Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 49
A Chegada às Colônias




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O porto de Boston era animado e populoso. Havia navios atracados por toda sua extensão, assim como havia dezenas de centenas de homens trabalhando no lugar. Marinheiros, comerciantes e mesmo viajantes misturavam-se por entre as docas. Jenny aproveitava para dar uma boa observada na cidade ainda na proa do navio, a qual esteve nas últimas semanas, mas foi o estalo dos dejetos de uma gaivota a caírem ao seu lado que lhe tirou de seu sublime momento de memorização​. Ela olhou a merda branca e aquosa a poucos centímetros de seus pés e depois procurou pelos céus pela responsável daquela imundície, mas havia aves demais para que ela pudesse identificar a certa.

— Espero que isso seja a porra de um bom presságio.

— Senhorita, é hora de desembarcar. Sua bagagem já está em terra. – Disse o homem de meia idade que limpava o convés com o mesmo mau humor rotineiro.

— Sim, já estou partindo. Obrigada.

Jenny recolheu as saias de seu vestido e deixou o navio para buscar sua bagagem no solário de madeira que compunha o porto. Logo, uma dupla de pivetes se aproximou e lhe abordaram.

— Deseja ajuda com as malas senhorita? – Perguntou o rapaz de cabelos loiros e um dos dentes da frente faltando.

— Gostaria que me encontrassem um transporte que me leve para além da fronteira.

O outro menino, este com cabelos negros e o rosto sujo do que parecia ser graxa, arqueou a sobrancelha​ com a resposta de Jenny e logo expôs sua infantil curiosidade. –Para o território dos nativos? O que uma moça como você irá fazer lá?

A Kenway achou graça na inocência do garoto e lhe sorriu gentilmente. – Encontrar velhos conhecidos. Vocês podem me ajudar por duas moedas de ouro?

Ela sacou da bolsa de mão duas moedas vindas diretamente do tesouro de Edward Kenway e os olhos dos meninos se arregalaram e prontamente pegaram as malas dela. - Siga-nos.

A agilidade dos pequenos se sobrepunha a quantidade de pessoas que perambulavam de um lado para outro, eles desviavam de pernas e mercadoria com tamanha facilidade que ela se sentiu obrigada a usar sua visão bem treinada para não perder a dupla de vista. Por fim, eles chegaram a um homem que cuidava de dois cavalos presos a uma carroça.

— Essa é a senhorita que quer ir para além da fronteira. – Disse o menino de cabelos loiros.

O homem deu uma boa olhada em Jenny que trajava um vestido típico inglês, com mangas largas e um decote discreto que era enfeitado pelas madeixas claras dela. – Aonde queres ir exatamente, moça?

— Para a fazenda Davenport, conheces?

Ele a olhava desconfiado e ela percebendo que perdia tempo, puxou mais duas moedas de ouro da bolsa e amostrou a ele. – Pagarei uma adiantada e outra na chegada. Mas nem pense em tentar qualquer gracinha ou se arrependerá amargamente.

— Não quero me meter em problemas com ninguém daquele lugar ou seus amigos, mas irei aceitar a oferta. Coloquem as malas dela na carroça.

Os meninos fizeram como ordenado e Jenny os ajudou de bom grado. Ao término do trabalho, ela deu uma moeda para cada menino que lhe agradeceram e saíram correndo com um sorriso estampado na face. Um suspiro pesaroso escapou de seus lábios ao imaginar que Edward II já estaria correndo se estivesse vivo.

— Hey moça! São algumas horas de viagem, então é melhor partirmos de uma vez.

A loira deixou os sentimentos maternos de lado e se voltou ao homem, lhe acenando em concordância enquanto rumava até o assento ao lado do condutor.

Tal qual ele lhe informara, a viagem levou boa parte daquela manhã e a carroça apenas chegou ao seu destino após o meio-dia. Quando ele lhe disse que já haviam adentrado aos terreiros de Davenport, ela passou a se atentar e localizou movimentação por entre a vegetação.

— Não há animais agressivos aqui, moça. Deve ser apenas algumas raposas. – Ele comentou ao perceber que sua passageira mantinha os olhos fixos nos arbustos.

— Certamente.

Quando eles se aproximaram do casarão que se destacava no alto da colina, Jenny pode ver enfim rostos. Rostos jovens e desconhecidos, mas o padrão nas roupas os denunciava como aprendizes. Havia homens, mulheres e até nativos. Em um canto à direita da casa ela ouviu o choque de lâminas e deduziu ser algum treinamento.

— Pronto moça, já cumpri com a minha parte, agora o meu pagamento.

Jenny desviou os olhos para a dupla que batalha há alguns metros e encarou o homem que já havia descarregado a sua bagagem. A loira lhe estendeu a mão e deu a outra moeda de ouro, conforme o prometido. O condutor não perdeu tempo e voltou ao seu lugar para incitar os cavalos a partirem, mas Jenny não lhe deu importância e com as malas nas mãos se direcionou até a entrada do casarão. Foi quando uma jovem de cabelos castanhos se aproximou pela direita da Kenway.

— Quem é você?

A Assassina encarou a face séria e desconfiada da mulher que teria por volta dos vinte anos. –Jeniffer Scott Kenway, estou​ aqui para falar com Achiles Davenport.

A maçaneta de porta virou e em um instante o mentor daquela Irmandade se mostrou no interior da casa a observar as duas. - Deixe-a Hope.

Com hesitação ela voltou para a área, onde instantes atrás ela treinava com um homem de cabelos curtos e ombros largos, este que observava tudo de longe.

— Confesso que estou impressionada com a quantidade de pessoas que vi aqui. – Ela disse ao se virar para o homem.

— Tenho certeza que não veio aqui para conhecer meus alunos. Entre.

Achilles abriu a porta para que ela entrasse e seguiu pelas escadas que levavam ao andar superior de sua mansão. Jenny ainda observava a dupla a treinar pela janela e logo percebeu que a garota não tinha muito jeito para espadas.

— Devia ensinar outro jeito a ela para agir.

Davenport cessou suas passadas e lhe encarou seriamente, contudo, Jenny não era facilmente intimidada e apenas deu de ombros para o Assassino e continuou a lhe seguir escadas acima até alcançarem o segundo nível e ele se precipitar até uma sala com mesa e livros abertos. Seu escritório particular.

— Agora me diga, o que vieres procurar aqui? – Ele se virou e permaneceu de pé diante dela.

— Não finja que não sabe. Miko lhe disse a respeito da chave pelas cartas.

— Um artefato sem qualquer registro que pode ser apenas um objeto antigo dos Mohawk. Sim eu sei, veio para devolver à tribo deles?

— Vim procurar o quê ela abre.

— O que ainda não explica o que vieres fazer em minha fazenda.

A loira arqueou a sobrancelha e cruzou os braços, respirando profundamente para se acalmar. – Miko contava com a sua ajuda para encontrar mais pistas sobre a chave.

— E enviou você para isso? Temo que a Irmandade Inglesa esteja de fato definhando.

— Ao menos ela ainda se preocupa com o seu propósito.

— Não me venha você me dar lição de moral quando é certamente a pessoa mais irresponsável que já conheci na vida e eu não quero que fiques perto dos meus alunos. Não me importo se Miko te deu um manto e uma Hidden Blade, não era bem vinda em Tullum e não será aqui também.

— Por acaso teme perder o comando de seus alunos?

— Não preciso de ninguém da Irmandade Inglesa para me dizer o que fazer ou não. Ainda mais sendo você, um péssimo exemplo de disciplina, assim como o seu pai foi.

— Não conheceu o meu pai e não tem direito de falar dele. – Jenny deu um passo à frente e apontou seu dedo a poucos centímetros do nariz de Achiles.

— Sei o suficiente, Adewale e Anne Bonny falavam bastante dele. A propósito onde estão Anne Bonny e Sexta-feira?- Ele afastou a mão da loira e se virou em direção a cadeira atrás mesa.

— Mortos.

— Por que não me surpreendo?

— Ambos morreram por consequência de suas próprias escolhas e não por mim. Demorei alguns anos para entender isso enquanto você ficava na segurança de sua fazenda rodeado de seus alunos.

— Não diga como se eu estivesse de braços cruzados todos esses anos, pois você não fez mais do que eu.

— Você não sabe de nada Achiles e sua ignorância lhe custará caro um dia.

A Kenway se virou e deixou o recinto com passadas pesadas, apressada em deixar aquela casa, contudo, Davenport tratou de vir atrás. Ambos desceram as escadas sem mais uma palavra trocada e tão logo chegaram à entrada, Jenny pegou sua bagagem enquanto Achiles foi à direção da dupla que treinava com espadas há poucos instantes.

— Liam! - O rapaz ergueu a cabeça na direção do chamado e deixou Hope para trás enquanto vinha até Davenport. – Leve nossa visita até Boston, visto que o transporte que a trouxe já partiu.

Liam olhou de Achilles para ela e Jenny o encarou seriamente, ainda que o rapaz em nada tivesse culpa pelos transtornos causados por seu mentor.

Em poucos minutos, o rapaz preparou uma carroça com dois cavalos enquanto Jenny arrumava suas malas para dentro do veículo. Com tudo pronto, ambos subiram no banco da frente e os cavalos iniciaram seu caminho por entre a fazenda.

— Você é uma Assassina não é? – Questionou o rapaz quando já estavam com boa distância do casarão.

Jenny olhou para ele por um tempo antes de lhe responder, afinal o rapaz não era Achiles e não merecia ser destratado. – Sim e você também é?

O jovem lhe assentiu sem desviar os olhos da estrada, mas ainda que parecesse tranquilo havia certa inquietação em si que despertou a curiosidade da Assassina. 

— Você não é daqui é?

— Não, minha família veio da Irlanda. Mas você também não é daqui.

— Tem razão, vim da Inglaterra.

— Mas não de Londres, não fala como os outros.

— É bastante atento e perspicaz. Não nasci em Londres e sim em Bristol, mas vivi na capital por algum tempo.

— Quando seu pai era vivo?

A loira deixou de observar o tempo, que ia nublando, para fitar Liam antes de lhe responder. No fim ela achou um pouco de graça ao ponderar que poderia ser esse o motivo da inquietação dele.

— Sim, mas estou surpresa por saber quem é o meu pai, visto que Achiles não tenha grande apreço por ele.

— Adewale me falou de quando navegaram juntos. Mas eu não sabia que a filha de Edward havia se unido à Irmandade. Ao menos ele nunca nos disse isso.

— Digamos que é algo ainda recente.

Liam, desta vez, se manteve calado e Jenny se limitou a ficar observando o ambiente ao seu redor. Já não havia mais alunos espalhados por entre a vegetação e nos galhos das árvores, contudo havia pequenas casas que com pessoas simples que eram vistas de espaçamentos não muito distantes um do outro.

— Onde estamos? – Ela questionou ao rapaz enquanto observava um homem a cavar atrás de uma casinha feita de madeira.

— Na fronteira. Se seguir para o leste daqui adentrará em território nativo.

— É lá onde posso achar os Moak?

Liam deixou escapar um riso, mas Jenny não compartilhou do mesmo humor e permaneceu séria, o que ele logo percebeu. – Desculpe. Mas é melhor tentar dessa maneira: Mohawk.

— Mohawk. – Ela disse logo em seguida.

— Isso, assim está melhor. Sim, poderá encontrar alguns lá. Mas qual seria o interesse de uma Assassina inglesa nos nativos?

— Meu pai encontrou um artefato que parece ter inscrições compatíveis com a língua desse povo. Acreditamos que seja alguma chave devido ao que está escrito no mesmo. – A Kenway olhou ao céu e não mais viu o azul, apenas o cinza de nuvens carregadas.

— Por isso veio até Achilles.

— Correto, mas ele não está muito disposto a ajudar.

Com um estrondo forte, um trovão ecoou nos céus e ela sabia que eles tinham poucos minutos antes da chuva desabar.

— E pretende ir até os Mohawk sozinha?

— Não tenho muitas escolhas.

— Não quero ofender, mas não é uma boa ideia uma inglesa ir até os nativos sozinha. Deve entender que eles não nutrem muita simpatia pelas pessoas do seu país.

— Bem, eu não posso culpá-los. Mas não posso simplesmente voltar à Londres de mãos vazias.

Os primeiros pingos de chuva os atingiram e Liam deu uma boa olhada no tempo. – Também não é uma boa ideia viajar debaixo de tempestade. Vamos nos abrigar em uma estalagem e continuamos amanhã, quando a chuva cessar.

O rapaz guiou os cavalos para o vilarejo próximo e conseguiu um espaço para sua carroça pernoitar abrigada da chuva. Com ele ajudando a carregar as malas, os dois foram até a estalagem próxima à estrada e foram recebidos por um senhor já de meia idade.

— Ben, é bom vê-lo. – Cumprimentou Liam ao adentrar o local.

— Digo o mesmo, Liam. Daria-lhe um abraço se não estivesse encharcado.

— Um bom banho não lhe faria mal mesmo. – O irlandês riu e desta vez a Kenway se permitiu fazer o mesmo.

— Se ao menos fosse sua amiga a me oferecer o banho. – O velho deu uma boa olhada na Assassina que estava igualmente molhada.

— Meu velho, essa garota é demais para você, acredite em mim. – De maneira ainda amigável, o jovem se apoiou sobre o balcão. - Preciso de dois quartos para essa noite.

— Sinto muito Liam, mas essa chuva pegou alguns comerciantes e caçadores de surpresa e só me restou um quarto. Mas a cama é grande o suficiente para os dois.

O Assassino se virou para ela, a poucos passos atrás dele e voltou-se ao estalajadeiro. –Ela vai pro quarto e eu irei me acomodar perto da lareira.

Com nenhuma descrição, o velho se aproximou o máximo que pôde com balcão entre ele e Liam para lhe cochichar. – Não devia perder essa oportunidade rapaz.

O irlandês​ deixou um sorriso de desenhar nos lábios, mas apenas respondeu com alguns tapinhas amistosos no ombro do velho. – Só me dê a chave, Ben.

O estalajadeiro estendeu a chave para Liam e deu de ombros. – É a última porta à esquerda.

O rapaz se virou e sinalizou para que a loira o seguisse rumo às escadas. A Kenway recolheu sua bagagem e seguiu o rapaz para o andar superior, onde havia meia dúzia de portas, todas fechadas. Eles seguiram até o quarto informado e assim que o jovem destrancou a velha porta de madeira, Jenny se deparou com uma cama de casal, um mesa, um par de cadeiras, um penico e  um baú. O local ainda recebia luz pelas janelas, mas logo haveria a necessidade de se acender o lampião repousando sobre a mesa.

— Deve estar com fome, por isso volte lá embaixo quando terminar de se trocar.

O Assassino já voltava pelo corredor quando Jenny o escutou. – Espere. - Ele fez como pedido e a encarou. – Não pretende passar a noite com essas roupas molhadas não é?

— Está me oferecendo algum de seus vestidos emprestado? – Liam riu e para sua surpresa ela também.

— Temo não ter nenhum que combine com seus olhos.

— Que pena, tive esperança de usar alguma peça da moda de Londres. Mas Ben deve ter alguma camisa larga e uma calça velha para emprestar-me. Agradeço a preocupação. –O Assassino continuou seu percurso e antes de sumir completamente de vista complementou. – Não demore muito.

Jenny retirou com alívio o vestido que estava ainda mais pesado devido à água, deixando esticado sobre a mesa para que secasse. Ela abriu uma das malas e pegou o primeiro vestido as vistas para se trajar. Contudo, por uma travessura do destino, a peça tratava-se de um vestido sem mangas e com alguns babados a lhe enfeitar o busto, um presente que Amy lhe deu de despedida. O modelo ainda possuía um par de luvas de sedas e o tom verde fora escolhido para ser usado no verão, mas já era outono e o sol estava quase todos os dias ausentes em Londres.

Assim que Liam chegou à entrada da estalagem, dirigiu-se até as mesas próximas a lareira, havia seis e doze cadeiras, sendo duas para cada mesa. Havia um par de homens, que a julgar pelas roupas de pele deviam ser caçadores, a espera do ensopado de coelho que já cheirava deliciosamente.

Quando uma senhora surgiu do outro lado do balcão com um par de pratos de sopa, o Assassino abriu um sorriso que logo foi correspondido.

— Sra. Jones.

— Liam, que surpresa vê-lo. – Disse a mulher ao se aproximar. – Oh céus! Está parecendo um cachorro de rua molhado desse jeito. Irei arranjar roupas secas para você, deixe-me servir os cavalheiros.

Ele lhe assentiu e a observou deixar os dois pratos na única mesa ocupada ali, provavelmente os caçadores eram os primeiros a terem pedido o jantar. A gentil senhora cedeu mais um sorriso simpático ao passar pelo irlandês uma vez mais e seguir de volta para onde veio. Todavia, não tardou para que ela retornasse com uma muda de roupas nas mãos.

— Aqui está. Irá querer um pouco de ensopado também, presumo.

— Desta vez serão dois, por favor.

— Está acompanhado?

Alguns passos ecoaram nas escadas e logo Jenny surgiu no campo de visão de todos, inclusive do par de caçadores que trocaram sorrisos maliciosos. A mulher, infelizmente, não conseguiu conter sua surpresa ao ver a loira trajada em um delicado e ao mesmo tempo ousado vestido a descer e se aproximar de Liam. Este, por sua vez, estava igualmente surpreso com a aparência da Kenway.

— Que cheiro bom... –Ela disse enquanto sentia sua boca salivar.

Liam pigarreou e olhou para a Sra. Jones. –Essa é Jeniffer Kenway, é para ela o segundo prato de ensopado, por favor.

Jenny curvou levemente a cabeça e abriu suavemente a saia de seu vestido, fazendo-a a senhora corar levemente enquanto ria desajeitada. – Mas que moça educada, parece até uma daquelas nobres.

— Bom, eu irei tirar essas roupas.

Liam subiu as escadas rapidamente, deixando Sra. Jones a encarar a Assassina de maneira interrogativa.

— Eu nunca a vi por aqui antes, senhorita.

— Ah sim... É minha primeira vez nas colônias.

— Também é da Irlanda como Liam?

A jovem sorriu à senhora e lhe negou brevemente. – Não, eu sou da Inglaterra.

— Devia ter imaginado devido aos seus modos elegantes.

— É muita gentileza de sua parte.

— Eu fico feliz em ver aquele rapaz com uma moça educada como você. Ele é um bom rapaz apesar do que dizem por aí.

A mais velha não percebeu, mas a Kenway teve sua curiosidade atiçada pelo comentário​. –Oh! É mesmo? E o que dizem por aí?

— Bom, Liam é um jovem bonito e está sempre de bom humor. As senhoritas se encantam facilmente com o jeito dele, mas não deixe isso abalar vocês dois, pois certamente és uma moça que chama a atenção.

Sra. Jones deu uma piscadela à Jenny que sem muitas opções lhe respondeu com um sorriso discreto e um aceno de cabeça. Não havia motivos para findar o contentamento da senhora.

— Irei buscar os ensopados. Fique a vontade para escolher uma mesa. – Ela se aproximou da orelha da Assassina e lhe confessou um segredo. –Com recomendação pessoal, sugiro a mesa perto da lareira.

— Obrigada.

Com isso, a estalajadeira voltou para o interior do edifício enquanto a loira se direcionava até a mesa perto lareira, conforme Sra. Jones havia sugerido. Entretanto, quando passou ao lado da mesa já ocupada pelos caçadores, um deles deixou propositalmente um dos braços soltos e esbarrou demoradamente na perna da jovem. A dupla riu, sem imaginar o tipo de perigo que corriam, mas Jenny apenas puxou o vestido com força e fez uma careta a eles que responderam mandando beijos a ela.

Liam retornou ao térreo da construção, vestindo uma caça e um blusão simples de algodão. Ele sentou-se de frente para a Assassina e notou o olhar pouco amigável da mesma.

— O que houve?

— Conhece aqueles homens logo ali? – Ele olhou discretamente para o fogo com o intuito de ter um mero vislumbre de quem ela se referia. – Não, por quê?

Quando a loira separou os lábios para lhe responder, Sra Jones voltou com mais um par de pratos e sorridente os serviu.

— Espero que gostem.

— Tenho certeza que não me decepcionarei. – Respondeu o rapaz alegremente. – Esse é o melhor ensopado da Fronteira, experimente.

Os dois iniciaram o jantar e ela simplesmente esqueceu o ocorrido. A chuva servia como melodia aos dois que contava um pouco de vida de um para o outro ao longo da noite enquanto Sra. Jones serviu algumas doses de conhaque aos dois e apesar das intenções da velha serem claras o suficiente, nenhum dos dois se incomodava ou mesmo tomava alguma atitude para mudar a aparência daquela situação.

— Liam, precisarei de sua ajuda.

— Minha ajuda? Com o quê? – Ele deu um último gole em sua bebida e recostou as costas no assento da cadeira.

— Melhor conversarmos lá em cima.

Ele arqueou a sobrancelha, mas vendo-a se levantar, logo tratou de imitá-la e seguir para as escadas. Os caçadores ainda estavam ali e agora também havia mais alguns homens espalhados pelas mesas a jantar. Mas, como ela imaginou, não houve qualquer gracejo para si agora e a presença de Liam era a possível causa para isso.

Jenny abriu seu quarto e deu passagem para que o rapaz entrasse, com ela a lhe acompanhar logo atrás. Liam acendeu o lampião com um pouco de óleo de baleia e se sentou em uma das cadeiras.

— Então? Para que precisa de minha ajuda?

— Gostaria que dormisse aqui no quarto.

— O quê? Por quê?

— Lembra daqueles homens lá embaixo? – Ele assentiu e Jenny continuou seguidamente. – Não gostei deles e não confio neles.

— Eu duvido que dois caçadores sejam um problema para uma Assassina.

— Não sou só uma Assassina aqui, sou uma forasteira e pior ainda, sou inglesa. Não quero chamar atenção por causa de dois homens que tentaram alguma idiotice à noite. Mas se perceberem que veio para o quarto comigo e que ficaste aqui, então eles dificilmente tentarão alguma coisa.

— Apesar do ensopado delicioso Beatriz e Benjamim são dois irmãos com a língua maior que a boca e se eu ficar aqui certamente será motivo para as fofocas deles.

A Kenway riu e foi até a cama para se sentar e tirar os sapatos. –Não que eu me importe de inventarem qualquer coisa entre nós, a não ser que queiras proteger sua reputação.

— Acredite em mim, minha reputação não é das melhores.

— Certo. Acho que consigo improvisar uma cama para você. – Jenny se ergueu com algumas cobertas em mãos e foi até o meio do quarto.

— Pensei que dividíramos a mesma cama. – Liam soltou um riso insinuante a ela que retribuiu na mesma moeda.

— Quem sabe eu sinta um pouco de frio à noite. 


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Notas finais do capítulo

#Liamnãoperdeessaoportunidade HAHA Deixo por conta da imaginação de cada um decidir se ela sentiu frio ou não HEHE.

Eu simplesmente AMEI escrever esses dois juntos e espero que tenham gostado da nova e inesperada parceria de Jenny. No próximo cap teremos mais dos dois juntos e mais aparições...



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