A Trama da Bruxa escrita por Kondou Isao


Capítulo 9
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Trago mais um capítulo dessa história onde os personagens lutam contra Gyokuen e eu luto contra os hiatos.



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    Um céu completamente negro e sem estrelas era tudo que se via sobre a ilha de Síndria. Não havia sequer um grilo cantando durante a noite para quebrar o silêncio perturbador. Por toda parte havia cadáveres de pessoas e de animais. Em meio aquela paisagem desolada um jovem mago caminhava. Seu caminho era iluminado pela luz emanada de um feitiço e era a única coisa que aplacava um pouco aquela escuridão.

    — O que houve aqui? Que lugar é este? Será que aqui é Alma Toran? — Ele se questionava. — Só pode ser, essa é a única explicação. Um cenário tão desolado e desprovido de vida só pode ser Alma Toran… Mas como vim parar aqui?

    Repentinamente suas indagações cessaram. Ele havia pisada no braço de um dos cadáveres. Ao contrário do que acontece a um cadáver comum exposto ao ar livre, aquele não estava se decompondo. Ao invés disso o corpo se encontrava em um estado extremo de mumificação. Tão extremo que parte dele se tornou pó e se desfez ao ser pisado por Aladdin. Os outros corpos presentes no ambiente se encontravam no mesmo estado. Era nítido que algo havia sugado toda a vida naquele local transformando as pessoas e animais em amontoados de pó negro. Não apenas as pessoas e animais, mas até mesmo arvores, pedras e  própria terra estavam completamente enegrecidos e sem vida.

    — Espere, eu conheço esse rosto… — Disse o mago ao se abaixar para examinar o corpo. — Mesmo com essa aparência, eu reconheço você. Sinbad! Isso não é possível! — Aladdin entrou em desespero.

    O jovem magi olhou mais atentamente os cadáveres em volta e ele reconhecia muitos deles. Os generais de Síndria, Hakuryuu e até mesmo Morgiana estavam ali e muitas outras pessoas que ele conhecia também. Suas pernas foram acometidas por uma fraqueza súbita e ele caiu de joelhos. Mas antes que tivesse tempo de se lamentar ou tentar entender o que havia acontecido, um tentáculo negro o envolveu. Uma dor excruciante percorreu todo o seu corpo enquanto sua vida era sugada e seu corpo se tornava negro como carvão.

    — Ahhhhh! — Aladdin gritava aterrorizado até ser abraçado e perceber que ainda estava na cama. Havia sido um pesadelo.

    — Tinha medo que você não acordasse mais. Tentei te acordar várias vezes, mas não conseguia. E você se debatia como se estivesse sentindo uma dor insuportável.

    — Eu… não queria te preocupar. — Disse Aladdin antes de beijar a garota e corresponder aos carinhos que recebia.

    — Era o mesmo sonho outra vez? — Em meio aos carinhos a jovem olhava para ele com preocupação.

    — Isma, existe uma coisa que não te contei.Eu já devia ter te contado…

    — Aladdin, eu não me importo com isso. Já conheci muitos homens que diziam esconder segredos quando trabalhei naquele bordel. Sou muito grata por você ter me tirado de lá. Então não precisa me contar nada se não estiver pronto pra isso. Eu sempre tenho a sensação de que você carrega algum fardo muito pesado em relação ao seu passado. Mas não precisa ser assim. Eu não ligo, só o que importa é o nosso futuro. Me conte quando estiver pronto.

    Aladdin mais uma vez deu aquele assunto por encerrado em meio aos beijos e carinhos de Isma. Ele não queria mais a responsabilidade de ser um magi e dizia para si mesmo que se o sistema de livre arbítrio que seu pai criou fosse verdadeiro, não haveria problema em viver do jeito que quisesse. Ele tinha encontrado sua alma gêmea e imaginava que seguir seu destino como magi iria colocá-la em perigo graças aos maníacos da Al-Thamen que fariam de tudo para atingí-lo. “O mundo já tem Sinbad e outros dois magis para protegê-lo, eu não serei necessário”, assim ele pensava e a cada dia fugia mais de suas responsabilidades. Mesmo assim seus pesadelos o assombravam com frequência e ele sempre acordava gritando ao lado de Isma. Ela por sua vez, o confortava sem pedir explicações apesar de estar muito preocupada com ele.

Isma era uma jovem que não tinha mais do que vinte e quatro ou vinte e cinco anos de idade. Seu cabelo era castanho igual a seus olhos. Sua pele era branca e seus seios eram de porte médio, o que contrariava o tipo de garota que atraía a atenção do jovem magi que sempre se sentia atraído por garotas voluptuosas e de seios fartos. Mas isso não importava para Aladdin. Na época em que a conheceu em um bordel durante uma de suas viagens o jovem estava arrasado por ter perdido seu amigo Alibaba na luta contra Judal e Hakuryuu. A culpa também o consumia por ter matado Judal durante o confronto e seu único conforto eram os braços daquela garota que sempre o ouvia, apesar dele não dar muitos detalhes sobre os seus problemas . Em pouco tempo sua relação se expandiu para algo além do sexo e ele comprou a liberdade da garota.

Desde esse dia os dois se tornaram companheiros viajantes. Aladdin abandonou completamente seu destino como magi e passou a ganhar a vida como um mago itinerante que vagava vendendo ferramentas mágicas de Magnostadt para se sustentar. Desde o confronto com o Império Reim, Magnostadt buscava se reerguer e comercializar suas ferramentas mágicas era uma boa oportunidade para isso. Aladdin se tornou-se um dos seus representantes na esperança de que as viagens mundo a fora o fizessem esquecer tudo que havia ele passado.

Em uma de suas viagens de trabalho, Isma e Aladdin se hospedaram em uma vila próxima a capital do Império Reim. Mas havia algo de estranho naquele lugar. O ar era pesado como se houvesse uma presença maligna por ali e as pessoas olhavam para eles com uma expressão estranha no rosto.

— Acho que não venderemos nada aqui. Esse lugar tem algo que me incomoda. Não podemos ir para outra cidade? — Perguntou Isma ao perceber a atmosfera hostil que os rodeava.

— Eu gostaria, mas nossas provisões  estão acabando e precisamos ao menos restabelecer nosso estoque ou não teremos comida até chegar na próxima cidade.

O casal se dirigiu ao mercado mais próximo, mas acabou sendo emboscado no caminho. Bandidos encapuzados os cercaram e tentaram matá-los, mas foram impedidos por Aladdin que os derrotou facilmente com sua magia. Então um deles agarrou Isma em meio a confusão e colocou uma faca em sua garganta.

— Então você é o magi do qual a organização nos avisou. Devíamos ter ouvido os sacerdotes e apenas avisado a eles de sua presença conforme nos pediram. Fomos muito idiotas ao pensar que conseguiríamos te derrubar apenas atacando de surpresa. — Disse o bandido enquanto segurava a garota.

— É melhor você soltar Isma. Eu deixei seus colegas desacordados, mas se isso continuar você não vai ter tanta sorte — Ameaçou Aladdin.

— Você é um magi, aqueles que escolhem os reis e ajudam a criar nações? Então é isso que você escondia de mim? — Disse a garota com uma expressão de surpresa no rosto.

Um dos sacerdotes da Al Thamen observava a confusão próximo ao local e naquele instante viu uma oportunidade. Com sua magia negra ele conjurou algumas serpentes que se esgueiraram até o local e atacaram os três com ferocidade. Aladdin conseguiu se defender a tempo e matar as serpentes, mas uma tragédia já havia acontecido. Isma e o bandido haviam sido picados. O bandido morreu quase instantaneamente. Manchas negras se espalharam a partir do local onde foi mordido e depois de terríveis convulsões o homem estava morto em poucos minutos. Isma estava desacordada e não parecia nada bem, embora ainda estivesse viva e com sinais de envenenamento.

Outros sacerdotes da Al Thamen agora cercavam Aladdin depois de serem atraídos pela confusã. Eles lançaram magias poderosas para tentar destruí-lo mas nenhuma delas o atingiu. Seu borg era forte demais e não seria rompido tão facilmente. O garoto que ainda segurava sua amada desacordada a colocou gentilmente no chão e em seguida ergueu seu braço direito em direção aos céus. Sua mão se fechou deixando apenas o dedo indicador estendido. Uma rajada de relâmpagos então caiu do céu  e eliminou todos os membros da Al Thamen de uma vez, com exceção de um deles. O magi o havia poupado.

— Onde está aquela bruxa que comanda vocês? Eu sei muito que bem que ela ainda vive.  Só não sei onde a maldita se esconde. — Disse Aladdin em tom ameaçador.

— Eu não me escondo de ninguém, cria de Solomon! Se quer me encontrar venha até Síndria. Existem outros convidados a caminho, mas ainda há tempo para você se reunir a nós na festinha. Pena que vai ter que vir sozinho. Parece que essa garota que anda com você não está muito bem. Fico feliz de ter eliminado alguém que poderia ajudar a espalhar a descendência maldita de Solomon nesse mundo. — A voz de Gyokuen ecoou pelo lugar. Ela havia usado o corpo do sacerdote para enviar uma mensagem a Aladdin.

— Bruxa maldita! — Disse o magi enquanto calava Gyokuen matando o sacerdote. — Se este é o significado do livre arbítrio que meu pai tanto queria... Se este é o resultado de tentar me fazer meu próprio destino, então eu não me importo mais! Eu amaldiçoo a esse sistema criado por Solomon e também amaldiçoo aquela bruxa.

Com um olhar decidido e cheio de ódio Aladdin partiu carregando o corpo quase sem vida de sua amada. Uma nuvem de rukhs negros o acompanhava.

 


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