Século XVI – França

Para chegar onde quero, vou resumir a trajetória de uma pessoa:
A arte estava entrando em um período importante, o Renascentismo, assim como todo o mundo sofria suas influências.
Youji Hayashi, era um pintor oriental que vagou o mundo para aprender sobre a arte em todo canto, virou músico e pintor da realeza francesa ao se estabelecer no País. Era excêntrico e boêmio, saia somente a noite, casado com uma bela ruiva escandinava que poucos meses depois desaparecera, deixando o artista em sua pior fase.
Claro, estou falando de um vampiro, um Toreador que nadava na arte daquele século e se aproveitava dos benefícios da realeza.
Para distrair-se, ele adotava pupilos para ajudar em seu ateliê, semanas atrás havia sido contratado para ser mestre de um garoto, filho de dois nobres que viviam um pouco afastado, por isso demorou para ir buscar tal rapaz.
Cavalgou para onde moravam, e estranhou as redondezas completamente vazias e mal cuidadas, o mato alto tomava as estradas, e as casinhas dos trabalhadores daqueles nobres estavam vazias, abandonadas. Uma placa de madeira cortada continha um aviso: A praga chegou aqui, fique longe.
Youji não pegava essas doenças, ele seguiu até a casa principal, a porta estava aberta, amarrou seu cabelo e seguiu a pé. Abriu a porta e a poeira subiu... Suas botas ecoavam os passos naquele casarão bem decorado, havia uma vela acesa.
Ao mesmo tempo que notou a pequena chama tremeluzindo no centro da sala após o hall, levou as costas da mão enluvada perto do nariz, um cheiro pútrido parecia tomar o lugar. Cheiro de morte.
Sua sombra decaiu sobre três corpos no meio da sala empoeirada, ficando gigante sob o efeito da vela. Dois corpos de adultos em que ele já podia ver vermes se mexendo em suas carnes mortas e duras, cinzentas. O terceiro corpo era de uma criança ,no meio deles no tapete central, vestindo uma camisola de algodão e mangas bufantes, completamente sujo de cinzas, que ao sentir a sombra recair ali, se mexeu! A criança estava viva.
- Senhor? Senhor?! Poderia nos ajudar? Ninguém quis nos ajudar, foram todos embora! Papai e mamãe não acordam...
Ele mal conseguia abrir os olhos, e estava tão magro que parecia uma garota, os cabelos alourados rebeldes e um leve toque oriental, talvez um dos pais fossem da mesma origem de Youji, mas no estado de decomposição com bolhas da praga que estavam, era difícil dizer qual.
O rapaz devia ter o quê? 11 anos talvez. Youji não podia deixa-lo lá daquele jeito, ou o matava por misericórdia ou o levava.
Então, o vampiro o pegou no colo enrolando-o em seu casaco e o levou dali.

Youji sabia que poderia fazer o que quisesse com ele. Não havia nenhuma força entre o Céu e o Inferno que pudesse impedir qualquer coisa. Não precisava de nenhum Deus para dizer que podia transformá-lo a seu modo e educá-lo nos caminhos da imortalidade.
Essa era uma criança resgatada que poderia ser educada para o Sangue! Essa era uma criança totalmente perdida para a vida e que poderia ser aproveitada especificamente para o Sangue. Seu treinamento duraria uma noite, um mês, um ano, dez anos ? Cabia somente a Youji essa decisão. Fosse ela qual fosse, ele queria fazer dele um filho perfeito do Sangue da Rosa, criado para ser perfeito.
Quanto a Youji, ele nunca havia provado uma intimidade tão completa com um mortal, com exceção daqueles que pretendesse matar pela fome e instinto. Sentia calafrios ao abraçar esse menino junto a si, ao colar os lábios no seu rosto macio e quente, no seu queixo, na testa, nos doces olhos fechados e descansando tão confiante em seus braços. Frágil Kamiel.