Kaoru escrita por Connor Hawke


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esta fic está participando de um desafio de fics Yaoi.



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Kaoru

Sexta-feira 13

Um grupo de seis adolescentes: Daichi, Makoto, Himiko,Shizuka, Naoto, Yasu estavam sentados em um círculo com uma garrafa vazia no meio.

"Pessoal, vamos começar o jogo. Eu vou rodar a garrafa e em quem parar a pessoa responde "Verdade ou desafio?", se for verdade, ela diz algo que seja verdade. Se for desafio, ela terá que fazer um desafio." —Daichi retrucou, o líder dos garotos.

Todos concordaram com a cabeça.

"Muito bem, vamos lá" —Daichi prosseguiu.

O garoto gira a garrafa e ela vai rodando como a agulha de uma bússola até parar em um dos garotos. A garrafa vai rodando e rodando, até que para em uma das meninas do grupo.

"Himiko, é com você! Responda, verdade ou desafio?" — Daichi retrucou para a jovem e bonita Himiko, uma garota tímida com o cabelo todo desgrenhado, vestindo uma camiseta branca, uma calça fusô preta, e tênis branco.

"Está bem. Eu escolho verdade." — a garota respondeu.

"Ok. É verdade que você tem medo do escuro?" — Daichi inquiriu.

"Sim, é verdade." — Himiko atestou.

"Está bem, gire a garrafa!" — Daichi exclamou.

A garota girou a garrafa, e o objeto ficou girando até parar em alguém. Os garotos ficavam bastante concentrados no objeto.

"Shizuka! Responde, Verdade ou desafio?" —Daichi voltou a pergunta para uma garota de cabelos presos com duas Marias -Chiquinhas, uma blusa top rosa, um shorts jeans, e sandálias de couro.

"Eu escolho...Desafio" — Shizuka respondeu.

"Está bem. Eu te desafio a beijar...a Himiko na boca"—o garoto propôs.

"Está bem. Eu faço!" — Shizuka consentiu.

"Você tem certeza disso? Porque..." — o garoto interrompeu.

Shizuka ficou na posição de cachorrinho e foi até Himiko. Ela então colocou mão no queixo da outra garota e o segurou enquanto aproximava o rosto dela.

"Shizuka! O que você está fazendo?" — Himiko ficou constrangida.

"Cala a boca e me beija!" — Shizuka provocou.

"Tudo bem." — Himiko consentiu.

Shizuka e Himiko tascaram um longo beijo e depois se separaram.

"Pronto! Quem é o próximo?" — Shizuka quis saber.

"Bem, eu já fui duas vezes, eu vou deixar outra pessoa ir" — Daichi havia feito as duas perguntas anteriores.

"Bem, depois do Daichi, acho que eu sou o próximo!" — um garoto de blusa preta aberta, camiseta branca, calça jeans com rasgos no joelho e tênis preto retrucou.

O próximo a girar a garrafa era Makoto.

O garoto girou a garrafa e ela ficou rodando até parar em alguém. Depois de duas garotas já terem participado do desafio, restavam apenas o restante dos garotos.

[...]

A garrafa foi desacelerando até parar em um novo jogador. A vítima da vez, Daichi, o líder do grupo.

"Daichi, é a sua vez de responder ao jogo. Verdade ou Desafio?" — Makoto falou em um tom de malícia.

As garotas do grupo começaram a rir de Daichi.

"Está bem. Eu escolho...Verdade!" — Daichi se decidiu.

"Você tem certeza? Não que escolher desafio?" —Makoto questionou.

"Não. pode perguntar!" — Daichi falou bem sério e com os braços cruzados.

"Está bem. É verdade que você gosta da Shizuka?" — Makoto inquiriu.

"Bem...isso..." — Daichi ficou um pouco constrangido.

"Responda. Você aceitou o desafio, Daichi!" — Makoto exclamou.

"Tá bom! É verdade sim!" — Daich atestou.

Himiko e o restante dos garotos riram. Shizuka estava bastante tensa.

"EU NÃO TE AMO, DAICHI!" — Shizuka contestou.

Daichi ficou assustado com a resposta de Shizuka, mas não deixou se abalar.

"MAS EU TE AMO MESMO ASSIM!" — Daichi insistiu.

"Ok. Parece que é a vez de outra pessoa rodar a garrafa." — Makoto consentiu.

O garoto voltou para o lugar dele.

O próximo a girar a garrafa era Naoto. Naoto estava usando um boné azul marinho, uma camiseta azul marinho, uma bermuda preta e tênis preto com detalhes em vermelho.

O garoto se aproximou, girou a garrafa e ficou atento em quem parava.

[...]

A garrafa foi parando de rodar até que parou em Makoto.

"Makoto, verdade ou desafio?" —Naoto fez a pergunta.

"Verdade." — Makoto decidiu.

"Está bem. É verdade que você tem uma cueca de ursinho?" — Naoto fez a pergunta.

As garotas e os outros garotos começaram a rir daquilo.

"Não. isso é mentira." —Makoto atestou.

"Está bem" —Naoto girou mais uma vez a garrafa.

A garrafa começou a girar novamente.

[...]

E ela parou em Yasu, o último garoto. Yasu vestia uma camisa branca, uma calça preta, tênis branco, e um cachecol vinho enrolado no pescoço.

"Yasu, sua vez, verdade ou desafio?" — Naoto formulou a pergunta.

"Eu escolho desafio" — Yasu respondeu.

"Ok. Qual é o desafio dessa vez?" — Naoto parecia não estar nada animado.

"Eu desafio você a ir naquela casa abandonada na rua 6" — Yasu sugeriu.

"Aquela que dizem que quem vai nunca mais volta?" — Naoto questionou.

"Essa mesma. Será que você tem coragem para entrar nela, Naoto?"

As garotas e o restante do grupo ficaram espantados com o desafio que Naoto teria que fazer e logo começaram a debochar dele dizendo: "Você está com medo!" várias vezes.

"Não, eu não estou com medo. E eu vou provar para vocês que não tem nada demais naquela casa. Sério, é só uma casa qualquer." — Naoto exclamou.

O coro do "Você está com medo!" continuou.

"Parem! Eu já disse que eu não estou com medo, pessoal." — Naoto ficou irritado.

"Falou o machão!" —Yasu caçoou.

"É verdade! Eu não tenho medo daquela casa não!" — Naoto atestou.

"Bem, só tem um jeito de você provar que você não está com medo e é indo naquela casa." — Yasu retrucou .

"Eu já disse que eu vou lá" — Naoto exclamou.

[...]

Mais tarde, o grupo se reuniu em frente a casa abandonada na rua 6.

"Essa é a casa. Tudo o que você tem a fazer, Naoto é ir até lá e voltar de lá vivo." — Yasu apontou.

"Está bem." — Naoto consentiu.

"Boa sorte! Você vai precisar" — Yasu desejou.

A casa em questão era enorme e de dois andares, branca de um pálido doentio. Dois pares de janelas ficavam entre a esquerda e a direita, e bem no centro, abaixo da porta de carvalho, um dos cômodos era mais elevado à frente, sustentado por vigas de aço. Um telhado cinza escuro ficava acima, e folhas mortas rodeavam a porta de entrada desse recinto velho e macabro.

"Bem, vamos lá." — Naoto falou após um breve suspiro.

Naoto andou até a porta de entrada e os outros garotos se esconderam atrás de um arbusto que havia no jardim da casa e ficaram só olhando.

"Ô de casa!" — Naoto disse ao bater na porta da casa.

Nada. Naoto tentou outra vez.

"Abra-te sésamo!" — Naoto deu mais uma batida na porta.

Um breve silêncio preencheu o local e...nada. Naoto resolveu desistir e voltar para trás. Quando ele virou as costas para ir embora, a porta rangeu e abriu sozinha. Imediatamente Naoto virou para trás para ver de onde vinha aquele som e se surpreendeu com a porta aberta.

"Hã?" —Naoto estranhou.

Naoto entrou na casa e os amigos dele o viram desaparecer em meio as sombras na porta da casa.

[...]

Dentro da casa, Naoto olhou para o interior dela. Havia uma escada enorme em espiral que dava para o andar de cima, as paredes eram forradas com retratos antigos, ao lado da escada, um corredor que dava para a cozinha, à esquerda. À direita da escada havia o que parecia ser uma sala de leitura.

O ambiente estava bem escuro. Naoto mau conseguia enxergar naquele breu.

"Cara, onde fica o interruptor dessa casa?" — Naoto inquiriu um pouco assustado.

Foi então que de repente, o lustre no teto e as luzes na parede perto da escada se iluminaram como a luz do sol em uma manhã. Naoto cobriu os olhos por causa da intensidade da luz, e ela foi diminuindo até ficar bem fraca. Era o suficiente para ele conseguir enxergar.

Ele começou a subir os degraus da escada. Quando ele estava no meio do caminho, um vaso chinês apareceu flutuando no ar e então voou na direção de Naoto.

"Mas que diabos?!"

O vaso se espatifou no chão e quebrou. Naoto ficou um misto de assustado e confuso quando aquilo.

"Quem está ai?" —Naoto quis saber.

"Vá embora!" — uma voz disse.

Então um choro ecoou pelo local. A voz era carregada de angustia.

"Tem alguém aqui nessa casa?" —Naoto tentou encontrar o dono daquela voz.

Naoto subiu a escada até o topo e então viu a imagem de um garoto loiro de olhos castanhos. Seu cabelo era desgrenhado. Ele vestia uma camiseta vermelha e uma bermuda preta. Calçava um par de tênis cinza com detalhes pretos.

O garoto estava sentado nos últimos degraus da escada, com as pernas encolhidas, os braços sobre elas, e a cabeça baixa. Ele continuava a chorar. Naoto pode enxergar o garoto de perto e falou com ele.

"Ei, porque você está chorando?" —Naoto quis saber.

O garoto continuava a chorar.

"Ei, onde estão os seus pais?" — Naoto insistiu.

O garoto levantou a cabeça e disse:

"Eu não sei. O meu pai ainda está nessa casa. E a minha mãe desapareceu." — o garoto explanou.

"Sua mãe desapareceu? Como assim? Ninguém desaparece, elas só...morrem." — Naoto ficou confuso.

O garoto voltou a chorar.

"Por favor, vá embora, eu imploro!" — o garoto suplicou.

"Mas, por que?"

"Porque se o meu pai ver você, ele te mata. Assim como fez comigo." —o garoto explanou.

Naoto pensou por um instante e achou aquilo muito estranho.

"Ei, qual é o seu nome?"

"Kaoru, Kaoru Shiba" —o garoto atestou.

"Muito prazer, Kaoru. Eu sou Naoto." —  Naoto estendeu a mão.

Kaoru tentou apertar a mão de Naoto, mas ela atravessava a dele.

"Ei, toca aqui! Não precisa ficar com medo..." —Naoto insistiu.

"Eu não consigo!" — Kaoru exclamou com o rosto cheio de lágrimas.

"Por que?"

Foi então que Naoto olhou para o garoto e entendeu o porque.

"Você...Você está morto?!" — Naoto engoliu seco.

"Sim"

"...o que...o que aconteceu com você?" — Naoto ficou pasmo com a situação.

"Meu pai...meu pai me matou..." — Kaoru disse com um forte pesar.

"O QUÊ?!" — Naoto vociferou.

"Ele me matou..." — lágrimas caíam do rosto de Kaoru.

"Por que?" — Naoto questionou.

"Porque...porque eu gostava de me vestir como uma garota. Ele dizia que eu não era filho dele, que ele se recusava a aceitar eu como filho..." — Kaoru prosseguiu começando a chorar.

"Bem, eu não sei o que dizer disso..." — Naoto ficou atônito.

"Eu nunca tive uma namorada, nem amigos..."

"Ei, você quer ser meu amigo?" — Naoto sugeriu.

Kaoru se levantou da escada, olhou para Naoto e o abraçou.

"Sim. Eu adoraria" — Kaoru sorriu para Naoto.

(Legal, eu tenho um amigo que é um fantasma) — Naoto pensou.

"Então, o que vamos fazer agora?" — Kaoru inquiriu com um jeito delicado.

"Eu não sei. O que você gostaria de fazer?" —Naoto devolveu.

"Já sei. Vamos tomar um chá, juntos!" — Kaoru sugeriu.

"Um chá?"

"Sim, lá no meu quarto"

"Tudo bem." — Naoto aceitou, embora não estivesse muito animado.

Foi então que o espírito do pai de Kaoru, um homem de cabelos pretos, olhos castanhos, uma barba espessa, vestindo um terno cinza com uma camisa branca sem gravata, e sapatos da mesma cor, apareceu. A expressão no rosto dele era de alguém muito severo e ríspido.

"Kaoru..." — o pai do garoto bradou.

"Pai!" — Kaoru ficou surpreso.

"Kaoru, quantas vezes eu já te disse para não trazer ninguém aqui em casa?" — o homem falou bem ríspido.

"Mas, pai! Eu não tenho amigos, e eu não trouxe ele aqui." — Kaoru atestou.

"Não interessa! Mande ele embora!" — o homem sugeriu.

"Ahn...com licença, senhor?" —Naoto ficou um pouco assustado com a presença daquele homem.

Naoto conseguia enxergar o pai de Kaoru da mesma forma que enxergava Kaoru.

O homem evitou Naoto.

"Senhor?" — Naoto balbuciou.

"Garoto, você é mais um dos amigos de Kaoru? Eu não quero que ele tenha amigos, você me ouviu bem?" —o pai de Kaoru esbravejou.

"Mas, por que, senhor?" —Naoto inquiriu.

"Isso não é da sua conta. Apenas não apareça mais aqui, caso contrário, eu vou te matar." — o homem esboçou toda a sua fúria.

"Ele matou todos aqueles que tentaram ser meus amigos." —  Kaoru explanou.

"Então...todos os que estiveram aqui morreram por causa dele? É por isso que dizem que quem vem aqui, não volta nunca mais?" —Naoto quis saber.

"Sim." — Kaoru falou melancólico.

Então, o pai de Kaoru disse suas últimas palavras antes de desaparecer por completo.

"Livre-se desse garoto para o seu próprio bem!"

"Sim, pai!" — Kaoru replicou.

O espírito do pai de Kaoru desapareceu. E então, outro espírito se manifestou na casa. Era a mãe de Kaoru, que havia morrido de Tuberculose pulmonar.

"Kaoru, querido, quem é o seu amigo?" —a mãe de Kaoru quis saber.

"Esse é o..." — Kaoru interrompeu.

"O meu nome é Naoto" — Naoto se apresentou.

"Naoto? Que nome bonito!" — a mãe de Kaoru falou com um lindo sorriso nos lábios.

"Obrigado" — Naoto agradeceu.

A mãe de Kaoru apenas sorriu em resposta.

"Então, o que você e o seu amigo estão fazendo?"

"Bem, nós íamos tomar um chá juntos." — Kaoru comentou.

"Que legal" — a mãe de Kaoru exclamou.

[...]

Algum tempo depois, os amigos de Naoto o abandonaram na casa assombrada e consequentemente, o garoto acabou morrendo, vítima da tuberculose que se fazia presente na atmosfera da casa.

Kaoru agora tinha um novo amigo para brincar, que também iria infernizar a vida do pai dele no pós-morte.

A casa continuou abandonada e ninguém nunca mais resolveu por os pés lá dentro.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler^^

Essa é a primeira vez que eu tento escrever um Shounen-Ai.

Se gostou, comente^^