Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

É HOJE! Se preparem para um flash back maravilindo e triste da nossa princesa com a rainha Tuya. Preparem-se também para a mudança de um personagem (Vai ser quase como ver Seti nesta história) Até porque o personagem irá mudar de personalidade aos poucos é descendente de Seti... Hoje vamos ter vingança,revelações,reviravoltas e uma morte inexplicável...



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—Essas ervas vão aliviar as dores causadas pelas úlceras, princesa. —Paser fala e então Leila espalha algumas ervas em minha pele para aliviar a dor. —Aguente mais um pouco. Falta muito pouco para a senhora reencontrar os seus filhos.

—Eu só posso fazer isso quando essa praga acabar, Paser. —Acabo forçando minha garganta para que minha voz seja perceptível já que estou tendo problemas ao falar. —Acha que ainda falta muito?

—Moisés não avisou quando a praga irá acabar. —Leila fala desanimada. Paser então se aproxima de mim com seus passos rasteiros e em seguida começa a falar.

—Várias pessoas já morreram por causa dessa sexta praga, princesa. Nem mesmo Nefertari que sempre foi forte e saudável está resistindo...

—Nefertari está tão doente assim? —Pergunto preocupada.

Mal se levanta assim como a senhora. —Paser ressalta e me deixa amedrontada. Nefertari nunca ficou tão fraca como está agora, até onde eu sei a minha cunhada é saudável. —Assim como Yunet.

—Yunet também está tão doente assim? —Minha pergunta foi feita pelo orgulho e com o desejo de ver Yunet sofrer.

—Está prostrada em uma cama, senhora. Talvez agora Yunet seja castigada. —Paser fala e então um sorriso vingativo se forma em meus lábios. Passo a sorrir por todos os meus filhos que foram mortos por Yunet e por todo o mal que ela fez.

—Pudera eu ver Yunet prostrada em uma cama enferma e sozinha. —Minhas palavras assustam Paser e Leila. Talvez Gab tenha razão ao me comparar com o meu pai, talvez eu seja tão vingativa quanto ele.

—Me deixe a sós com a princesa, Leila. —Paser pede seriamente e então minha dama sai de meu quarto. —Faz muito tempo que o príncipe Gab me chamou a atenção, alteza.

—Não entendi. —Falo.

—Ai dentro, princesa. —Paser fala em relação ao meu coração e então olha para mim com uma certa seriedade. —A forma como falou agora... O seu desejo de ver Yunet mal...

—Eu tenho esse direito. —O interrompo bruscamente. —Se existe uma pessoa que pode desejar o mal dessa mulher, essa pessoa sou eu.

—Está confundindo justiça com vingança e ódio com mágoa, princesa. A senhora não é assim! —Paser me chama a atenção. —Se a senhora confia no Deus de Moisés, porque está se deixando levar pelo ódio?

—Pelo o que vejo Gab conseguiu colocar essa ideia absurda na sua cabeça! —Minha voz foi tão branda, mas tão branda que por um momento pensei que quem estivesse falando fosse meu pai e não eu mesma. Paser me olhou intimidado diante da minha raiva e abaixou o olhar.

—Pelo o que vejo a mesma semente que foi plantada no coração do faraó está sendo plantada no seu coração, alteza. —Paser fala ainda olhando para o chão. —Onde está a princesa humilde que sentia pena e misericórdia até mesmo da pior das mulheres que é Yunet?

—Talvez tenha sido envenenada. Não com os venenos de Yunet, mas com a tola compaixão que a deixou cega durante todo esse tempo. —Minhas palavras de fúria e revolta admiraram Paser. Pela primeira vez em toda a minha vida estou deixando toda a minha mágoa se converter em ódio. E também pela primeira vez em toda a minha vida eu estou me sentindo melhor ao não ser piedosa.

—Foi assim que Ramsés e Nefertari se corromperam. —Paser fala, todavia não dou atenção para o seu sermão. O sumo sacerdote então sai do meu quarto com o desapontamento estampado em seu rosto e me deixa sozinha e pensativa.

Não sei o que está acontecendo comigo! De fato estou me comportando de forma incorreta e frívola. Mas é esse comportamento incorreto e frívolo que me faz bem, que faz com que eu não tema nada e nem ninguém. —Me sinto superior a todos quando tenho como defesa e base a mágoa do passado. —Mas também me sinto superior a todos ao lembrar que sou filha de Seti, mesmo que eu ainda odeie o fato dele ter me magoado profundamente, nunca me senti tão orgulhosa por ser uma descendente legítima do faraó sanguinário.

—Talvez agora eu entenda o motivo dele ser como era... —Falo sozinha sobre o mal comportamento de meu pai.

(...)

—O palácio está sem segurança. —Uri fala espantado.

—Tantas pessoas estão morrendo aos poucos neste palácio que começo a pensar que seja exatamente esse o objetivo desta praga. —Leila fala ainda assustada por ter visto inúmeras pessoas mortas no palácio. —E até mesmo a rainha está enfraquecendo.

—Paser ainda não deu jeito para a indisposição de Nefertari? —Minha pergunta é respondida com o silêncio absurdo de Uri e Leila. —O que de fato está acontecendo com Nefertari?

—Ela está definhando prostrada em uma cama, senhora. —Leila revela entristecida. É então que meu coração fica apertado ao saber da grave situação de Nefertari.

—Tia! Tia! —Amenhotep chama por mim ao invadir meu quarto totalmente atormentado. Meu sobrinho adolescente então se transforma em uma criança e deita-se em minha cama pedindo consolo. De longe não parece ser o príncipe soberbo que feriu meu filho. —A minha mãe não vai morrer, vai? —Ele me pergunta e ao olhar para seus olhos noto o quanto ele chora.

—Vai ficar tudo bem, Amenhotep... —Tento acalmar o meu sobrinho, mas nada o consola.

—Por favor, tia. Nem a senhora nem a minha mãe podem me deixar! —Leila e Uri desviaram seus olhares ao ver Amenhotep me abraçar desesperado.

—Me deixem com meu sobrinho, por favor. —Peço para Leila e Uri. —O que a sua mãe tem, meu querido? —Pergunto para meu sobrinho.

—Ela está muito fraca, mal fala... —Amenhotep responde. —Porque meu avô não cura a minha mãe, tia? —A pergunta de Amenhotep faz com que eu permaneça calada.

—Ele vai curar a sua mãe, meu querido. Mas você precisa ser paciente... —Falo temendo pela vida de Nefertari. —Você precisa esperar só mais um pouco.

—Mas vocês duas irão se recuperar, não é? Essa praga vai embora, não vai? —Amenhotep pergunta aos soluços. —Me diga que sim!

—Claro que sim... —Respondo entristecida o meu sobrinho. Amenhotep me abraça ainda mais forte, quase me sufocando, mas eu compreendo todo o seu desespero. Também fiquei assim quando minha mãe adoeceu e morreu.

Flash Back On

—Eu não poderia ficar mais orgulhosa de vocês dois, meus filhos. —Minha mãe fala e força sua voz para que eu e Ramsés entendamos o que ela fala. —Vocês devem governar o Egito agora que irei me encontrar com Seti no mundo dos mortos.

—Não diga uma coisa dessa, mãe. A senhora não pode me deixar! —Falo de mãos dadas com Ramsés. —O que será de mim e de Ramsés?

—Vocês dois já sabem viver, Henutmire. Seti, o pai de vocês, ficaria orgulhoso por ter filhos como vocês. —Minha mãe fala e então olha para Ramsés. —Cuide de sua irmã, Ramsés...

—Não peça nada, mãe! A senhora não pode se esforçar tanto. —Ramsés pede temendo pela vida de nossa mãe. —O que será de nós dois sem a senhora?

—Serão o rei e a princesa do Egito. —Minha mãe fala segura e então passa a sorrir. —Assim que eu me encontrar com Seti no mundo dos mortos irei falar das maravilhas que você fez aqui no Egito, Ramsés. —Minha mãe fala e então eu e Ramsés nos aproximamos dela. —E você, Henutmire... —Minha mãe então segura uma de minhas mãos. —Quando vai perdoar o seu pai? —Minha mãe me deixa sem saída, sem palavras, sem chão...

—Eu não sei. —Falo. —Talvez nunca.

—Quem sabe um dia quando você embalar um filho nos braços. —Minha mãe fala e então eu olho para Ramsés. Minha mãe está delirando! —Eu não estou delirando...

—Isso é impossível, mãe. Sabemos bem que eu nunca terei um filho. —Falo. Minhas palavras então fazem com que pequenas lágrimas se formem nos olhos de minha mãe.

—Lembre-se de mim e de seu pai quando tiver o seu desejado filho nos braços. —Minha mãe acaba me fazendo chorar.

—Não nos deixe! —Ramsés pede ao entrelaçar sua mão na outra mão de nossa mãe. Mas nada adiantou, minha mãe então nos olhou fixamente como se quisesse memorizar nossos rostos e em seguida se despediu.

—Eu estou indo me encontrar com ele...

Flash Back Off

Uma lágrima escorreu pela minha face ao lembrar da morte de minha mãe. Mas rapidamente Amenhotep faz com que eu volte a realidade.

As úlceras! —Meu sobrinho fala exaltado de alegria. —Sumiram! —É nesse momento que eu olho para me corpo e vejo que nenhuma úlcera restou.

—Me leve até a sua mãe, Amenhotep. —Falo ao fazer um grande esforço para me levantar. Meu sobrinho me auxilia e então vamos para os aposentos reais de Nefertari.

(...)

—Amenhotep. —Falo e então paro de andar próxima a sala de Paser. Sinto que algo me pede para que eu vá falar com o sumo sacerdote, e então tenho uma idéia. —Vá ver como sua mãe está, vou logo atrás.

—A senhora promete que vai ver a minha mãe? —Amenhotep pergunta.

—Claro que sim, meu querido. —Respondo e então meu sobrinho corre ao encontro de sua mãe. Eu então ando sorrateiramente até a porta da sala de Paser e então me deparo com Yunet. Ela e Paser estão conversando, portanto eu trato de me esconder detrás da porta.

—Você quer tanto saber se eu sou culpada pela morte de Seti, Paser? —Yunet pergunta e então eu me lembro de um dos sonhos que tive com meu pai. O sonho onde ele me pedia para fazer justiça. —Pois então saiba que sim. Eu envenenei Seti naquela noite onde todos pensavam que ele morreu por que seu coração estava velho demais...

—Você não tem escrúpulos, Yunet! —Paser exclamou surpreso pela revelação de Yunet.

—Eu também matei Disebek na casa de Senet! —Yunet revela mais uma de suas crueldades. Eu não acredito que além de ter matado meu pai, ter me envenenado e matado meus filhos, contado para Moisés sobre sua família hebréia e ter matado Maya, Yunet tenha matado Disebek. Não! Ela não pode ter matado Disebek!  —Essa sou eu, Paser! E eu sou a mãe da grande esposa real!

—Você é um monstro! —Paser fala assustado. —Irei agora mesmo contar isso ao rei!

—Não garanto que sairá dessa sala vivo se for me denunciar ao rei, Paser. Você e nem ninguém pode comigo. —Yunet se esnoba e então me escondo detrás de uma das pilastras do corredor para que ela não me veja. Assim que vejo Yunet sair rumo a sala do trono com um sorriso maléfico estampando seu rosto, trato de sair de detrás da pilastra.

Yunet matou meus filhos, me deixou órfã e viúva, e acima de tudo me tirou Moisés! Yunet é a culpada por toda a desgraça da minha vida! Porque essa mulher fez e ainda faz tanto mal á mim? Como pode existir tanta maldade em uma mulher?

—Mas isso não vai ficar assim, papai. —Falo pensativa e me lembro do que meu pai me pediu em um de meus sonhos. Ele pediu por justiça! E justiça ele vai ter! —Eu juro como isso não vai ficar assim...

—Princesa. —Paser fala assustado ao me ver. —Não me diga que a senhora ouviu...

—Ouvi toda a conversa, Paser. —Falo seriamente. —E agora mesmo irei contar para Ramsés.

(...)

—O que foi, Henutmire? —Ramsés pergunta ao me ver entrar enfurecida na sala do trono. Paser tenta acompanhar os meus passos, mas eu ando muito rápido. Assim que vejo Gab do lado esquerdo da sala do trono e Yunet do lado direito, trato imediatamente de olhar somente para Ramsés.

—Onde está Nefertari? —Minha pergunta foi recíproca já que estou prestes a denunciar Yunet.

—Soberano... —Ikeni fala ao entrar na sala do trono acompanhado por Bakenmut. Gab segue me olhando temeroso pois sabe o estado em que me encontro.

—O que tem para me dizer, Henutmire? —Ramsés pergunta nervoso. Eu então vou até meu irmão e acabo olhando para todos que o olham para o trono.

—Olhem bem para essa mulher. —Falo e então aponto para Yunet. Todos olham para a assassina e adúltera que insiste em ser correta. —Essa mulher matou o meu pai. —Minha revelação choca a todos. Yunet se mostrou pequena demais ao me ver no trono, ao lado do faraó.

—Isso é um absurdo! Eu nunca faria algo contra Seti! —Yunet protesta.

—Ela envenenou o meu pai! E também é culpada pela morte de Disebek na casa de Senet! —Ramsés então olha para Yunet totalmente enfurecido. —Ela acabou de revelar isso ao sumo sacerdote, que impedido de contar isso ao rei por estar sendo ameaçado, pode provar.

—Isso é verdade, Paser? —Ramsés pergunta enfurecido.

—Sim, meu soberano. —Paser responde ao olhar para mim. —Yunet me revelou tudo. Ela matou o faraó Seti e o general Disebek. —O silêncio se estabeleceu na sala do trono com a confirmação de Paser. Senti a presença de meu pai no ambiente, foi como se por um momento ele estivesse me agradecendo pelo o que acabo de fazer.

—BAKENMUT! —Ramsés grita. —PRENDAM ESSA MULHER!

—Não! —Yunet grita amedrontada ao ter suas mãos amarradas.

—Como Hórus vivo na terra anúncio a sentença de Yunet. —Ramsés fala e então olha para para mim. —Que seja queimada viva e que não reste sequer um membro de seu corpo. Assim, Yunet estará incapacitada de entrar no mundo dos mortos.

—NÃO! —Yunet grita ao ser tomada pelo medo e vergonha. —EU SOU A MÃE DA RAINHA! —Seu grito ecoou pela sala do trono ao ser levada por Bakenmut e Ikeni. —ME SOLTEM! —Ela grita já no corredor e deixa claro sua indignação.

—Pelos deuses! Como eu pude confiar! —Ramsés fala revoltado.

—Por causa dessa mulher nosso pai morreu. E também é culpa dela que Hur e meus filhos tenham fugido, Ramsés! —Falo.

—Nada mais justo que abrir as portas deste palácio para seu cunhado e seus sobrinhos, soberano. —Gab fala para a surpresa de todos. Ele poderia ser o primeiro a ser opôr, mas ele se demonstra a favor de Hur.

—Eles foram embora por conta própria. —Ramsés fala me fazendo odiá-lo mais uma vez. Mas antes que eu fale algo, Paser me interrompe.

—Se me permite, soberano. Se o senhor deu uma segunda chance para Yunet, por que não permitir a volta de seu cunhado e de seus sobrinhos? —Paser pergunta e faz Ramsés pensar mais um pouco. Meu olhar é direcionado para Gab que está esperançoso pela decisão de Ramsés.

—Irei estudar o caso de meu cunhado e de meus sobrinhos, Paser. —Ramsés fala ainda pensativo. É então que Amenhotep entra na sala do trono totalmente desnorteado.

—A minha mãe pede para que o senhor e a minha tia vão ao encontro dela. —Amenhotep pede chorando e então Ramsés me olha assustado. É então que lágrimas brotam de meus olhos ao imaginar o motivo de Nefertari nos chamar.

(...)

Ramsés... —Nefertari chama pelo meu irmão ao nos ver entrar em seu quarto.

—Meu amor, o que está acontecendo? —Ramsés pergunta atordoado ao ver Nefertari definhar na cama. —A praga já cessou. Porque ainda está assim?

—Eu estou morrendo, Ramsés. —As palavras de Nefertari fizeram com que Ramsés chore desconsolado. —Estou morrendo aos poucos...

—Não diga isso, Nefertari. Pelos deuses! Você é a rainha do Egito! —Ramsés deixa claro a sua indignação. —Você não pode me deixar.

—Você precisa ser forte, Ramsés. —Nefertari pede ao ver meu irmão chorar. —Henutmire. —Ela me chama e então eu vou até ela. —Quero te pedir um favor.

—Pode falar, minha querida. —Falo e então Nefertari se senta à beira de sua cama e retira sua coroa. Ramsés então auxilia Nefertari a se manter sentada enquanto ela me puxa pelo braço para que eu me sente ao seu lado. —Seja a rainha do Egito a partir de agora. —A voz de Nefertari está rouca e por isso me preocupo ainda mais. Nefertari então põe a sua coroa em minha cabeça, me surpreendendo ainda mais. —E me perdoe por todas as nossas discussões. Eu não havia me dado conta de que você sempre esteve com a razão.

—Eu não quero ser rainha, Nefertari. Além do mais, a rainha é você. —Falo ao sentir o peso da coroa sob minha cabeça. Nefertari e Ramsés se entreolham de forma estranha, mas em seguida a minha cunhada volta suas atenções para mim.

—Terá que ser, Henutmire. Você e Ramsés são os filhos de Seti, devem governar o Egito. —Nefertari fala e então me lembro de que sua mãe matou o meu pai. Nefertari irá morrer sem saber que Yunet foi condenada por Ramsés. Nefertari acaba de coroar a mulher que entregou a sua própria mãe ao rei.

—O que será de nós dois, Nefertari? E Amenhotep? —Ramsés pergunta entendendo que Nefertari está se despedindo.

—Você, meu pai e Henutmire vão cuidar de Amenhotep, Ramsés. —Uma lágrima escorreu pelo rosto cadavérico e esbranquiçado de Nefertari. —Vocês dois serão o rei e a rainha do Egito. Eu quero ver o irmão e a irmã governarem este reino com garra e coragem. —Ela fala fazendo Ramsés chorar ainda mais. Eu então me lembro do maldito dia em que minha mãe morreu, por que isso está acontecendo de novo? —Henutmire, mantenha o seu coração humilde, leve, sem ódio... —Nefertari me pede e em seguida começa a tossir bruscamente.

—Não fale nada, por favor! —Ramsés pede ao ver a amada morrer aos poucos.

—Eu preciso falar. E que o que vou dizer agora também lhe sirva de lição, Ramsés. —Nefertari pede. —Eu quero que vocês tragam a paz para o Egito. Vocês são filhos de Seti, são um rei e uma rainha e devem saber das responsabilidades que devem ter. Por isso eu peço, que por mais grave que a situação seja, não se deixem levar pelo poder e pela ambição. —Nefertari pede e une nossas mãos. —Também quero que saibam que eu reconheço o Deus dos hebreus como único deus. —Nefertari revela rouca e surpreende Ramsés. Eu choro de alegria ao saber que até mesmo Nefertari se rendeu ao poder de Deus.

—Por favor, Nefertari... —Ramsés pede beijando o rosto de Nefertari inúmeras vezes. —Você não pode me deixar... —Ele repete mais uma vez. Nefertari então dá um sorriso de alívio ao mesmo tempo que uma lágrima brota de seus olhos.

—Eu já estou feliz por saber que Henutmire vai honrar o meu lugar. —Nefertari fala ao me ver coroada. —Me prometa que Henutmire será a rainha do Egito, Ramsés. Me prometa que você nunca irá fazer algum mal contra ela...

—Eu prometo. —Ramsés promete e então chora ao me ver coroada. Eu então percebo que na verdade eu quem poderia estar morrendo e Hur quem poderia estar chorando a minha morte agora.

—Diga para Anippe e Djoser que estou orgulhosa mesmo que eles tenham enfrentado Ramsés. —Nefertari fala e faz com que Ramsés sorria. —Eu me despeço feliz e em paz por saber que o Egito irá ganhar uma rainha sábia...

—Nefertari... —Falo ao ir de encontro á minha cunhada para abraçá-la. Ela então segura o meu rosto com firmeza e prende meu olhar ao seu.

—Seja forte, Henutmire. Você hoje se torna a mãe do Egito. —Nefertari fala seriamente. —Mantenha seu coração humilde. Não se coloque acima de tudo e de todos como eu fiz, Henutmire. Mas não seja a princesa doce e piedosa como foi. Seja a grandiosa e mãe do Egito, minha querida.

—Eu serei o que pede. —Falo entre lágrimas e soluços meus e de Ramsés. Então eu e meu irmão abraçamos Nefertari com todo o amor que sentimos por ela. —Nefertari, eu... —Ao me desprender de Nefertari para lhe perguntar sobre o que eu devo fazer com Karoma, com o jardim e com todos os deveres de uma rainha, me deparo com um corpo sem vida.—Nefertari... Nefertari!

—Não! Pelos deuses! Nefertari, não! —Ramsés pede preso ao corpo da amada. —NEFERTARI! —Ramsés grita abraçado ao corpo de Nefertari. Ele beija os lábios da amada em uma forma desesperada de senti-la por perto. —Que horror! Não, não pode! Eu não quero!

Mas foi inútil a sua tentativa, a sua amada não irá corresponder os seus beijos nunca mais. O homem sábio e apaixonado já não sabe o que fazer ao ter o corpo de sua amada esposa em seus braços, a mulher que lhe deu uma descendência agora está morta e nada ele pode fazer.

Amor da minha vida inteira! —Ele revelou desesperado e com a esperança de que sua amada pudesse ouvir. Ele então abraçou o corpo sem vida em uma forma inútil de sentir o calor dela em seu corpo, mas obviamente nenhum calor o corpo dela poderia transmitir ou oferecer.

Nefertari está morta e agora eu sou a rainha do Egito. E daqui para frente muita coisa irá mudar...

 


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Notas finais do capítulo

PAPIROU NA NOVA RAINHA!
Como vocês podem ver Henutmire não morreu (Toca aleluia aí, parça) Esse diálogo da Nefertari me deixou no chão, não nego. E como vimos, quem falou a dolorosa frase "Amor da minha vida inteira" Não foi Hur, mas sim Ramsés.
Acho que eu trolei todos vocês fazendo com que acreditassem que quem iria morrer era Henutmire, sorry. Mas agora como vocês podem ver Henutmire é a soberana do Egito e muita coisa irá mudar...



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