A formatura de Samanta Roling escrita por Branca de Neve da Escuridão


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

De repente, tive essa ideia de escrever sobre formatura, pois eu estava no clima, já que me formei há uma semana. Era pra ser um romance, mas, como sempre, minha mente pendeu para o lado mais psicopata, então...
Boa leitura!



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O baile começara havia uma hora e Samanta Roling permanecia sentada na mesa mais distante esse tempo todo. Não fazia diferença para ela, visto que estava ali apenas com o intuito de ver os amigos uma última vez antes de, oficialmente, ser uma formada. Pouco lhe importava estar tomando chá de cadeira ou não. Sua alegria era observar seus amigos dançarem e fazerem brincadeiras engraçadas a distância. O melhor de tudo era que eles entendiam seu comportamento, mas mesmo assim não deixaram de aproveitar a festa. Ficaram na mesa com ela até certa hora, no entanto, não resistiram a dança, pois suas músicas favoritas começaram a tocar.

Samanta encostou sua cadeira confortável na parede, descalçou os pés doloridos daqueles saltos prateados enormes e observava o salão lotado de alunos com os quais passou três anos convivendo no ensino médio. A mesa em que estava era redonda, grande o suficiente para caber seus seis amigos e encontrava-se coberta por uma toalha de tecido macio vermelho e outra menor branca. De vez em quando, um sorriso divertido brincava em seus lábios naturalmente rubros ao ver seu amigo fazer a imitação de uma dança bizarra ou sua amiga mandar caretas em sua direção. Eles formaram uma rodinha perto do palco, onde a uma hora atrás acontecera a colação impecável. Enquanto olhava para os aglomerados de alunos em seus trajes perfeitos e as luzes oscilantes coloridas que passeava por todo o lugar, Samanta não notou certa aproximação. Quando um garoto se sentou numa das cadeiras da mesa em que estava, franziu o cenho um tanto desconfiada. Como ele a encarava, decidiu tentar intimidá-lo também com os olhos semicerrados. Ele nada fez em relação a isso.

O garoto era de estatura mediana, só um pouco maior que ela, cabelos castanhos escuros penteados com "gel endurecedor", como Samanta chamava, e um rosto de traços comuns, sutilmente atraente. Ele ajeitou seu paletó, visivelmente tentando impressioná-la com sua postura de galanteador, o que funcionou, já que Sam achava homens de terno a coisa mais charmosa neles.

- Olá? - Sam soergueu uma sombrancelha tentando mostrar sua confusão pela presença do rapaz.

- Oi - ele sorriu.

Ele continuou ali, olhando para a multidão de adolescentes dançantes.

- Tudo bem com você? - ela quis saber, o que soou como se quisesse puxar assunto, mas realmente estava querendo saber se estava tudo bem com ele para estar sentado na mesma mesa que ela, sendo que Samanta nem o conhecia, apesar de já tê-lo visto na escola antes.

- Tudo ótimo. E com você? - o garoto fingiu estar impressionado pela pergunta, como se aquilo não fosse óbvio demais.

- O que você está fazendo? - Samanta apoiou seu braço na mesa.

- Isso não está na cara? Estou sentado.

- Por que aqui?

- Ah, err...desculpe, posso sair se quiser - ele se sentiu um intruso.

- Não, está tudo bem, pode ficar. É só que eu achei incomum alguém que nem sei o nome se sentar na minha mesa - ela forçou um sorriso, tentando não parecer grosseira ou alguma garota como " Carrie, a estranha".

O estranho bufou rindo por um segundo, abaixando a cabeça e, em seguida, levantando-a para encará-la, dessa vez apenas com um sorriso de lado. Samanta não pode evitar olhar para seus lábios finos entortados daquela maneira sedutora, mesmo desviando-se deles depois, constrangida.

- Sou Erick - estendeu a mão para saudá-la, um gesto retribuido por ela.

Samanta encostou-se novamente na cadeira, fingindo transparecer calma, quando, na verdade, estava com o coração acelerando em resposta ao nervosismo.

Erick olhou para pista de dança, balançando a cabeça com a música agitada e alta e depois para Samanta.

- Quer dançar?

- Não, obrigada - ela sorriu, falando um pouco alto para tentar superar o volume do som.

Ele pareceu surpreso com a resposta, talvez nunca tenha recebido um não na vida, coitado. Erick devia ser rico, pois estava numa escola particular e poucos tinham condições financeiras para frequentá-la, por isso, sempre tinha tudo o que queria, era mimado. Esses pensamentos martelaram a mente de Sam.

- Pode me dar algum motivo para não querer dançar comigo? - Erick entortou as sombrancelhas, ofendido e meio desapontado.

- Primeiro, - Samanta segurou o dedo mindinho com o dedo indicador da outra mão, contando - eu não sei dançar. Segundo, não gosto de dança. E terceiro, só não estou afim mesmo.

- Okay - ele disse apenas, compreesivo.

Sam sorriu para Erick querendo desculpar-se. O silêncio ocupou a mesa junto com os dois e Sam se sentiu estranha, talvez a culpa por decepcioná-lo começava a lhe afligir. Alguns minutos se passaram sem que ninguém falasse nada, apenas permaneceram sentados, olhando o baile e escutando as músicas. De repente, ele sorriu para si mesmo com o semblante confuso, voltando-se para ela.

- Por que você está aqui?

- Vai dizer que você também tem aminésia? - Samanta riu - Foi você quem se sentou, do nada, nessa mesa.

- Não, não foi isso que eu quis dizer - Erick riu também, lavantando uma mão como se quisesse apagar palavras no ar - Por que você está aqui sozinha e isolada da festa?

- Não estou isolada da festa, meus amigos estão bem ali - ela apontou na direção dos seis adolescentes dançando.

- Por que você não está com eles?

- Eu não danço, está lembrado?

- Tem certeza de que quer ficar aqui sem fazer nada? Aposto como iria se divertir se se soltasse mais.

- Quer que eu reserve uma sala para continuar com o interrogatório? - Sam se sentiu incomodada com o questionário e deixou isso tranparecer em sua voz e seu semblante.

- Desculpe, não quis parecer inconveniente - ele parou de sorrir.

Mais um minuto silencioso se foi. Samanta ficou desconfortável com a presença de Erick. O que aquele garoto queria? Nunca falou com ela durante os três anos em que estudaram no mesmo colégio e, de repente, ele se aproximou e puxou papo. Qual era a dele?

- Sério, qual é sua intenção? O que você pretende, sentando aqui com alguém que nunca falou na vida? Está querendo só amizade ou acha que vai terminar a noite com um beijo meu? Seja sincero, esqueçamos a hipocresia.

Erick ficou chocado com as perguntas diretas de Samanta, mas compreendeu sua desconfiança e estava tudo bem mesmo, não mentiria para ela, não havia motivos para isso.

- Bom...honestamente, mais ou menos a segunda opção.

Sam riu-se um pouco indignada.

- Mais ou menos a segunda opção? Quem você pensa que é? Quem pensa que sou? Acha mesmo que vou cair na sua armadilha e fazer parte de sua lista interminável das garotas com quem você ficou na festa de formatura? Erick, não me confunda com as outras garotas, porque não sou como elas, sou totalmente diferente. E não digo como alguém que se acha diferente e se diz ser, mas não é, nem porque vivo no mundo dos livros, onde as pessoas realmente são diferentes. Eu sou mesmo diferente, então não tente se aproximar no intuito de mudar meu coração e tornar-me não diferente, pois eu recuso seu convite - ela parou de falar um tanto eufórica e decidida, encarando-o com uma expressão séria.

Samanta Roling não queria que Erick tentasse investir nela, pois ela conhecia o tipo de garoto que era. Erick era como qualquer outro de sua idade, não podia ser diferente como ela. Ninguém podia. E ela não se permitia ser como aquelas garotas que dançavam no salão, não se preocupava com o vestido de formatura, com a maquiagem um pouco borrada ( também porque não usava maquiagem) ou com os garotos que a estariam paquerando naquela noite. Nada disso fazia diferença, então por que se importar?

- Uau - ele sorriu - Você ensaiou esse discurso por quanto tempo? - Sam sabia que ele iria revidar - Por que acha que penso que você é como as outras? Você me julga sem me conhecer - Erick pausou - Sam, não quero que se apaixone por mim, ou algo do gênero. Eu quis vir aqui porque queria te conhecer melhor.

Ele parecia sincero, mas não o suficiente para Sam acreditar.

- Por quê? Por que, de repente, estou bonita nesse vestido azul e pareço mais interessante hoje?

- Não - Erick suspirou olhando para as mãos - Porque só hoje tive coragem o suficiente para chegar em você.

Ela não podia acreditar. Como assim Erick não tinha coragem para falar com ela? Sam não era do tipo intimidadora para os garotos. Francamente, aquilo só podia ser mentira. Nunca nenhum rapaz quis se interessar por ela, pois era uma garota um pouco gordinha para os padrões de beleza, suas roupas um tanto fora de moda e sem qualquer atrativo especial. O que ele estava dizendo não fazia sentido.

- Eu não sou um cara muito corajoso, sabe. Sempre fui um pouco tímido, pena você não ter notado, provavelmente nunca reparou em mim - ele sorriu sem graça por um segundo apenas.

Samanta ficou encarando incrédula demais. Suas sombrancelhas juntas.

- Por favor, pare de tentar me fazer sentir pena de você - ela sorriu, tirando toda a tensão na conversa - Acho pouco provável essa sua história, mas hoje vou fingir que acredito em você.

Erick riu mais aliviado e envergonhado.

- Posso lhe oferecer uma bebida?

- Desde que seja sem álcool - Sam respondeu.

- Quem pensa que sou? - ele a imitou e os dois riram.

-Quero uma Sprit.

- É pra já, senhorita.

Ela o observou se afastar até o bar, enquanto tinha seu momento de risada do tipo " não acredito que ele está afim de mim". Essa ideia parecia estranha, mas interessante. Nunca experimentara a sensação de alguém a paquerando e gostou dela.

- Sprit para você e Coca-cola pra mim - ele chegou sorridente, entregando a bebida a ela - Então, conte-me sobre você, Samanta - Erick retornou à cadeira em que sentara.

Ela bebericou seu refrigerante e colocou-o na mesa em seguida.

- Bom - ficou pensativa - Tenho dezessete anos, sou bolsista, moro com minha mãe e meu irmão, sou de câncer...

- Você é de câncer? Que ótimo! - Erick a interrompeu alegre. Tirou um papel branco do bolso interno do paletó - Vamos ver o que seu signo diz sobre você - pôs-se a olhar o tal papel.

- Não acredito que você carrega um horóscopo no bolso.

- Nem eu - ele riu de si mesmo - Ah, escuta só isso. Cancerianos são tímidos, carinhosos, românticos, fiéis, carentes...

Samanta começou a rir sem conseguir se conter, interrompendo a leitura de Erick, que, por sua vez, riu também.

- Está rindo de si mesma? O que foi, você não é como diz aqui no horóscopo?

- Estranhamente, sou. Mas você é tão supersticioso. Acredita mesmo nisso?

Ele deu de ombros divertido.

- Talvez. É que isso me ajuda a conhecer melhor as pessoas - ele riu junto com Sam - Quer ouvir mais?

- Fale - ela sorriu, bebendo mais de sua bebida.

- O beijo de um canceriano é delicado, romântico e muito sensual - seus lábios dobraram-se num sorriso e os olhos se abriram mais, curiosos.

Sam tossiu, quase se afogando na bebida. Agora ela ria, corada.

- É verdade? - Erick umedeceu os lábios olhando para os dela.

- Para saber disso eu teria que ter beijado a mim mesma, então não posso te dizer.

- Me permite tirar essa dúvida? - ele sorriu, hipnotizado pela boca de Sam.

- Para alguém que é tímido, você parece um pouco atirado, não acha? - ela provocou com uma sobrancelha alta, tentando fazê-la parecer sedutora.

- Um pouco talvez, mas hoje sinto que posso até te pedir em namoro - seu semblante ainda era sereno, mas seu nariz se inflou um pouco quando disse isso. O garoto estava um pouco mais próximo do que Samanta se lembrava.

- Tem certeza que isso aí que está bebendo é Coca? Por que acho que o barman lá atrás colocou um pouco de cachaça em seu copo.

Erick riu.

- Não estou brincando, Sam. Parece que te conheço há anos. Sinto que já nos conhecemos há muito tempo, como em outra vida. Você não sente isso também? - ele chegou mais perto.

- Hããã...não - Sam riu.

- Talvez ainda não. Mas é sério o que digo - ele deixou seu copo na mesa e se ajoelhou diante dela - Quer ser minha namorada?

A garota ficou muito assustada, sua expressão sorridente se apagou totalmente. Ela não conseguia crer. Tentou fazê-lo levantar, pois não queria respondê-lo, mas ele permaneceu com aquilo.

- Erick, eu...- sua voz sumiu, dando lugar a um sorriso de meio segundo constrangido e forçado - Você não pode me pedir em namoro, não assim do nada.

- Por que não se gosto de você?

- Você nem me conhece direito.

- Sam, eu realmente estou apaixonado por você.

Nesse momento, algumas cabeças curiosas começaram a se voltar para o casal e Samanta ficou vermelha.

- Levante-se agora, Erick - ela ordenou um pouco irritada por ele fazê-la ficar envergonhada. Ele se levantou - Você não quer alguém como eu para ser sua namorada, eu não faço o tipo de ninguém.

- Talvez faça o meu.

- Não, não faço. Eu não sou namorada para você, sou diferente das pessoas.

- Eu também sou.

- Será? Tenho dúvidas sobre isso - ela sorriu gentilmente - É só que você não parece real.

- Como assim real? Está sugerindo que alguém, tipo, colocou alguma droga alucinógena em sua Sprit e agora está vendo coisas? - ele riu brevemente.

- Não, só que... - ela se interrompeu rapidamente, estranhando o modo como ele falou aquilo.

Parou por um segundo de respirar e ficou observando-o. Ele tinha um sorriso brincalhão em seu rosto como se achasse graça de toda aquela situação.

- Por que está sorrindo desse jeito? O que você fez? - ela estava assustada.

- Acho que você não deveria aceitar bebidas de estranhos, Sam, sua mãe nunca lhe falou isso? - seu sorriso permanecia, mas dessa vez causando medo em Samanta.

A garota sentiu seu corpo pesado demais, como se ganhasse uma tonelada de sangue a mais ou como se ele houvesse se transformado em ferro. Algo passou voando atrás da cabeça de Erick. Era um corvo que entrara dentro do salão. De um segundo para o outro, a atmosfera estava carregada de corvos pretos voando por todo o canto. O som da música ficou abafado parecendo que haviam colocado travesseiros na caixa de som.

- Não conheci minha mãe, ela morreu quando eu nasci - Sam ainda o respondeu, mas com o rosto contorcido de embaraço e enjoo.

- Hum, que pena, né? - Erick riu, a risada carregada de escárnio - Vem, vamos lá, vou te levar ao banheiro para poder vomitar - ele segurou seu braço.

- Não vou a lugar algum com você - Sam puxou seu braço de volta sem sucesso.

Seu corpo perdia a força e ficava cada vez mais trêmulo, não consegui mais controlá-lo. Queria cair no chão e lá ficar, pois se sentia fraca e muito pesada. O salão estava rodando de um lado para o outro sem controle, derrubando-a no chão. Ela sentiu as mãos gentis de Erick agarrá-la pela cintura e levantá-la. Por mais que estivesse daquele jeito, estirada no piso frio e duro, não queria que ele a tocasse. Ele havia mentido para ela, fora enganada, deixou-se enganar e agora estava drogada e não sabia o que ia acontecer dali em diante, as coisas que veria, pois sabia dos efeitos provocados por alucinógenos. Seu subconsciente se tornaria real a partir dali, todos seus pesadelos iriam persegui-la, algo que a assombrava, já que suas noites nunca foram traquilas.

Erick passou o braço da garota por sobre seu ombro e segurou seu quadril para firmá-la melhor, ajudando-a andar.

- Solte-me, seu bosta - sua voz saiu embargada, dificil de soltar as palavras.

- Não quer minha ajuda?

- Não.

- Mas você não tem outra escolha.

Ele a estava levando para a direção dos fundos do salão, um lugar vazio de pessoas. Ela tentou resistir, mas nem suas pálpebras aguentavam abertas, quanto mais seu corpo em pé. Ela avistou um banheiro e achou que poderia haver alguém ali para socorrê-la, porém, ninguém gostaria de usar o banheiro sujo dos zeladores, nem mesmo os zeladores. Jogou seu peso para baixo, caindo no cão novamente. Ele a arrastou pelos braços nus até a cabine malcheirosa. Trancou a porta branca rabiscada com palavras estranhas para Sam.

- Vou matar você - ela disse com a cabeça jogada para trás.

Samanta sentiu a respiração dele perto dela e suas mãos apalpando seus seios, quadril e nádegas.

- Pare de me beijar - ela resmungou.

- Você é tão engraçada - ele riu - Nem toquei seus lábios ainda. Acho que já está fazendo efeito.

O que está fazendo efeito? Samanta se perguntou. Já não se lembrava o que estava fazendo ali ou como chegara. As luzes começaram a piscar, deixando o lugar assustador.

- Sabe, acho muito excitante garotas fora de si - ele sussurrou com os lábios úmidos percorrendo seu pescoço.

Uma névoa entrou por debaixo da porta e começava a tomar todo o cubículo, sufocando-a. Ela começou a tossir decontroladamente. A névoa havia ocultado o garoto que estava com ela, quem já não lembrava mais o nome. Mas podia senti-lo acariciando todas as partes de seu corpo. De súbito, um rosto negro e enrrugado com dentes sujos de sangue apareceu bem perto do seu. Sua cor era preta como petróleo e tinha um cheiro sufocante como tal. Os olhos esbugalhados horrendamente como se pudesse pular para fora de órbita facilmente. Samanta socou seu rosto atrapalhadamente, socou-o outra vez até que desapareceu com a névoa. Forçou-se a levantar, mas alguém pulou em suas costas e, quando se virou, viu o rosto deformado novamente. O monstro parecia o diabo, só faltavam os chifres. Ela o golpeou de olhos fechados, não tinha coragem para encará-lo. Estava com medo, apavorada e chorando. Empurrou a criatura contra a parede e ele bateu a cabeça num pedaço de madeira com alguns pregos, que serviam para pendurar roupas. Ele caiu agonizando.

Sam juntou toda a força de seu pesado corpo e correu dali, cambaleando. Apoiava-se nas paredes e em qualquer coisa que via pela frente. Não olhou para trás em nenhum momento e, ao chegar no salão silencioso, o espaço estava tomado por monstros iguais ao que enfrentou no banheiro. Sentiu-se apavorada, pois todos queriam pegá-la. Começaram a pesegui-la, grunhindo. Ela correu escorada na parede para o outro lado, o lado que dava para o estacionamento. Caiu algumas vezes, mas não olhou para trás depois de levantar atordoada.

Quando viu o primeiro carro, uma luz azul forte invadiu sua visão. Ela cobriu seus olhos com a mão, o que quase a deixou cega, visto que a luz vinha de suas mãos. Ela sacudiu seus braços para tentar se livrar da iluminiscência, bateu palmas para tentar esmagá-las, mas tudo o que fazia era inútil. Virou-se para trás e não estava mais sendo perseguida. Achou melhor voltar para o salão de festa para pedir ajuda. E chegando ao seu destino, o chão estava consumado pelo sangue, parecia um enorme lago vermelho. Haviam centenas de corvos espalhados pelo local, mortos. Algumas penas pretas ainda estavam caindo no ar. Sam sentiu a garganta fechar e doer. Começou a chorar desesperada, ajoelhando-se e batendo as mãos no chão.

- Acabe logo! Acabe logo! Acabe logo! - ela gritava chorando.

A fraqueza em seu corpo recomeçou, deixou-se desfalecer no chão sangrento e desmaiou.

Uma hora depois, já livre do efeito alucinante da droga, abriu os olhos e constatou que o sangue no chão era real, mas no lugar de corvos, todos os formados estavam caidos, mortos. Tinha certeza que estava sóbria, no entanto, nada daquilo parecia verdade. Nem ela, nem sua mente perturbada conseguiam explicar como todos foram morrer e ela foi a única sobrevivente. Correu até o banheiro do zelador e lá estava Erick, de rosto virado para o chão e com um furo escorrendo sangue na nuca do diâmetro de um prego.

Samanta não chorou, não se desesperou, não gritou. Apenas voltou para o salão, sentou-se na mesa que ela e seus amigos haviam estado e ali permaneceu, quieta, sem expressão, como era para ser a festa inteira. Focou um ponto na parede do outro lado, deixando sua visão imóvel. Percebeu que o som ainda estava ligado, mesmo com o dj no chão com a boca lambuzada de sangue. Ficou esperando sentada, suja de sangue que não era seu e com sua mente presa nos corvos, no diabo e na luz azul. Até que o som foi desligado e estava sendo levada por pessoas que não conseguia ver para um lugar onde a vestiram de branco e deram-lhe uma injeção que a fez dormir, até perceber que estava louca e num hospital psiquiátrico.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e, POR FAVOR, COMENTEM qualquer coisa. Obrigada!



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