Ouvimos uma batida na porta. Era uma enfermeira.

– Com licença, tenho que levar a rainha para um banho de sol. – Ela disse sorrindo se aproximando de Hanna.

–Tudo bem. – Balancei a cabeça em afirmativo e me despedi da minha prima. – Mais tarde estarei aqui.

–O.k Phill, te espero. – Ela deu um sorriso tímido.

–Pode esperar. – Sorri.

Saindo de lá fui até a dela de Julian. A contradição de Alina havia levantando sérias suspeitas contra ela, apesar de eu não querer acreditar que ela seja uma traidora, a possibilidade não poderia ser descartada.

****

Cheguei a P2 com o coração apertado. Eu não poderia ter me deixado levar pela aquela paixão. Phillip não deveria ter cruzado o meu caminho.

– Pode entrar Alina. – A secretária de Eric disse quando me viu.

Sorri cordialmente e sentei na cadeira de frente para Eric. Seus cabelos estavam devidamente alinhados e suas vestes impecavelmente limpas o faziam parecer superior. Cruzei as pernas e tirei o capuz da minha capa.

–O que trás você aqui ?

–Não posso cumprir a ordem que me mandou. – Coloquei as mãos sobre a mesa.

–Porquê? É muito simples.

–Preciso discordar de você.

–O que está te impedindo? Você matou a mãe de Hanna tão fácil, porque está hesitando de matar o primo dela? – Abaixei a cabeça. – Não me diga que se apaixonou pelo judeu?

–Me dê outra tarefa, mas não essa.

Eric se levantou da cadeira rindo e deu a volta na mesa ficando do meu lado.

–Se você não fizer outro fará.

–Acredito que devemos comunicar que o rei está preparando uma comitiva por todo o reino. Precisamos ser mais atentos. – Ignorei Eric, Eu não poderia dizer nada que piorasse ainda mais a minha situação.

–Não esqueça que foram eles que mataram seus avós, seus tios e deixaram seu pai inválido Alina. Eles não merecem piedade. -Eric fez uma pausa. – Eu entendo que quando se tem contato com o luxo ou com a abundância fica difícil mantermos os foco. – Ele voltou para sua cadeira. -Mas precisa ser forte.

– Qual será o próximo passo? Afinal Aleksei passou de gato encurralado para uma serpente prestes a dar o bote.

–Precisamos tirar todos os apoios dele. E quando ele estiver desestabilizado o tiramos do poder, executamos o golpe e instauramos a democracia.

–Os judeus de Kor estão se unindo ao rei.

– Fiquei sabendo, mas eles logo voltaram atrás, eles não aguentaram a pressão.

–Hanna é uma grande influenciadora deles.

– Ela será a próxima da lista, agora, saia. Preciso encontrar alguém que faça o trabalho por você.

Levantei e sai. As ruas da P2 nunca foi tão vazia. Cheguei a casa dos meus pais e vi minha mãe preparando o jantar. Meu pai como sempre estava deitado na cama.

–Oi pai. – falei me aproximando dele. Fazia poucos meses que ele não pronunciava nenhuma palavra. – Passei a mão nos cabelos ruivos dele. – Está tão bonito hoje. – Sorri. -Pronto para dormir?

–O jantar já está na mesa. – Minha mãe disse entrando no quarto. – Coma antes que esfrie querida.

– Certo. – Dei um beijo e um abraço nos meus pais e depois do jantar fui dormir.

Despertei com batidas na porta do meu quarto. Eram batidas fortes e violentas, não pareciam nenhum pouco com as da minha mãe. Ao abrir a porta me deparei com Phillip. Ele estava com um uniforme azul noite parecida com as dos guardas reais e um capacete na mão.

–Tenho uma ordem para prender você. – Ele disse com um tom gélido.

–Me prender? – Ri desacreditada. – O que eu fiz?

Ele tirou um papel de um dos seus bolsos e suspirou como se estivesse entediado.

–Você está sendo acusada pelo assassinato de Anne Kringer, envolvimento com organizações criminosas e traição.

Puxei o papel de Phill e comecei a ler. Eu não sabia se me desesperava, se ia com Phill ou se fugia. Eu precisava ganhar tempo.

–Isso não é verdade Phill. Porque estão fazendo isso comigo?

–Quer que eu a algeme ou prefere vir sozinha?

Ele estava tão frio que chegou a doer.

Olhei ao meu redor e vi que Phill estava com dois guardas do lado de fora do meu quarto e que a única saída eu tinha de escapar era pela janela. Corri e pulei a janela. Olhei para os lados e não vi ninguém. Entrei em um beco que daria até a floresta, quando eu estava perto de passar da cerca. Senti uma dor dilacerante no meu tendão de Aquiles e cai. Era uma flecha. Um Guarda real se aproximou de mim e algemou minhas mãos.

– Me solta! – Gritei quando ele me levanto. - Você tem muito a ganhar se não me levar, se junte a nós.

Parecia que ele não estava me ouvindo. O guarda me colocou dentro de um carro e sentou do meu lado. Quando ele tirou o capacete vi que era Phill. O que mais poderia dar errado hoje?

–Você terá direito a uma cela confortável em Kor devido ao seu grau de escolaridade e a função que desempenhava no reino.

Abaixei a cabeça. A indiferença de Phill estava doendo muito mais que a flecha que ele acertou em mim, mas eu poderia entender, porém entender não diminuía a dor que eu sentia.

****

Coloquei Alina no vagão de presos e caminhei até o meu dormitório. Ela realmente era uma traidora. Eu não sentia raiva, muito menos ódio, mas a decepção me consumia. Em pensar que eu estava prestes a pedir ela em casamento.

Ao nascer do dia, chegamos a Kor e imediatamente levamos Alina para as celas. Tomei um banho, troquei de roupa e fui até Hanna. Ela estava mais corada e um sorriso animado estava em seu rosto, acredito que só de sair da enfermaria a deixou mais alegre do que antes.

–Você viu a Alina? - Ela perguntou vindo em minha direção.

Eu queria não saber onde ela estava para não ser o responsável por contar tudo aquilo a minha prima.

–Alina está presa Hanna.

–Presa?

–Ela estava sendo acusada de traição e assassinato.

–Não pode ser. - ela sorriu desacreditada. - Phill nós estamos falando da Alina, a minha amiga de infância a sua namorada.

–Eu sei. - Sentei na cama dela. - Eu também gostaria de estar falando de outra pessoas, mas parece que a Alina que conhecíamos na verdade não existia.

Abaixei a cabaça e limpei as lágrimas que cairam.

–Eu não consigo acreditar Phill.

–Somos dois.

–Quero falar com ela. - Hanna disse determinada.

–Porque?

–Preciso entender porque ela nos enganou e quero ter certeza se ela realmente é culpada, porque pra mim isso tudo foi um engano.