De Volta a Wonderland escrita por Inspirado em Alguém


Capítulo 3
Reencontro - O Fim?




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–E como ele está? – A preocupação era visível no tom da sua voz. -Não é o mesmo de antes – Respondeu apenas.
– Leve-me até ele, por favor.
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– Ah, Alice- O Chapeleiro suspirava melancólico. – Por que está tudo tão difícil? Já se passaram séculos que você nos deixou, não tinha prometido voltar? Estará mais feliz em seu mundo estranho? – falava baixo, enquanto olhava para o açucareiro – Não sei o porquê de todos comemorarem, se não percebem que perderam a maior maravilha deste mundo.
Logo em seguida, ele decidiu parar de ficar sentado, não havia desistido, apenas quis sair dali, como uma fuga dos seus pensamentos.
Decidiu ir a um lugar em que pudesse ficar sozinho, então resolveu ir ao campo da batalha de Alice contra o Jaguadarte, lhe trazia más lembranças, mas ele já não se importava mais.
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Fiz uma canção pra ela
Derradeira confissão
Quis lançar pela janela
Pra abrandar nossa atração

Fiz uma canção pra ela
Na mais bela tradução
De igualdade e autonomia
Ao teu corpo e coração

Mas a distância ingrata
Fez essa tal serenata
Não chegar nem na ladeira
Quem dirá na cabeceira
No motivo e na razão

Essa agonia que não cessa
A minha rima que tem pressa
Essa agonia que não cessa
A minha rima que tem pressa
E força pra por a nossa história em seu lugar
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– Leve-me até ele, por favor. – Suplicava a menina.
– Venha comigo. – Respondeu o gato risonho, abrindo mais o seu sorriso.

Alice tentava acompanhar Cheshire que sempre fazia questão de sumir e aparecer em lugares distintos. Até que chegou o momento em que já não era mais necessário, ela conhecia aquele lugar, já sabia ir só até a mesa do Chapeleiro, até o lugar que nunca esquecera, até o lugar em que percebeu que a insanidade muitas vezes é mais agradável do que viver sã em um mundo cinza.
A menina apressou os passos, até começar a correr, e percebeu que Cheshire já não estava mais ali.

Só que...
Ao chegar à mesa do chá, nada encontrou, apenas todas aquelas bandejas, xícaras, bules e comidas jogadas em enorme bagunça. “Onde ele está?” “Ele se cansou de tanto me esperar?” pensava angustiada. Então em sua angústia, não pensou bem, e decidiu simplesmente sair correndo o máximo que pudesse a procura de uma silhueta solitária de um Chapeleiro.

Já estava correndo há tempos, mas não perdia a esperança, sabia que ele estava lá. Parou de correr, pois já não era mais possível.


Alguns cansativos minutos depois...


– Eu conheço este lugar – Fala a menina, ao se aproximar do campo de sua batalha. – Há alguém ali – disse ao ver de longe, uma pessoa. – Não, não pode ser, seria? Ele?- Disse com muita animação, e um sorriso enorme nasceu em seu rosto, seus olhos brilhavam, e sua esperança voltou de uma só vez.
Em um só impulso, Alice retomou todas as suas forças, e saiu correndo, correndo como nunca ates correu, em direção àquela pessoa, a pessoa que poderia simplesmente ser o único homem que amou.

Se aproximando cada vez mais, Alice o reconhece, “Oh meu Deus, sim, é ele!” pensou com um sorriso enorme. Ele estava sentado, olhando fixamente para um ponto no chão, não parecia estar com a mente nesse mundo.

– Chapeleiro! – Gritou a menina, correndo em sua direção.

Em meio ao seu devaneio, Tarrant ouve a voz doce de sua amada Alice o chamando. “Minha loucura está, de fato, se agravando cada vez mais...”


– Chapeleiro? – Falou a menina, já baixo, e bem próxima dele.
O Chapeleiro ficou atônito, sentiu um arrepio percorrer a sua medula espinhal” .”É um delírio, só pode, só podia ser, sim, é um delírio” e continuou a ignorá-la, olhando fixamente para um ponto no chão. Tentando esquecer sua dor ao mergulhar na insanidade.

– Hei, chapeleiro –Ela falou docemente, colocando as mãos em seu rosto, e fazendo-o olhar para si. Ficou paralisada ao ver aquele rosto pálido com grandes orbes verdes outra vez, e então elas começaram a se encher de lágrimas, ele parecia que ia desmoronar a qualquer momento.

– A-Alice, é você? É você mesmo? – Perguntou choroso, baixo e gentilmente, ao ter se aproximado do seu ouvido.
– Sim, sou eu. – A menina disse com voz trêmula, e logo começou a chorar, já não resistindo.

O Chapeleiro a abraçou, um abraço forte e aconchegante. – Oh, Alice, eu... Eu senti tanto a sua falta, achei que você não se lembraria de mim. É claro que toda lady se atrasa, é bem previsível, mas você, de fato, está muito, muito atrasada menininha . E olha como você mudou, e está com o tamanho apropriado novamente, o que é um bom tamanho, é um ótimo tamanho, é um tamanho... – Falou rapidamente, quase surtando, o que a fez rir e retribuir o abraço mais fortemente para acalmá-lo, conseguindo tranquiliza-lo rapidamente.

– E como eu poderia esquecer de você? – Disse sorrindo, e também arrancando um sorriso doce do Tarrant.

E como aquele momento foi aconchegante para eles, finalmente haviam se reencontrado, e estavam confortáveis em um abraço terno e profundo. Nesse momento, perceberam que não precisavam de mais nada, pois a sua segurança, a sua calma, a sua paz, sua confiança e sua alegria se encontravam um no outro.

O mundo do Chapeleiro ficou colorido outra vez , e ele sorriu, o seu sorriso sonhador, insano e excêntrico. Logo corou ao ver a menina o admirando. O contraste das maçãs rubras com o seu cabelo, era no mínimo, meigo. E Alice não pode deixar de reparar nisso, sorrindo também.

– Venha, preciso te mostrar uns lugares que você ainda não viu, e uns habitantes que gostariam de conhecê-la, até porque seria um desgosto tremendo não conhecê-la, oh, sim, que trágico. – Falou do seu jeito único e alegre de falar. Alice gostaria de negar, mas seria impossível dizer que não gosta desse seu jeito louco, distraído, alegre e meigo.

– Vamos! – A menina falou alegre, sendo contagiada pela animação do Chapeleiro.

Os dois passaram o resto do dia caminhando juntos, conversando, enquanto o Chapeleiro fazia inúmeras perguntas a Alice, que tentava responde-las, e a mostrava lugares e seres excêntricos daquele lugar. “Oh, como este lugar é fantástico!”


Alguns inesquecíveis minutos depois...


já estava de noite em Wonderland, Alice e Chapeleiro passaram o dia juntos, matando a saudade, mas algo ainda faltava para a menina, algo que por mais explícito que estivesse, ainda precisava ser dito.
E não havia lugar nem tempo melhor do que agora, nesse lugar incrível que estavam, no jardim mais belo que já tinha visto, iluminado apenas pela luz da lua e dos inúmeros vagalumes que haviam no local.

–Chapeleiro. - Disse parando repentinamente, mudando sua expressão.
–Oi, tudo bem? – Virou-se e perguntou preocupado, pegando em suas mãos em símbolo de proteção.
–Sim, é... Quer dizer, eu tenho algo pra te falar. – Titubeou.
– Fale - sorriu.
Alice se viu perdida, e percebeu que complicaria algo tão fácil.
Se deu por sentar no chão, logo Tarrant se sentou também, bem próximo a ela. Ele se deixou levar por seus devaneios novamente, o mistério que Alice fazia, não estava fazendo bem a ele. O que ela diria? Que iria voltar ao seu mundo e deixa-lo de novo? Será que não entendia o quanto ele a queria por perto?

Ao perceber a sua agitação, a menina se sentiu culpada, e o abraçou.
O que logo o fez sair dos seus pensamentos, e buscar refúgio no seu abraço.
Eles estavam muito próximos, já era possível sentir a respiração e o calor um do outro. Se deixaram levar por essa sensação por um momento, em silêncio, até que a menina o quebrou...

–Chapeleiro, o que eu gostaria de dizer é que... – falou se afastando, colocando as mãos no seu rosto e acariciando-o gentilmente, mirando aqueles olhos com olhar preocupado e melancólico. – É que todos esses dias que estive longe, eu nunca parei de pensar no mundo subterrâneo, na Rainha, nos Tweedles, em especial, em você... E gostaria que soubesse que você é muito especial para mim... E... Eu... te amo.

Uma tempestade emocional se formou no Chapeleiro. Ficou sem reação. Ele também a amava, e agora tinha certeza de que era correspondido.

–Ei? – Alice fala tirando Tarrant dos seus pensamentos.
–Eu também te amo Alice. – Foi só o que ele disse abrindo o seu excêntrico sorriso.

E naquele momento eles já não precisavam dizer mais nada.

Alice sentiu os lábios do Chapeleiro selando nos seus, um beijo leve e envolvente, que durou alguns incríveis minutos.
– Sabe quando você quer que um momento dure para sempre? Então, é assim que estou com você. – Disse Tarrant, com seu olhar sonhador e penetrante.





Depois desse acontecido, Alice visitou a Rainha Branca- afinal, o seu retorno só foi possível graças a ela – e os demais habitantes do mundo subterrâneo. Todos felizes, e agora com razão.




“Nosso amor é aquele sentimento forte, único e verdadeiro, que mesmo com o passar do tempo e com a distância que existe entre nós, jamais se desgastará, pois pertencemos um ao outro, juntos em um só coração."



The End is the Beginning.


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Notas finais do capítulo

A música na fic é " Fiz uma canção pra ela" d'O Teatro Mágico. Finalmente o reencontro. Espero que tenham gostado. Decidi acabar por aqui mesmo. Comentem, please.

“A maldade possui várias máscaras, mas nenhuma é tão perigosa quanto a máscara da virtude.”
―A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça



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