Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 46
Os Irmãos Kenway II


Notas iniciais do capítulo

Como foram de carnaval? Espero que bem e como hoje "começa" o ano, aqui vamos com o complemento do último capítulo. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661108/chapter/46

A brisa marítima assobiava pelas janelas enquanto os passos de Haytham e Jenny ecoavam por entre as paredes de pedra do Forte, mas o silêncio entre ambos era como a calmaria costumeira que antecedia as tormentas e tragédias. A loira não conseguia desviar os olhos do carmim que dava cor à cruz Templária no anelar direito do homem que ela ainda se recusava a acreditar ser seu meio-irmão. Ele a guiou até uma pesada porta de madeira que dava acesso à um escritório bem organizado e arejado, o local tinha vista para o mar e ao notar toda a mobília de classe que adornava o espaço, ela concluiu que ali era o escritório de alguém importante e não de um membro baixo da Ordem.

Haytham indicou para que entrasse e a seguiu logo depois, trancando a porta após verificar que não havia ninguém pelos corredores. Por fim, Haytham se virou e encarou a jovem que ele procurava há tantos anos. Ela estava mudada, sua pele tinha alguns leves ferimentos e algumas cicatrizes, mas seus olhos eram ainda tão furiosos quanto ele podia se lembrar e o cabelo loiro bagunçado apenas complementava sua feição selvagem. Ela era igual ao pai de mil maneiras que ele nunca seria.

— Estive procurando você por anos. – Ele disse em seu perfeito e elegante inglês britânico.

— Eu posso dizer o mesmo, mas nunca poderia imaginar que tivesse se aliado aos malditos Templários.

O rapaz franziu o cenho e deu uma rápida olhada em seu anel. – Como você sabe sobre a Ordem?

— Eu sei desde que encontrei meu pai. Ele não falou a você em suas aulas de esgrima?

— Não. – Ele fez uma pausa enquanto absorvia aquela informação. Sua irmã sabia e ele não, por quê? - Apenas com Reginald Birch fui apresentado à Ordem.

— E o que Birch prometeu a você para que se juntasse a eles? Roupas caras? Cargos de importância? Ou Apenas um anel bonito?

— Por que você está tão furiosa? Por que fala como se me estivesse acusando de um crime? Ainda é sobre papai não lhe dar aulas com a espada?

— Você não tem o direito de chamá-lo de papai! Nem ao menos merece carregar o nome Kenway.

— Do que está falando Jenny? Eu estive em busca de pistas para te encontrar, fui até os Windsor e tudo o que descobri é que havia fugido no antigo brigue de nosso pai. Vasculhei por toda Europa a procura de qualquer Kenway. Fui à Bristol, mas não havia mais ninguém de nossa família lá e mais nenhum Scott também.

— Foi isso que esteve fazendo? Foi com isso que perdeu seu tempo sem nunca pensar que aquela noite não foi um assalto?

— É claro que não. Eu sei sobre os Assassinos e seus interesses quanto ao Observatório. Eles armaram tudo para encontrar a localização do Observatório e o tomarem para si.

— Foi o que Reginald Birch disse a você? – Ela se aproximou do irmão e o encarou a poucos centímetros de distância de seus olhos. – Pois irei te dizer a verdade agora, meu pai foi morto em um plano feito pelo seu estimado Reginald Birch.

— Jenny, o que você está dizendo? Birch esteve me ajudando nos últimos anos a te encontrar. Procurando por qualquer pista do Gralha nos mares. Acha que não me importei com o seu sumiço? Ou mesmo ele? Afinal, era com ele que papai gostaria que se casasse, você sabia disso?

Jenny cuspiu no chão e pisou logo em seguida sobre a própria saliva. – Meu pai foi um tolo ao confiar Reginald, assim como você está sendo. Tens o tamanho de um homem, mas a cabeça do mesmo pirralho de sempre, Haytham. – A loira ejetou sua lâmina oculta e os olhos cinzentos do irmão recaíram sobre a arma, contudo em sua face notou-se uma leve careta de repúdio. – Eu fugi com os Assassinos Haytham e você obviamente não consegue entender o porquê disso não é?

— Uma irmandade tão caótica quanto essa realmente combina muito com sua personalidade. – Ele a respondeu sem tirar os olhos da Hidden Blade.

— E você nunca se perguntou quem era tão caótico quanto eu? Lembra-se de quando sua mãe dizia: Ela é tão temperamental quanto seu pai? – O Kenway nada respondeu e ela prosseguiu. – Ora, Haytham, você não sabe nada sobre o meu pai e seguiu cegamente o primeiro que lhe estendeu a mão sem nunca ponderar o porquê de tamanha gentileza. – Jenny se virou de costas e afastou-se do irmão para respirar profundamente. – Meu pai era o Mentor dá Irmandade Assassina Inglesa e Reginald Birch sempre soube.

— Isso não pode ser verdade. Meu pai era um homem de posses, pacato e tinha seus próprios negócios.

— E que negócios seriam esses? – Ela tornou a virar-se quando o vento balançou suas madeixas na direção de seu irmão e trouxe o agradável aroma do sal e dá liberdade. – Você pode me dizer Haytham? Que mercadoria meu pai vendia? Como ele fez sua fortuna?

— Ele foi um corsário. – Respondeu o mais jovem dos irmãos em tom baixo.

— Ele era um pirata, tão libidinoso quanto todos os outros. Quando ele passava semanas fora, realmente acreditava que eram para grandes negociações? Não, Haytham. Meu pai não era o homem que você via. Ele não era um novo burguês ou um comerciante talentoso. Ele era um Assassino. Ele partia atrás de alvos Templários fosse por terra ou por mar. Meu pai foi um homem livre que você nunca conheceu.

— Por quê eu devo acreditar que é Birch que está me enganando e não os Assassinos que estão lhe enganando?

Jenny ergueu o braço que sustentava sua Hidden Blade e retirou a manga que cobria todo o apetrecho por completo. Esculpido no aço, estava a ameaçadora caveira que um dia dançou no topo do mastro central do Gralha.

— Isso não prova nada. Pode ter sido de qualquer um. – Disse o rapaz após visualizar o símbolo pirata na arma dela.

— Nunca te contaram sobre o Assassino pirata? Barba Negra o chamava de demônio em forma de homem. Ele foi responsável por matar os principais Templários atuantes nas Bahamas. Ele matou o governador Fernando Torres. Ele deu cabo do Sábio, sabe quem é o Sabio, Haythan? Reginald Birch te contou essa história?

— Não era o meu pai. – Ele respondeu de imediato, seu pulso estava fechado e havia nele muita resistência em acreditar nela, ele só não sabia se temia por cair em uma armadilha ou por ter sido enganado todo esse tempo.

— Não. Não era mesmo. Seu pai está longe de ser como o meu. Seu pai era um homem bem vestido o meu era um criador de ovelhas. Seu pai morava em Londres e o meu em Nassau. Seu pai bebia vinho de qualidade e o meu pai bebia rum e não fosse por terem o mesmo nome eu poderia dizer que você nada é meu.

Jenny aproximou-se da janela e contemplou a bela paisagem do local, com gaivotas a pescarem e as ondas ricocheteando contra a enseada. Era um dia bonito e tranquilo maculado para sempre na sua memória. Seu irmão era um Templário cria de Reginald Birch e ela havia jurado matar todos os aliados daquele homem, mas como poderia erguer sua lâmina contra alguém de seu sangue? Como? Por fim, ela respirou fundo e com os olhos fixos no horizonte decidiu que não seria ela a se tornar uma fraticida por iniciativa própria.

— Eu sei onde está o Observatório e os Assassinos só querem manter aquele lugar no limbo do esquecimento para sempre. – Ele não disse nada e ela continuou. – Eu tenho as cartas do meu pai e certamente poderá reconhecer sua terrível caligrafia, mas não posso mais perder tempo aqui. – Com sua lâmina em riste ela se virou e encarou o irmão. – Eu irei atrás de Reginald Birch e o matarei, mas se ousar entrar em meu caminho...

— Eu a levarei até ele. – Haytham a interrompeu rapidamente. – Eu o irei confrontar à minha maneira e se for verdade o que você diz, então eu mesmo a ajudarei, mas se não eu mesmo irei impedi-la seja você minha irmã ou não


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, sei que o cap foi pequeno, mas o próximo cap será daqueles.

Até que as coisas foram um tanto quanto amenas entre os irmãos né? Não teve nem violência (ainda).

Nos vemos no próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Omnis Licitus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.