Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 18
Pelle sub agnina latitat mens saepe lupina


Notas iniciais do capítulo

Deixei o inglês um pouco de lado e já que o título da fic é em latim, então por que não usar no título do capítulo? (Ezio curtiu -q)

Quero informar que a partir deste capítulo essa fic será postada apenas aqui no Nyah. Então passa ser material exclusivo daqui.

Sem mais, vamos para Portugal.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661108/chapter/18

Sexta-feira descia do mastro para contemplar seu trabalho, do convés ele ergueu seu olhar até a bandeira inglesa que se sacudia no lugar da bandeira pirata. As velas encardidas e costuradas também foram trocadas por velas novas e alvas retiradas da embarcação vencida pelo Gralha.

— Ainda não estou certa se isso irá funcionar.

Jenny comentou estando atrás de Sexta-feira. Ele se virou e encarou a amiga por um instante, olhando-a dos pés à cabeça e contemplara a Kenway trajada em vestes masculinas. Eram as antigas vestes de Al e outras que ela encontrou pela embarcação. Os cabelos estavam escondidos sobre um tecido fedido a suor e rasgado que fora amarrada no topo de sua cabeça. Uma camisa de linho lhe cobria o tronco, a camisa estava amarelada e tinha remendos nos ombros e nas laterais, mas escondia bem os seios dela. As calças estavam amarradas por uma corda na altura da cintura, as barras de cada perna estavam rasgadas e desfiadas e por fim os pés calçavam sapatos novos. Sapatos que provavelmente seriam de Bonny.

— Então, o que achou? – Ela o questionara, abrindo os braços e rodopiando na frente dele.

— Está digna de um mendigo.

Eles riram um uníssono até a chegada de Anne ao convés. A ruiva também vestia roupas masculinas. Suas madeixas vermelhas estavam guardadas por dentro de uma boina desgastada. Por cima de sua camisa um colete pendia aberto, amenizando o volume de seu busto. A calça de corte reto mantinha o padrão e camuflava suas curvas tão femininas.

— Sexta-feira, precisaremos do seu português agora, terá que ficar junto ao capitão Owel.

Por fim, Sexta-feira fitou o velho Owel a par do timão. Nunca vira tamanho sorriso nos lábios do marujo. As roupas novas estavam um tanto largas, estas que pertenciam aos marinheiros ingleses que se renderam. Bonny ordenara a todos que vigiassem de perto os quatro novos integrantes da tripulação. Haviam se rendido, mas diante das opções seria difícil imaginar que não o fariam. Eles estavam apenas a poucas horas a bordo do Gralha e não possuíam a plena confiança que o restante de tripulação, ao menos naquele primeiro instante. 

— Porto a vista! – Gritou o marujo que estava na proa do convés.

— Recolher velas, prepara âncora! Vamos aportar! – Bonny ordenara a todos que logo puseram a se movimentar para todos os lados, cumprindo suas obrigações individuais.

— Diga-me Sexta-feira, além de inglês e português, que outra língua você fala? – Jenny o questionara com a sobrancelha arqueada, ainda parecia uma adolescente quando não controlava suas emoções.

— Um pouco de espanhol. – Ele fez uma careta ao lembra-se da língua espanhola, todos os espanhóis que conhecera sempre falavam tão rápido que era difícil memorizar mensagens corretas ou mesmo compreende-las.

Eles caminhavam até a cabine do capitão, abstendo-se de toda a movimentação que antecedia à chegada a um novo porto.

— Diga-me alguma coisa em português. – Ela sorria enquanto descartava a espada enferrujada que Al carregava.

— Bem vinda à Portugal.

Jenny permaneceu calada, tentando adivinhar o que fora que ele lhe falara. Entendeu a palavra “Portugal”, mas nada além disso. Até que percebendo que nada conseguiria concluir ela bufou em desagrado com seu “fracasso”.

— Certo, desisto. O que você disse?

— Bem vinda à Portugal. – Ele riu com o bico que ela fizera, era algo tão simples que ela provavelmente estava se remoendo por não conseguir entender.

— Acho que você pode me ensinar não? - Ele deu ombros enquanto separava alguns dardos para ele e para ela.

— Acho que sim.

Sexta-feira deu quatro dardos envenenados à Jenny que os enrolou cuidadosamente e os pendurou dentro de uma bolsa de moedas à cintura. O rapaz manteve outros quatro para ele. Sempre guardava consigo os dardos de sono enquanto para ela entregava os dardos fatais.

— Ótimo. Então vamos começar.

[x]

Já era noite quando o Gralha estava por fim ancorado ao principal porto de Portugal na cidade de Lisboa. Como todo porto mercantil aquela região nunca dormia, havia homens fazendo descargas de outros navios ao mesmo tempo em que outros carregavam navios com as mais diversas mercadorias. Jenny conseguiu identificar carregamento de ouro, madeira, açúcar, café, e outras especiarias. Contudo ela não entendia uma palavra que os portugueses diziam. Entretanto o que mais lhe despertou a curiosidade era o fato de que os navios que eram carregados tinham bandeiras inglesas, enquanto os navios que descarregavam possuíam a bandeiras portuguesas.

Sua atenção logo se voltou para Sexta-feira que fazia o papel de interprete muito bem para o “capitão Owel”, só então ela percebera que a fluência de seu amigo era natural. Ele tinha o mesmo sotaque dos portugueses, coisa que ela nunca poderia ter notado antes visto que apenas falava com ele em inglês. De certo o inglês dele era diferente, mas ela nunca cogitara que sua língua original era o português. Sendo assim, de onde era realmente Sexta-feira?

O rapaz nunca lhe revelou muito sobre seu passado, ela apenas sabia que ele não tinha família e que desde muito novo era um garoto de recados, por isso aprendera outra língua, o inglês, ela concluiu. Mas havia algo essencial aí, Sexta-feira afirmara ser do continente africano e sua aparência reforçava isso, mas se ele falava português ele deveria ter nascido em Portugal ou no mínimo ter crescido naquele país. E se isso fosse verdade, então o rapaz havia mentido para ela.

Jenny avançou para terra firme, deixando todos os marujos para trás, deixando Bonny e principalmente Sexta-feira. Sem dar satisfação a ninguém, ela estava furiosa em pensar que Sexta-feira a esteve enganando por todo esse tempo com a história de um pobre garoto africano sem família. Ele era inteligente, falava mais de uma língua, bonito, viajado, forte e esperto. Não seria difícil enganar uma menina jovem que perdera a família há pouco tempo e pouco tinha vivido.

Suas passadas fortes a levaram até uma taberna bem movimentada sem ela nem mesmo perceber, seus pensamentos furiosos lhe deixaram a mente quando ouviste gritos de algo que se assemelhava a uma torcida. A Kenway notou um aglomerado de homens e algumas mulheres, que provavelmente eram meretrizes, gritando e xingando. A loira se aproximou e com dificuldade adentrou a multidão, passando pelas brechas deixadas por entre os corpos até alcançar o centro daquilo que ela constatou ser uma arena.

Dois homens estavam no meio daquela roda de pessoas, um loiro com o cabelo curto tinha sangue escorrendo pelo canto da boca, estava suado, mas sorria enquanto mantinha a guarda alta. Pelas roupas velhas e desgastadas devia ser um marujo qualquer. O outro homem tinha cabelos negros e volumosos era mais alto e mais robusto, com mãos grandes que provavelmente lhe garantiam golpes potentes. Suas roupas estavam em melhor estado, mas estavam encharcados de suor.

O homem loiro tinha um bom jogo de pés, as pernas longas lhe rendiam passadas mais amplas, consequentemente mais velocidade. Ele avançou com a perna direita e impulsionou o pulso esquerdo, mas quando seu adversário desviou-se para direita, seu punho direito acertou o queixo dele de baixo para cima. O blefe funcionou bem e o golpe foi bem sucedido, mas para tal golpe ele precisou dar mais um passo a frente. Vendo uma oportunidade eminente, o homem de cabelo negro aproveitou a proximidade e o segurou pelos ombros fortemente. O gancho de direita do primeiro não deve ter sido forte o suficiente, pois o mesmo recebera duas fortes cabeçadas que o fizeram desmaiar.

Gritos de comemoração ecoaram por todo o pub, mas Jenny nada pode compreender naquela língua estranha. Logo o vencedor estava rodeado de mulheres e com um copo de vinho de mão. A multidão se desfez e ninguém pareceu se importar com o homem desacordado no chão. Jenny foi até ele e abaixou-se para ver melhor sua ferida.

Havia um corte no supercilio que logo estaria inchado, o sangue escorria, mas ele iria sobreviver. Ela deu algumas tapas sobre a sua face, mas nada aconteceu. Sem alternativas, a Kenway jogou o braço do homem por cima dos ombros e o ergueu com um pouco de dificuldade. Carregando metade do peso e deixando as pernas serem arrastadas, a loira o levou até fora da taberna e o recostou na parede de madeira da mesma, em meio ao lixo e alguns gatos que caçavam ratos. Jenny vasculhou os seus bolsos, mas encontrou meia dúzia de moedas de pratas que o homem provavelmente iria precisar para tratar daqueles ferimentos.

A Kenway limitou-se a se sentar ao lado dele e esperar, sua educação londrina não lhe permitia abandonar alguém moribundo à própria sorte, visto que esta não parecia estar a favor daquele homem naquela noite. O som vindo da taberna continuava alto, havia gargalhadas, barulho de vidro se quebrando e música portuguesa. Ao menos a confusão a fizera esquecer Sexta-feira por algum tempo.

Para sua fortuna, o homem não demorou a despertar. Em meio a gemidos ele abriu os olhos e levou a mão ao ferimento sobre o olho. Para a alegria de Jenny ele xingou em inglês.

— Principezinho de merda... – Ele se levantou e viu Jenny sentada sobre caixotes vazio ao seu lado e o observando. – E você? Quem é?

— Je... – Ela se freou antes de terminar o próprio nome, estava disfarçada de homem e não podia se apresentar como Jenny. – James... – Claro, o nome do seu pai seria sempre o primeiro em sua mente. – Eu te trouxe aqui pra fora antes que alguém pisasse em você lá dentro.

Ele a olhou desconfiado enquanto batia a poeira da roupa.

— E nós nos conhecemos? – O homem parecia analisa-la, certamente sem saber que se tratava de uma mulher. – Estava a bordo do Queen Mary? –

— Não. Mas não nego ajuda a um conterrâneo. – Ela deu ombros, simplificando sua atitude como mero ato de patriotismo.

— E como sabe que sou inglês? – Ele arqueou a sobrancelha que estava inteira, o outro olho nem ao menos abria.

— Não é inglês, é Galês e sei disso pelo seu sotaque. Meu pai também era galês. – Ele sorriu ao perceber que ela passara no simples teste.

— Mas você é inglês e de Londres.

— Tens bons ouvidos... – Ela o olhou tentando adivinhar seu nome, mas ele respondera logo a seguir.

— John. Ah... E obrigado pela ajuda James.

— Vai precisar dar uns pontos nesse corte. – Jenny apontou para o ferimento logo acima do olho direito do homem.

— E você sabe costurar James?

— Já costurei as velas do meu navio.

— Tenho certeza que não deve ser muito diferente do que costurar um rosto. Mas antes preciso de um pouco de rum e você também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero dizer que fico feliz em retomar essa história e espero do fundo do meu coração chegar ao final dela enfim. E obviamente espero que agrade.

A principio pretendo postar um capítulo por semana começando por hoje. Mas não garanto que as postagens serão sempre na quarta ok?

Por fim, quero saber opiniões desse encontro de Jenny e John e palpites sobre o Sexta-feira ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Omnis Licitus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.