Soulmate escrita por Gisele Michaelis


Capítulo 1
Seoul Palace


Notas iniciais do capítulo

Uma ChanBaek pra quem ainda lê histórias do exo aqui. Espero muito que vocês gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661395/chapter/1

_Como se chama o hotel que você vai ficar mesmo?

_ Seoul Palace*.

_Em Seul? Porque Seul?

_Preciso de descanso e paz.

_ChanYeol, não acha que você tá exagerando? E paz? Em Seul? Você só pode estar brincando comigo, né? - O moreno mais alto encarou o amigo e sorriu. - Você pode ficar aqui comigo se quiser e...

_ Eu te agradeço muito YiFan, mas eu realmente preciso ficar sozinho. - ChanYeol ouviu a buzina do táxi e se levantou. - Eu ligo quando me instalar no hotel.

_ E você vai ficar por lá quanto tempo?

_ O tempo que for necessário pra mim.

Park ChanYeol era um famoso escritor de romances. Seus últimos livros haviam entrado para lista dos mais vendidos de seu país, e se manteve em primeiro lugar por várias semanas.

_Essa viagem tem algo a ver com o KyungSoo? - YiFan perguntou, enquanto o seguia até a entrada. ChanYeol havia passado por lá para despedir-se do amigo, e deixar com ele a chave de seu apartamento, no caso de qualquer emergência.

_Não...

_Ele ligou pra você? - Insistiu.

_Fan, eu realmente não quero fala disso agora. - Puxou o amigo para um abraço. - Eu vou ficar bem. Até mais.

YiFan observou ChanYeol se afastar e entrar no táxi. Sabia muito bem que a tal viagem nada tinha ver com paz. O mais novo queria estar sozinho e curtir sua fossa.

_Aeroporto, correto? - O motorista perguntou para confirmar o destino.

_Sim, por favor. - Se recostou no banco e suspirou. YiFan estava certo, essa viagem tudo tinha a ver com KyungSoo.

ChanYeol o conhecera em uma das viagens para a divulgação de seu último livro, há dois anos, e logo de cara se deram bem. A não ser pelo fato de que o ruivo era um romântico e o baixinho não queria nada sério.

_Não sou perfeito como os personagens do seu livro Channie, desculpe...- KyungSoo havia dito após mais uma de suas longas discussões.

Agora tudo que queria, era ir para uma época onde o baixinho não existisse.

_Você é patético ChanYeol... - Disse pra si mesmo.

_Falou alguma coisa? - O motorista perguntou um pouco alto, trazendo-o de volta á realidade.

_Não... - Respondeu um pouco irritado.

O aeroporto não estava tão lotado. Tinha preferido viajar a noite, como era de seu costume. Após fazer seu check in, se acomodou na sala de espera da primeira classe.

_Com licença, você é o Park ChanYeol? - Uma mulher se aproximou dele sorrateiramente.

_Sim, sou eu mesmo. - Ele sorriu.

_Nossa! Eu não acredito nisso! Você é muito mais bonito pessoalmente. - Ela comentou, sua voz deixando transparecer o nervosismo e afobação.

_Obrigado.. - Ele sorriu novamente.

ChanYeol era ruivo, alto e tinha os olhos num castanho escuro. Seu rosto era de menino, e as pessoas não conseguiam acreditar em sua voz quando abria a boca.

_ Você pode me dar um autógrafo?

_Claro!

A mulher lhe estendeu uma caneta e uma das edições de um de seus livros.

_Qual o seu nome? - Ele perguntou abrindo na primeira página.

_Kim Haneul... - Ela respondeu. - Seus livros são tão românticos, tão lindos... - Ela mais suspirava do que falava, e ChanYeol riu um pouco.

_ Muito obrigado.. - Ele lhe estendeu de volta o livro e a caneta com um grande sorriso.

_ Ai meu Deus! - A mulher sorriu ao ler a dedicatória e foi embora saltitante. ChanYeol observou de longe sorrindo. Ele gostava muito de interagir com fãs sempre que podia, e buscava ser simpático, já que eles eram totalmente responsáveis pelo seu sucesso.

"Atenção passageiros do voo 7163 com destino a Seul. Embarque pelo portão 3."

Ao ouvir seu voo ser anunciado o ruivo se levantou, se dirigindo ao local de embarque. Quando o avião decolou, ChanYeol sentiu que estava agindo certo, deixando sua cidade e Do KyungSoo para trás.

C&B

_ Tenho uma reserva no nome de Park ChanYeol, por favor... - O escritor pediu no balcão da recepção do hotel.

A atendente confirmou a reserva e lhe entregou as chaves com um sorriso de boas vindas.

_ Boa estadia no Seoul Palace Sr.Park.

_Obrigado.

_ O Senhor me permite? - Um rapaz se aproximou, apontando para a mala que carregava.

_ Ah sim, muito obrigado! - ChanYeol lhe passou a mala e eles seguiram até o elevador. - Sabe me dizer se o bar ainda está aberto? - O ruivo perguntou, olhando para seu relógio que marcava pouco mais de três da manhã.

_ Somente o serviço de quarto está disponível este horário, senhor. - O rapaz informou e ele suspirou.

ChanYeol caminhou pela suíte após dispensar o rapaz com uma gorjeta. Era ampla e confortável. Havia pesquisado alguns hotéis na região antes de escolher aquele e não estava arrependido de nenhuma forma.

Olhou mais uma vez para o relógio, e mentalmente se perguntou o que o Do estaria fazendo aquela hora.

"Deve estar dando para alguém..." Pensou desanimado.

_ Não posso ficar pensando nele. - Ele suspirou pesadamente.

Tirou o jeans que vestia e o grosso casaco, ficando apenas com a camisa e a boxer. Foi até o frigobar, pegando uma das bebidas de teor alcoólico mais forte que disponibilizavam nos quartos.

_ Vou precisar de você hoje amigo... - ChanYeol se serviu em um copo e sentou-se na poltrona.

C&B

O Sol já apontava no alto quando o ruivo despertou. Levou uma mão até o pescoço, sentindo sua coluna fisgar de dor com os mínimos movimentos, e se deu conta de que não tinha adormecido na cama.

_ Merda! - Se levantou e alongou o corpo, tentando dissipar a dor. Pegou um relaxante muscular que trazia consigo em sua mala e após ingeri-lo, se dirigiu ao banheiro.

Quase uma hora depois, o ruivo descia para o café da manhã. Vestia camisa de mangas, jeans e tênis.

Entrou no restaurante do hotel, escolhendo uma mesa afastada e não demorou para um garçom atende-lo. Não sentia muita fome e estava um pouco enjoado, então pediu apenas uma xícara de café forte.

Após tomar seu desjejum, o ruivo resolveu explorar o local, descobrindo que era muito maior do que tinha pensado. A construção mantinha um toque dos anos trinta, que o deixava apenas mais charmoso. O ruivo adorava conhecer mais a fundo a história dos lugares por onde passava, porque era uma pessoa muito curiosa. Por isso ficou imensamente feliz ao descobrir um pequeno museu que contava toda a história do hotel.

_ Que legal. - Ele disse a si mesmo quando entrou no local.

A parede estava coberta por quadros e fotos da construção do hotel, dos primeiros hóspedes e, alguns deles inclusive, eram famosos da época. O primeiro livro de registros estava intacto, protegido por uma caixa de vidro. O ruivo se aproximou e observou a 29 de Janeiro de 1915.

_Uau! Quase cem anos atrás! - Ele comentou alto.

Uma maquete do hotel preenchia todo um canto da sala. ChanYeol se aproximou e sorriu ao ver os detalhes perfeitos.

Na parede acima da maquete tinha mais fotos, e uma em especial chamou sua atenção. Um casal que sorria abertamente para câmera.

O ruivo sorriu enquanto observava. A mulher era muito linda, mas o homem, ele era mais do que lindo. Era perfeito. Apesar da foto não estar em seu melhor estado, ele conseguia ver os traços delicados do rosto, e o sorriso que mostrava as presinhas era de tirar o fôlego.

_ Agosto de 1950. - O ruivo leu em voz alta. - Byun Baekhyun e Kwon Yuri. Mulher de sorte essa Yuri. - Ele comentou enquanto dava mais uma olhada na foto.

Passou a reparar melhor nas fotos e descobriu que em várias estava o mesmo rapaz com seu sorriso de presinhas.

_ Byun Baekhyun... Quem é você? - Perguntou ao parar novamente em frente a foto do casal. Alguma coisa nele o fascinara. Sorriu novamente. Iria descobrir quem era o sujeito.

Terminou sua exploração e retornou á suíte. Reparou seu celular em cima da cama, que nem havia se dado conta do esquecimento. Seu coração se acelerou quando o pegou e viu duas chamadas perdidas, mas logo desanimou ao perceber que era de YiFan.

Havia esquecido completamente de avisar ao amigo de sua chegada e após conversar com ele longos minutos, ligou o notebook.

_ Vamos lá... - Começou a digitar. - Byun Baekhyun, 1950.

Clicou no primeiro link, que era do Wikipédia. Descobriu que o Byun havia sido um ator de teatro da década de cinquenta. Era de Bucheon, província de Gyeonggi, mas residiu por vários anos em Seul.

_ Hummm. - O ruivo murmurou enquanto continuava lendo, ávido pelas informações.

Baekhyun atuou em várias peças no teatro do Seoul Palace.

_ Isso explica as fotos. - Ele disse baixinho.

Nunca se casou e nem teve filhos, "apesar de sempre estar rodeado de belas mulheres". Em 1990, em sua biografia, Baekhyun declarou que sempre fora homossexual.

Tinha uma lista com os nomes das principais peças na qual o Byun havia trabalhado, e por fim a informação de que havia morrido no fim de fevereiro de 2012, aos 90 anos. Aquela última informação havia deixado o ruivo chateado.

Clicou em imagens e várias fotos apareceram na tela, a maioria do Byun já velho. Mas um era igual a que o ruivo tinha visto no hotel, e ele a escolheu ampliando-a.

Baekhyun era realmente muito lindo, e por suas contas, tinha 27 anos nessa época em que fez as peças no hotel. Ele encarou a foto por longos minutos e sacudiu a cabeça quando se tocou do que fazia.

Desligou e fechou o notebook, resolvendo tomar um banho, antes de ir almoçar. Ainda não sentia a fome, apenas seu estômago se revirando, mas não ia ficar o restante do dia no quarto.

Pela tarde, passou novamente pelo museu e percebeu que havia um senhor de idade lá.

_ Boa tarde. - O cumprimentou e acabou assustando-o com o ato.

_ Boa tarde. - O senhor o respondeu após um momento.

_ Desculpe, não queria assusta-lo. - O ruivo se aproximou e percebeu que ele vestia um uniforme do hotel e carregava uma plaquinha com seu nome. JooWon. - O senhor trabalha aqui?

_ Sim, o senhor precisa de algo?

_ Me chame de ChanYeol, por favor. - Ele pediu. Não se sentia bem ao ouvir um homem com idade para ser seu avô o chamando de senhor.

_ O senhor é um hóspede do hotel. Preciso tratá-lo com respeito. - Ele sorriu para o ruivo.

_ O senhor trabalha aqui há muito tempo?

_ Na verdade eu nasci aqui. Meu pai foi recepcionista por um longo tempo, e quando completei quatorze anos, virei mensageiro, em 1948. - Ele disse com uma expressão saudosa.

_ O senhor trabalha aqui esse tempo todo? - ChanYeol o fitou espantado.

_ Com muito gosto meu filho... esse hotel é minha vida.

_ E o senhor o conheceu? - O ruivo andou devagar até parar em frente á foto de Baekhyun.

_ Quem? - Ele se aproximou e olhou a foto. - O senhor Byun? Ah sim! Um rapaz muito bonito e muito talentoso!

_ Ainda existe o teatro por aqui? - O ruivo quis saber, pois durante sua exploração pelo hotel não havia visto nada como um teatro.

_ Eles transformaram em uma sala de cinema, mas está desativada agora. - O senhor o respondeu com certo pesar. - Uma pena...

ChanYeol sorriu e voltou novamente sua atenção para foto. - E como ele era?

_ O senhor Byun? - Ele riu. - Ele sempre estava sorrindo. Atuar era sua vida. Se apresentou pela última vez aqui em... 75 ou 76 não me lembro bem. Depois, ele se despediu de todos, dizendo que voltaria para sua cidade e não sairia mais. Acho que parou de atuar.

_ E Yuri?

_ Eles eram muito amigo, viviam sempre juntos por aqui.

ChanYeol não conseguia conter sua curiosidade á respeito do ator. Ele passou a procurar o senhor JooWon todos os dias no fim da tarde, quando era o fim do expediente do mesmo, e o acompanhava até sua casa, que ficava não muito longe do hotel. O senhor contava várias histórias de Baekhyun no hotel, e o ruivo não entendia, como ao contrário de ter sua curiosidade saciada, ela apenas aumentava.

Ele procurou em várias livrarias e não descansou até achar a biografia do Byun , lendo-a em apenas um dia.

Baekhyun tivera uma infância difícil. Seu pai morrera quando ele era ainda uma criança e desde cedo ajudou a sustentar a casa. Ele descobriu sua paixão em atuar ainda na sua adolescência. Quando o teatro em Seoul Palace ficou pronto, a peça de Byun, que já era famoso, foi a primeira a ser apresentada no hotel. Ele voltou diversas vezes ao Palace e era muito querido por todos os funcionários. Fez questão que seu último trabalho fosse apresentado no teatro do hotel. Ele se aposentou em 1976, com 53 anos voltando a morar em Bucheon. Ao final daquela edição havia uma nota:

Seu corpo foi cremado e as cinzas estão no jazigo da família, em Bucheon.

ChanYeol terminou a leitura se sentindo um pouco deprimido, mas quanto mais ele ficava sabendo sobre a vida daquele homem, mas ele queria saber.

Não entendia o porquê de estar praticamente obcecado pelo ator, mas seja qual for o motivo, havia se esquecido até de KyungSoo naquele período.

Ouvia fascinado as histórias de JooWon, mas ao mesmo tempo estava triste. Queria que o Byun não tivesse vivido tantos anos atrás. Gostaria muito de o ter conhecido.

Ele achou na internet algumas entrevistas de Baekhyun, e mesmo estando mais velho nelas, o ruivo não deixava de acha-lo encantador. Byun era muito simpático, inteligente e bem humorado. Sua expressão mudava apenas quando questionado sobre sua vida pessoal, mas ainda sim ele desviava das perguntas com bom humor.

Em certa manhã, Sr. JooWon bateu á porta de sua suíte.

_ Bom dia ! O Sr gostaria de entrar? - Ele perguntou enquanto abria a porta para dar passagem ao mais velho.

_ Bom dia! Desculpe incomoda-lo pela manhã, mas eu encontrei algo que sei que o senhor irá gostar muito. - Ele ainda teimava em chama-lo de senhor e não havia nada que ChanYeol pudesse fazer para mudar isso.

_ O quê? - Ele perguntou sorrindo.

_ Teve uma vez que o senhor Byun pediu para que filmasse sua apresentação e rolo ficou aqui no hotel. Eu imaginei que o senhor gostaria de assistir.

_ Claro que sim. - Ele respondeu animado. - Onde está?

C&B

Depois de tomar um banho e comer com muita pressa, ChanYeol encontrou o Sr. JooWon na sala vazia que antes era o cinema.

_ Nossa! Esse projetor ainda funciona?

_ Funciona! Meu filho me ajudou, e agora já está tudo preparado para o senhor assistir o filme. - Ele sorriu orgulhoso.

_ Seu filho trabalha aqui também?

_ Não, mas ele vem me visitar sempre. - Ele sorriu e ensinou o ruivo a usar o projetor. - Bom, vou deixa-lo assistir.

_ E o senhor não quer ver comigo?

_ Não posso, ainda tenho trabalho a fazer. Mas quando acabar me chame.

_ Obrigado Sr JooWon.

_ Não há de quê. Bom filme senhor.

ChanYeol se acomodou em uma das cadeiras após ligar o projetor.

O som e a qualidade da imagem não era das melhores, mas o ruivo conseguiu entender e se divertiu muito. A peça contava a história de um homem que viajava para o passado para tentar consertar os grandes erros da humanidade.

Baekhyun era um ótimo ator, e ao acabar o filme, ChanYeol estava ainda mais encantado por ele.

Ele estava hospedado há um mês no hotel e já sabia de tudo da vida do ator. Mas ele queria saber mais, muito mais.

Em uma tarde realmente chuvosa, voltou a uma das livrarias da cidade.

Folheou algumas revistas e pegou alguns livros que falavam sobre a década de 50. Ainda olhou outras sessões, quando um cartaz chamou sua atenção. A propaganda do último livro de um famoso físico americano.

_ Viagem no tempo. Realidade ou Ficção? - Ele leu em voz alta.

Claro que ele já ouvira muito falando sobre o tema, mas nunca se interessara de fato e muito menos pesquisara a respeito. Não tinha sequer uma opinião sobre o assunto.

Ele sentiu seu coração acelerar e balançou a cabeça rindo de si próprio.

_Acho que estou ficando pirado... - Ele falou baixinho, enquanto pegava uma edição do livro pra levar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Soulmate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.