Heroes escrita por DreamingAboutLife


Capítulo 6
Capítulo bónus 1 - Sniper


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo surge em consequência da conversa entre a Elia e o Steve após o pesadelo e aborda a primeira missão de Elia, que ela refere quando fala da sua primeira morte. O capítulo não tem um impacto direto na história, mas revela um ou outro detalhe interessante (; Espero que gostem

PS.: estou a tentar que a falta esmagadora de comentários não deite abaixo, nem me faça desistir de postar esta história, mas começa a tornar-se dificil. É verdadeiramente desmotivamente ver que há pessoas que vê e lêem a história mas que parecem não achar que ela vale a pena um comentário. Todos os tipos de comentários são bem vindos. Mesmo que não estejam a gostar da história não se inibam de o dizer. Mas, por favor, digam-se também o que pode ser melhorado. Criticas são mais do que bem vindas!



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Elia Steal, 17 anos

Los Angeles, Califórnia

 

O escuro uniforme tático não fazia nada para a proteger contra o infernal calor californiano. Pelo contrário, a cor escura atraía e absorvia os raios solares, sobreaquecendo a sua pele e banhando-a numa fina camada de suor.

O sol erguia-se alto naquela final de manhã. Os raios banhando com força o topo do alto prédio. Elia, cautelosa e caminhando junto às paredes do telhado, baixou com cuidado o saco que carregava. Agachando-se, abriu o fecho e começou a retirar a peças que componham a sua Barrett M98B, montando-a rapidamente e fluidamente.

Deitou-se sobre o seu estômago e observou os seus arredores pela objetiva da arma, procurando por qualquer sinal do seu alvo. Muitas vezes ao longo da sua vida amaldiçoara a sua memória fotográfica, no entanto, era naqueles momentos que se sentia agradecida pela mesma. Um rápido olhar para a fotografia e o rosto do seu alvo ficara gravado na sua mente, possivelmente para o resto dos seus dias.

Fernando Gonzales, estava escrito no topo do ficheiro que lhe fora entrega na tarde anterior. Colombiano, quarenta anos, um metro e setenta e cinco de altura, oitenta e nove quilos, calvo, olhos amendoados e um bigode que já exibia alguns cabelos brancos. Elia tinha um bom olho para detalhes, adquirido nos seus longos e árduos anos de treino. A rápida perceção de detalhes, no terreno, podia significar a diferença entre uma missão bem-sucedida e um agente morto. E era essa atenção ao detalhe juntamente com a sua memória que a haviam tornado a melhor aluna da divisão de atiradores especiais de agência. O homem poderia ter um irmão gémeo e ela seria capaz de os distinguir apenas com um olhar.

— Agente Steal, qual é o seu estado? – uma voz masculina, grave preguntou pelo auricular colocado no seu ouvido direito.

Arnald Roland, agente nível sete, líder da equipa DELTA.

— Em posição, senhor. – respondeu prontamente.

— Que tal a vista?

Elia escortinou a área rapidamente mais uma vez, certificando-se de que não houvera nenhuma alteração.

— Dois na entrada, um do lado oposto da rua, dois em cada um dos telhados adjacentes. Tudo parece estar de acordo com as informações.

— Algum deles é capaz de estabelecer contacto visual?

Elia revirou os olhos. Podia ser a sua primeira missão, mas ela não estúpida.

— Negativo senhor, nenhum deles tem ângulo visual para a minha localização.

— Ótimo. Não te desvies do plano e não faças nada que não sejam as tuas ordens. Entendido? Não gostaria nada de ter de propor ao Diretor ações disciplinares contra ti logo na tua primeira missão.

Mais uma vez revirou os olhos. Porque é que ela tinha dificuldade em acreditar nisso?

— Sim senhor.

— Ah! E espero que tenhas prendido o cabelo. Não queremos que esses teus longos fios te tapem a visão, pois não?

A sério?

— Não, não queremos senhor. – cuspiu, apertando as mãos sobre a arma.

Já devia estar habituada, pensou, no entanto, os comentários continuavam a rastejar sob a sua pele e a fazer-lhe ferver o sangue. Muitas vezes perguntava-se como é que elas o haviam suportado. Porque por mais que repetisse o mantra na sua mente, isso não fazia com que a raiva se dissipasse cada vez que um comentário machista era atirado na sua direção.

Apesar de a sua linha de trabalho não ter sido, haviam já anos, exclusivamente masculina, o nível de testosterona definitivamente ainda sufocava os níveis de estrogénio. Os comentários machistas eram como um desporto de que os homens da agência se gabavam de ser bons a. Desde os seus catorze anos, quando entrara na academia, que os ouvia. E estes só se intensificaram quando entrou na Força de Atiradores Especiais.

Era comum ver agentes femininas na linha de espionagem. Desde a Segunda Guerra Mundial que os homens tinham percebido o valor de uma mulher naquele departamento. As mulheres passavam despercebidas e podiam entrar em locais que os homens não podiam. Além de serem mestres na arte da sedução.

Mas Elia achava que, para ser uma agente completa, não podia limitar-se a ser uma espiã. Ela era leve nos seus passos, graciosa nos seus movimentos, rápida numa luta corpo-a-corpo e excelentemente treinada em haking. E que mulher não fica sensual numa bom vestido e sapatos altos? Mas isso não era tudo o que ela queria ser. Isso não era tudo o que era esperado que ela fosse.

Então quando decidiu que também seria capaz de manusear uma grande variedade de armas entrou num mundo que poucas mulheres haviam ousado entrar e onde nem todas tinham conseguido permanecer. O orgulho de um homem é ferido quando entras no seu território. Mas quando te tornas competição à altura? A única arma que têm é o desprezo e as palavras cruéis.

Eles que digam o que quiserem. Eu lutei para aqui estar, não vai ser um machista arrogante que me vai demover.

A sua linha de pensamento foi cortada quando a porta do hotel que se erguia no edifício em frente se abriu. O seu corpo tencionando em antecipação assim que o seu alvo entrou em vista. Quatro guarda costas ladeavam o homem. Todos eles escortinando a área com os seus olhos escondidos por baixo dos seus óculos de sol. O homem trazia consigo uma mala preta, confirmando a informação fornecida pela fonte. Aquela era toda a prova de que precisava para saber que deveria prosseguir com as instruções que lhe haviam sido fornecidas.

Elia forçou o seu corpo a relaxar. Uma respiração profunda. Duas.

Os seus dedos contorceram-se sobre o gatilho.

Mas esperou pacientemente, o alvo começando a alinhar-se perfeitamente com o exato local onde ela queria que ele estivesse. E quando este tomou a posição desejada ela não hesitou em pressionar em pressionar o gatilho.

Um barulho estridente ressoou no ar quando a bala acertou na escultura de vidro diretamente atrás do homem. Gritos encheram a rua, enquanto civis assustados se baixavam ou corriam em busca de cobertura. Mas os seus olhos estavam focados nos seguranças, observando os seus movimentos.

Os quatro seguranças que cobriam o homem, apressando-o para o interior do hotel. Os que ela tinha observado anteriormente haviam agarrado nas suas armas pessoais, procurando freneticamente o atirador.

Elia sorriu antes de informar os seus superiores:

— Alvo em movimento. Tudo correu como planeado. Movendo-me para a próxima localização.

—Entendido. Sê discreta. E lembra-te: não te desvies do plano.

Pelo amor da santa. Eu tenho dezassete, não sete!

Pegou rapidamente na arma e, mantendo-se afastada dos locais mais iluminados pelos raios solares, prossegui para um novo ponto do telhado, as traseiras do hotel entrando no seu campo de visão.

Certificou-se que estava perfeitamente alinhada com a por da saída de emergência antes de tomar a sua posição, passando a observar os acontecimentos pela lente.

Os momentos seguintes foram processados pela sua mentes em lentos e agonizantes movimentos.

No momento que Fernando e os seus seguranças saíram pela porta, a equipa tática avançou, pronta para prender o homem. Elia era uma medida extrema de segurança. Se algo corresse mal, fossem essas as ordens de Roland, ela dispararia sobre o colombiano.

Foi quando algo correu mal. Mais seguranças saíram atrás dos originais quatro, sobre pondo-se rapidamente à equipa tática. Tiros foram trocados e, por alguns segundos tudo indicavam que os agentes tinham absoluto controlo da situação.

Então Fernando abriu a mala que transportava, tirando uma arma que gritava alta tecnologia, e apontando-a a um dos agentes. Segundo o ficheiro que Elia lera aquela arma era a razão pela qual a SHIELD tinha sido chamada a lidar com o traficante. Pronta a ser vendida a um lorde de guerra asiático, não importava quão má a pontaria do atirador. Onde quer que a bala se alojasse libertaria um veneno tão poderoso que o mais resistente dos homens cairia por terra ainda antes de ter tempo se sangrar.

E então Elia esperou pelas suas ordens, dedo pronto a pressionar o gatilho. Mas a ordem nunca veio.

— Senhor? – preguntou de forma frenética, não recebendo resposta pelo que insistiu – Senhor?

— Não dispares!

— Mas…

— Não dispares! É uma ordem Steal.

Mas ela podia ver. Podia ver o dedo do colombiano a começar a descer sobre o gatilho, pronto a disparar sobre o desprevenido agente. E num ato instintivo, o dedo da agente desceu sobre o gatilho. O barulho da bala a sair da câmara atingiu os seus ouvidos como um suave suspiro. E a bala atravessou o ar até se alojar no coração do colombiano que caiu imediatamente. A morte inesperada proporcionando a distração necessária para que a equipa tática pudesse neutralizar todos os seguranças.

E quando a batalha estava ganha Elia pode ver o agente que salvara olhar diretamente para o local onde ela se encontrava e dirigir-lhe um aceno de agradecimento.

Foi quando ela reparou que tinha prendido a sua respiração, sendo o gesto de agradecimento o momento em que o ar voltou a entrar nos seus pulmões e em que o sentimento de dever cumprido a encheu por completo.

No entanto foi um momento pouco vivido. No momento que Elia entrou no jet que os levaria de volta à base em Washington DC um muro de silêncio encontrou-a. E a tensão no ar, bem como a cara extremamente vermelha de Roland, disseram-lhe que o agente estava extremamente satisfeito por ter o que precisava para a colocar num processo disciplinar.

Portanto foi com relutância que, três horas e um duche depois, Elia se dirigiu ao escritório do diretor. Abriu a porta dupla após bater duas vezes na madeira robusta. Encontro Nicholas Fury como o encontrava muitas vezes naquele mesmo escritório: postura rígida e mãos entrelaçadas atrás das costas enquanto contemplava a vista fornecida pelas enormes janelas que ocupavam toda a parede norte.

Fechou a porta com cuidado e, adotando a postura de um obediente soldado, esperou pacientemente que ele lhe dirigisse a palavra.

— Sente, agente Steal.

E tal como ordenado ela tomou lugar numa das cadeiras em frente à secretária. E de novo esperou.

— O agente Roland fez-me saber que desobedeceu a uma ordem direta e recomendou-me que lhe colocasse um processo disciplinar. – a voz calma que tão bem conhecia informou-a, mas nem por uma única vez o diretor tirou os olhos da janela. No entanto ela sabia que estava a ser observada pelo reflexo. – Antes de tomar qualquer decisão eu gostaria de ouvir a sua versão agente.

— Eu disparei sobre um suspeito mesmo após o agente Roland ter-me ordenado que não o fizesse. Tal como reportado desobedeci a uma ordem direta.

— Mas não se está a desculpar por isso. Nem tem pouco parece arrependida.

— Porque não estou, Senhor Diretor.

Viu, pela primeira vez naquele dia Fury perder a sua rígida postura enquanto suspirava. Ele virou-se finalmente na sua direção e sentou-se na sua cadeira. As suas mãos entrelaçaram-se e suportaram a sua cabeça, enquanto os olhos escuros do diretor fixavam os seus olhos verdes.

— Porquê?

— As minhas ordens eram para atirar caso a missão não fosse de acordo com o planeado. O alvo apontou uma arma perigosa a um companheiro agente. A minha única opção era disparar.

— Mesmo sabendo que isso seria oposto a uma ordem direta?

— Sim Senhor.

A sua resposta fez com que Fury perdesse por completo a postura autoritária, deixando o seu corpo relaxar sobre a cadeira.

— Roland é um idiota presunçoso, até eu tenho de admitir isso. E a sua idiotice podia ter custado a vida de um bom agente. - Elia podia ouvir o mas antes que este fosse pronunciado. – No entanto, não posso ignorar o facto de uma agente nível quatro ter desrespeitado uma ordem direta de um superior. Medidas terão de ser tomadas, espero que entenda isso.

— Eu entendo, Senhor.

— Ótimo! Farei com que saiba qual a sua punição no momento apropriado. Pode sair agora.

Com um suspiro resignado, a morena levantou-se e com um último olhar na direção de Fury dirigiu-se à saída. Não ressentia as palavras do diretor. Sabia que este estava de mãos atadas perante a situação. Não importava que seria punida. A satisfação de salvar uma vida, mesmo que em troca de outra, ainda corria juntamente com o seu sangue.

— Elia! – o uso do seu primeiro nome fê-la parar e voltar-se de novo na direção de Fury. – Como diretor devo condenar os teus atos. – um sorriso ternurenta suavizou a expressão no rosto do homem antes de este prosseguir – Mas, como pai adotivo, não podia estar mais orgulhoso de ti.

Um grande sorriso adornou os lábios de Elia.

— Obrigada, tio Nick. Conto contigo ao jantar certo?

— Claro. O teu tio Phil também vai.


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Notas finais do capítulo

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