NÃO ERA UM SONHO. Foi a primeira coisa que viu quando acordou novamente em seu quarto. E então, ela chorou. Chorou como nunca antes. Chorou de soluçar. Até não haver mais lágrimas. Então ela apenas gritou até perder o fôlego. E não pela humanidade, aparentemente, ter desaparecido - ela nem gostava tanto assim de sua própria espécie -, e sim, por tudo o que havia guardado por todos aqueles anos, por tudo o que não chorou no enterro de sua mãe, por todos os sentimentos que ela havia empurrado para dentro de si mesma.

Então ela deitou no chão gelado, ainda soluçando, e refletiu sobre o que havia acontecido. Fez uma lista mental: alienígenas, zumbis, bomba nuclear, caderno da morte; foi eliminando um por um: se fossem zumbis, bombas ou cadernos haveriam cadáveres. Talvez alienígenas? Mas por que ela havia sobrevivido? Ela era inútil até para os aliens? Olhou mais uma vez pela janela, nem sinal de vida.

Do que ela precisava era de um banho gelado. Enquanto a água gelada percorria seu corpo, ela ainda refletia sobre tudo.

—Eu posso fazer tudo o que eu sempre quis fazer! — concluiu ela, em voz alta. —Talvez até procurar outros sobreviventes!

Ela se empolgou com a ideia, saindo rapidamente do chuveiro e vestindo a roupa mais confortável que tinha, uma camiseta larga, uma bermuda com estampa camuflada e seu coturno antigo. A única coisa de casa que ela fez questão de levar foi a foto de sua mãe, não iria se apegar a nada de casa além disso.