Castle acordou do nada, no meio da noite. Ainda sonolento, escutava o calmo barulho da chuva lá fora, e ainda de olhos fechados, começou a se lembrar do sonho que tivera. Sua inspiração, professora, amante, melhor amiga e esposa, Katherine Beckett, a capitã do 12º distrito, e a mulher que ele amava mais que tudo, havia voltado para casa. Melhor ainda foi a noite maravilhosa que tiveram, ainda melhor que a comemoração improvisada que fizeram de seu primeiro ano de casados.

Mas, espere. Ele sentia realmente um corpo junto ao seu, bem próximo, emanando calor e encaixando-se perfeitamente às suas costas. Richard abriu os olhos, acostumando-se à fraca luz que vinha da janela. Sentiu o perfume de cerejas que vinha daqueles cabelos castanhos à sua frente. Sim, era ela, sua Kate, sua musa, mais uma vez em seus braços. E não, não havia sido um sonho. Lembrou-se da primeira vez que Beckett havia se entregado a ele, e como ele tivera a mesma sensação de devaneio. Tantas e tantas vezes havia sonhado com sua musa, e tantas e tantas vezes havia acordado sozinho. Isso aconteceu também durante o pequeno rompimento que tiveram, e que graças aos céus, finalmente havia acabado.

Então ele se lembrou. Locksat. Castle sabia que quando se tornasse um investigador particular, ele teria de correr atrás de mulheres casadas e descobrir seus segredos, mas nunca imaginou que passaria pela situação, e exatamente com Kate. Aquilo o magoou profundamente, porque ele não esperava uma nova mentira, mas conhecia sua esposa mais que ninguém no mundo, e a compreendia apesar de sua dor. Em 9 de janeiro de 1999, algo havia mudado em Kate Beckett para sempre, e sua alma carregaria o peso dessa mudança. Richard fez de tudo para poder curar a alma da mulher que amava, mas ainda não era suficiente e ele descobriu isso. Mas, ainda sim, faria qualquer coisa por ela, por essa mulher notável, enlouquecedora, desafiadora e frustrante que ele amava com loucura.

Sua esposa voltou, e ele não conseguia deixar de sorrir enquanto cheirava seu cabelo, e tocava os fios ondulados levemente para não acordá-la. Ela pediu: “não me force a fazer isso sem você, Rick”, e obviamente, ele não deixaria, nunca. Ele estaria sempre com ela, enfrentaria tornados por ela, se preciso fosse, e jamais a abandonaria. Sentiu o seu peito se encher de um sentimento tão grande, uma emoção que ele adorava sentir quando estava perto dela, a mulher que ele mais amou em sua vida. Richard Castle já tivera muitas mulheres em sua vida e principalmente em sua cama, mas nenhuma delas chegou tão longe como Kate havia chegado. A amava, a amava tanto que chegava a doer.

Esquecendo que poderia acordá-la, a abraçou mais forte em seus braços, sem já se incomodar com isso. Seus corpos já estavam perfeitamente moldados e encaixados, mas ele queria mais. As costas de sua musa estavam coladas ao seu peito, e seu membro sentia-se pressionado pelas nádegas dela. Rick sentiu uma pontada na virilha, foi inevitável. Sua esposa era tão sensual que qualquer movimento que fizesse, até mesmo o simples respirar quando estava dormindo, a fazia extremamente sexy, principalmente se estava nua.

Rick retirou algumas mechas que escondiam o pescoço de Kate e começou a beijá-lo levemente. Ouviu o ronronar baixinho de sua esposa, ainda adormecida, mas aquilo indicava que ela gostou daquela carícia. Ali permaneceu por um longo tempo, beijando, cheirando e mordendo o lóbulo da orelha de Kate, estendendo-se por toda a sua nuca e pescoço. Como era bom senti-la tão próxima outra vez, como era bom fazer amor com ela.

As mãos de Rick, que estavam tranquilas no abdômen de Kate, abraçando-a, ganharam vida. Subiram levemente, e Castle pode ter a sorte de ver o arrepio que causou com um simples toque. Ambos eram um casal alfa, e exerciam poder um sobre o outro de maneira incrível, mas era absurdamente maravilhoso ver que o corpo da esposa sempre respondia às suas carícias, sempre. Suas mãos subiram pelo diafragma, e chegaram aos seios de sua musa. Sentiu o corpo junto ao seu mexer-se levemente para trás, encostando-se mais, e ele pode ouvir um suspiro provindo dela.

O contato o fez perceber o quanto suas mãos estavam frias, já que fazia frio naquela noite. Os seios se eriçaram no mesmo momento, mas o que ele não sabia é que não era pelo toque frio. O fato é que Kate já estava acordada, com os mesmos pensamentos que os seus, como tantas vezes acontecia. Castle e Beckett eram tão ligados que a conexão que tinham dava medo. Teorizavam casos juntos, completavam a fala um do outro, e até em simples momentos, como perder o sono de madrugada, essa conexão era ativada.

Como Kate havia sentido falta de seu marido. Como sofreu ao deixá-lo naquela noite, sem explicar nada, sem vontade alguma de sair dali. Mas era preciso. Se tivesse que renunciar à sua própria felicidade para protegê-lo e vê-lo bem, ela faria, sem ao menos pensar. Era o grande amor de sua vida, o único homem que ela amou de verdade e se permitiu amar. Uma vez, ela tinha lhe dito que casamento era uma coisa séria, que ela só se casaria se fosse para durar para sempre. Ele perguntou se existiam candidatos, e na hora, mesmo que sem querer, ela pensou nele. Aquele tipo de pensamento que não se controla, que vem do nada e até assusta, de certa maneira. E aqui estava ela, casada há um ano com esse homem maravilhoso que às vezes ela pensava não merecer.

Afastou seus pensamentos para concentrar-se nas carícias que recebia. Continuava imóvel, tentando respirar tranquilamente para fingir que estava dormindo, queria saber até onde ele chegaria. Sentia junto a si as batidas do coração do marido, e seu amiguinho ganhando vida outra vez um pouco mais abaixo. Não pôde deixar de sorrir, disfarçadamente, pensando nas tantas vezes que se entregou a Castle, e como se satisfazia com cada carícia, cada movimento, cada momento. Seu marido era egocêntrico demais para saber isso o tempo todo, mas os pensamentos eram seus, e ela confirmava a cada dia a sorte que tinha, em todos os sentidos.

Rick mordia, lambia com veemência seu pescoço, e aquelas carícias começaram a enlouquecê-la. Estava se esforçando ao máximo para sentir aquela onda de prazer somente por dentro, mas seu corpo começou a dar pequenos sinais de que ela estava acordada e bem alerta ao tratamento. Porém, por sorte, Richard estava tão concentrado em acariciar a esposa que pareceu não perceber. Apesar de estar de costas para o marido, o conhecia o suficiente para saber isso.

As duas mãos voltaram a caminhar pelo corpo de Kate. Desceram, passando levemente por toda a extensão do abdômen, chegando a seu ventre. Ela prendeu a respiração. A mão direita continuou descendo, chegando até sua intimidade. Para dar mais espaço, Rick levantou a perna dela e colocou encima das suas, tocando-a devagar. Confirmou outra vez o poder que tinha sobre Kate: ela já estava excitada e pronta para recebê-lo. Mas não. Ele prolongaria aquele momento. Queria que a esposa acordasse com um belo orgasmo sem ao menos penetrá-la, e assim ele faria.

Castle seguiu com suas carícias. Usava a mão esquerda para firmar seu ventre e aproximá-la o máximo possível, e seus dedos indicador e médio a acariciavam, descendo e subindo, ameaçando invadi-la e voltava, deixando Kate com as pernas bambas. Seus músculos da coxa começaram a tensionar pelo prazer que recebia, e não pôde resistir mais:

- Oh Cas... – disse com a voz fraca, sussurrada, mordendo seu lábio inferior.

Rick levantou um pouco sua cabeça para vê-la. Estava com os olhos fechados, um sorriso de satisfação enquanto ainda mordia seu lábio. Libertou os dentes da mordida, que ficaram levemente marcados na boca, e pressionou os lábios entre si com a respiração pesada. Ele sabia que ela estava chegando ao seu limite, e acelerou seus movimentos para depois diminuir. Ouviu sua esposa praguejar baixinho, e riu em seu ouvido.

- Realm...mente você está... hm... me castigando... Rick... ahh...

Rick manteve-se calado. Tinha as palavras certas para lhe dizer quando ela atingisse seu orgasmo. Ele acelerou os movimentos agora sem a intenção de diminuir, e sentiu sua esposa chegar ao ápice depois de alguns poucos minutos.

- Kate, abra seus olhos... – Ele pediu enquanto o corpo de sua musa ainda se recuperava.

Ela abriu lentamente, e ele voltou a levantar a cabeça para vê-la. Seus olhos castanho-esverdeados estavam tingidos num tom escuro de desejo, e sorriu satisfeito. Sua mão direita, que ainda estava pousada em sua intimidade, desceu até seu membro, e o guiou para dentro dela. A invadiu de uma vez, e observou sua reação. Os olhos de Kate reviraram-se de prazer, mal tinha se recuperado do maravilhoso momento que seu marido lhe proporcionou e já se preparava para um ainda melhor.

- Eu... quero... que... você... acorde... sempre... assim... Revirando os olhos de prazer por minha causa.

A cada palavra pronunciada, Castle a penetrava mais fundo, de maneira devagar, como se quisesse gravar suas palavras com cada movimento feito. Kate sorriu e começou a se movimentar com ele, em sincronia perfeita.

Os gemidos tomaram conta do quarto. Não havia ninguém em casa, e mesmo se tivesse, eles não se importariam. A saudade e o desejo eram muito maiores que a vergonha. Enquanto dava estocadas cada vez mais fortes e ágeis, Castle dizia a Beckett o quanto a amava, o quanto sentiu sua falta, o quanto ela era importante para ele. Ele voltou a tocá-la para incentivá-la, e sentiu a mão direita de sua musa tocando seu quadril, pedindo mais. A outra mão, que sempre estivera em seu ventre pressionando-a, voltou a subir para massagear seus seios. A capitã girou seu rosto para seu escritor favorito, fazendo-o levantar a cabeça novamente e seus olhares se encontraram. Rick a olhava intensamente, apaixonado e voluptuoso, e Kate retribuía seu olhar com uma mescla de agradecimento. Eles se entendiam pelo olhar, nunca foram necessárias palavras.

Castle a girou, deixando-a por baixo e voltando a penetrá-la, sem deixar de olhá-la sequer um momento. Queria gravar em sua memória todos os momentos, tinha medo de perdê-la de novo, e não, ele não permitiria que isso acontecesse outra vez. Era sua esposa, ele não podia aceitar seu afastamento, nunca mais. Kate pensava em como era bom sentir o peso de seu escritor sobre si, senti-lo daquela maneira, tão fascinado por ela. Sentiu-se amada, poderia sentir inveja dela mesma. Com os olhares ainda cravados um no outro, a sintonia se fez presente outra vez:

- Eu te amo... – disseram juntos, e se beijaram com desespero.

Rick se movimentava com precisão e acelerava cada vez mais suas estocadas. Ambos estavam chegando ao seu final, mais uma vez naquele dia que ficaria marcado para sempre na história dos dois. Ele agarrou as mãos de Kate, entrelaçando-as com as suas e a beijou outra vez, mais um beijo carregado de desespero e desenfreado, como seus corpos se agitavam naquele momento.

- Juntos?

- Juntos. – disse sua musa, ofegante.

1...2...3...4 estocadas e sentiram-se livres, se libertaram em um estrondoso orgasmo compartilhado pelos dois. De olhos fechados, estavam tentando se recuperar com a respiração pesada e ofegante. Castle escondeu o rosto no pescoço de Beckett, e ela pôde sentir a baforada de ar quente buscando fôlego. Ela o abraçou e assim ficaram por um tempo, sentindo o suor de cada um misturando-se, seus cheiros se mesclavam e exalavam essa paixão que não se apagava nunca.

- Realmente o que nós temos é... Genuíno, inexplicável. – disse Rick, saindo de Kate e deitando ao seu lado, puxando-a para si.

- O que você quer dizer?

- Você se lembra da Mia? O “nosso nariz” que desvendou o caso da pintura falsa?

- Sim, claro que me lembro. – Kate sorriu se lembrando da estranha mulher loira que sabia até o que uma pessoa comia pelo cheiro. – Ela era bizarra... – e riu, levando Castle a rir com ela.

- Ela me disse que você ainda me amava... Que ela passou a carreira fabricando cheiros que representassem o amor, mas todos eram falsos como a pintura. Mia me disse que o que nós tínhamos era genuíno, verdadeiro, e ela não precisava medir nossas feromonas para dar isso como um fato. E naquele mesmo dia, você tinha recolhido suas roupas, me deixando apenas uma blusa com seu cheirinho... – enquanto o disse, Rick esfregou seu nariz com o dela. – Mas ali, eu soube que você iria voltar. As palavras de Mia me deram forças para nunca desistir.

Kate sorriu e acariciou os cabelos de seu escritor, com os olhos cheios d’água:

- Obrigada.

- Pelo que?

- Por nunca ter desistido de mim. Por me fazer ver que ainda há esperança.

- Sempre...

E dormiram outra vez nos braços um do outro, tranquilos. Ainda tinham mais obstáculos pela frente, mas eles estavam juntos. Eles tinham corações de leão, fortes. Enfrentariam uma guerra se preciso fosse, e o amor que sentiam um pelo outro conquistaria tudo. Sempre. “We’re lionhearts”.