25 - When We Were Young escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 1
25 - When We Were Young (Único)


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Como vocês estão?

Não sei, ao certo, se receberei vivas ou tiros por voltar ao fandom Faberry... Mas, a ocasião é especial. Sim, eu sei que existem duas fanfics minhas em hiatus e eu pretendo voltar a escrevê-las, entretanto, eu precisava me aquecer e redescobrir quem são Rachel e Quinn.

Portanto, chegamos a nossa ocasião especial. Não sei se já escutaram ou se gostam de Adele, mas o álbum "25" é sensacional e algumas músicas me deram ideias para one-shots... Essa é a primeira de uma série que eu estou preparando, com histórias com as duas na faixa dos 25 anos de idade. Não revelarei quais são as outras músicas, mas espero que gostem e continuem acompanhando.

No mais, leiam e se divirtam!



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“Everybody loves the things you do, from the way you walk to the way you move. Everybody is here watching you cause you feel like home, you’re like a dream come true. But, if by chance you’re here alone, can I have a moment before you go? ‘Cause I’ve been by myself all night long hoping you’re someone I used to know.”

Quinn já estivera na Broadway antes, muito por causa dela e de suas peças, mas nada se comparava àquela noite. Jamais tinha estado presente em um local tão cheio de glamour, luxo e expectativa... Era como se, de fato, todas aquelas pessoas estivessem se arrumado da melhor forma para encontrá-la, nem que fossem por apenas duas horas ou quanto mais durasse a peça musical.

E a loira, agora com 25 anos e já com um divórcio manchando sua história terrena, sabia que todos estavam ali justamente para vê-la. Quinn amargou o pensamento de que, no passado, teve aquela voz e aquela figura presentes em sua vida por tantos dias e noites que até parecia que seria de forma infinita... Por isso, nem sempre aproveitou e nem sempre deu o devido valor a ela.

Então, a vida aconteceu. A vida, a morte, o casamento, o sucesso e, infelizmente, a distância... E, somente depois dela, Quinn percebeu do que precisava e foi aí que seu casamento desabou e seu futuro murchou.

Quinn se viu perdida e, pela primeira vez, estava sem a sua bússola.

A necessidade de procurá-la se fez presente, assim como a necessidade de tê-la. Rachel estava em todos os lugares e, ainda assim, distante o bastante para que Quinn não fosse capaz de encontrá-la senão fosse uma noite de espetáculo. As duas tornaram-se desconhecidas uma para outra pelas decisões que tomaram ao longo de todos aqueles anos... Quinn se culpava mais do que era capaz de culpar Rachel.

Aliás, era sempre assim... Quinn estaria errada sempre que algo estivesse relacionado a Rachel, tinha uma boa dívida a ser paga e a loira assumiria a culpa por quantas vezes fossem necessárias. O casamento ocupou boa parte de sua rotina e ela tentou fazer dar certo, mas ela deveria saber que Puck não era o homem da sua vida.

Na verdade, Quinn deveria assumir que jamais um homem seria a sua vida. Não enquanto Rachel existisse e a voz dela continuasse a lhe lembrar do passado e de como, naquela época de dúvidas e emoções à flor da pele, era feliz.

Será que Rachel continuava com aqueles ataques de diva que ela tanto fingiu odiar e que, na verdade, fizeram-na se apaixonar ainda mais? E aquela teimosia para adquirir o que queria? Será que Rachel lutava por seus papéis da mesma forma que se digladiava pelos solos no Glee? E será que ela estava apaixonada? Será que ela foi capaz de amar tão intensamente como amara Finn?

Quinn a assistiu durante toda a peça, arrepiou-se com cada nota alta que ela atingiu, chorou emocionada com a veracidade da atuação de Rachel e até mesmo riu quando a pequena morena pulou excitada quando chamaram seu nome no final do espetáculo... Mas, quando as cortinas se abaixaram, Quinn só conseguia se perguntar:

Será que Rachel Berry ainda era a mesma pela qual se apaixonara?

“You look like a movie. You sound like a song. My god, this reminds me of when we were young...”

Aquele brilho escaldante nos olhos castanhos, assim como aquela postura tão dedicada e aquela raridade que Rachel trazia dentro de si e que até hoje, depois de tanto tempo, Quinn não conseguia nomear, apenas lhe respondiam que sim, aquela Rachel Berry ainda era a mesma pela qual se apaixonara.

Quinn podia enxergar os lampejos da garota sonhadora que amava ainda presentes naquela mulher madura que arrancava emoções da platéia. E, o mais importante, aquela mulher era a perfeita imagem que Quinn montara para o futuro de Rachel. A morena se tornara, exatamente, tudo que acreditava que ela fosse se tornar.

Aquela Rachel era a personificação de seus sonhos, os apaixonados e não correspondidos, em que Quinn permanecia na platéia e chorava silenciosamente antes de desaparecer do teatro. E, em seus sonhos mais otimistas, Quinn também se via na platéia, mas com um buquê de rosas nas mãos, o qual a entregaria assim que escapasse dos minutos de aplausos finais e fosse às coxias para recepcioná-la no camarim.

Naquela noite, Quinn não tinha um buquê e sim, uma pequena e delicada gardênia, com um laço esverdeado amarrado ao seu caule em seu colo. Tudo era totalmente diferente porque ela não estava de pé, aplaudindo os outros. Ela escutava os aplausos de olhos fechados, suspirando de forma pesada.

“Let me photograph you in this light in case it is the last time that we might be exactly like we were before we realised we were sad of getting old it made us restless... It was just like a movie, it was just a song...”

Aquele era um daqueles momentos em que Quinn queria manter em sua mente, como uma fotografia mental. Ela queria, no futuro, independente de qual ele fosse, lembrar-se do som ensurdecedor dos aplausos, do cheiro agradável do teatro, do aspecto luxuoso do local... Assim como queria, para sempre, manter aquele sorriso de um milhão de watts impresso em sua memória e, principalmente, tatuado em seu coração.

O sorriso era o mesmo que a recepcionara quando eles venceram as Nationals no último ano, mas ele não fora, diretamente, dado a ela e sim à multidão que aplaudira Rachel. A dor de não ser mais a única a trocar olhares com Rachel em meio a tantas pessoas se fez presente, assim como a nostalgia de desejar que essa época voltasse.

A época em que ela tentara deixar seus sentimentos claros, a época em que ela tentou ter Rachel e, também, a época em que as duas, mesmo cercadas de pessoas e namorados, ainda gravitavam uma em direção a outra. Quinn sentiu saudades da época em que tudo parecia fácil e tranqüilo, onde conversas resolviam mal entendidos e músicas falavam o que o coração calava... Quinn sentiu falta da época em que olhares eram as melhores declarações de amor e abraços eram demonstrações físicas daquilo que ardia dentro de si.

Quinn sentiu saudades do que era com Rachel.

E, aquele momento que vivenciava agora, em que havia muito da Rachel do passado naquele teatro, também era o momento em que existia muito da Quinn que aprendera a sonhar com os sonhos de Rachel, existia muito da Quinn que Rachel construíra e aquela era a Quinn de quem mais gostava... Era bom se reencontrar, com o passado, com o que ela fora, com a saudade.

Doía, mas era como ver um filme em preto e branco e sentir-se compreendida, era como escutar uma música em vinil e dançá-la sozinha em uma sala vazia. Eram ecos do passado que davam vida ao presente.

Era a saudade tornando-a inquieta. Era a idade mostrando que aquilo que tinha com Rachel era inesquecível. Eram as lembranças lhe concedendo esperança...

Era amor.

# # #

“I was so scared to face my fears, nobody told me that you’d be here and I swear you moved overseas... That what you said when you left me.”

Rachel procurara por aquele par de olhos esverdeados várias vezes em todas as noites em que esteve na Broadway nos últimos anos, sentia falta deles como sentia de sua voz quando ficava rouca ou do teatro quando estava em férias. Aqueles olhos esverdeados lhe pertenciam, como seu amor ao teatro musical e sua voz também eram seus.

Rachel os clamava porque os entedia mais do que a própria dona deles seria capaz de entendê-los. A morena sabia que eles traziam mais do que desprezo em cada vez que os observava quando recebera uma slushie na época do colégio, também sabia que eles escondiam lágrimas silenciosas quando sua dona trajava uma postura orgulhosa e igualmente sabia que eles traziam uma força incrível quando eram usados para intimidação. E, descobriu tarde demais, que eles clamavam por amor quando a dona deles saíra de sua vida.

E mesmo que aqueles olhos fossem tão seus, Rachel não estava preparada para tê-los sobre si, não depois de tanto tempo, não depois de tanta luta, não depois de tanta saudade.

Rachel fantasiara aquele momento, sonhara com o que vinha a seguir... Mas, principalmente, tinha medo do que sentiria quando cruzasse os seus com aqueles, novamente. Porque aqueles olhos eram seus, mas traziam suas vísceras para fora quando a morena os encarava. Aqueles olhos reviraram seu interior, lhe deixavam em claro e, pelo visto, ainda faziam seu coração acelerar... Mesmo depois de tanto tempo.

Aqueles olhos mudavam tudo em seu ser, ela errava notas fáceis quando eles os olhavam por muito tempo, ela perdia suas falas quando eles semicerravam-se para enxergá-la melhor... Eles a liam e a deixavam-na nua por inteiro.

Eles entregavam o amor que Rachel já não mais acreditava existir.

E tudo porque aqueles olhos viscerais, misteriosos e que ela, ironicamente, conhecia tão bem, pertenciam a Quinn Fabray. A única Quinn Fabray, aquela que ela quis ser, aquela na qual era se inspirou muitas vezes...

Aquela que ela amou e que esquecera quando ela se casara. Aquela que pode casar-se com seu amor da juventude, aquela que teve uma segunda chance dada pela vida... Aquela que a abandonou quando Puck aconteceu. Aquela que a deixou, que partiu e que Rachel jurou nunca mais ver e nunca mais procurar.

Aquela que, depois de Finn, fora a única.

“You still look like a movie. You still sound like a song. My god, this is reminds me of when were young...”

Quinn Fabray ainda era tão magnífica quanto ela se lembrava de tê-la visto, pela última vez, quando não entrou no casamento dela com Puck.

Os olhos esverdeados estavam tão intensos quanto antes, a postura ainda era elegante e o perfil ainda tinha a mesma beleza clássica e perfeitamente artística da qual ela amara e, tantas vezes, ressaltara a quem quisesse lhe ouvir. As características eram as mesmas, mas a aura de menina frágil e quebrada se fora, Rachel pode perceber pelos poucos segundos em que permitiu olhar para ela na primeira fileira, que Puck, inutilmente, transformara-a em uma mulher.

E Rachel também percebeu, inquietamente, que acabara de se apaixonar por aquela mulher.

Quinn Fabray trazia muito mais do que aquele sentimento para o seu peito, ela trazia seu passado, trazia sua própria eu esquecida nas camadas do glamour, dos prêmios e do sucesso alcançados nos últimos anos. Quinn lhe lembrava da menina líder do clube de coral mais disfuncional da história, da inconseqüente que tramava para conseguir o que queria, da irresponsável que perdia amizades por causa de solos, da apaixonada que dividia-se entre o príncipe encantado e a líder de torcida que, aparentemente, lhe odiava.

Quinn trouxe o gosto agridoce do passado, de quando competições eram anuais e não cotidianas, de quando a felicidade estava do outro lado de uma sala repleta de jovens e retribuía um olhar da forma que somente as duas entendiam... Quinn trouxe aquele tempo de volta e trouxe o que as duas foram juntas e do que poderiam ter sido caso não tivesse tanto as separando em todo momento.

Rachel atuou para uma platéia, enquanto, dentro de sua cabeça, um filme se passava. Cenas do que ela poderia ter sido se, depois de Finn, tivesse ido atrás de Quinn. Situações que poderiam ter acontecido se a morena tivesse compreendido seus sentimentos antes, se tivesse usado o passe de metrô mais vezes, se tivesse entrado naquele casamento e se levantado quando fosse a hora certa...

Tudo aquilo poderia ter sido real se a Rachel obstinada e decidida não tivesse perdido a coragem e a crença. No amor, na vida, em seus sonhos... Rachel tornara-se uma incrédula, justo ela que viveu, por muito tempo, de sonhos e de batalhas. Rachel contentou-se com o teve e compreendeu o por quê nunca teve o que precisara.

Ela deixou Quinn no passado, na época em que elas falavam juras de amor com seus olhos; no tempo em que elas sentiam muito mais do que entendiam; nos anos em que elas tinham outros como seus objetivos e não enxergavam as duas da forma como deveria ser... Na época em que tudo não fazia muito sentido e elas não perdiam tempo, onde tudo passava rápido e elas nunca estavam sozinhas...

Rachel as deixou nos anos em que foram jovens. Rachel deixou que Quinn se tornasse um filme trágico a respeito do amor, uma música dolorosa sobre covardia... Rachel deixou Quinn se tornar o seu maior arrependimento e, também, o seu maior esquecimento.

“Let me photograph you in this light in case it is the last time that we might be exactly like we were before we realised we were sad of getting old it made us restless... It was just like a movie, it was just like a song...”

E mesmo com o esquecimento, as dores, as ânsias... Rachel ainda se permitiu entregar-se às batidas aceleradas de seu coração e ao sentimento infernal que aqueceu o seu interior. A morena se permitiu sorrir brilhantemente para todo o teatro.

Querendo ou não, aquela que lhe marcara a vida da forma mais especial estava na platéia, assistindo-a e sabe-se lá o que pensando depois de tanto tempo... Mas, ela ainda estava ali. Ela, querendo ou não, se lembrava. Rachel permitiu deixar que todas as sensações lhe invadissem, ela permitiu que aquele malabarismo frenético de sensações físicas e emocionais lhe atropelassem e ela se permitisse sentir, de verdade, de novo.

Rachel manteve os olhos abertos e deixou que algumas lágrimas brilhassem nos orbes castanhos, mas não se permitiu chorar. Ela sorriu, ainda que algo dentro de seu peito se apertasse e ela sentiu toda a imensidão da amargura preencher o seu peito. Ela escutava os aplausos, mas dentro de sua mente, ecoava o vazio. O vazio das lembranças manchadas pelo casamento de Quinn. O vazio de sua covardia para não dizer o que sentia. O vazio do seu coração diante do amor que se fora.

Foi arrebatada por sensações que não esperava, foi esganada por cordas ligadas ao passado... Foi presa pelo seu arrependimento ao mesmo tempo em que era tragada ao passado.

Rachel, escutando aplausos ao seu redor, enxergou Quinn em seu uniforme de torcida. Sentiu a dor do primeiro slushie e do primeiro choro na calada da noite. Sentiu o ciúme ao imaginá-la, novamente, com Finn. Enxergou os olhos esverdeados estudando-a e plantando dúvidas em sua cabeça. Escutou as risadas roucas diante das maratonas de filmes já em NYC. Sentiu os abraços calorosos e o peso dos silêncios entre elas...

Rachel também sentiu os beijos que nunca vieram e a dor de ser deixada para trás. Sentiu o gosto amargo de se perder ao mesmo tempo em que perdia Quinn... E o medo, aquela sensação tão familiar nos últimos anos a preencheu.

Era incapaz de acreditar, de sonhar... Ela vivia com o que tinha e amargava o que tinha perdido. Rachel estava presa ao passado recente, ao final doloroso de um filme sobre a crueldade do amor ao som de uma música intensa sobre a perda...

Ela estava em uma nuvem de desesperança, ligada ao passado pelo que sentia e era lhe trazido de volta. Estava presa ao passado, à dor, ao abandono... Estava presa a eles porque se apegara a eles para viver e, naquele momento, isso venceu as lembranças e as sensações.

Rachel não se lembrou de quando era quando mais jovem.

# # #

“It’s hard to admit that everything just takes me back to when you were there and a part of me keeps holding on just in case it hasn’t gone...I guess I still care, do you still care?”

Como sempre, uma delas cedia e estava indo atrás da outra... Mas, diferentemente das outras vezes, não era Rachel quem era teimosa o bastante para ir atrás de Quinn e sim, era a loira quem caminhou, decidida, às coxias do teatro.

Já era tarde e não havia mais tanto tumulto nos corredores que levavam ao camarim. Duas horas já tinham se passado desde o fim do espetáculo, a madrugada já caíra sobre NYC e ainda assim, Quinn estava sentada no chão, as costas pressionadas contra a madeira da porta em que uma estrela dourada estava graciosamente pendurada.

Rachel Berry.

A morena não a recebera, nem quando ela pedira ao segurança para anunciar o seu nome. Aliás, Quinn começava a acreditar que fora, justamente, por saber quem era que Rachel decidira se trancar naquele camarim. A morena precisava de um tempo, mas, depois de duas horas, talvez, Rachel precisava que ela partisse.

Quinn não compreendia. Aquela era a vida dando uma segunda chance às duas, era o destino querendo mostrar às duas que elas poderiam fazer aquilo dar certo... Só que Rachel parecia não mais acreditar e, sequer, se lembrar. Duas horas derrubaram meses de esperanças. Duas horas destruíram tudo que Quinn esperava.

A loira olhou, de forma melancólica, para a gardênia em suas mãos. Quinn suspirou e apertou-a em sua mão direita, explicitando a forma como se agarrava à esperança de, finalmente, ter Rachel. Quinn se apegou às batidas aceleradas de seu coração que a ensurdeciam enquanto, do lado de fora, o silêncio de Rachel a flagelava.

Rachel estava dando, exatamente, aquilo que as destruíra: o silêncio.

Foi a ausência de palavras que as afastou, foi a falta de declarações que calou o que ambos os corações sentiam e era a falta de respostas que parecia colocar um fim em seja lá o que elas poderiam ter sido. O silêncio de Rachel estava sendo pior do que qualquer coisa que Quinn pudesse imaginar vindo dela, justamente porque o silêncio não pertencia a Rachel Berry, ela era feita de monólogos longos e arrastados, de discursos inflamados e de palavras arrebatadoras.

O silêncio não era a Rachel com a qual ela se acostumara e, naquele momento, Quinn já se perguntava se essa mesma Rachel existia.

Quinn finalmente se levantou e virou-se para a porta. A madeira a encarou de volta, imóvel e silenciosa como tudo a sua volta. A decisão que brincava em sua mente dilacerava seu coração, mas ela não podia mais agarrar-se à esperança de um passado, de uma época... Ainda mais quando seu presente estava se fazendo entender de forma tão cruel e malévola.

A loira agachou-se e deixou a gardênia na soleira da porta. Deu duas batidas na porta e foi recepcionada com o tradicional silêncio. Quinn sentiu uma lágrima rolar em sua face, o símbolo físico de suas esperanças que foram massacradas pelo seu presente. Ela respirou fundo e isso só foi o começo de um choro silencioso, de lágrimas que destruíam seu interior enquanto corriam pela pele de seu rosto.

- Você tem todo o direito de não me atender e de, sequer, falar comigo. - Quinn sentenciou de forma clara, a voz rouca trêmula e ferida, o coração explodindo no peito. Apoiou-se na parede ao lado da porta e sorriu irônica para o teto. Era engraçado como aquela pequena morena, aquela que ela humilhou e que afastou, tinha o poder de, agora, destruí-la por completo. - Mas, você não tem o direito de esquecer o que nós duas quase fomos. Eu me apeguei a algo do passado porque achei que poderia fazer o meu futuro. Eu aceito o seu silêncio e vou conseguir interpretá-lo da pior forma possível nos próximos anos... Mas, como eu disse, eu não vou me esquecer do que fomos e de como éramos quando jovens. É difícil me ter quando eu estou tão presa ao passado, a você... Eu ainda me agarro ao que fomos porque ainda acredito no que podemos ser. Eu ainda me importo e você, se importa?

Quinn esperou por mais cinco minutos, o silêncio sentenciou, mais uma vez, o futuro das duas. Ela deu às costas a porta e, em um primeiro momento, caminhou de forma calma e chorosa pelo corredor até que seu choro explodiu e ela, também.

Quinn correu para longe de seu passado, sem qualquer esperanças de enfrentar o seu futuro.

“It was just like a movie, it was just like a song... My god, this is reminds me of when we were young.”

Dentro do camarim, Rachel chorava copiosamente e silenciosamente, sentada no chão com as costas de encontro à madeira da porta. Suas lágrimas embaçavam sua visão, mas seus dedos tocavam a aliança de ouro em seu anelar esquerdo. Aquele toque era como fogo, queimava qualquer esperança que ela nutriu naquelas últimas duas horas...

Sim, ela quase abriu a porta. Sim, ela quase deixou que Quinn entrasse, mais uma vez, em sua vida. E novamente, ela viveu de um quase em relação ao seu passado. Ela quase se declarou para Quinn e agora, ela quase aceitou o que Quinn tinha a lhe oferecer.

Mas, o seu presente estava em casa, deitado em sua cama, provavelmente preocupado com seu atraso de duas horas e disposto a aparecer na porta do teatro a qualquer momento para buscá-la. Seu marido, aquele que lhe oferecera o todo, aquele que a fizera se esquecer do que era quando jovem e o que lhe fez entender o que poderia ser...

Entretanto, Rachel chorou. Chorou a dor daquele amor passado que jamais seria seu e daquilo que ainda ditava todas as ações de sua vida por mais que ela quisesse se afastar do que era com ele. A morena chorou e amargou a dor de Quinn que se refletia dentro de si, que explodia e dilacerava tudo que ela construía.

Quinn a lembrou do que ela fora e do que ela sentia, Rachel se viu desejando tudo que teve porque fora o mais intenso em tudo que vivenciara na sua vida. Nenhum prêmio foi tão especial quanto a vitória nas Nationals, nada foi mais emocionante do que sua formatura, nada foi mais gratificante do que ser Prom Queen... Nada! Nada em sua vida era tão importante quanto seu passado, porque era o seu passado quem tinha Quinn Fabray. Era a Rachel Berry jovem que amara, incondicionalmente, Quinn Fabray.

E sim, Rachel sentiu falta do passado e se lembrou de quem era quando jovem. A voz de Quinn era a mesma rouca que a confortava nas noites sozinhas de NYC, o choro dela era o mesmo que ela vira ser derramado tantas vezes ao longo dos anos... E sim, Rachel se importava com a dor dela, por Deus!

Rachel se importava com tudo, mas ela não podia ter tudo. Ela estava presa aquele casamento, pelo respeito, pelo carinho, pelo medo... Ela não mais tinha a coragem da antiga Rachel para abandonar tudo. Ela, agora, tinha medo.

A morena escutou os passos, a princípio, lentos seguidos do choro dilacerado e, depois, da correria. Esperou por mais alguns momentos e abriu a porta. Olhou para os dois lados do corredor e deu um passo para fora, seus pés descalços pisaram em cima de algo, ou melhor... De uma flor.

Rachel olhou para baixo e, quando reconheceu a espécie da flor, o choro desceu ininterruptamente e incontido. Ela agachou-se e não teve coragem de se levantar, ela apanhou a flor e abraçou-a junto ao seu peito.

# # #

“Let me photograph you in this light in case it is the last time that we might be exactly like we were before we realised we were sad of getting old it made us restless. Oh, I’m so mad! I’m getting old, it makes me reckless... It was just like a movie, it was just like a song when we were young...”

A gardênia, significando, em suma, um amor secreto, não mais tão secreto assim... E que, diferentemente de seu outro significado, foi um amor que jamais floresceu.

Ambas marcaram aquele momento como a última vez das duas. A última vez que se viram, a vez em que lembranças foram só lembranças e o tempo e a idade mostraram que eram mais fortes do que o amor.

A história de Rachel e Quinn foi exatamente como um filme, um daqueles sobre amor incondicional e de almas gêmeas que se pertenciam, cujo final feliz jamais saiu do papel. E também foi como uma música, uma sobre o amor e sobre a sua força diante da vida, cuja melodia jamais se entendeu com a letra.

Irônico como acabara, considerando o que elas foram quando jovens...

FIM


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Notas finais do capítulo

Já peço perdão pelos prováveis erros, eu estive em um surto de inspiração e precisei escrever rapidamente...

Mas, o que acharam? Gostaram? Eu ainda posso continuar a escrever Faberry? Hahahahahaha

Bem, foi muito bom voltar ao fandom e espero que vocês ainda me queiram de volta :P No mais, comentem!

Nos vemos na próxima,
Fernanda Redfield.