Katherine estava sentada numa cadeira perfeitamente esculpida junto a uma farta mesa de chá. Ela aguardava o pai que outra vez estava atrasado para o momento deles. Aqueles poucos minutos em que o rei e sua filha desfrutavam da companhia um do outro eram valiosos para ambos, ela amava seu pai mais do que qualquer coisa, e do mesmo modo ele a amava também.

Já era quase crepúsculo quando o rei adentrou os aposentos de sua filha. Ele vinha buscando palavras em sua mente para dar a notícia a ela. Tyson era paciente e compreensivo, principalmente com sua filha amada, porém o momento que tanto tentou retardar havia chegado, Katherine teria que saber o seu destino.

O rei caminha nos aposentos da princesa e a encontra na varanda “ Se ao menos Ellara estivesse aqui” – pensou Tyson. Ellara, a loba que tanto havia amado até o que o destino rudemente a arrancou de seus braços, ela saberia como lidar com isso, ela saberia entender a filha deles, ela encontraria uma saída e, se ela estivesse lá, tudo seria perfeito.

Tyson encontra sua filha sentada junto a mesa preparada para o chá, caminha até ela e se inclina para beija – la. “ tão bonita” – pensou no momento em que ela se levanta para abraça – lo. Finalmente sentados Katherine percebe a expressão preocupada de seu pai, ela achava incrível como o tempo passava por vampiros sem afeta-los, seu pai havia vivido muitos anos e parecia seu irmão. Tyson tinha um físico típico de guerreiro, era alto, com cabelos castanhos que lembrava até um dourado, o rei sempre o mantinha penteado para trás, tinha os olhos verdes que ficavam lindos aquela hora do dia, um nariz que parecia combinar perfeitamente no seu rosto e lábios fartos levemente desenhados. 

“Aconteceu algo meu pai?” – perguntou

“Já vem acontecendo... – ele suspira – Tentei tanto remediar a situação, mas agora temo que vamos ter guerra.” - disse cerrando os punhos

“ Guerra entre o clã e a fraternidade?” – perguntou com medo da resposta

O rei assente, Katherine fica nervosa mas tenta não demonstrar. Ela sabia o motivo da guerra, sabia que logo teria de escolher um lado, mas como poderia? Seu pai, o melhor homem que havia conhecido, era um vampiro , como ficaria contra a fraternidade? Sua mãe era a melhor loba que já se ouviu falar, como ficaria contra o clã??

“ Há algo que você não sabe...” – O rei diz enquanto procura palavras para prosseguir – A fraternidade exige que o pacto seja cumprido o quanto antes.” O pacto havia sido feito enquanto Katherine era um bebê, ela o achava injusto, muito injusto, mas sabia que era o seu dever, ela era a princesa de Viranno, e mesmo sem saber quem seria seu noivo, ou o que o destino tinha reservado para ela, fica de pé, olha para seu pai e responde.

“ Vamos cumpri – lo!” – diz com toda realeza que há dentro dela. O rei sabe que sua filha não está feliz, mas o pacto finalmente colocaria um fim a essa guerra. Ele a olha de volta com tristeza, beija – lhe a testa e se retira.

Katherine se vê novamente sozinha em sua varanda, ela olha para a mesa que havia sido preparada para o chá com seu pai e pensa em sua mãe. Caminha até o limite da varanda e observa o belo horizonte de Viranno . “ É o meu dever!” – ela diz ao vento.