Oh, vã cobiça! escrita por Eduardo Marais
– O que foi aquilo? – pergunta Cesar.
– Raiva. Não gostei da maneira como os ciganos olharam para minha mãe e Smila. Ciúmes!
O macaco acha graça e ri sem exibir os dentes. A garota era possessiva demais.
– Ciúmes de quem? Afirmo que Nicolas é velho demais para você!
Yasemine revira os olhos e sai de perto do amigo.
– Podem vir! O caminho está livre! – grita Smila de cima de uma rocha. – Iremos seguir pela margem do riacho! De quando em quando, seguiremos pelo leito para disfarçar nosso cheiro!
– Pela água? Nem morto! – Cesar se afasta do grupo. – Seguirei pelas rochas e árvores.
Yasemine alarga um sorriso e suas covinhas enfeitam suas bochechas.
Por mais algum tempo, Smila segue à frente, observando detalhes que poderiam ser importantes para a segurança dos companheiros. Atrás dela, a alguns metros, Regina e Yasemine caminhavam lado a lado, mas em silêncio.
– O que eu posso fazer para que acredite em mim? Eu não traí o seu pai. Smila confessou como fez parte do plano e o que Zelena fez. Foi Smila quem esteve com Robin.
– Eu vi o que Zelena fez com meu pai: abriu o poço e um macaco voador arrastou meu pai para dentro. Meu pai lutou, mas foi arrancado de mim.
– Vamos encontrá-lo, meu amor.
– Você me mandou protegê-lo em sua ausência e eu não consegui. Senti muito ódio de mim. – a garota não olha Regina.
– Meu amor...
– Protejam-se! – grita Smila correndo de volta para trás. – As águas estão ficando caudalosas! Vão sair coisas delas!
Cesar salta de onde estava, enquanto Yasemine gesticula e empurra sua mãe e Smila para longe, posicionando-se diante de uma figura lamacenta que surge de dentro do imenso volume de água. Mas antes que a garota pudesse fazer qualquer ataque, a criatura é rapidamente petrificada ao receber o impacto uma onda de eletricidade azulada.
A garota se volta e olha por cima do ombro, vendo a mãe sentada e com a mão estendida. Um sorriso involuntário ilumina os lábios grossos dela. Era um agradecimento tímido.
– Pensou mesmo que eu iria deixar aquela coisa sujar seus cabelos? – Regina sorri.
Cesar gosta do que ouve e do que vê: Yasemine sorrindo era a coisa mais linda que alguém poderia visualizar naquele reino maluco. Ela estava cedendo.
– Continuemos, recrutas! – Smila toma a dianteira e sorri ao ver Yasemine permitir que Regina toque em seu ombro. Porém, seu sorriso se desmancha quando percebe que o volume de água não diminui e começa e tomar a forma de um muro.
O muro de água avança na direção do grupo e Regina toma a dianteira, espalmando as mãos e criando uma barreira contrária ao muro. Yasemine corre e faz o mesmo. As duas vão caminhando na direção do muro, como se o empurrassem. Logo atrás, iam Cesar e Smila, prontos para algum ataque.
A pressão exercida pelas habilidades de mãe e filha vai provocando uma diminuição no tamanho do muro de água. Era como se aquele elemento da natureza estivesse mostrando respeito pelas duas mulheres e sua posição naquele reino.
Exauridas, as duas caem sentadas nas águas do riacho raso. Ficam ali por algum tempo, retirando da natureza, as novas forças.
– Logo irá cair a noite e precisaremos encontrar um local. – Cesar aponta para o céu. – O cheiro é de chuva iminente.
Naquela noite, com o fogo aceso para a iluminação e aquecimento, o grupo adormece no chão daquela caverna. Havia comido alguma coisa providenciada por Cesar e se acomodado para um descanso merecido.
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