Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 103
Capítulo 103


Notas iniciais do capítulo

Bom sábado ♥



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"Ela nunca será mãe."

As palavras de minha mãe não me deixam em paz desde o dia em que os filhos de Djoser nasceram e somente um permaneceu vivo. Djoser batizou seu filho com Halima, deu para ele o nome de Amenophis. A felicidade de Halima é a desgraça de Yaffa. Amun não tentou mais lançar fogo de surpresa no palácio desde que soube que sua filha foi ao chão e entrou em trabalho de parto horas depois. E que no parto teve um filho morto faziam meses. Mas a guerra está vindo. O exército de Elda e o exército de minha família estão prontos para derrubarem Amun. Mas agora ele se esconde como rato ao saber que fez com que sua filha se tornasse infeliz.

—Preocupada? —Zion pergunta ao acariciar o meu rosto. —Ainda pensando em Yaffa?

—Penso nela todos os dias. —Falo ainda amedrontada. —Será que isso... Será que isso não pode acontecer comigo também. Será que meu filho está morto dentro de mim?

—Nosso filho vai nascer saudável. —Zion fala inocente ao pensar que o filho que carrego é dele. —Não pense nisso, não pense em nada de ruim. —Meu marido pede e então beija o meu rosto. —Porquê não vai dar um passeio?

—Não tenho ânimo. —Falo.

—Exatamente por isso que deveria ir. —Zion fala sugestivo. —Melhore seu humor, Anippe. Você está grávida e tem que aproveitar cada dia.

—Tem razão. —Falo. —Mas hoje não vou passear. —Afirmo mais uma vez. —Zion... —Chamo pelo meu marido totalmente surpresa. —Ainda não falamos sobre o nome do bebê.

—Eu pensei que você já tivesse algum em mente. —Zion fala surpreso e então rimos. Meu marido então une seus lábios aos meus sem que eu menos espere. Mas eu logo interrompo o beijo e não olho em seus olhos. Eu estou começando a amar Zion. Não como amei quando ainda era uma adolescente, mas estou aprendendo a amar ele novamente. Mas em alguns momentos acabo me lembrando de Arão. —Não precisa ser tímida, Anippe. —Meu marido fala e então sorrio. —Já estamos casados e vamos ter nosso primogênito. —Zion fala e põe sua mão em meu ventre. Sinto minha consciência pesar ao ouvir Zion falar "nosso filho". —Mas eu entendo você. Não consegue expôr seus sentimentos, não é? —Ele pergunta sabendo da resposta. —Mas você se entregou para mim com tanta paixão. —Zion fala ao retirar os fios de cabelo de cima de meus ombros enquanto me faz lembrar de nossa noite de núpcias.

—Não fale disso. —Peço envergonhada. Enquanto Zion me trata bem nos momentos em que estamos sozinhos, eu me lembro da única noite de amor que tive com Arão.

(...)

—Eu quero ir. —Ouço Lyanna falar enquanto Djoser monta em seu cavalo.

—Você não pode ir sozinha. —Minha mãe fala fazendo Lyanna se aborrecer.

—Lyanna... —Meu pai repreende minha irmã. Somente uma palavra sua basta para que Lyanna aceite que não pode ir com Djoser.

—Posso saber porquê você está assim? —Djoser pergunta para Lyanna assim que se aproxima de nós, ainda montado em seu cavalo.

—Ela quer montar. —Minha mãe fala e então Djoser sorri.

—Venha, Lyanna. —Djoser fala e então meus pais repreendem meu irmão.

—Não. —Meu pai fala ao segurar Lyanna pelo braço ao vê-la ir para Djoser. —Ela não tem idade para isso.

—Djoser vai segurar Lyanna para que ela não caia, pai. —Falo e então levo Lyanna até meu irmão, mas é meu pai quem ajuda minha irmã a subir no cavalo.

—Calma, mãe. Não vou levar ela para longe. —Djoser fala enquanto ajusta Lyanna em sua frente.

—Mãe? —Chamo por ela ao vê-la pálida. Djoser corre montado em seu cavalo com Lyanna em seu colo, fazendo assim com que meu pai sorria, mas ao mesmo tempo nossa mãe fica nervosa. —Djoser sabe o que faz, tenha calma.

—Calma! —Djoser fala ao ver que seu cavalo está assustado com alguma coisa. Logo fico nervosa em ver meu irmão perder o controle das rédeas do animal. Lyanna se assusta e por isso temo por ela. Mas logo meu irmão toma controle da situação e o animal não fica mais assustado.

—Eu disse que não era prudente. —Minha mãe fala assim que Djoser desce de seu cavalo com Lyanna. —Vocês dois poderiam estar machucados agora. —Ela fala e então olha para Lyanna. Minha irmã vai até nosso pai e segura a mão dele. Assim como eu, Lyanna é mais pelo nosso pai do que pela nossa mãe.

—Foi apenas um susto. —Falo tentando acalmar minha mãe. —Leve a nossa mãe agora, Djoser.

—Enloqueceu? —Djoser pergunta fazendo todos rirem. —Nossa mãe morre de medo de cavalos. —Ele fala enquanto seus olhos azuis brilham de alegria pelo momento. —Quer tentar, mãe?

—Sua mãe não gosta de cavalgar. —Meu pai fala ao ver que minha mãe sente pavor ao olhar para o cavalo.

—Eu até tentaria, mas a situação não permite. —Falo tirando proveito da minha gravidez. Lyanna então vem até mim e põe sua mão em minha barriga, rapidamente ela aproxima seu ouvido e olha para mim.

—Falta muito pra ele nascer? —Lyanna pergunta fazendo todos rirem. —Ou ele vai ficar aqui dentro pra sempre?


—Lyanna, por favor... —Djoser pede enquanto vejo meus pais rirem da minha irmã mais nova. Logo o sorriso de minha mãe se desfaz ao sentir algo corroer em seu peito. Ela põe sua mão sobre seu coração e me olha um pouco assustada. —Mãe? —Djoser chama por ela ao vê-la empalidecer rapidamente. Logo meu pai e meu irmão seguram minha mãe para que ela não caia. Eu trago Lyanna para mim e faço por onde a menina não ver a nossa mãe.

—Acho que ainda estou assustada. —Minha mãe fala enquanto tenta recuperar suas forças. Meu pai fica aflito ao ver que minha mãe está pálida, e eu dou razão á ele. —Gab... —Ela sussurra o nome de meu tio e então fico intrigada.

—Meu amor? —Meu pai chama por minha mãe ao vê-la tão mal. Logo vejo minha mãe desmaiar nos braços de meu pai, fazendo Djoser entrar em desespero. Aperto Lyanna contra mim mesma e faço por onde não ver nada, mas não tem jeito. Meu pai então segura minha mãe em seus braços, me fazendo acreditar que seus braços foram feitos somente para ela. —Chamem Paser! —Ele ordena enquanto caminha apressado com minha mãe em seus braços.

—Vá cuidar de nossa mãe. Eu fico com Lyanna. —Falo para Djoser assim que vejo sua preocupação com Lyanna. Meu irmão se vai totalmente desvairado rumo ao sumo sacerdote. Seus passos são largos e apressados, em seus olhos posso ver o medo.

—A mamãe vai ficar bem? —Lyanna indaga amedrontada.

—Eu não sei. —Falo assustada depois do que acabo de ver. —Mas vamos ficar juntas até o nosso irmão voltar, está bem? —Pergunto sugestiva tentando acalmar minha irmã. —Vai ficar tudo bem, meu amor. Nós somos resistentes graças à nossa mãe. Ela vai ficar bem.

—O papai sempre me falava que a mamãe é frágil. —Lyanna fala. —Ela vai dormir para sempre? —Minha irmã pergunta e eu fico confusa. —Tio Gab disse que só dorme para sempre uma vez e nunca mais acorda, Anippe. A mamãe vai fazer isso? —Minha irmã pergunta inocente.

—Nossa mãe não se entrega para esse tipo de sono com tanta facilidade.

(...)

—Não fique tão preocupada. —Elda fala enquanto permaneço calada no harém. —Henutmire vai ficar bem.

—Com todo esse tempo sem notícias sobre ela? —Indago nervosa. —Karoma?

—A rainha precisa saber o que aconteceu. —A mulher fala totalmente desnorteada. —O príncipe Gab... Foi sequestrado por Amun.

—Não pode ser. —Nego.

—Gab não é o filho bastardo de Seti? —Elda pergunta.

—Ele mesmo. —Afirmo. —Como isso aconteceu, Karoma?

—Ikeni me disse que o príncipe Gab estava andando pela cidade quando Amun e outros homens o levaram. Ele não estava com sua escolta, soberana. —Karoma revela. —Onde está a senhora Henutmire?

—Ela passou mal. —Falo. Logo me lembro que minha mãe chamou por Gab antes de desmaiar. Será possível que minha mãe "sentiu" que algo estava acontecendo com Gab?

—Amun é mesmo petulante. —Elda fala com uma certa ironia. —Ele quer algo em troca.

—Fazer uma troca entre Gab e Yaffa? —Indago incrédula.

—Ou talvez Gab pela coroa de Djoser. —Elda afirma me deixando enojada.

—Gab não vale tudo isso. O mínimo que Amun pode fazer é devolver Gab e aceitar a filhinha dele. —Falo totalmente estarrecida.

—Você tem razão. Gab e Yaffa valem o mesmo, ou seja, quase nada. —Elda fala me deixando surpresa com a sua comparação tosca. Mas em parte ela está certa.

—Eu não posso falar isso para minha mãe. —Falo. —Isso vai piorar a situação.

—Claro que vai piorar, Anippe. Você quem deve agir. Não deve esperar Djoser ou Henutmire. —Elda aconselha. —Faça algo pelo seu... Tio. —Elda acaba dando ênfase no final com um certo sarcasmo. —Não podemos dar esse gostinho para Amun.

(...)

Flash Back On

—Meu Deus... —Falo assustada assim que os servos fazem as aves brancas voarem pela sala do trono durante a festa de casamento de meu irmão.

—Está tudo bem? —Gab pergunta ao me ver pálida.

—Foi apenas um susto. —Falo e então ele sorri. Olho para meus pais e vejo os dois rindo, olhando para as aves.

—Lyanna. —Falo ao ver minha irmã correr com medo. —Se assustou? —Pergunto.

—Tio, meu irmão não tem medo deles? —Lyanna pergunta para Gab sobre as pombas brancas.

—Acho que não. —Gab responde. —Fico feliz por Djoser. —Meu tio fala ao olhar para Djoser e Halima. —E por Henutmire. Sua família está crescendo a cada dia que se passa.

—Sinto isso. —Falo e então olho para meu ventre. —Lyanna... —Falo ao ver que meu pai chama por minha irmã, mas ela não escuta. Logo Lyanna corre para os braços de nosso pai, como sempre faz. Fico feliz em ver que minha mãe ama ver Lyanna tão bem com nosso pai. Hoje ela está mais deslumbrante que os outros dias. —Ainda ama ela? —Pergunto para Gab enquanto vejo-o olhar para minha mãe com admiração.

—Como mulher e irmã. —Gab fala sem olhar para mim. —Mais como mulher do que como irmã. —Ele fala ainda olhando para minha mãe. —Não existe outra mulher como a sua mãe, Anippe. Nunca vai existir. Hur tem mais do que sorte por tê-la como esposa. —Ele fala enquanto vejo meu pai unir seus lábios aos lábios de minha mãe. Logo Gab leva seu olhar para longe, enquanto eu penso na sua dor. Lyanna olha para mim com um sorriso de canto a canto por ver nossos pais se beijando. Acabo rindo da situação e logo olho para Gab.

—Me dê sua mão. —Peço e então ponho a mão de Gab em minha barriga. Logo faço por onde ele rir. Rir por sentir meu filho se mexer. —Não é indescritível?

—Claro que é. —Ele fala emocionado. —E forte. —Gab acrescenta e então rimos.

Flash Back Off

—O que quer me falar? —Minha mãe pergunta assim que peço para meu pai sair e acabo me lembrando de Gab no casamento de Djoser e Halima.

—É sobre Gab, mãe. —Falo e então fico ao lado de minha mãe em sua cama. —Amun raptou Gab.

—Não, Anippe... —Minha mãe nega e então seus olhos brilham perante as lágrimas que quer derramar. Eu seguro suas mãos, mas isso não adianta de nada. —Eu senti...—Ela fala. —Eu senti meu coração bater forte demais, apertado e então pensei em Gab. —Minha mãe revela e então eu vejo o quanto ela é ligada com seu irmão, mesmo que ele veja a irmã como uma mulher. —Amun vai matar Gab. Ele vai matar o único irmão que me resta... —Ela fala aterrorizada. Eu então abraço minha mãe tentando lhe dar algum consolo, mas eu mesma não vejo saída.

—Olhe para mim. —Peço. —Nada vai acontecer com ele, tudo bem? —Pergunto ao ver os olhos vermelhos de minha mãe. —Amun não vai matar Gab, ele não é tão louco quanto pensa.

—Ele matou Kamés e Ramsés. Claro que vai matar Gab. —Minha mãe fala assustada. —E você não pode fazer nada agora que está grávida.

—Isso não é desculpa. —Falo brava. —Amun não vai me fazer mal, eu sou mais forte que ele.

—Eu sei que é, mas o bebê não. —Minha mãe fala e eu lhe dou razão. —Meu neto, ou neta... —Minha mãe fala e então olha para meu ventre crescido. —Você acha que vai se parecer com ele? —Minha mãe pergunta sobre a criança se parecer com Arão.

—Eu não sei bem. Eu espero que sim e não ao mesmo tempo. —Falo amedrontada. —Arão é sumo sacerdote de Israel, o pecado que ele cometeu... Que nós dois cometemos foi muito grave, mãe. Eu tenho medo que Deus se volte contra essa criança e contra Arão.

—Você ainda ama ele? —Indaga.

—Com todo meu coração. —Revelo para meu espanto próprio. —Eu não quero que Arão sofra com o castigo que Deus pode dar. —Falo. —Muito menos o nosso filho. —Falo assustada. —E se Deus quiser me punir? Se meu filho nascer morto como o de Yaffa? Eu não viu suportar perder um filho, mãe. Eu...

—Fique calma. —Minha mãe pede ao ver que estou desesperada. Começo a chorar com medo do que pode acontecer daqui para frente. —Eu vou proteger vocês. —Minha mãe fala ao me ver amedrontada. —Agora precisamos achar uma maneira de trazer Gab para cá.

—Um acordo com Amun? —Indago.

—Eu faço qualquer para trazer Gab de volta. —Minha mãe fala decidida. —Até mesmo...

—Interrompo? —Yaffa pergunta só entrar nos aposentos de minha mãe com um sorriso no rosto.

—O que quer? —Indago furiosa. —Saia daqui! Já!

—Você não pode me impedir de andar pelo palácio. —Yaffa rebate. —Mostre algum respeito.

—Ou você sai daqui, ou eu mesma...

—O que? —Yaffa pergunta ao me enfrentar pela primeira vez. —Vai me cortar? Me maltratar? —Ela pergunta furiosa. —Tente. —Ela me provoca. Quando menos espero minha mão se ergue contra Yaffa, mas ela é mais rápida. Sua mão segura o meu pulso enquanto sua outra mão tira a coroa de minha cabeça.

—Anippe! —Minha mãe grita enquanto Yaffa me lança contra o chão. Todo o meu corpo cai sobre meu ventre fazendo com que eu grite de dor.

—Você não é rainha. —Yaffa fala enquanto quebra a minha coroa com suas mãos. As peças rasgam sua carne, mas a sua loucura é ainda maior. —Eu sou. —Ela fala enquanto me olha no chão. Vejo o diamante que me foi dado por Arão no chão. Assim que Yaffa vai embora, eu pego e olho para ele. Está intacto, diferente do restante da coroa.

—Anippe... —Minha mãe chama por mim e então grito de dor. Sinto um líquido quente escorrer por minhas pernas e então chego a conclusão que meu filho vai nascer.

—Ainda não é tempo. —Falo assustada. —Maldita, ela fez isso. —Falo ofegante. Minha mãe então tenta me acalmar, mas eu apenas grito.

—O que aconteceu? Eu vi Yaffa com as mãos dilaceradas... —Djoser fala ao entrar. —Anippe! —Meu irmão fala assustado e vem até mim.

—Coloque sua irmã na cama. —Minha mãe pede. Meu irmão então me toma nos braços e eu grito de dor ao ser suspensa. —Calma, com calma. —Minha mãe pede e assim Djoser faz. —Agora saia.

—Eu vou chamar a parteira. —Djoser fala.

—Não. —Nego. —Eu não quero nenhuma parteira.

—Eu mesmo faço o parto. —Minha mãe fala e então Djoser sorri.

—Eu vou ficar aqui, mesmo que de longe. —Djoser fala e então olho para minha mãe.

—Seu pai também ficou quando você nasceu. —Minha mãe fala. —Não ouse atrapalhar quando vê-la gritar. —Ela fala para Djoser.

—O que eu faço, mãe? —Pergunto assustada enquanto Djoser permanece escondido no fundo do quarto. —Como dói... —Falo e então tento segurar as lágrimas, mas a dor é inevitável.

—Empurre a criança. —Minha mãe ordena e eu fico sem entender. Mas não perguntei mais nada. Faço força como ela pediu, mas nada acontece. Sinto os dedos de minha mãe em minha carne, logo monstro meu desconforto, mas ela não parece ligar para isso.

—E se ela não estiver na posição certa? —Indago e então minha mãe olha para mim. Há uma possibilidade da criança não estar na posição correta. Faço força novamente, mas desta vez ergo meu corpo. Djoser coloca as almofadas em minhas contas e não sente pudor algum ao segurar minha mão. Era para Arão estar comigo, ele é o pai dessa criança.

—Respire. —Minha mãe pede e então eu respiro fundo. Sinto a dor tomar conta de meu corpo novamente, por isso grito. —Seja forte, Anippe. Você sempre foi. —Ela fala e então sorrio. Uno minhas forças novamente e faço por onde meu filho nascer, mas de nada adianta.

(...)

—Eu não aguento, mãe. —Falo. Djoser segura o meu rosto e tenta falar alguma coisa, mas eu vejo a desesperança em seus olhos. Meu irmão então dá as costas para mim e tenta esconder sua frustração.

—Está sem forças? —Minha mãe pergunta exausta. Eu afirmo que sim e então posso ver sangue em suas mãos. Repouso meu corpo ainda fracassada e com isso choro.

—Eu quero ser forte. —Falo ao entender que estou sendo fraca como mãe. —Eu falhei. —Falo e então ponho a mão em meu rosto para que ninguém veja o meu choro. Sinto novamente as dores que venho sentindo, com isso olho para minha mãe.

—Você não falhou. —Minha mãe fala enquanto tento unir forças novamente. Eu preciso ter essa criança. Meu único filho ou filha que terei com Arão. Olho para meu irmão que está ao meu lado desde que entrei em trabalho de parto. Se tem alguém que realmente pode me entender verdadeiramente, este alguém é Djoser. Ele sorri confiante assim como minha mãe.

—Eu acho que é agora. —Falo para minha mãe. Suas delicadas mãos se põem em seus lugares. Olho para Djoser pela última vez e sorrio para minha mãe antes de tentar pela última vez.

Quando todas minhas forças se esgotaram e um choro solene surgiu no ambiente, o grito de dor que sairia de minha garganta foi abafado. Quando eu vi minha mãe com um recém nascido nos braços e um sorriso enorme nos lábios por carregar um neto nos braços, olhei para meu irmão e senti o seu carinho. Eu queria tanto Arão aqui comigo, mas eu fui contra isso, assim como meu destino. —Choro ao sentir dor novamente, algo me avisando que meu interior está abalado. Ponho a mão em minhas vestes e sinto o líquido avermelhado em meus dedos. —Meu corpo treme ao ver que ainda estou sangrando. Olho para Djoser aterrorizada, com isso meu irmão olha para minha mãe.

—Eu vou chamar Paser. —Djoser fala e então seguro sua mão com força. —Anippe, me deixei ir.

—Me promete. —Peço assustada com as dores que sinto. Meu irmão então fica desnorteado com o que falo. —Me promete, Djoser. —Peço novamente.

—É uma menina. —Minha mãe fala e então eu sorrio ao saber que dei uma filha para Arão, a sua única filha. Minha mãe acalma a minha filha em seus braços me fazendo sorrir.

—Me promete que vai cuidar da minha filha. —Peço para Djoser enquanto meus olhos pesam. —Promete que vai cuidar dela por mim. Criar ela junto ao seu filho, como se fosse sua. —Falo enquanto Djoser olha para minhas mãos trêmulas.

—Você vai ficar bem, Anippe. —Djoser fala sem acreditar que estou tão fraca. —Anippe, olhe para mim... —Djoser pede e então vejo minha mãe sorrir por ver minha filha abrir os olhos enquanto fecho os meus e me entrego à escuridão.


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Notas finais do capítulo

A filhinha de Arão e Anippe nasceu, gente ♥ E a Anippe, né... Vocês já sabem.



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