica.

–Igualmente senhor.

P.O.V. Lestat.

Quando a vi na plateia o meu coração inerte deu um pulo. Figurativamente falando.

Eu era noivo antes de ser sequestrado e transformado em vampiro. O nome dela era Samantha Reeves.

–Você não está com fome Samantha?

–Meu nome é Jessica.

Ela sussurrou:

–Idiota.

–Porque me acha um idiota?

–Porque dorme com tantas garotas que nem se lembra o nome delas.

–É que... você me lembra uma pessoa.

–Sei. Mas, sim estou com fome e não você não pode se alimentar de mim.

–Então você acredita que sou vampiro?

–Acredito que existem coisas que não podem ser explicadas.

Elas eram tão parecidas.

–Você se destacou na multidão hoje.

–Foi por causa da ausência de maquiagem pesada ou pela minha blusa florida?

–Um pouco dos dois. Você não parece o tipo de pessoa que vai aos meus shows.

–E não sou. Só fui porque a Hebe me convenceu.

–Hebe?

–Minha melhor amiga. Sou mais do tipo que ouve a Taylor Swift e a Carrie Underwood.

–Gosta de música Coutry?

–Música romântica. Não que eu não goste de Evanescence e Linkin Park.

–E gosta da minha música?

–Não. Gosto de entender o que estou ouvindo.

–E não entende o que canto?

–Nem um pouco. Eu só ouço gritos que fazem a minha cabeça doer.

Disse ela esfregando as têmporas.

–Está com dor?

–É. Estou. E quando estou com dor eu fico muito muito muito raivosa! Eu fico furiosa!

Sam também ficava assim quando sentia dores.

–Roger, traga aspirinas.

–Não posso tomar aspirina! Sou alérgica!

–Vou buscar um analgésico.

–Traga algo pra ela comer.

–Certo.

–Tenho alergia a amendoim.

–Existe algo a que você não seja alérgica?

–A homicídio!

Ela voou encima de Roger.

–Cadê a porcaria do analgésico?!

–O último armário da parede da cozinha. Parte de cima.

–Obrigado.

Depois de tomar o remédio ela se alimentou e disse:

–Obrigado, mas eu vou pra casa agora.

–Mas é cedo?

–Cedo? Devem ser três da manhã!

–Vampiro lembra?

–É. Tenho que ir, vou fazer o café da manhã da minha tia Maharet.

Ela pegou a bolsa e saiu.

–Espere!

Ela se virou.

–Eu a verei de novo?

Jessica não respondeu, apenas sorriu.

–Siga-a e certifique-se de que ela chegue em casa e de que ela não o veja.

–Sim senhor.

Como pode essa menina se parecer tanto com Samantha? Será que ela finalmente decidiu cumprir sua palavra e voltar pra mim? Ou seria apenas uma mera coincidência?

Eu não sabia dizer. Mas, talvez Marius soubesse.

–Você tinha razão Marius, sobre o que disse.

–O que eu disse?

–Eu nunca o entendi até conhecê-la. Acho-a linda porque é um ser humano, sua fragilidade, sua juventude, seu coração. Até quando pensa que está magoado.

Tudo isso parece mais valioso do que qualquer coisa que já conheci.

–É. A mortalidade as deixa mais bonitas.

–Ela voltou Marius, voltou pra mim.

–Ela quem?

–Samantha Anne Reeves.

–A filha de Maharet?

–Sim. Eu a vi Marius, ela esteve aqui nesta sala.

–Com que frequência você se alimenta?

–Ela é real Marius! Pergunte a Maharet sobre uma moça chamada Jessica.

–Jessica? Maharet tem uma sobrinha chamada Jessica.

–E como ela é?

–Eu não sei. Maharet a pegou para criar depois que seus pais faleceram num acidente de carro.

–E a quanto tempo isso ocorreu?

–O acidente aconteceu quando a menina tinha cinco anos. O carro de seus pais colidiu com um outro onde estavam um bando de adolescentes bêbados e o veículo que era dirigido pelo pai de Jessica caiu dentro do rio. Eles morreram afogados.

–E a menina?

–Estava em casa com a babá. Mirana e Kenan foram jantar fora para celebrar seu sétimo ano de casamento.

–Então...

–Mirana estava grávida quando casou.

–E como a menina lidou com a perda?

–Não muito bem. Ela passou uns seis anos internada num hospital psiquiátrico e fazendo uma série de outros tratamentos.

–Coitada.

–Ela ainda sofre de pesadelos e insonia. Mas, com a ajuda de medicamentos pesados consegue dormir.

–Pesados?

–Pesados. Faixa preta.