PDV SAM PUCKETT

Havia algo de errado comigo. Eu não conseguia parar de pensar no Nerd e me deixei convencer pela chantagem da Carly, quando soube que ele havia me chamado para ver seu treino de basquete.

Era evidente que ele ia se dar mal, e eu até queria ver isso, porém quando vi que ele me olhou, lá do centro da quadra, foi como se só existe aquele par de olhos claros.

A professora reuniu os garotos no centro da quadra aparentemente para dar instruções. Eu não era especialista no Freddie, mas sabia o bastante sobre ele para perceber que ele estava se sentindo deslocado. Ele usava uma regata cinza, semelhante a que ele usava mais cedo, porém, agora, com o símbolo da escola; um shorts azul escuro um pouco baixo mostrando parte de sua cueca branca. Apesar dele estar se vestindo como um daqueles badboys, ele não conseguia esconder seu jeito “Nerd Fofo”, só pelo fato dele não conseguir nem segurar a bola já denunciava sua nerdisse aguda.

–Dá pra imaginar? - Carly se manisfestou ao meu lado. Só tinha nós duas na arquibancada.

–O que?

–O Freddie… - suspirou segurando um risinho – Jogando basquete!?

Acompanhei-a no sorriso e dobrei minhas pernas, tentando me sentir mais confortavel. Voltei a olhar para a quadra e vi Freddie arriscar um arremeço, mas acabou passando 5 metros longe da cesta.

–Ele não parece ser muito bom! - mas o que estou dizendo? É claro que ele seria ruim, ele é um nerd!

Continuamos a olhar os garotos jogarem. Freddie deve ter caído umas vinte vezes e já dava para perceber o cansasso dele. Olhei para o placar, improvisado num quadro de giz, e vi que o time do Freddie, os de camisa, estavam perdendo feio. Não sei porque, mas fiquei triste.

–Vem Sam! - sai do meu estado de topor quando fui puxada por Carly até a quadra.

Nos aproximamos do Freddie que molhava o cabelo com a água da garrafinha. Era uma visão um tanto...prazerosa.

–Freddie você foi…

–Horrível! - ele completou a frase de Carly e a mesma sorriu cúmplice – É, eu sei! Vou melhorar!

Ele tirou uma toalha, de rosto, de uma bolsa grade preta e começou a enxugar o suor que escorria por sua testa.

Eu pensava em dizer algo, um xingamento talvez, mas não pude, pois chegou um garoto sem camisa por trás dele o dando um tapa nas costas, nada amigável.

–E aí Fredditos! Quantas cestas fez hoje? Zero? - Freddie revirou os olhos, mostrando que não estava confortável. Carly e eu apenas observávamos.

–Olha, eu estou tentando...Valeu Brandon?

Ele levantou as mãos, fingindo rendição. Isso não ia acabar bem.

–Está bem! Gostei das Tatuagens...é de mentira?

Gargalhou alto. É, isso definitivamente não ia acabar bem.

Ao contrário do que eu pensava, Freddie não disse nada apenas pegou a enorme bolsa e caminhou para o vestiário cabisbaixo.

–Olha o que você fez garoto! - Carly se exaltou ao meu lado.

–Ah se enxerga magrela!

–Olha como fala da minha amiga! - empurrei-o – Some daqui seu idiota!

–Nossa… você é a namoradinha do Nerd? - ele me analisou – O que ele fez? Macumba?

Sorriu se jogando para cima de mim. Carly entrou no meio de nós dois.-Nem pense nisto! A Sam não é essas vadias que você pega!

–Espera...posso saber o que você é dela?

–Amiga o bastante para saber que ela não está disponível para imbecis como você! - novamente ela segurou meu pulso – Vamos amiga!

Eu até pensei em questionar a Carly para onde estávamos indo, mas desisti quando vi ela entrando no vestiário.

–Carly, você enlouqueceu? - puxei-a – Não pode procurar o Freddie aqui dentro.

–E quem disse que vou procurar o Freddie? - fiz uma cara confusa – Você vai procurar ele, eu vim atrás do Griffin!

Ela sorriu maliciosa e sumiu no meio dos armários.

Droga!

Eu ia sair dali de dentro, mas ouvi o barulho de uma porta de armário se fechando. Seria ele?

–Freddie? - saiu em um sussurro, mas eu tenho certeza que se fosse ele, ele teria me escutado.

Fui caminhando lentamente até o lugar de onde vinha o barulho, mas ouvi uma voz cantarolando. Parei e prestei a atenção.

Obsessed, depressed at the same time

I can't even walk in a straight line

I've been lying in the dark

No sunshine, no sunshine, no sunshine

Era o Freddie. Aquela voz era inconfundível. Inclinei-me na parede e vi ele com fones no ouvido cantando, enquanto dobrava algumas roupas colocando-as na bolsa. Ele estava de costas, então não me percebeu.

So undress, confess that you're still mine

Roll around in a bed full of tears

I'm still lying in the dark

No sunshine, no sunshine, no sunshine

Não sei se era coisa da minha cabeça, mas aquela musica era tão nós dois. Fui dando passos lentos até ele, enquanto ele continuava concentrado.

So much to say

It's not the way she does her hair

It's the way she seems to stare right through my eyes

Ele parou de dobrar as peças e percebi que ele havia me notado. Hesitei onde estava e não dei nenhum passo mais; ele tirou os fones e se virou. Mas sua expressão mudou, ele enrijeceu o corpo e estralou o pescoço.

– Maroon 5...Just a Feeling! - disse, me referindo a música.

–É...eles fazem um som legal! - ele colocou a bolsa nos ombros e agora reparei que ele havia trocado de blusa, mas continuava com o mesmo short.

–Ah...Freddie! - chamei sua atenção e ele se virou – Você está me evitando?

Ele sorriu e apontou para a tatuagem.

–Você leu o que está escrito?

E saiu caminhando normalmente.