This Isn't an Happy Ending escrita por Charlie


Capítulo 9
Do You Like...?


Notas iniciais do capítulo

GENTE EU ANTES GOSTAVA DESSE CAP, ATÉ QUE RELI E ACHEI ELE BEM TOSCO ASKJDLKJDSAL



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Depois de três lances de escadas gigantescos, eu estava exausta. Nem sabia que aquele lugar era tão grande. Notei que Mason tinha passe livre para todo o prédio, e que nem todo mundo tinha esse privilégio. Como notei isso? Porque logo acima da pista de dança tinha uma cozinha estilo americana gigante e luxuosa, com uma sala de TV com vários sofás, pufes e poltronas, e tudo estava impecavelmente limpo. Você pode dizer que talvez, só talvez, os frequentadores do lugar pudessem ser educados e limpos. Vou lhe dizer uma coisa: pelo que eu vi, a maioria do pessoal que frequenta a boate é adolescente. Adolescentes não são limpos. Não mesmo.

Acima da cozinha e sala, havia um corredor igualmente limpo com três portas de madeira fechadas. E, por fim, um terraço. Não tinha nada de especial ali, só um terraço qualquer. Com uma mureta que circundava o lugar que ia mais ou menos na altura da minha cintura. Mason soltou minha mão e foi até a mureta, se sentando com os pés balançando naquela altura monstruosa de três andares. Meu estômago se contorceu só de me imaginar ali. Mas infelizmente, Mason se virou para mim e deu tapinhas para eu me sentar ao seu lado. Fui muito lenta e relutantemente. Ele me ajudou a me equilibrar, depois seus olhos se voltaram para o longe, para a vista incrível que esse lugar proporcionava. Podíamos ver até os prédios iluminados da Southwestern na parte mais distante de San Marino. Ficamos nesse transe por um tempo, e o vento que batia ali me fez apertar mais minha jaqueta jeans contra o corpo. O silencio estava me enlouquecendo, então eu finalmente falei:

– Você aparentemente é freguês vip aqui, não é?

Ele pareceu surpreso por eu ter notado.

– Ah, bem... tenho minhas cortesias aqui. Lembra do Angel?

Angel era o primo gostoso do Mason, que também vivia lá em casa quando estava por perto, já que morava aqui no Texas na época.

– Claro que lembro. Ele ainda mora no Texas?

– Oh, não. Ele mora aqui em San Marino. E também é o dono disso aqui.

Se ele não me segurasse a tempo, eu com certeza teria tido um encontro não muito feliz com o chão lá embaixo.

– Você está de brincadeira.

– Não estou, é sério. Se você quiser, podemos dar uma passada no quarto dele para dar um oi.

Whoa.

– Hum, acho que pode ser.

Mais silencio, depois palavras.

– Posso perguntar uma coisa? – a voz de Mason era o único som aqui além do vento.

– Pode.

– Posso mesmo?

– Fala logo.

Ele hesita.

– Acho melhor não.

– Fala, porra.

– Não. Esquece.

– Agora você vai falar, desgraça.

– É meio... íntimo.

– Tem a ver com nós dois transando? Porque isso não vai acontecer.

Ele riu, um riso um tanto histérico.

– Não, não é sobre nós transarmos, mas sobre você transar.

– Coisa boa não pode ser, mas fala.

– Promete não me empurrar daqui?

– Se você não desembuchar, eu com certeza te jogo daqui.

– Então tá... Você... como eu vou dizer isso?

Suspirei irritada.

– Dizendo. Com palavras. Dizem que é o melhor jeito de dizer alguma coisa.

Ele riu de novo e colocou as mãos nos bolsos da jaqueta.

– Você gosta de mandioca?

Não era a pergunta que eu esperava. Por que diabos ele se importaria por eu comer ou não mandioca?

– Caralho Mason, se era pra fazer uma pergunta tão idiota, não precisava de tanto drama. Sim, eu gosto de meninos, seu idiota.

Olhei-o, e ele estava incrédulo.

– Sério? Você respondeu uma pergunta assim tão simplesmente, nem fez escândalo ou me bateu? Cadê a Lissie que eu conheço?

O antigo apelido me atingiu numa pontada de dor e lembranças distantes. Só Mason me chamava de Lissie. Pensei que ele já nem lembrava mais disso, depois de tanto tempo. Mas claro que Mason lembrava, Mason lembra de tudo. Olhei-o, afastando os pensamentos que foram trazidos à tona pelo apelido simples.

– Por que essa seria uma pergunta tão importante?

E então, novamente ele pareceu perceber algo que eu não estava notando.

– Uh-oh, você não entendeu minha pergunta.

– Tá me chamando de burra?

– Não, não – ele disse, rapidamente. – É só que você não percebeu a verdadeira pergunta nas entrelinhas.

– E qual seria?

– Você gosta de mandioca?

– Mas que porra, Mason! Eu...

Depois eu notei o olhar significativo que ele me deu, e finalmente a ficha caiu.

Mas que merda de pergunta é essa?

– Mason, não se faz uma pergunta dessas para alguém que você está tentando impedir de te odiar.

– Vamos, Elise, para de drama!

– Não é drama! – Minhas bochechas ardiam e eu tenho certeza que estavam vermelhas feito tomate.

– Claro que é! Responde logo.

– Não.

– Sim.

– Não.

– Sim.

– Sim.

– S... Sim? – ele disse, confuso.

– Sim.

– Sim o que?

– Sim para a sua pergunta, mané.

– Ah.. sério?

Bufei.

– Sim! Sério! Por que, você acha que eu curto vaginas?

– Para ser sincero, eu achava.

Se ele não me segurasse, eu teria caído lá de cima. A vertigem veio com tudo pra cima de mim.

– Ei, ei, calma. – ele falou, preocupado.

– Por que você achava isso?

– Sei lá... quando a gente era menor, você era tão... menininho!

Revirei os olhos.

– Qual é, Mason. Por que eu só andava com meninos, eu era lésbica?

Ficamos em silêncio por muito tempo, até que ele o quebrou.

– Lissie?

– Quê?

– Quer dançar?

Dei de ombros.

– Tanto faz.

Ele se levantou e logo depois estendeu a mão para mim, me ajudando a sair dali sem cair. Ele mexeu em seu celular, depois o apoiou em alguma coisa no chão e Burn, da Ellie Golding começou a tocar.

Demorei um pouco para me soltar, mas lá pelo meio da música, já estávamos fazendo passos sincronizados.

When the light started out

they don’t know what they heard

Strike the match play it loud

giving love to the world…

Rodopios, pisadas em pés, risadas.

We’ll be raising our hands

shining up to the sky

Cause we got the fire

And we’re gonna let it burn…

Mais risadas suadas e corpos ofegantes. Por mais improvável que pareça, eu estava me divertindo muito, e com a companhia mais impossível no mundo todo.

Logo a música acabou e I Know You Care ressoou pelo terraço. Comecei a me afastar dele, ofegando, mas ele me segurou.

– Onde você vai?

– Me sentar.

– Não vai não. Vamos dançar mais essa.

– Mason, é uma música lenta.

– Eu sei, e daí?

– A gente teria que dançar lentamente. Invadindo o espaço pessoal um do outro. Se tocando.

– Não me importo.

E antes que eu tivesse tempo para argumentar, ele me puxou para perto dele e começou a balançar no ritmo da música, me levando junto. Quando viu que eu não ia corresponder a dança, colocou ele mesmo meus braços em volta do seu pescoço e os seus braços na minha cintura.

– Viu? É assim que se dança.

– Tanto faz.

Mas me rendi, encostando minha cabeça em seu peito e ele pousou o queixo no topo da minha cabeça. Eu podia sentir seu peito se expandir com o ar que entrava e saia, eu podia ouvir as batidas do seu coração e senti-las em minha bochecha – e elas estavam peculiarmente aceleradas.

Não posso dizer que as minhas estavam normais também, com toda aquela proximidade do branquelo de olhos que pareciam poços de escuridão que um dia me magoara tanto. Eu me odiava pelo jeito que meu corpo respondia aos comandos dele.

Lolita, da Lana Del Rey veio e se foi, passando despercebida, assim como Going to Hell, e nós dois só ficamos ali, nos balançando em um ritmo descompassado com a música por um longo, mas longo tempo, tendo como de plateia o vento incessante.


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Notas finais do capítulo

AGORA SE VOCÊ CONSEGUIU LER ESSA JOÇA ATÉ O FIM, VEM ME DAR UM OI, VEM



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