Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 31
A Deriva


Notas iniciais do capítulo

Um lindo dia de Thor hoje hein ;) E trago-vos mais um capítulo quentinho.

Sinto muito se os deixei tristes com a morte de Bonny, mas assim como prometido teremos Sextinha hoje! E a aparição de alguém que não dava as caras na fic há algum tempo...

Apreciem a leitura.



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A incredulidade dos homens quanto a morte de Philip Bourbon congelou a todos e pela primeira vez desde o início daquela batalha o único som audível era o produzido pelas ondas. Jenny mancou até o timão e se agarrou nesse para aliviar o peso sobre a perna ferida, todos os olhos do convés estavam sobre si e sem remorso ela gritou.

— Levantar velas! Partimos!

Os homens, marinheiros e piratas, trocaram olhares entre si, ninguém se moveu até que um inglês berrou.

— Por que está nos dando ordens? E por que achas que iremos acatá-las? Você é uma Assassina, matou o nosso capitão.

A Kenway olhou direto para o homem que a questionava, era um marinheiro qualquer provavelmente na terceira década de vida e em sua mão ainda estava a espada exposta tal qual na maioria de seus companheiros. Ela precisava respondê-lo e conquistar ali a liderança que precisava para fazer o Man o’ War seguir em frente.

— Este homem caído aqui era a única vida importante para aquele outro Man o’ War ali atrás e assim que eles virem que Philip Bourbon foi morto, meus caros, tenham a certeza que não irão se preocupar em afundar esse navio com piratas e marinheiros juntos. Então, ou vocês nos ajudam a fugir ou irão lutar contra tubarões sedentos enquanto afundamos.

Um murmurinho floresceu no convés entre os marinheiros que olhavam desconfiados para os piratas capturados e mais ainda para a jovem mulher que ousava lhes dar ordens. Pois ora, nunca antes aqueles homens viram uma mulher comandar um navio, dar ordens e segurar um timão. Ainda mais alguém tão jovem, provavelmente mais jovem que a maioria ali.

— A decisão é de vocês... Velejem comigo com a certeza de que são homens livres e sem nenhuma obrigação comigo ou aguardem com a incerteza se serão poupados ou não por um homem que talvez nem vos conheçam.

— Içar velas! Aos seus postos homens! – As ordens vieram do mesmo homem que antes a questionou e seguidamente os marinheiros puseram-se em movimento pelo convés.

— Libertem os meus homens, eles podem ajudar. - Seus olhos dirigiam-se diretamente a aqueles homens que tinham em mãos as chaves das correntes e algemas presas nos pulsos de Sexta-feira e dos outros sete sobreviventes. – Não haverá represálias, eu garanto.

A dupla de guardas trocou olhares por um breve instante e assentiram antes de libertar os oitos homens rendidos e desarmados. Sexta-feira correu assim que livre em direção à Jenny. O sangue que escorria de suas feridas lhe chamou a atenção e a palidez na face da jovem começava a se espalhar.

— Largue esse timão e apoie-se em mim. - Ela não questionou e fez como pedido. – Para onde vamos?

— Vê aquelas nuvens? – Jenny apontou com a mão boa para o volume cinza que se aproximava ao sul e seu amigo assentiu. – Será mais difícil controlar o navio, mas certamente será mais fácil que nos percam de vista.

— Descanse.

A loira sentou-se com dificuldade ao lado do rapaz, apoiando suas costas no que restava do parapeito de madeira e em um silêncio ficou a observar o horizonte. Há algumas milhas o segundo Man o’ War parecia tranquilo a espera do triunfo de Philip Bourbon, que de fato teria ocorrido se Jenny não o enganasse. O cansaço apoderava-se cada vez mais de seu corpo acompanhado da fome e da sede. De maneira alguma ela ousava olhar para o corpo de Bonny ainda estirado no convés, certamente cairia em lágrimas se a visse sem o seu sorriso nos lábios.

Assim que o navio iniciou o avanço, o brigue parcialmente destruído pela batalha entrava em seu campo de visão e desta vez as lágrimas se derramavam de forma silenciosa. Jenny deixava em alto mar seus sonhos de menina, as histórias que seu pai tão empolgado sempre lhe contava, as poucas lembranças que tinha ao velejar brevemente com ele até Londres e por fim as lembranças que aquela madeira podia abrigar de Anne Bonny. O Legado de Edward Kenway afundaria sem glórias e louros.

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As janelas abertas mantinha a atmosfera sempre fresca dentro da requintada cabine mestra do Triunfo da Rainha, o cheiro da fumaça fora varrido para longe pelo vento e apenas o aroma do chá perfumava o local de descanso do capitão William Cavendish. Um homem já em sua meia idade que estava a passar os ensinamentos do “Pai da Compreensão” para o jovem Bourbon. Na ausência do som de tiros e outros barulhos típicos de batalha, ele degustava de sua bebida quente quando uma batida na porta quebrou o silêncio. 

— Permissão para entrar.

Um jovem marinheiro abriu a porta e deu um passo a frente, mas seu capitão não se preocupou em ver quem era e continuou a observar os mapas abertos na mesa logo a sua frente.

— O brigue inimigo está neutralizado, Senhor.

— Como esperado, ainda sobre as águas?

— Sim, senhor.

— Esperemos pelo relatório de abordagem do capitão Bourbon então. Dispensado.

— Senhor... – William ergueu os olhos e aguardou curioso o que o jovem ainda tinha a dizer. – A embarcação Donzela está avançando para o sul.

— Não seja tolo, Philip está dando meia volta para nos encontrar e reportar sua conquista, apenas isso soldado. Um Man o’ War não se move rapidamente como um brigue.

— Senhor, melhor que veja por seus próprios olhos.

Cavendish se pôs de pé e rumou até porta por onde seu subordinado havia partido e com sua luneta em mãos ele ganhou os degraus até a popa de seu próprio navio. Ficou a observar com o apetrecho por alguns instantes antes de fechá-lo novamente.

— A toda velas! Não percam esse Man o’ War de vista!

O contramestre se aproximou apreensivo e disse em um tom baixo para seu capitão. – Senhor, eles estão indo direto para o olho daquela tempestade.

— Aqueles malditos piratas de alguma maneira superaram o capitão Bourbon e agora eles rumam para a tempestade querendo nos deixar para trás, vá para a seu posto Sir Gics.

O homem assentiu e voltou para o timão, porém os ventos da tempestade mostravam-se contra ambos os navios e as ondas cresciam em tamanho a cada instante.

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— Jenny, fique comigo. Não feche os olhos, Jenny. – Sexta-feira esforçava-se para manter o controle do Man o’ War, mas tinha sua atenção dividida entre a tempestade logo à frente e sua amiga quase inconsciente ao seu lado.

— Eles estão vindo...

O rapaz se permitiu um breve instante para olhar por cima do ombro e ver o outro navio de guerra avançar. Quando seus olhos recaíram sobre a jovem, ela estava desacordada.

— Um médico, eu preciso de um médico! – Ele gritou

Um rapaz beirando os vinte anos se prontificou com a respiração ofegante, diante de Sexta-feira e mais por costume do que por obrigação bateu continência ao negro.

— Os ferimentos dela, precisam de cuidados imediatos.

O marujo assentiu e abaixou-se ao lado da loira para prestar os primeiros socorros.

— Algumas velas estão rasgadas! A Tempestade irá nos engolir! – Gritou um dos piratas sobreviventes a meia nau.

E como que para confirmar a tragédia já estabelecida, as primeiras gotas geladas da chuva alcançaram a embarcação. A ventania reivindicou para si uma das velas restantes e os religiosos a bordo iniciaram suas preses. Os piratas gritavam e desafiavam a natureza que já tinha total controle do navio. Sexta-feira não tinha capacidades de navegação e muito menos meios para tal. Não havia o que ser feito.

O outro navio inglês estava fora de vista, o que não significava que estava distante, apenas que a chuva era densa demais para permitir uma visão longínqua.

— Homem ao mar! – Gritou uma dos marinheiros.

Sexta-feira olhou para a origem da voz e percebera que fora um dos piratas que caíra, um dos loucos que se segurava nas redes auxiliares.

— Segurem-se firme e rezem para os seus deuses! – Ele olhou para o jovem que tratava de sua amiga e aos berros se dirigiu a ele. – Leve-a para dentro!

O marinheiro o obedeceu a levou a Kenway sobre os braços para o interior da Donzela. A tempestade fustigou-os e não fossem por estarem em um navio pesado como aquele, certamente teriam afundado. Apenas depois de horas a fio sob aquela tempestade, é que as estrelas expulsaram as nuvens que enfim se dissiparam e deram lugar para o brilho fantasmagórico da lua. Com pesar e cansaço, os mortos eram jogados ao mar sem cerimônias pelos vivos, entre eles o corpo de Bonny. Outros homens vasculhavam no armazém por velas reservas, cordas e roldanas para substituírem o material perdido para a ventania e sem velas ainda armadas, o navio de guerra manteve-se praticamente no mesmo lugar desde o término da tempestade, enquanto os marujos remendavam e costuravam tecidos. A embarcação não tomou grandes danos da tormenta e atravessou esta quase que da mesma maneira que a adentrou.

— Como ela está? – Sexta-feira observava a jovem deitada sobre a cama do antigo capitão.

O interior da cabine se mantinha quente devido às velas espalhados pelo perímetro e o rapazote que se apresentou como médico permanecia todo o tempo ao lado da Kenway. – Fraca, mas vai ficar bem.

As coisas pareciam melhorar e a leva de notícias ruins teria chego ao seu fim, mas ainda havia muito a se resolver. Jenny não possuía mais o Gralha e nem tripulação. Restaram apenas ele e ela sem rumo em alto mar.

— Ela é sua dona?

— O quê?  - Sexta-feira deixou para trás seus devaneios ao ouvir a voz tímida do rapaz a lhe questionar e o encarou um tanto confuso. – Não. Ela me deu uma carta de alforria há alguns dias. A propósito, quero lhe agradecer por tratar dela.

Antes que o rapaz pudesse lhe responder a porta da cabine se abriu um marinheiro surgiu a porta dando-lhes as novas.

— Navio a vista!

— Cores? – Questionou Sexta-feira.

— Sem cores...

O jovem negro se ergueu, deixando a garota sob os cuidados do médico para se dirigir à popa do navio e olhou distante uma embarcação se aproximando. – Tragam-me uma luneta.

Um marujo logo trouxe o instrumento pedido e Sexta-feira precisou de poucos instantes antes de fechar o objeto e voltar para o timão. – Preparem a lamparina e façam sinal para que se aproximem. Eu conheço aquele navio.

Passadas algumas horas o bote com Adewale a proa diminuía a distância até o Man o’ War enquanto Sexta-feira estava à espera, próximo à escada de acesso. Tão logo o primeiro contramestre de Edward subiu a bordo, trajando seu manto de Assassino, os marinheiros recuaram um passo diante da presença intimidadora do ex-escravo.

— Onde está o Gralha?

— Destruído provavelmente. – Respondeu o jovem quase em um sussurro.

 - Bonny?

— Morta... - Sua voz saiu como um cochicho por entre os lábios.

A expressão de Adewale se transformou de pacífica para descrente enquanto suas passadas o aproximaram de Sexta-feira. – E Jenny?

— Lá dentro. Ferida, mas viva.

— Vamos conversar. – O Assassino caminhou até a cabine mestra e todos abriam caminho para sua passagem pouco amigável.

— Jenny está aí dentro descansado.

— Que acorde, ela precisa ouvir tanto quanto você.

Sexta-feira suspirou e seguiu seu mentor até o interior do cômodo, onde estavam o médico e Jenny ainda desacordada. Adewale sinalizou para que o marinheiro saísse e sem questionamentos deste, foi prontamente obedecido, enquanto o outro negro adentrava o local.

Adewale ficou instantes de pé a fitar o corpo de Jenny e costas para o mais jovem. – Feche a porta.

Após o som da madeira contra madeira ser ouvido ele encarou seu pupilo e de maneira nervosa passou a caminhar de um lado para o outro.

— Vejam a loucura em que se meteram. Era temendo esse tipo de coisa que Ah Tabai não permitiu que Jenny viesse junto a vocês. Ela é imatura demais e para piorar vocês permitiram que ela agisse durante a missão. Bonny não devia ter levado ela à Tulum desde o princípio e você se meteu debaixo dos lençóis com ela na primeira oportunidade que teve. – Sexta-feira abriu a boca com o intuito de se defender, mas Adewale prosseguiu. – Não ouse negar, Ah Tabai via muito mais do que vocês pensam.

— Jenny não poderia ter ficado em Londres, os templários levaram o irmão dela, teriam levado ela também se estivesse lá. Ela é filha de seu velho amigo. Como pode nos acusar assim?

— Jenny é neta de um templário! – O rapaz paralisou ao ouvir tal informação e o Assassinou prosseguiu com calma. - O pai de Caroline Scott era um templário e Edward lutou anos para proteger essa menina do cruel mundo a qual participamos enquanto vocês a encheram de rum na primeira noite juntos. Ele sabia que não poderia protegê-la para sempre e por isso estava arranjando um casamento para ela com alguém de sua confiança, infelizmente ele foi morto antes, mas ela ainda poderia se casar se permanecesse em Londres.

— Ela não queria se casar. Ela nem conhecia o pretendente. – Sexta-feira o encarava ferozmente com uma mistura de decepção e surpresa diante da postura do Assassino.

— Ela é jovem e faz pouca ideia dos perigos que esse mundo pode reservar a uma garota sozinha.

— Jenny não está sozinha.

— Ótimo, por que você será o responsável por ela agora. Estou seguindo para África e podem vir comigo, já que esse Man o’ War não vai levar vocês a lugar algum.

— Para onde você está indo?

— Angola.


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Notas finais do capítulo

Ué? Mas e a Turquia?

Sem Bonny e sem navio não tem quem leve Jenny para a Turquia, pois obviamente Adewale não vai fazer as vontades dela. E como ela não chegou a por tais planos com Sextinha, bem...

Então sim, esqueçam a Turquia. A verdade que esse país não estava nos planos iniciais da fic, mas depois que li o Forsaken pensei em acrescentar. Contudo, os acontecimentos de Portugal, devido alguns detalhes, iam contra os meus planos para a Turquia.

Mas quis deixar a esperança crescer em Jennny e em vocês porque sou má. [?] rs Sorry, realmente não resiste. Me perdoam?

E olha só... Adewale jogando na cara algumas coisas importantes e que isso Sextinha? Se metendo debaixo dos lençóis com a menina... Se o pai dela ta vivo isso não ia prestar rs

E bom, agora eu prometo, estamos indo pra África. O que Jenny vai achar disso? Como ela vai reagir quando acordar e surprise, vamos fazer um safari? Agora esse casal que já é oficialmente um casal, acho, terá que se virar sozinho em um continente dividido entre caçados e caçadores.

Até o próximo XOXO



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