Memórias escrita por Temperana


Capítulo 1
Capítulo Único: Take some memories


Notas iniciais do capítulo

Oi amores. Mas uma ONE da minha linha de Percabeth. Eu sempre imaginei algo parecido, instantes antes de Annabeth entrar no altar. Sério, seria muito fofo. Eu amei escrever, me imaginei no lugar dela e realmente achei que seria algo que ocorreria.
Eu espero que gostem. Até as notas finais...



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Lembre-se de nós

 

— Eu não vou conseguir meninas — eu disse por fim.

Se eu soubesse que seria tão difícil se casar, acho que talvez não tivesse aceitado o pedido. Se bem que eu nunca conseguiria negar um pedido tão lido como aquele. Mas sério, por que era tão difícil pensar na cerimônia? E pensar que nossas vidas mudariam por causa de um "sim"?

Parece um pouco dramático de minha parte, mas eu estava mais nervosa que qualquer outra noiva no dia do seu casamento. Eu tremia muito quando finalmente estava arrumada e olhei-me no espelho. Talvez porque, de alguma forma, sair daquele quarto seria aceitar as possibilidades de algo dar errado.

Depois de tudo que havíamos passado, era difícil pensar que tudo daria simplesmente certo. Se eu não fosse me casar, nada daria errado, certo?

Acho que estava sendo covarde, concordo com você. Annabeth Chase, uma filha de Atena, quase Jackson, tendo medo de caminhar até o altar. Patético.

— Ela quer me deixar desesperada, só pode — Hazel exclamou.

— Annabeth Chase, se você não for para aquele altar agora, haverá mortes, a de Percy, que deve estar desesperado te esperando, e de uma futura Jackson, porque eu vou te matar — Piper McLean, disse.

Minha amiga era tão cativante. Para uma filha de Afrodite, faltava-lhe um pouquinho de tato que elas ostentavam. Mas Piper nunca foi uma menina como as outras e eu a admirava.

— Pelos deuses, Annabeth, por favor. Tem uma filha de Afrodite a beira da loucura aqui. Vai dar tudo certo, eu tenho experiência em casamentos, afinal, eu mesma já me casei e também fiquei nervosa. Mas tudo termina bem, preparamos esse momento detalhe por detalhe, tudo será perfeito.

— Piper, eu não vou conseguir. Eu não sou filha de Afrodite, que ama um casamento, demonstração de amor e tal. Quero dizer, eu amo uma demonstração de amor, mas, enfim, você entendeu. Não consigo colocar na minha cabeça que tudo vai, milagrosamente, dar certo. Não consigo ser assim. Definitivamente, eu não vou conseguir subir naquele altar sem vomitar — eu comecei a andar de um lado para o outro.

— Ótimo, ela já repetiu mil vezes que não vai conseguir, daqui a pouco ela se convence do contrário. Ela está mais do que pronta, vamos anunciá-la.

É claro que aquela havia sido Thália Grace com todo o seu tato. Ela era minha melhor amiga, quase minha irmã, mas eu queria matá-la naquele momento. Delicadeza nunca foi o forte dela, confesso.

Tanto ela, Piper e Hazel estavam no Chalé 6 para me ajudar, mas estavam m levando a loucura com o nervosismo delas. Até mesmo agradeci aos deuses quando elas saíram, mesmo que fossem para me anunciar, como se eu estivesse pronta para aquilo.

Nosso casamento iria ser no Acampamento Meio Sangue. Foi minha casa, nossa casa, durante muito tempo. O nervosismo estava me consumindo de uma forma tão grande que nem mesmo a alegria de retornar ao lar me acalmava.

O que eu iria falar em meus votos? Como iria mostrar a Percy o tanto que eu amo? Eu não iria conseguir. Definitivamente.

Sentei-me em frente ao espelho, encarando meu reflexo. Meu vestido era branco, como o de toda noiva, mas era do estilo grego. No ombro, uma capa de seda branca era presa por duas presilhas de ouro. Meus cabelos estavam soltos em cascatas cacheadas e loiras, com algumas mechas presas no centro, com alguns grampos que nem eu conseguia enxergar.

Piper às vezes fazia milagres.

A minha maquiagem era discreta e simples e eu entraria descalça. Mas não parecia naquele instante uma noiva ansiosa para caminhar até o altar, já que estava sentada enquanto deveria estar no altar me casando. Fechei meus olhos.

Alguém abriu a porta do Chalé e silenciosamente entrou. Achei que era apenas uma das meninas, por isso permaneci com os olhos fechados, fazendo a minha prece silenciosa.

Por favor mãe, mesmo não gostando do Cabeça de Alga, me ajude a ter força para subir no altar. Eu rezei para ela.

— Você desistiu de se casar comigo? — a voz de Percy soou no Chalé 6.

— O que está fazendo aqui? — eu exclamei, virando-me para ele.

Eu levei um susto e me levantei tão rapidamente que derrubei algumas coisas da penteadeira. Por sorte nada caiu em meu vestido branco.

— Não era para você me ver antes, era uma surpresa. Percy, não era para você estar aqui — eu disse.

Por mais que não acreditasse no azar que ver a noiva antes do casamento poderia trazer, queria poder ver os olhos de Percy me vendo pela primeira vez caminhando até o altar com ele. Mas o Cabeça de Alga tinha outros planos.

— Hey, você está linda — ele disse, encarando meus olhos e provocando o meu sorriso. — Acredite, estou surpreso.

— Piper vai te matar se descobrir que você me viu antes de eu subir no altar. Ela vai te citar, pelo menos umas cem vezes, umas quinhentas formas de termos azar.

— Eu lido com a ira dela. Precisava ver a minha noiva linda e ver o que estava acontecendo. As meninas pareciam bem alteradas — ele disse com um sorriso encantador.

— Você também está lindo. É a terceira vez que lhe vejo de terno. Na vida — ele riu.

— Está atrasada, Sabidinha. Desistiu?

— É claro que não Cabeça de Alga. Apenas estou nervosa demais, me desculpa, não é como se eu não sonhasse em subir até o altar com você. Não conseguiria dizer nada e tenho tanto a dizer sobre nós...

Ele beijou meus lábios docemente, interrompendo minha fala. Me entreguei ao beijo como se fosse o nosso primeiro, o que me trazia várias lembranças boas.

Era cativante a forma como eu nunca me cansaria dos lábios de Percy.

—Eu te amo — ele disse. — Se me disser apenas isso, este será nosso voto de amor eterno — eu sorri com os olhos fechados.

— E se algo der errado, e se tiver algum problema? — eu questionei.

— Então iremos resolver. Sempre juntos, lembra?

— Sempre juntos — eu depositei um selinho em seus lábios. — Vamos então — eu disse.

Eu o puxei para fora, provocando a sua risada. Ele me deu a mão e juntos nos encaminhamos até o campo de morangos, onde juraríamos o nosso amor. Quando chegamos próximos a entrada da tenda onde ocorreria o casamento, com as cortinas fechadas, ele parou, segurando minhas duas mãos.

— Agora teremos que nos separar, Annabeth — ele disse para mim com um sorriso. — Vai dar tudo certo, eu prometo — ele acariciou meu rosto. — Eu te amo.

— Também te amo.

Ele me beijou novamente e entrou na pequena tenda que fora feita para o nosso casamento no meio do campo de morangos do acampamento. Eu me permiti respirar um pouco, tentando manter a calma. Soltei um longo suspiro, com um sorriso nos lábios.

Era apenas eu por um instante.

Vestido branco e cabelos presos. Os olhos fechados e os pensamentos fluindo em minha mente. Apenas relembrando os nossos momentos.

As minhas melhores e mais lindas memórias...

 

*****

 

Eu não acreditava no que ele estava fazendo. Estava bancando o herói para me salvar e eu odiava que ele me tratasse como uma donzela em perigo. E eu amava o fato de ele se importar tanto com a minha segurança.

Sim. Aquele Cabeça de Alga idiota havia realmente me conquistado. Eu, uma filha de Atena, completamente apaixonada por ele, sem nem ao menos saber.

O que minha mãe pensaria disso era algo preocupante. Uma de suas filhas apaixonada por um filho de Poseidon não é algo que ela gostaria de ter. Mas como eu não tinha certeza de nada — algo que sempre odiei, por sinal— não tinha noção do perigo.

Olhei para ele com a maior raiva que conseguia ter por ele naquele instante e o beijei. Sim, isso foi confuso, mas não, eu não era e nem sou louca. Ele ficou surpreso, eu fiquei surpresa, você ficou surpreso, todos ficaram surpresos.

Afinal, Annabeth Chase nunca demonstrava seus sentimentos, certo?

Bom, errado.

— Por favor, me prometa que voltará bem — eu pedi.

Ele sorriu. Como eu odiava aquele sorriso. Deveria saber que estava perdida naquele instante. Eu o amava desde aquele momento. Amava desde muito antes. Apenas não conseguia e até mesmo não queria enxergar isso.

— Eu prometo que vou tentar — eu bufei com a sua meia promessa.

Eu balancei minha cabeça negativamente. Nós ouvimos um barulho, fazendo com que soubéssemos que precisaríamos ir. Que ele deveria ir.

— Eu vou tentar voltar por você — ele completou.

Ele pegou o boné da invisibilidade de minhas mãos e o pôs em minha cabeça. E então ele foi simplesmente embora.

Segurei as lágrimas e voltei a seguir a tenebrosa aranha de metal. Após um tempo, ouvi uma explosão e senti o chão tremer ao meu redor. Deixei-me cair no chão de joelhos e chorei. Como nunca chorei antes.

 

Era uma dor tão grande que pensei que morreria. Eu não podia suportar aquilo. Seria impossível conceber a morte de Percy Jackson.

Mesmo tendo sofrido tanto com aquilo, eu não tinha certeza de meus sentimentos, ou pelo menos não queria admitir. Sabia que era algo forte, mas preferir ser burra durante um bom tempo da minha vida.

Foi horrível, cada hora pior do que a outra. Fui chamada para queimar sua mortalha, mesmo sem seu corpo, e falar algumas palavras. Mas enquanto estava na praia, adiando essa hora, algo muito bom aconteceu.

 

— Você me prometeu que ia tentar — eu gritei para o mar, com raiva. — Por que fez isso comigo? — eu chorei mais. — Por quê?

Alguém surgiu, andando pela praia em minha direção. Observei atentamente a figura que vinha caminhando. Moreno de olhos verdes. Aquele idiota. Cabeça de Alga idiota.

Para você ter uma ideia da raiva que eu tinha dele naquele momento, corri até ele e comecei a bater nele enquanto chorava. Bom, eu duvidava que o machucasse com aqueles socos, mas não podia evitar de descontar nele a dor que havia sentido.

— Seu idiota! — eu gritei. — Você tem ideia do quanto que eu sofri? Eu pensei que você estava morto. Uma semana, Perseu. Você sumiu durante uma semana.

Ele sorriu. Ele teve a ousadia de sorrir. Ele era um semideus morto. Se estava vivo ali agora morreria.

— Eu também senti sua falta, Sabidinha. Muita falta. Torci para que estivesse bem, que tivesse conseguido chegar até Hefesto.

Ele me abraçou e eu sorri, me aconchegando em seus braços.

— Onde você estava? O que aconteceu?

— Fui parar em Oggygia — encarei seus olhos.

Ele havia parado na Ilha de Calypso. Por isso não havia retornado, por isso eu havia ficado sem notícias. Meu coração afundou naquele instante, pensando no que poderia ter acontecido lá.

— Ela queria que eu ficasse para que ela fosse libertada. Mas eu não podia ficar.

— Então você queria ficar? — eu me distanciei.

— Não podia ficar, pois tenho alguém que gosto demais aqui — devia ter assumido uma expressão indecifrável, tentando pensar quem era essa pessoa. — Ela é chata, é uma sabidinha, mas é uma guerreira. É linda e carinhosa quando quer. Eu tinha que voltar. Não podia deixa-la.

Eu ri. Ele era um idiota mesmo. E eu o amava.

 

Nós lutamos. Eu senti ciúmes de Rachel. Lutamos mais um pouco. Senti mais ciúmes. Foi assim durante a Guerra contra Cronos. Eu sei, meu ciúme era sem fundamento. Percy era apaixonado por mim, eu sentia isso, do mesmo modo que era apaixonada por ele.

Mas eu sempre fui assim, um tanto insegura.

E então, foi dada a Percy a oportunidade de ser um deus. Se eu fiquei com medo? Confesso que sim. Se depois de tudo, ele decidisse se tornar um deus, decidisse me deixar, eu desistiria de amar.

Mas não foi exatamente isso que aconteceu.

 

— Não — a voz de Percy ecoou pela Sala dos Tronos.

Ele encarava meus olhos, como se dissesse: não vou te perder. Não mais uma vez. Não me tornei caçadora por ele, daria uns belos tapas nele se decidisse aceitar.

Mas sorri. Apenas sorri e encarei seus olhos. Algumas lágrimas percorreram meu rosto e não pude evitar.

Os argumentos de Percy eram relevantes. Ele pedia que os deuses reconhecessem seus filhos, já que tinha direito a um pedido, um presente deles. Mas apenas me desliguei um pouco. Eu era a Arquiteta Oficial do Olimpo. E Percy não era um deus. E eu só queria olhar no fundo de seus olhos e dizer o quanto eu o amava. De verdade.

Quando tudo terminou ele passou por mim e sorriu. Encarou meus olhos e me ofereceu sua mão. Apenas entrelacei minha mão a dele e juntos fomos embora da Sala dos Tronos.

Tenho certeza que minha mãe ameaçou Percy depois do que viu. Mas quer saber? Lady Atena não mudaria nada do que já estava certo. Do que o destino nos reservara.

Voltamos para o Acampamento Meio-Sangue e eu o vi, sozinho no refeitório, pensativo e encarando o lago depois de termos tido um tempo para descansar.

— Feliz Aniversário, Cabeça de Alga! — disse-lhe, quebrando a regra e me sentando ao seu lado na mesa dos filhos de Poseidon.

Ele pegou o pequeno bolo em suas mãos e sorriu.

— Você fez sozinha? — ele perguntou, dividindo o bolo e me dando a metade.

— Tive ajuda — sorri misteriosa, também olhando para o mar. — Você salvou o mundo.

— Correção, nós salvamos o mundo — ele disse. — E eu quero te fazer uma pergunta — encarei seus olhos. — Bom, lembra que na frente de batalha, na ponte, perguntei se você iria me beijar. É uma tradição, certo? — eu sorri, um pouco envergonhada. — Você disse que se eu voltasse vivo, você avaliaria e, bem, eu estou vivo. Desisti de ser um deus. E estou aqui.

— Você queria ser um deus.

— No começo eu pensei nessa possibilidade. Mas não é algo que conseguiria ser Annabeth, de verdade. Quando estava lá e eles tentavam me tornar um deus, ou quando estava no Estige me tornando invulnerável, eu pensava na pessoa que estava comigo o tempo inteiro. Que eu sabia que nunca me abandonaria. Que gosta de mim tanto quanto eu gosto dela — ele encarou meus olhos. — E não desistirei de lutar por ela.

Eu sorri.

— Bom, Cabeça de Alga. Espero que eu esteja certa quanto a quem ela é.

Eu o beijei. Não preciso comentar que estavam todos nos espionando, que fomos cair no lago de canoagem. E que nos beijamos embaixo d'água. Sinceramente, nunca me arrependi de ser amiga de Percy, de me apaixonar por ele. Nunca.

Não importava se ele era um filho de Poseidon. Só que eu o amava.

 

Passamos por tantas coisas. Ele sumira e eu nunca sofri tanto na minha vida. Eu vivia na praia, encarando as águas do mar. Eu estava acabada. O amor às vezes nos destrói. O amor é tão grande que a possibilidade de ficar longe dele doía demais.

 

— Olá, Jason — a pretora romana o cumprimentou.

— Olá, Reyna — ele se virou, apontando para mim. — Esta é Annabeth Chase.

— Percy me falou de você — ela disse.

O meu coração acelerou. Isso significa que ele se lembrava de mim?

— Seja bem vinda à Nova Roma, Annabeth Chase.

— Onde ele está? — eu deixei escapar.

Eu esperava que a minha voz não soasse tão desesperada quanto me pareceu. Não que eu não estivesse desesperada. Mas éramos gregos em um Acampamento Romano e a primeira coisa que faço é parecer uma grossa.

— Ele deve estar próximo ao auditório, organizando a Legião — olhei na direção que ela apontara. — Você pode ir até lá — ela disse, com certo receio na voz. — Mas eu aviso que qualquer coisa que eles considerarem ofensivo, irão atacar, mesmo sem armas.

— Certo, você não precisa se preocupar. Muito obrigada, Reyna.

A menina assentiu em minha direção. Não consegui notar nada de diferente em sua voz, mesmo com a ameaça. Ela era indecifrável.

Eu andei cautelosamente em direção ao tal auditório, tentando ignorar os olhares dos romanos. Estava sem armas, bem perigoso na minha situação, e refém aos pensamentos deles sobre nós.

O auditório em si mais parecia àquelas antigas arenas. Queria odiar Nova Roma, mas tudo era incrível.

Dois jovens saíram de dentro do prédio. Um era um menino alto, negro e forte. A outra figura era uma menina om cabelos castanhos e médios, de estatura mediana. Eu me aproximei deles, tentando manter uma expressão pacífica.

— Com licença — eu disse. — Sou Annabeth Chase. Me disseram que o Percy Jackson estaria aqui. Podiam me dizer onde ele está?

Eles se entreolharam e sorriram. Pareciam mais que amigos naquele instante, eu diria.

— Ele está aí dentro — a menina disse. — Sou Hazel e este é Frank — ela apontou para o menino. — Somos amigos de Percy.

— Muito obrigada, foi um prazer conhecê-los — eu disse, com um sorriso sincero.

Adentrei o auditório. Era enorme, mas havia apenas duas pessoas dentro. Me aproximei das figuras. Uma delas estava de costas para mim, mas o reconheceria de olhos fechados. O outro percebeu minha presença.

— Uma grega? — o outro menino ao me ver exclamou. — O que uma grega está fazendo dentro do auditório? Isso é o cúmulo.

Percy se virou e encarou meus olhos. Quase chorei ao encontrar suas esmeraldas brilhantes das quais tanto senti falta. Sua expressão era indecifrável.

Julgava que ele não se lembrava de mim. Mas queria chorar só por ver que ele estar bem. Por ele estar ali. Era um alívio imenso sentir a sua presença.

— Os gregos tiveram permissão para entrar aqui em Nova Roma, Octavian. E se ela está aqui, é porque nossa pretora permitiu. — Percy disse seriamente. — Agora vai. Mande a Legião recuar e siga as ordens de Reyna.

— Mas Percy, nós não...

— Não me interessa sua opinião — ele interrompeu o menino, Octavian. — Sou superior a você na hierarquia. Você me obedece.

Octavian, a contragosto saiu. Ele me lançou um olhar mortal e foi embora. Permaneci onde estava, encarando Percy.

— Você está bem? — ele perguntou, com a sua voz suave que tanto havia sentido falta. — Não se preocupe com Octavian. Ele é sempre meio chato assim com todo mundo.

Eu sorri.

— Estou sim, Percy — foi a única coisa que pude dizer. — Você se lembra de mim?

—Faz tempo que as coisas estão meio embaralhadas em minha mente. Lembrava de coisas meio incertas e sem sentido. Me lembrava de uma menina loira, mas não fazia ideia de quem era — baixei os olhos e ele parou de falar por um instante. — Minhas memórias nunca me enganaram, pois nunca iria te esquecer — ele disse.

Encarei os seus olhos novamente e um sorriso, aquele sorriso irritante que eu amava, surgiu em seus lábios.

— Você é Annabeth Chase. A única pessoa que eu não esqueci. Os cabelos loiros que enchiam meus sonhos e a voz que encantava meus pensamentos. Você é a pessoa por quem sou apaixonado desde que a vi. Que passou muito mais coisa comigo do que qualquer casal por aí. E eu quase morri de tantas saudades que senti de você, Sabidinha.

Eu não hesitei em correr em sua direção, me aconchegando em seu abraço. Era tão bom sentir novamente seu cheiro inebriante de mar. Sentir sua respiração, seu corpo.

Ele sempre seria meu Cabeça de Alga.

— Eu senti tanto a sua falta — eu disse. — Eu te amo demais, Percy. Não aguento ficar longe assim de você.

Ele me beijou e nada mais importou para mim. Uma guerra? Uma profecia? Nada importava. Apenas as sensações de seus lábios sob os meus.

 

Caímos no Tártaro, vencemos Gaia. Tantas coisas pelas quais passamos. E hoje? Hoje apenas me lembro dessas memórias. Fomos para Nova Roma e Percy me pediu em casamento. O melhor momento da minha vida.

 

— Eu até me ajoelharia, mas se for falar tudo o que eu planejei não me levantarei mais — ele disse.

Ele retirou uma caixinha de seu bolso. Eu pisquei os meus olhos e tentei não deixar as lágrimas virem.

— Quando eu tinha 12 anos, minha vida virou de cabeça para baixo. Afinal eu descobri que eu era um meio-sangue. De uma maneira bemestranha na realidade. E então eu conheci certa garota loira. Ela era um tanto irritante eu diria.

Eu ri em meio as lágrimas escorrendo e acariciei seu rosto.

— E então ela se ofereceu para ir a uma missão comigo e me ajudou a limpar meu nome no Olimpo, o que foi realmente ótimo. Me ajudou a atravessar o Mar de Monstros. E eu me transformei em um porquinho da índia e nos preocupamos um com outro. Você se machucou e me culpei por isso. E o que mais me deixou feliz foi te ver bem.

Percy segurou minhas mãos perto de sua bochecha, se aconchegando nelas com um sorriso.

— Você sumiu e nunca fiquei tão preocupado em toda minha vida com a ideia de te perder. Segurei o céu em seu lugar para te ver segura. Fiquei preocupado com a ideia de você se tornar uma caçadora e aliviado por você não fazer isso. Entrei no Labirinto de Dédalo contigo, mesmo com certo temor. E então você me beijou. Sabidinha, você sempre me confundiu muito. Se você me amava ou não eu não podia ter certeza. E então a vi chorar quando pensou que eu havia morrido. E prometi a mim mesmo que por mim você não choraria mais.

Senti mais lágrimas caírem e sorri.

— E então lutamos juntos. Você estava disposta a morrer por mim. E eu desisti de ser imortal por você. Porque queria para sempre estar contigo. Você disse que nunca facilitaria as coisas para mim e eu prometi a mim mesmo que iria te amar para sempre. E dali por diante dividimos um amor sem igual. Eu simplesmente não me esqueci de seu rosto. De seu nome. Annabeth. Mesmo quando fui parar em outro Acampamento em outro lugar em meio a romanos. E quando te reencontrei foi o momento mais feliz da minha vida. Pois pude te ver novamente. Seu rosto inesquecível, sua voz inconfundível. Quis te seguir até o fim e não deixá-la por nada. Se possível queria entrar com você naquele lugar e seguir a marca de Atena mesmo não sendo filho dela. Pois estaria contigo até o fim. Eu caí no Tártaro com você, pois eu nunca te deixaria sozinha. Peguei as maldições para te salvar. Estava disposto a ficar por lá e salvá-la. Nós acabamos com a rixa de Atena e Poseidon. Simplesmente isso. Se isso não é amor Afrodite, não sei o que é mais.

Eu sorri e encarei seus olhos. Eu não sabia o que dizer, pela primeira vez não tinha palavras para responder. E ele ainda continuou a falar.

— Nós viemos para cá, Annabeth, para ter um futuro, para viver melhor. Onde os semideuses podem viver sem os monstros, podem se casar, ter filhos. Para se casar. Eu realmente tenho uma coisa muito séria com você, senhorita Chase. Acho que falta um Jackson no seu sobrenome.

— Percy...

— Hey, me deixe terminar, Sabidinha — ele me interrompeu, provocando a minha risada. — Annabeth, dizer eu te amo pode ser até clichê. Eles normalmente são ditos da boca para fora e sem um pingo de sinceridade. Mas, Sabidinha, eu devo dizer que eu te amo mais do que a minha própria vida, como muitas vezes você deve ter tido prova disso. Tenho que te dizer que as palavras que saem da minha boca são as mais sinceras possíveis. Mas tudo que eu disse até agora foi com a ideia de te convencer. Então, se isso não ocorreu eu vou ganhar um grande passa fora nesse momento. Mas eu vou arriscar.

Ele se ajoelhou em minha frente e abriu a caixinha que continha um lindo anel. Eu soltei meus braços ao lado do corpo. Não sabia o que fazer na realidade.

— Tecnicamente, tendo em vista que somos originários de um Acampamento grego, deveria jogar uma maçã para você e tal. Mas prefiro dessa forma — eu ri em meio às lágrimas. — Annabeth Chase, você quer se casar comigo?

 

*****

 

— Está pronta, Annabeth? — Piper me perguntou, fazendo com que eu abrisse os olhos.

Eu a vi ao meu lado, abrindo um pouco das cortinas para que eu entrasse. Eu sorri, assentindo com a cabeça e respirando fundo. Com a ajuda das meninas, ela recolheu os panos da porta e consegui ver todos sentados esperando a hora da noiva entrar.

E aquelas memórias? Aquelas boas memórias? Ah, foram as que me mantiveram e me mantêm até agora segura. Pois quando finalmente pude dar um passo em frente, em meu vestido de noiva, estava pronta para me casar com Perseu Jackson, o meu Cabeça de Alga.

 


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Notas finais do capítulo

Deixei um povo curioso né? Pois é, sei ser má.Na verdade ia colocar o casamento junto, mas creio que ficaria bem grande. Resolvi separar as ONES. Então aguardem se quiserem saber o que vai acontecer.Perceberam que eu mudei algumas partes da história que confesso que sempre quis mudar. Na real, queria que eles ficassem juntos mesmo desde A Batalha do Labirinto. Mas fazer o que? Vida de shipper é difícil...Mas não canso de dizer que Percabeth é um dos shipps que mais me inspiram a escrever (além de hiccstrid). O amor deles é incrível. É realmente uma história que me mantêm em busca do verdadeiro amor.Agradeço a você que irá favoritar, comentar ou até recomendar. Você é demais!Até uma próxima docinhos!!Temp ♥



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