Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 108
Capítulo 108


Notas iniciais do capítulo

Cheguei



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"Duas coroas serão suas. Uma para o amor, que será de grandes glórias e feita de flores azuis. A outra será de ouro, assim como seu sorriso. Seu nome será lembrado como Senhora da Vida, a resposta tão esperada. A possível Rainha da nova ordem..."

Flash Back On

—Alteza... —O sumo sacerdote, pai de Maya, faz uma breve reverência ao ver Henutmire.— O príncipe Ramsés esperava pela senhora. E a rainha viúva? —Ele pergunta ao procurar por Tuya.


—Não virá tão cedo. —Henutmire fala ao ver os nobres em frente ao sarcófago de Seti.


—Mas todos aqui viajaram dias para...


—Me deixe lhe explicar uma coisa. —Henutmire fala sem paciência, fazendo todos olharem para ela. —Minha mãe não vai chegar nem tão cedo, talvez nem venha. Por isso eu quem comando esse cortejo e vou dar as ordens. Dá-me tempo para ver meu pai pela última vez. —Ordena. —Após isso podem pairar como urubus sobre ele. —A princesa do Egito fala surpreendendo todos. O sumo sacerdote então ficou constrangido.


Henutmire então deu leves passos até o sarcófago e avistou Ramsés. Logo ela olhou para o irmão, mas em seguida para todo o local e para tudo o que era de seu pai que seria deixado ali. Parece que finalmente Henutmire​ estava entendendo que já não era mais uma menina e que por fim não tem mais o seu pai.


—Disebek estava procurando você. —Ramsés fala para Henutmire. —O que vamos fazer? —Indaga ao olharem para onde Seti estava mumificado.


—Eu vou seguir a minha vida sem ter dado o perdão que ele pediu. —Henutmire fala e então olha para o irmão. —E você vai ser rei.


—Não sei se vou ter coragem.

—As pessoas que estão lá fora não estão aqui para dar consolo. —Henutmire revela. —Estão para tomar tudo o que nosso pai construiu. Tal como os inimigos. —Fala fazendo Ramsés se aterrorizar. —Se prepare para ser rei. Não serei eu quem irá usar a coroa de nosso pai.


—Ele te amava. —Ramsés fala ao lembrar do favoritismo de Seti com Henutmire. —Mais do que tudo nesse mundo. Nosso pai te amava. —Não se ama nada como o primeiro filho, Ramsés pensou ao olhar para Henutmire.


—E agora ele está morto. —Ela fala friamente. —Ele não vai levar meu perdão, apenas minhas lágrimas para o mundo dos mortos. —Fala e então Ramsés chora. —Guiei o funeral até aqui. Agora é sua vez, meu irmão. —Henutmire fala antes de olhar tudo em volta pela primeira e última vez. Seu pai está morto e nada ela irá fazer.

—Não há outro herdeiros? —Ramsés indaga curioso e então Henutmire sorri de canto. —Nenhum filho? Primo distante?


—Apenas eu e você. —A princesa fala ao inclinar seu corpo para olhar para o irmão. O tecido branco fazia contraste com o ambiente, também fazia Ramsés notar o quanto magoada a irmã está. O pedaço do céu que há em seu olhar já não está tão tranquilo como antes. Há leves olheiras em Henutmire, a expressão de seu rosto é de tristeza. Mesmo que ela tente esconder, há tristeza pela morte do pai. —Não temos outros descendentes. —Finaliza ao segurar o vestido para que não tropece nos degraus do local. Logo todos puderam ver Henutmire sair do sarcófago e Ramsés apenas viu sua sombra graças ao sol. Cada um olhou para a filha do rei e lembrou da relação de ambos. E que ela acaba aqui. Ele com os deuses, e ela neste mundo.


Flash Back Off

"Duas coroas serão suas. Uma para o amor, que será de grandes glórias e feita de flores azuis. A outra será de ouro, assim como seu sorriso. Seu nome será lembrado como Senhora da Vida, a resposta tão esperada. A possível Rainha da nova ordem..."

Era a canção que vinha na mente de Djoser enquanto estava na linha de frente ao lado de Zion. Por breves momentos ele se lembrou da irmã caçula, do pai que sempre lhe guiou, do filho recém nascido e da esposa Halima. Lembrou da promessa que fez para Anippe, mas também lembrou de sua mãe. Da briga que tiveram e dos dias que se passaram sem dar uma palavra se quer com ela. Também se lembrou do último olhar dele para ela, onde ele viu que sua mãe estava com medo.


Djoser, o rei que se importa. Ou o Reconquistador como muitos reinos o chamavam. Desde Ramsés I não houve nenhum rei que se importasse mais com a paz do que Djoser. Seti foi um bom rei, mas severo que escravizou os hebreus. Embora Djoser esteja mantendo os hititas como escravo, não foi idéia sua. Djoser está lutando essa guerra pela sua família, pela honra que um dia perdeu e pelo seu dever como soberano. Ninguém​ poderia imaginar que aquele menino que sempre pegava cada objeto que as mulheres deixavam cair hoje fosse rei. O menino que sempre ouviu seus pais, mesmo que tivesse que abrir mão de alguma coisa. Djoser apenas feriu para salvar sua mãe e irmã, mas sarou cada ferida depois. O primogênito de Henutmire era protegido por qualquer divindade, pela vida e até mesmo pela morte. O ventre de sua mãe foi um ambiente de tortura para os filhos que vieram antes dele, mas que nunca nasceram.

—Lá vem eles. —Zion falou para Djoser ao ver o exército de Amun.


Djoser então olhou fixamente para Amun e Gab. Seu tio estava com o assassino na linha de frente. Preso em grilhões. Ele então entendeu o pior: Gab morrerá ali mesmo em sua frente e a guerra irá começar. O coração do rei bateu tão forte que ele mesmo pensou que fosse morrer. Mesmo que de longe, Gab e Djoser entenderam os olhares. Quando Amun levantou seu punhal, Gab fechou os olhos pedindo misericórdia. Djoser ficou apreensivo, mas logo Amun soltou o punhal e tirou as correntes de Gab.


—Vá. —Amun fala para Gab. O bastardo então olhou pra o homem sem entender. Acaso ele está louco? —Volte para casa, bastardo. Se eu não posso ter Henutmire, você também não. Prefiro que veja ela ao lado de Hur. —Ele falou enquanto Gab olhava sem entender. Foi quando Amun sorriu para Djoser e ele entendeu o sinal. Gab não foi poupado, ele morrerá no meio do campo.


Djoser então montou seu cavalo enquanto Gab corria em meio ao campo de guerra, nunca na mesma linha. Quando menos esperou, o cavalo branco do faraó havia entrado em uma armadilha. Um serpentário feito para matar o leão herdeiro e o bastardo. Djoser clamou por Deus, mas caiu de seu cavalo em meio as serpentes. Eram várias, de tocas as cores e tamanhos. Quando pensou em se levantar, Gab correu o suficiente para pegar o sobrinho pelos braços arrastado enquanto seu cavalo sentia o veneno das serpentes. Tão traiçoeiras, pensou Djoser. As serpentes morderam o cavalo branco até ele desfalecer no meio do campo de guerra. As cobras se rastejavam como Henutmire falava nas histórias.

—Corra, Djoser. —Gab pediu assustado ao ver o exército de Amun vir. Somente ele e Djoser estavam ali. Seriam mortos com toda certeza. Mas Djoser não fugiu, ele retirou sua espada e entregou seu único punhal para Gab. Ambos seriam esmagados pelo exército de Amun. Mortos por espadas quem sabe. Mas Anippe poderia comandar o exército assim como Elda também poderia.


—Sou o rei. Não vou fugir. —Djoser falou enquanto se posicionou contra o exército de Amun. —Que Deus conforte minha família. Eu morrerei hoje... —Falou para espanto de Gab. Ele viu Djoser nascer veria ele morrer também?


Gab olhou para o céu e lembrou dos olhos de Henutmire. Pediu aos céus por uma saída. Ouviu o galope dos cavalos, os gritos. Quando o exército de Amun estava próximo dele e de Djoser, o exército egípcio veio junto ao moabita. Djoser e Gab ficaram sem reação pela surpresa. Eles não fizeram nenhum sinal para os soldados, eles vieram por vontade própria. A grande guerra é agora, finalmente tudo irá acabar...Ou não.


—O que é aquilo? —Elda se perguntou ao ver o fogaréu no porto. Era a própria Anippe pondo fogo nos navios para que nenhum soldado fugisse da guerra. —Anippe, o que você fez? —Indagou.

Os soldados não viram nada além da rainha do Egito vindo entre os navios e o fogo. Seus cabelos loiros brilharam com o fogo que ela mesma colocou nos navios. Elda permaneceu incrédula ao ver o fogo se alastrar. Todos ali deveriam temer as duas rainhas de vermelho. Uma por ser sádica, outra pelo fogaréu que causa em seus próprios navios. Todos ali sabiam que Anippe poderia ser louca a qual nível ela quisesse, menos ao nível de incendiar seus próprios navios.


Quando os soldados núbios viram a rainha do Egito queimar os navios para que ninguém abandonasse ela, eles se curvaram mais uma vez. Anippe enlouquecera de vez. Anippe reinará agora. Enquanto Djoser lutava ao lado de Gab e Zion e o exército de Amun perdia, Anippe mostrava que era perigosa por ser capaz de tudo. Até mesmo de queimar sua frota inteira para mostrar para Amun que não é covarde para fugir. —Suas vestes esbranquiçadas e vermelhas quase tocaram no fogo. Seus cabelos também. Mas Anippe não se importava. O fogo estava em sua veias. —Esse fogaréu fazia Amun lembrar de quando Henutmire colocou fogo no templo onde Orítia morreu queimada ao lado de Radina. Mas um templo não faria falta para Henutmire. A frota sim faria falta para Anippe. Amun então recuou ao ver os soldados de Anippe invadirem a guerra. Fugiu como o covarde que sempre foi ao ver Djoser se aproximar em outro cavalo. O filho de Henutmire não deixaria Amun escapar. Mesmo que houvesse para onde ir.


—Saia. —Anippe pede para o soldado que está com seu cavalo. Logo ela monta no garanhão mesmo que ainda esteja fraca. A rainha pode estar sendo forte por fora, mas por dentro está morrendo. Mesmo sendo uma rainha, Anippe sabe suas limitações após ter uma filha. Visivelmente bem, mas por dentro morrendo aos poucos. Todo esse alvoroço lhe traria dores mais tarde. Mas, Anippe não governa com sentimentos tal como Seti um dia fez. Se seu avô pudesse falar agora, diria que de todos os seus netos e netas Anippe foi a mais corajosa. Mais corajosa que qualquer homem.


Anippe correu no cavalo até chegar quase perto de Djoser. Na frente estava Amun, totalmente perdido. Sua única saída foi entrar nos portões do palácio moabita. Fechando os portões em seguida e invadindo os corredores do palácio com seu cavalo. Amun pensou então no equívoco que cometeu ao desafiar Anippe e Djoser. Eles não são como Henutmire, Amun pensou. Amun também pensou ao ser enganado por Hur, pensando que havia matado-o. Pensou na filha que está presa e sobre tutela de Henutmire. Amun falhou como rei e como pai. E agora vai errar consigo mesmo.


—Não adianta se esconder! —Djoser esbraveja eufórico. — Dêem para Amun o que ele merece. —O faraó ordenou aos seus homens.


—O palácio ainda é de Elda. —Anippe fala ao ver as flechas atearem fogo no palácio.


—Mas Amun é meu. —Djoser fala enquanto observa os homens soltarem fogo no palácio. —Eu só saio de Moabe com ele, Anippe. —Djoser decreta para o medo de Anippe. Quando os homens finalmente abriram os portões do palácio, ou melhor, invadiram. Djoser olhou para Anippe e logo ambos entraram no palácio.


—Esperem. —Elda pede ao chegar e ver os irmãos juntos. —Pode ser que ele esteja nos atraindo.


—Ela tem razão. —Anippe fala ao ver Djoser totalmente afoito. —Gab?


—Estou bem. —Gab fala ao aparecer novamente e mostrar que está ferido.


—Amun deve estar na sala do trono. —Elda fala presunçosa. —Fugindo como um rato.


—Eu vou atrás dele. —Djoser fala irado fazendo Gab temer pela vida do sobrinho.


—Não seja tolo. —Elda desafia o rei. —Pode ser uma armadilha.


—CALE-SE! —Djoser gritou fazendo Elda tremer. Todos se olharam assustados, mas logo Elda se mostra irredutível.


—Qual o problema? Tem medo de perder novamente? —Elda pergunta enquanto os soldados invadem o palácio. Anippe olha para Gab com muita aflição, mas ele parece não ligar para a situação. Djoser está fora de si. —Não seja infantil, ouça o que eu digo. —Elda fala irritada, quase segurando no braço de Djoser. A rainha vermelha então segura no rosto do faraó, fazendo Anippe olhar intrigada. Os olhos da primeira filha de Hur ficaram acirrados, enquanto seu coração batia forte.


—Se abaixe! —Djoser ordena e então protege Anippe e Elda. Amun estava mirando nele, mas por sorte Djoser viu e sentiu que Amun estava por perto. Seus olhos não servem apenas para elogios, mas para visualizar tudo em sua volta.


—Maldito. —Elda fala fazendo Anippe tremer. —Vão atrás dele! —Elda ordena aos seus homens.


—Está bem? —Djoser pergunta ao ajudar Anippe a se levantar. Logo a rainha egípcia afirma que sim. Juntos desde crianças, desde o ventre de Henutmire, agora juntos na guerra. Do calvário que foi o ventre de Henutmire, nasceu os soberanos do Egito. —Está tudo bem, Elda?


—Elda? —A rainha vermelha indaga furiosa. —Mostre algum respeito. Deve me chamar de Vossa Majestade, pequeno faraó. —Ela fala fazendo Djoser sorrir de canto em meio a guerra. —Agora vá atrás desse usurpador. —Elda ordena.


—Precisam de ajuda? —Radamés indaga ao se aproximar.


—Elas não precisam de você. —Gab responde ironicamente. Anippe então ajuda Elda a se levantar.


—Precisam por terem você como protetor. —Radamés fala ironicamente.


—Quer dizer que não sou útil? —Gab indaga para Radamés. As duas rainhas vermelhas então se olharam. A guerra é entre Djoser e Amun, mas na frente delas era uma guerra de Radamés e Gab. —Responda agora mesmo.


—Exatamente, rei sem coroa. —Radamés confronta Gab. Elda então olhou em sua volta procurando algum lugar para se esconder.


—Já aguentei demais. —Gab fala ao atacar Radamés.


—Venha. —Elda fala ao puxar Anippe pelo braço. —Não quero ficar entre os dois enquanto brigam.


—Eu não acredito que eles vão fazer isso justo agora. —Anippe fala ao ver que a movimentação no palácio diminui. O exército de Amun está sendo dizimado. —Meu tio perdeu o juízo?


—Tanto ele quanto Radamés são dois cães que lambem a mão de Henutmire. —Elda fala ainda assustada pela guerra. —Ela é a dona deles, mas ela não está aqui para pôr ordem.


—Quando a guerra acabar... —Gab fala ao se aproximar de Radamés. Sua espada estava próxima ao pescoço dele. —Quando chegarmos no Egito, eu farei você engolir cada palavra. E de sua boca irá sair cinzas. Então você verá quem é o rei sem coroa e quem é o homem sem língua. —Gab promete e então se lembra da última conversa que teve com Henutmire antes de ir para a guerra.


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—Tenha cuidado. —Henutmire fala ao segurar no braço do meio irmão. —Amun pode estar em desvantagem, mas ele é dissimulado.


—Ele não tem para onde fugir. —Gab fala. —Vamos voltar ilesos desta guerra, você vai ver.


—Eu já não sei se é bom ver tudo isso. Odeio guerras, odeio tudo isso. —Henutmire fala nervosa. —Todos os homens estão indo para a guerra. Se Amun ganhar e vir para cá...


—Não vai. —Gab afirma ao segurar nas mãos de Henutmire. Karoma então se aproxima com uma espada em mãos e olha para Henutmire.


—Mandei que fizessem uma para você. —Henutmire fala ao entregar a espada para Gab. —É do mesmo aço que a espada que meu pai usava. Ramsés também tinha uma, mandou que fizessem uma para Amenhotep e Djoser. A de Amenhotep está guardada junto a sua coroa e a coroa de sua mãe nos templos de Abul Simbel. —Ela fala e então sorri para Gab. —Eu não posso legitimar você, Gab. Também não posso apagar o que aconteceu, mas posso te dar as honras que você merece.


—Obrigado. —Gab agradece enquanto olha para os detalhes da espada. —Ao invés da serpente egípcia agora temos um leão hebreu? —Ele indaga risonho ao olhar para o detalhe principal da espada. —Agradeça à Hur por mim, Henutmire.


—Gab... — Henutmire repreende risonha. —Acima de qualquer coisa não se distraía na guerra. —Ela fala preocupada com o irmão.


—Nem se você estivesse dançando no campo de batalha. —Gab brinca fazendo Henutmire corar. —Se eu morrer... —Ele fala sério e então olha bem para Henutmire. — Ponha meu corpo junto ao de minha mãe. —As lágrimas nos olhos de Henutmire foram inevitáveis. —Eu não sei como ela é, mas ela é minha mãe. Pode fazer isso?


—Não. —Henutmire nega fazendo Gab ficar perplexo. —Porquê você não vai morrer...

—Todos vamos. —Ele rebate.—Uns mais cedo que outros...


Flash Back Off

—Não deveriam estar aqui. —Gab fala ao se aproximar de Elda e Anippe. —Venham, vou levar vocês para algum lugar seguro. —Ele fala.


—Eu não tenho medo. —Elda fala desafiante.


—Não quer minha ajuda? —Gab indaga e Elda afirma que sim. —Vamos, Anippe. Não terei remorso se Elda morrer, mas é meu dever proteger você. —Gab fala e então faz Anippe se agarrar à ele. A rainha híbrida segura firme no tio. Gab então envolve seus braços na cintura de Anippe e corre entre os corredores do palácio procurando algum lugar seguro. —Fique aqui. —Ele pede ao esconder Anippe perto das estátuas, com medo de que algum homem de Amun a matasse. Anippe então sentiu a mesma dor que antes sentia em seu ventre.


—Não vá. —Ela pede ao ver Gab fazer menção de ir embora. —Não me deixe aqui sozinha. —Ela suplica enquanto Gab olhava em sua volta. —O que é aquilo? —Anippe indaga ao ouvir gritos bem próximo deles. Ela então se levanta e corre em direção aos gritos, mas com medo, Gab golpeia a própria sobrinha fazendo-o desmaiar.


—É tarde. —Gab fala ao imaginar Djoser e Amun lutando. Era a voz de Djoser e os gritos de Amun. Logo Gab viu a sobrinha inerte no chão e a carregou nos braços.


—O rei do Egito se ergue. —Amun fala irônico ao ver Djoser levantar fraco do chão. —Você não é o rei, eu sou. —Fala e então sorri. —Hoje é você quem morre, amanhã será suas irmãs. —Fala fazendo Djoser imaginar Anippe e Lyanna serem mortas. —E depois será seu filho e sua sobrinha. —Fala.— Anippe é idêntica a sua mãe, uma pena ter sangue hebreu. Poderia me casar com ela, não iria me arrepender. —As palavras de Amun fizeram Djoser sentir nojo.

—Você acha que Anippe e Henutmire são iguais? —Gab perguntar ao aparecer de surpresa. —Anippe mataria você envenenado na noite de núpcias, Amun. —Gab fala ao partir para cima de Amun.


—Você já viveu demais. —Amun fala bravo.


—Nisso nós dois temos razão. —Gab fala ao golpear o homem, mas ele acaba escapando. —Djoser ainda é muito novo para matar você, eu farei isso. —Gab fala furioso.


—Você e Djoser são como ele. Como Seti. —Amun fala irônico e risonho. —Fracos demais. —Revela e então se afasta de Gab enquanto Djoser sangra. —Lhe desejo sorte nas batalhas futuras. —Fala se preparando para o duelo. —E começa agora.


—Não. —Gab nega sorrindo. —Terminam agora. —Ele fala e então olha para o sobrinho ensanguentado no chão do palácio. —Agora sou eu e você. —Ele fala seriamente. Djoser então nota que Gab deixou Anippe desmaiada ali perto. Ele então se arrasta até a irmã assustado.


—Anippe? —Djoser chama pela irmã, mas ela não atende. Enquanto Gab e Amun lutavam, Djoser tentou se levantar novamente. Mas seu corpo parecia pesado demais depois do golpe que Amun lhe deu.

—Olhem para eles. —Amun fala enquanto luta com Gab. —Estão morrendo. —Fala ao ver Djoser cair ao lado de Anippe. —O que vai dizer para Henutmire quando voltar com os filhos dela mortos?


—Me diga você. —Gab falou ao acertar Amun bravamente. —Você não vai morrer aqui nem agora. —Gab fala. —Você vai morrer no Egito. —Fala ao golpear Amun novamente fazendo-o desmaiar. —Os leões esperam você.


Gab tirou Djoser de perto de Anippe, o sangue do sobrinho estava sujando Anippe. Olhou bem para o corte e ficou assustado com a quantidade absurda de sangue que jorrava.

—Não acertou nenhum dos pulmões, não acertou nenhum dos pulmões... —Gab pedia ao rasgar​ o tecido da roupa do sobrinho tentando achar alguma coisa, ou melhor, o corte. —Meu Deus... —Clamou ao ver que Djoser foi atingido, mas não como das outras vezes. —Djoser? —Indagou ao ver o sobrinho acordar e tossir várias vezes.


—Vamos sair daqui. —O rei ordena e então olha para Amun caído no chão. —Leve Anippe. —Ele fala após muito se esforçar para se manter de pé.


—Esse corte nas suas costas... —Gab fala assustado. —Como consegue se manter de pé?


—Não interessa agora. —Djoser fala bravo. —Leve minha irmã daqui, agora! —Ordena sem paciência. —Agora! —Djoser fala euforicamente. Logo Gab carrega Anippe e se retira como ordenado. —Vamos... —Fala tentando andar, mas seu corpo parece não entender. Djoser então olha tudo em sua volta e tenta achar alguma saída, algo que o faça andar.

—O que aconteceu? —Radamés indaga ao ver Amun no chão.

—Prendam ele. —Djoser ordena. —Agora! —Fala bravo perante a dor.


—O que aconteceu com você? —Radamés indaga ao ver que Djoser sangra nas costas enquanto seu rosto fica pálido.


—Apenas me obedeça. —Djoser ordena tomado pela dor. O primogênito de Henutmire então andou pelos corredores do palácio, tomado pela dor em suas costas. O golpe que Amun lhe deu foi mortal, mas ele permanece de pé. Do lado de fora se ouvia o grito dá vitória. —Está fácil demais. —Fala e então se apóia nas paredes. Lembrou da mãe, do filho e de Halima. Teria que ser forte por eles, mas seu corpo não entendia isso.


Djoser então lembrou de Yaffa. Ela era a única filha de Amun e estava presa no palácio como uma louca que perdeu o filho. Djoser não pensou em matar Amun em consideração à Yaffa, mas sua mãe ou sua irmã irá fazer isso. Os soldados de Amun estavam mortos do lado de fora, ele estava preso, sua filha estava trancafiada no Egito, e a sua professia contra Henutmire estava decretada. Yaffa nunca terá um filho nos braços, e a família de Henutmire estava perdida, agora só resta saber quem será a rainha que ocupará o lugar de Henutmire. —Anippe. —Ela está no lugar da mãe, tal como Henutmire pediu para a filha usar seu nome na guerra. Mas Anippe estava inconsciente... O que aconteceu?


—Não... Anippe, não. —Djoser fala e então pensa. Quem poderia ser a rainha distinta na cor? Elda? Mas não faz sentido. Ashira? Mas ela é apenas um bebê e só será rainha quando Anippe morrer, até lá Henutmire teria morrido a muito tempo. —Vamos embora. —Ordena aos soldados assim que avista eles. —Entreguem a cidade para Elda. —Ordena novamente. —Um dia Moisés irá tomar a cidade de Elda porque ele deve passar por aqui para chegar em Canaã. —Fala enojado. —Vamos embora agora mesmo. —Fala enquanto anda. —Acabou. —O leão de Judá era reposto em cada local que Amun dominou. A Casa real egípcia vence a guerra.


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