Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 67
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos e hoje é a última vez que os cumprimento nesse pequeno espaço. O título já diz tudo, hoje saberemos o fim que teve nossa Jenny e Liam. Também teremos a aparição de alguém conhecido dos games...

Desejo uma boa leitra uma vez mais.



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Abril, 1788 - Irlanda

O cheiro da vegetação fresca misturado ao aroma de algumas flores era inebriante a qualquer um que nasceu e viveu em uma cidade grande, principalmente aquelas com concentravam milhares de pessoas das mais diferentes classes sociais. Era verdade que a terra sujava um pouco seu par de botas e a viagem até ali não havia sido nada ligeira. De Versalhes sua rota se estendeu até o extremo oeste da França, embarcou em um requintado brigue e teve sua própria cabine particular, mas mesmo todo o luxo do navio não diminuiu suas náuseas. Elegantes pratos eram desperdiçados quando seus vômitos alimentavam os peixes ao longo de dias torturantes.

Não por menos, tão logo sentiu os pés sobre o chão firme procurou por boa comida para repor os quilos perdidos em alto mar. Restando, dessa forma, a intrigante pergunta que consumia sua mente: Como podia centenas de homens passarem boa parte de suas vidas dedicando-se ao mar? De qualquer forma, o tormento já havia cessado, por hora. A seguir lhe restou cruzar metade daquela ilha até chegar ao interior verde e fluvial. Foram alguns dias e noites pernoitando nos melhores lugares que conseguiu achar, tentando compreender aquele modo tão distinto daqueles homens e mulheres falarem.

Esperava que quando finalmente a encontrasse, sua comunicação não fosse tão complicada e conforme haviam lhe orientado, ou assim havia compreendido, seguiu o caminho rio acima, onde encontraria uma pequena embarcação chamada Miko. Os pescadores e comerciantes das redondezas informaram-lhe que havia sim uma mulher, além da meia idade, que tinha um barco não muito grande, utilizado apenas para fins como pesca e viagens comerciais curtas entre os rios daquele país.

Apesar de o barco ser dela e eles a virem eventualmente trocando velas e outras partes do navio, era seu marido quem costumava viajar, isso porque não era de seu agrado navegar por entre rios e sim pelos mares. Não havia dúvidas, só podia ser ela, a filha de Edward Kenway, o Demônio em forma de gente. Passando por algumas casas distantes das margens do rio e alguns poucos estabelecimentos comerciais, encontrou amarrado a um pequeno cais de madeira o navio intitulado como Miko.

Com o salto das botas já a denunciar sua aproximação por sobre as tábuas de madeira, seus olhos procuraram por alguém dentro do convés, mas não havia ninguém ali até que uma voz masculina lhe surpreendeu pelas costas.

— Boa tarde, senhorita.

Élise se virou com um simpático sorriso desenhado nos lábios e para sua surpresa também encontrou um. O homem em questão tinha a pele clara, cabelos curtos, olhos azuis brilhantes e lábios finos. Seu modo de falar era típico das pessoas da Irlanda e os ombros largos indicavam a prática de exercícios que exigiam força regularmente.

— Boa tarde, senhor.

— Senhor? Não sou tão velho assim, nem ao menos completei três décadas de vidas.

— Peço desculpas se soei de maneira rude. – Ela fez um delicado gesto com a cabeça que arrancou um riso maroto dele.

— Uma mocinha educada você, não? Percebi que estava curiosa com o meu barco, mas estou eu ainda mais, meus clientes nunca foram tão bonitos e educados como a senhorita.

— Perdão, mas disse que esse é seu barco?

— Disse sim.

— Há algum engano então, pois me informaram que o barco chamado de Miko pertencia a uma mulher. Talvez a conheça, Jennifer Kenway.

Ele fez uma careta divertida e estalou a língua ao passar por De La Serre rumo ao seu barco que bailava graciosamente conforme as correntezas do rio.

— Essa mulher morreu há muito tempo. Sinto em informar, mas não a encontrará aqui.

A ruiva o seguiu de perto, atenta às suas palavras, mas ainda não convencida, afinal suas fontes traziam notícias recentes da Kenway. Além disso, não poderia ter nadado tanto e morrer na praia logo ali.

— Alguns comerciantes e outros vendedores de mercadorias navais disseram ter feito negócios com ela um mês atrás.

O Irlandês se virou antes de subir em seu barco e ainda sorrindo respondeu à Templária com sua voz aveludada.

— Certamente eles se confundiram, Jennifer Scott Kenway morreu a mais de trinta anos, nas colônias.

Um sorriso vitorioso exibiu-se na expressão da garota que cruzou os braços diante do rapaz que insistia em lhe enganar de maneira pouco convincente.

— Como poderias, então, tu saber o segundo nome dela quando eu mesma não o mencionei anteriormente?

Seu argumento, no entanto, não causou o efeito desejado e ele pouco abalado a respondeu de imediato.

— Ora, porque essa era a minha mãe antes dela ser Jenny O’Brien. Se for essa a pessoa quem procuras, então eu mesmo posso levá-la até ela.

Élise desconfiou a principio do homem, mas de fato o nome batia com as informações que ela conseguiu. Jennifer havia se casado com um Assassino chamado Liam O’Brien, contudo ela não havia abandonado seu nome de batismo. Ainda sim, era sua melhor alternativa até aquele momento.

— Está bem, ficarei muito agradecida se puder gentilmente me levar até ela.

— Venha comigo... – Ele tomou a adianteira, mas se virou no instante seguinte para encarar a jovem. – Como devo chamá-la?

— Élise De La Serre.

— Kevin O’Brien.

Feito as apresentações simples, ele tornou a caminhar para longe do cais, ganhando uma pequena estrada de terra que parecia cada vez mais se embrenhar no interior daquele país. A dupla logo estava rodeada de árvores grandes e vívidas naquela primavera agradável. Durante o percurso, a ruiva não pôde deixar de notar que Kevin ostentava braços fortes e um tronco largo, mas suas feições eram bonitas. Com as roupas certas o rapaz ficaria deveras charmoso e elegante. Mas seu coração já pertencia a outro e ele estava em algum lugar de Versalhes agora, vivendo uma vida simples, assim ela pensava.

Depois de alguns minutos de caminhada moderada, Élise e Kevin cruzaram uma cerca baixa de madeira e se aproximaram de uma casa modesta, mas grande se comparada as que a Francesa havia visto anteriormente. Ele abriu a porta da frente e logo chamou pelo alvo da procura da ruiva.

— Mãe! Há uma jovem chamada Élise lhe procurando. – Ele abriu passagem para ela sinalizou para que entrasse no recinto.

O local era aconchegante, com móveis de madeira por todos os lados e algumas pelagens de animais aqui e ali. Um par de pistolas velhas adornava a parede logo acima de uma lareira apagada em um canto da sala enquanto algumas miniaturas de barcos enfeitavam estantes e mesinhas espalhadas pelo local. A paixão pela navegação era quase que palpável naquela casa. O som de passos se fez presente e a mulher de outrora cabelos loiros e olhos rebeldes surgiu diante da dupla.

— Kevin? Chegaste cedo, como está o reparo do casco na parte inferior de Miko?

— Essa senhorita apareceu no cais lhe procurando, então resolvi dar uma pausa e trazê-la até aqui. – Um sorriso e um dar de ombros complementou sua resposta, que ele sabia, não seria do agrado de sua mãe.

Jenny se aproximou enquanto mais passos ao fundo da casa eram ouvidos, desta vez foi um homem a surgir na sala. Ele tinha o cabelo tão baixo quanto Kevin, olhos azuis e o mesmo formato de rosto, mas suas rugas denunciavam sua idade avançada.

— Quem és tu?

— Meu nome é Élise De La Serre e estou a alguns anos lhe procurando.

— Seja qual for sua necessidade, Kevin pode negociar por mim. – Jenny já se virava para encarar Liam logo atrás de si e fazer uma bela reclamação do filho. – Liam, o barco não está pronto ainda...

Um pouco ansiosa ao perceber que a mais velha não lhe deu devida atenção, ela se precipitou e cortou as palavras de Jenny antes que esta pudesse terminar o que tinha em mente.

— É a respeito de seu irmão. Haytham. - Os orbes azuis dela finalmente a encararam fixamente e a ex-Assassina se aproximou da jovem cautelosamente. – Sinto em informar que seu irmão faleceu durante a Guerra da Independência nas colônias.

— Como ele morreu?

— Assassinado durante um ataque a um forte de Nova York.

— Assassinado? Por quem?

Élise limpou a garganta e desviou os olhos dos de Jenny, sua expressão era tão imparcial que fazer a mais nova ter dúvidas se aquela fora uma notícia tão ruim como imaginou que seria.

— Um Assassino das colônias... – Ele respirou fundo e tornou a encará-la. – Seu filho, até onde sei. Connor é o seu nome.

Liam permanecia estático ao lado do filho alguns metros atrás, ambos cediam tanta atenção à moça quanto a própria Jenny. Quando pai e filho ficavam lado a lado, era indiscutível a semelhança de ambos. Tinham estaturas semelhantes, queixos quadrados, ombros e troncos largos. Mas os olhos e os cabelos eram de certo da mãe, além do nariz e lábios finos. Uma bonita e atraente mistura do casal O’Brien.

— Pressuponho que não deixou seu país no continente apenas para vir aqui me dizer isso, estou correta?

Élise lhe anuiu e molhou os lábios, sua inexperiência a estava deixando um pouco nervosa, visto que optou por visitar a mulher completamente desarmada para servir  como um sinal de paz e confiança.

— É verdade. Desde a morte de seu irmão, a casa no Queen Anne Square tornou-se propriedade da Ordem e estive lá algumas vezes. Encontrei cartas e anotações de Hatyham e entre elas as que mais me chamaram atenção foram as que mencionaram, ainda que brevemente, os momentos que tu e ele estiveram lado a lado mesmo sendo uma Assassina.

— Deixe-me entender... Se aquela casa é agora dos Templários, somente membros da Ordem deveriam ter acesso a esse tipo de informação não?

De La Serre engoliu a seco e a respondeu prontamente. – Eu sou uma Templária da Ordem Francesa, por isso tive autorização para visitar sua antiga casa, mas estou aqui em paz. Apenas quero conversar e fazer algumas perguntas.

Liam e Kevin tornaram a se aproximar das duas, mas Jenny os sinalizou tranquilamente com a mão para que ficassem onde estavam e ambos cessaram o avanço enquanto a matriarca daquela família inspirou profundamente e revirou os olhos.

— Escute senhorita De La Serre, eu abandonei essa guerra e vivo a minha vida o mais distante possível de qualquer Assassino ou Templário. Então, antes que perca mais o seu tempo, é melhor ir embora.

— Haytham procurou por ti por um tempo, mas nunca mais a encontrou. Acredito que seja devido a mudança de seu nome para O’Brien. – A ruiva encarava os olhos impassíveis da mais velha e continuou. – Ele gostaria que trabalhassem juntos, ainda que de lados diferentes. Ele acreditava que poderia ensinar aos Assassinos um novo meio de julgamento do certo e errado e a repensar questões de rivalidades já tão antigas entre os dois credos. Por isso estou aqui. Não tive a oportunidade de conhecer seu irmão pessoalmente, mas talvez contigo eu possa encontrar algumas respostas de como unir os pensamentos entre Templários e Assassinos.

Jenny suspirou e se virou de costas para a jovem. – Garota, não sei que tipo de anotações andou lendo de meu irmão ou que tipo de historinha gosta de acreditar, mas como deve ter percebido eu não era tão unida assim com Haytham e obviamente nossas alianças eram frutos de nossas necessidades na época, nada mais e nada menos.

— Ainda sim, se funcionou uma vez, então por que não uma vez mais?

Havia um brilho nos olhos da francesa que a mais velha conhecia bem, era esperança de fazer algo grandioso, algo memorável e bom. No fundo, Jenny não acreditava que um dia Templários e Assassinos chegariam a um acordo em comum, mas lá estava Élise, uma jovem tola e sonhadora diante de si, dizendo que estava disposta a fazer o que ela e o irmão não foram capazes.

— Feche a porta atrás de si e sente-se na mesa comigo. Se quiser saber os motivos que uniram a mim ao Haytham, então precisa entender primeiro todo o contexto e verás que estou certa em dizer para desistir dessa sua idéia descabida.

Jenny dirigiu-se até uma mesa no centro de sua cozinha enquanto Liam e Kevin permaneciam voltaram suas atenções para uma conversa entres eles, deixando certa privacidade para a senhora O’Brien e Élise. Ambas se acomodaram nas cadeiras de madeira ao redor de uma mesa de madeira e a mais velha serviu um pouco de rum tanto para si quanto para sua visita inesperada.

— Comecemos com Reginald Birch e seu ataque à casa de Londres...


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Notas finais do capítulo

Bom, deixou a cargo de vocês imaginar como foi essa longa conversa entre essas duas. Lembrando que o cordão Templário que Élise usa no Unity pertencia à Jenny, o mesmo que o irmão a deu na Espanha, aqui na fic obviamente.

Sim, houve um curto período de tempo para Jenny e Liam fazerem enfim um rebento rs. Ela o reencontrou um pouco antes de seus quarenta anos e dado ao gosto do casal pela prática... Basicamente imagino o Kevin físicamente muito parecido com o pai, mas com alguns traços do rosto puxados da mãe. Além de todo o jeito galanteador que herdou do vovô Kenway.

Connor tem um priminho gato do outro lado do mar 8) Adoraria ver um encontro com essa parte da família que ele nunca conheceu, mas Jenny já tem quase setenta anos e Liam também. Estão aposentados de qualquer atividade Assassina. Kevin é uns quatro anos mais novo que o primo ok?

Ah essa altura Amy provavelmente já morreu e Arno conhecerá Bellec dentro de alguns meses. Caleb, por outro lado, também já deve ter seus filhos e dentre eles está o avô dos gêmeos Frye.

Qualquer outra dúvida ou pergunta, fiquem a vontade de me perguntarem nos comentários ok?

Eu quero agradecer MUITO a todo mundo que leu, comentou e colocou fé nessa fanfic. Não pretendo fazer mais nenhuma long por agora. Sendo sincera, não tenho a mínima ideia para outra e nem a disposição. rs Mas devo aparecer algumas shots variadas.

Foi um enorme prazer navegar com vocês nessa história, caros companheiros.



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