Regente escrita por Jessy F


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sejam Bem vindos novamente a Scidet!



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Segurei a garrafa prateada que Alina entregou em minha mão. O metal estava mais frio como os dedos da minha mão e dos meus pés. Diferente de todas as províncias que visitei retornar a P2 era de certa forma voltar a um passado não tão distante. Sorri cordialmente para Alina e rodei a tampa da garrafa pensando em como iriam me receber.

-Está preocupada? – Alina sentou ao meu lado com um copo de suco vermelho.

Minha amiga tinha mudado radicalmente. Seus longos cabelos loiros agora estavam na altura da nuca e seus olhos quase sempre tinha uma maquiagem escura como moldura, mas a ironia e a tagarelice ainda estavam dentro dela e isso era o que me importava. Monique dizia que uma roupa era apenas uma capa para expor o que temos por dentro e Alina estava fazendo isso muito bem.

-Estou um pouco. – bebi um pouco de água. – Eu não sei como vão reagir a me ver.

Coloquei meus longos cabelos para trás. Eu estava há praticamente dois meses dentro daquele trem correndo por toda Scident dizendo: Sinto muito pelos seus mortos, mas eu venci e por tanto sou a nova rainha de vocês. Julie escrevia meus discursos, Monique me arrumava, Alina me acompanhava e Phill fazia a minha guarda. Sufocada às vezes era o diminutivo da tamanha pressão que eu sentia, mas eu já havia aguentado mais de três meses de estado de alerta por conta de dez garotas tentando matar umas as outras pra ganhar o lugar onde estou hoje. Sorte? É realmente foi sorte uma garota da província 2 sair de uma venda de perfumes para o lugar de rainha de todo um reino.

-Achei que visitarmos a província 2 seria a mais tranquila para você.

-Todos que eu conhecia estão naquele lugar. – abaixei a cabeça e os longos e lisos cabelos castanhos escorregaram pelos meus ombros fazendo um o meu rosto ficar escondido. – Acho que enfrentar as coisas que deixei para trás é demais pra mim.

-Você não fez nada errado. – Levantei o rosto e olhei para Alina. – Você não deve nada para ninguém naquele lugar e além do quê. – Ela deu outro gole no suco. – Você é o grande orgulho dos germânicos, pela a primeira vez vencemos em algo. –Ela sorriu. – Agora precisa se vestir.

“Em uma hora estaremos chegando a província 2” Ouvimos a voz do maquinista sair das caixas de som brancas penduradas no teto.

-Tem razão. – Sorri.

Levantei e Alina pegou na minha mão e rindo como duas garotas adolescentes nós fomos até o quarto que Monique havia preparado apenas para as trocas de roupa e todas essas coisas que demandavam tempo e cuidado. Ela estava terminando de tirar um sapato cor de ouro de uma caixa feita de madeira.

-Sua garota está entregue Nic.

Alina estava cada vez mais intima de Monique. Nunca havia escutado tanto: Nic você viu aquilo? Lina será que isso é drasticamente glamoroso? Elas foram feitas uma para a outra. Monique bateu palmas e se levantou me pegando pelas mãos.

-Obrigada Lina. – Ela deu uma piscadinha e Alina saiu do quarto. Ouvi a porta de vidro deslizar pelos trilhos e se fechar. – Eu escolhi uma roupa sofisticada para você, mas um pouco menos brilhante que as outras. – Ela soltou minhas mãos e foi até um painel e depois de digitar a senha uma gaveta deslizou como se fosse um livro saindo da prateleira. Ela abriu o zíper e um vestido que mais parecia um blazer branco com botões dourados brotou por entre o tecido escuro que o cobria. – O fato dele não ter brilho não significa que não é sofisticado.

-Ele é muito bonito.

-Com certeza é, fui eu que escolhi. – Ri devido a grande modéstia de Monique. – Agora precisa se arrumar minha querida.

Acenei com a cabeça e vi Monique sair. Arrumei-me e quando me olhei no espelho vi uma jovem de pele clara e lábios rosados. Seus grandes cabelos lisos estavam partidos ao meio e jogados para trás. Eu sentia saudade dos meus cachos, mas depois de tanto tempo alisando o cabelo, era raro vê-los novamente. Suspirei e logo Monique entrou com a equipe de maquiagem. Depois foi a vez de Julie entrar e me entregar um papel vermelho com o meu discurso escrito em tinta preta.

-Chegamos. – Phill falou do lado de fora do quarto.

-Estamos indo. – Alina falou sorrindo.

Levantei com o papel em minhas mãos e como nas outras vezes segui pelos corredores orando ao Senhor pedindo força para continuar e subir naquele palanque. Amém! Sussurrei de cabeça baixa e sai da locomotiva. Havia muitas pessoas aglomeradas na plataforma me esperando com cartazes e balões, eles estavam felizes em me ver. Sorri e acenei antes de entrar no carro. Fiquei olhando a paisagem durante todo o caminho. Todas as árvores secas e campos cheios de hortaliças continuavam no mesmo lugar. O prédio da minha escola agora estava pintado de amarelo e a loja dos meus pais agora ocupava uma loja de roupas. Abaixei a cabeça e vi Phill se sentando ao meu lado.

-Lembre-se, não vá para a multidão e não abrace ninguém e caso eu dê o sinal volte para o carro.

Aquele discurso era repetido para mim toda vez que eu chegava a alguma província. Medidas de segurança, regras de etiqueta, código de proteção. Tudo aquilo já havia me cansado. Toque o rosto do meu primo e fiz um gesto positivo com a cabeça para ele. Chegamos e como sempre Phill seguiu na frente depois eu e Alina. Todos me aplaudiram e gritavam por mim. Uma foto minha com o vestido que usei pela a primeira vez em Kor apareceu no telão, mas logo a foto foi substituída pela minha imagem.

-Olá germânicos! – Falei sorrindo. – Aqui estamos nós novamente! – Eles aplaudiram. Olhei para o papel que Julie me entregou e dei a Alina. – Eu estou aqui não apenas para dizer que eu consegui levar o nome da nossa província para um lugar mais alto, mas como eu também vim dizer que jamais me esquecerei de onde vim e que apesar de eu estar longe, meus pés sempre estarão aqui. – todos aplaudiram e rosas vermelhas e amarelas voaram para cima do palanque. Peguei uma rosa de cada cor e acenei. Phill me guiou para fora do palanque e logo voltei ao carro. Alina entrou sorrindo.

-Que história foi aquela de meus pés sempre estarão aqui?

Ri.

-Ficou ruim?

-Não, nenhum pouco. – Phill disse sentando na minha frente.

Alina e Phill trocaram olhares e sorri.

-Vocês dois são lindo juntos.

Eles coraram.

-Não, isso é impossível. – Falaram juntos.

Gargalhamos. Ao sentir o carro se movendo olhei pela a janela e vi a casa em que eu morava. Lagrimas ameaçaram escorrer pelos meus olhos. Eu precisava ir lá.

-Pare o carro, por favor. – falei quase gritando.

-O que foi? – Phill disse espantado.

-Eu preciso ir a um lugar.

Alina e Phill se entre olharam, mas logo o motorista abriu a porta e desci. A minha casa estava intacta. Parecia que o tempo não tinha passado. Ela estava toda fechada e o jardim que um dia foi colorido agora estava cinza. Segurei no pequeno portão e lagrimas caíram.

-Acho que não tem ninguém ai Hanna. – Alina disse tocando o meu ombro.

Eu precisava entrar. Comecei a bater palmas e logo uma senhora de cabelos grisalhos abriu a porta. Assim que me viu ela se espantou e correu para abrir a porta e se curvou.

-Posso entrar na sua casa?

-Sim majestade, claro que pode.

Passei pelo portão tocando no ombro da senhora e ao entrar não reconheci nada. Não havia mais quadros, nem flores e muito menos os pratos de porcelana que minha mãe guardava com tanto cuidado no armário que hoje estava cheio de novelos de lá. Subi até o que um dia foi o meu quarto, a pintura era a mesma, mas uma maquina de costura e manequins preenchiam todo o cômodo. Tive a sensação de estar sendo observada.

-Gosta de lembranças não é? – Senti um arrepio na nuca ao ouvir aquela voz.

Virei e meu coração acelerou.

-Aleksei. – sussurrei.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?



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