Assim que cheguei no colégio vi Adam e Karla se pegando no jardim do colégio, me aproximei devagar a fim de assustá-los.

— Ah trouxas, hoje foi meu dia! - Gritei.

— Alexia, quer me matar de susto? - Perguntou Karla se afastando imediatamente de Adam em seguida colocou a mão sobre seu peito.

— Foi exatamente essa a intenção.

— Sem graça - Disse Adam - Vou ali no meu armário pegar alguns livros - Completou dando um selinho em Karla.

— Oi pra você também Adam - Gritei enquanto ele se distanciava.

— Olá - Gritou de costas acenando com uma das mãos.

— Vamos subir também? Daqui a pouco o sinal bate.

— Ainda não vi o Cameron, preciso falar com ele.

— Nossa já está com saudade? - Ironizou - Em falar nele, olha ele aí... Vou procurar o Adam!

Ele se aproximava com o cabelo bagunçado, cara de sono e aquele sorriso ao me ver... ah aquele sorriso.

— Oi gata! Vem sempre aqui? - Brincou me dando um beijo.

— Depende gato, se você vier eu venho - Entrei na brincadeira.

— Olha assim eu me sinto importante hein... - Em seguida soltou aquele sorriso malicioso.

— Besta - Falei sorrindo - Minha mãe vai fazer o jantar em casa hoje. E você já falou para sua mãe sobre nós? - Questionei.

— Ainda não... - Respondeu coçando a cabeça um pouco sem graça.

— Então fale... e se quiser leva ela também, assim as duas já dão sermão de uma só vez.

Ele sorriu e disse:

— Ótima ideia, vou falar com ela no intervalo.

— Não esquece, isso é muito importante para elas!

— Tá bom meu amor! - Disse me abraçando forte.

Me senti protegida naquele abraço, como se nada pudesse acontecer comigo, pois ele estava ali, não queria soltá-lo nunca mais.

***

Era aula de literatura, eu não estava conseguindo segurar meu sono. Encostei a cabeça sobre os livros que estavam na carteira e apaguei imediatamente. Acordei com Adam cutucando minhas costa com uma caneta.

— Alexia sua maluca, acorda, o professor não para de olhar para você. Não vou te acordar mais.

— Que porra, não pode nem dormir nesse colégio? - Falei ainda sonolenta.

— Como disse senhorita Johnson? Que tal dormir na sala da diretora? Talvez lá seja mais confortável, não acha?! - Me repreendeu com uma voz extremamente grave, quase dois metros de altura, típico jogador de basquete.

— Talvez seja mesmo! - Falei sem pensar em um tom desafiador.

— Desce agora Johnson, só vai entrar com autorização em mãos - Gritou abrindo a porta bruscamente.

"Porra! Que droga de boca Alexia. A ideia era você conquistar a sogra não ao contrário...", pensei.

Sai da sala bufando, nem olhei para cara dele. Nunca vi aquela sala tão silenciosa como estava naquele momento, era até engraçado a cara de assustado de todos. Ninguém desafiava aquele professor, ele realmente dava medo. Adam era o único com um sorrisinho sarcástico do tipo "eu te avisei", ele adora ver eu me ferrar.

Hoje literalmente não é o meu dia, quem estava na cadeira ao lado da porta da diretoria?! BRANDON.

Sentei ao seu lado, estava torcendo para que ele não puxasse assunto, eu já estava estressada demais. Mas é óbvio que ele não ia me deixar em paz.

Foi a primeira vez que ele falou comigo depois do dia em que brigamos.

— Oi, aprontou né? - Disse tentando ser simpático.

Ignorei e fingi que estava mexendo no celular.

— Bom se não quiser falar comigo, não fale. Não posso te obrigar a nada. Mas de qualquer jeito você está me ouvindo... Eu eu sei que não está mexendo no celular, sei também que não quer olhar para minha cara. Mas queria te pedir desculpa sobre aquele dia, eu perdi a cabeça e...

— Brandon, por favor me fala qual é a sua... o que você quer comigo? - Interrompi, olhando fixamente em seus olhos - Você não está vendo que eu e Cameron, que você diz ser seu amigo, estamos namorando e estamos felizes.

— Eu sei Alexia, e fico feliz por vocês, de verdade! Cameron é como se fosse meu irmão. Esquece tudo aquilo... Agora meus pensamentos são outros.

Eu não conseguia acreditar em uma só palavra que ele dizia, eu podia estar errada, ele podia ter mudado realmente. 

— Me diz aí o que você aprontou? - Disse tentando quebrar o clima tenso que havia se formado ali.

— Respondi o professor de literatura... - Falei de forma seca.

Ele sorriu...

— Não somos tão diferentes assim, temos personalidade forte... Acredito que ainda podemos ser amigos. Estou aqui pelo mesmo motivo, respondi a professora de história.

— Parece que a conversa está boa né... - Disse Cameron parado na minha frente.

Meu coração disparou.

— Oi meu amor!

— Por que estão aqui? Aprontaram o que?  - Perguntou sentando ao meu lado.

— Não foi nada demais, respondi o professor de literatura, mas juro que não foi de propósito.

— Entendi... que bom que vocês dois estão conversando, pensei que não se gostassem.

Sério, pensei que ele estava com ciúmes e que iria brigar comigo assim que Brandon saísse de perto, mas não ele era inocente demais para pensar qualquer coisa sobre seu melhor amigo.

Brandon sorriu e continuou calado.

Cameron entrou na sala comigo.

— Oi mãe.

— Oi filho, oi Alexia. O que vocês querem?

Perguntou sem dar a menor atenção, estava distraída demais, folheando algumas pilhas de papéis, com seu óculos um pouco caído sobre o nariz.

— Mãe será que dá para você olha pra nós? 

Ela ergueu a cabeça, colocou o óculos sobre a mesa de madeira, uma madeira antiga me lembrou os móveis da casa da minha avó. Alguns quadros de Cameron ainda bebê enfeitava a mesa, aliás era a coisinha mais fofa que vi na vida.

— Desculpa! Podem falar.

— Mãe... eu e Alexia estamos... namorando! - Gaguejou.

Ela nos encarou por alguns longos minutos, com as mãos cruzadas apoiadas sobre o queixo, disse:

— Tudo bem!

— Tudo bem? Só vai dizer isso? - Perguntou desacreditando.

— Eu já sabia que isso iria acontecer, estava na cara Cameron! Alexia é uma boa pessoa, estou feliz por vocês.

Apesar de ser uma diretora de colégio, Hannah não era muito comunicativa, era o tipo de pessoa que guarda seus sentimentos.

Cameron olhou para mim com uma cara confusa, eu apenas sorri.

— Aproveitando esse momento, será que a senhora não poderia me dar uma autorização? - Pedi forçando um sorriso.

Ela apertou os olhos como se quisesse dizer "Não abusa garota".

— Toma Alexia, que isso não se repita mais por favor - Falou entregando-me o pepel.

— Pode deixar sogra! Antes que Cameron esqueça de falar, minha mãe vai fazer um jantar hoje a noite em casa e quer que você compareça para conversarmos.

— Vai ser um prazer! - Sorriu.

Cameron apenas riu do meu jeito doido de ser.

***

No consultório quis deixar claro para a "putinha" da Carina que Cameron e eu estávamos namorando para ver se assim essa garota parava de dar em cima dele.

Ela ficou com a cara amarrada o dia inteiro, não falou absolutamente nada, e é assim que eu gosto. Eu mando na porra toda!

06:30 PM

— Vamos meninos? 

Carina já havia ido embora, ainda bem. Minha mãe me fez organizar uma pilha de papéis que estavam empoeirados no fundo do armário. Alguns clientes atrasaram, tudo isso fez com que saíssemos de lá mais tarde que o normal.

Quando chegamos em casa, estava um cheiro maravilhoso, dona Carmem ainda estava lá, mas já estava preparando suas coisas para ir embora.

— Vou tomar um banho, mãe por favor não perturba o Cameron.

— Fica quieta Alexia, conheço o Cameron melhor que você! Se você não sabe já troquei fraldas dele... Vi essa bundinha primeiro que você!

— Mãe! - Repreendi, Cameron ficou vermelho na hora.

— Que foi?

Ele sorriu sem graça e eu subi até meu quarto.

Tomei um banho longo para tentar relaxar um pouco, o dia foi cansativo.

Estava uma noite maravilhosa, a luz da lua e das estrelas invadiam meu quarto. Coloquei uma saia preta acima do joelho, ela ficava justa no corpo, coloquei uma camisa branca e um salto preto, passei uma maquiagem leve e fiz alguns cachos no meu cabelo. É raro eu me vestir assim, prefiro mil vezes meu moletom e meu shorts jeans.

Enquanto me trocava ouvi a campainha, era a mãe do Cameron. Confesso que comecei a ficar nervosa, como se tivesse borboletas voando em meu estômago.

Desci as escadas lentamente, do jeito que sou desastrada, não era muito difícil eu descer aquela escada rolando.

Todos estavam na sala, sentados no sofá conversando. Assim que apareci na escada ficou um silêncio absoluto, Cameron só faltava babar, ele estava literalmente de boca aberta.

— O que foi gente? Parece que viram um fantasma! - Brinquei.

Cameron levantou e foi para perto da escada.

— Você está perfeita meu amor - Disse segurando minha mão.

— Obrigada! - Falei sorrindo dando um selinho.